sábado, 22 de agosto de 2020

SP - Passarinhando durante a pandemia - Capítulo III - Miracatu

O que mais tem me ajudado nessa pandemia é a existência dos amigos, seja por conta do carinho virtual do dia a dia, seja por conta dos convites para passarinhar, para tomar um chá da tarde com bolo ou um simples cafezinho. Fazer foto de passarinho ajuda também, ao lado de um amigo fica ainda melhor.

saíra-militar (Tangara cyanocephala

Amigo
A palavra amigo deriva do latim amicus, com o significado de preferido, amado.
O dicionário define:
Classe gramatical: adjetivo e substantivo masculino
Flexão do verbo amigar na: 1ª pessoa do singular do presente do indicativo
Separação silábica: a-mi-go
Plural: amigos
Feminino: amiga
Indivíduo com quem se tem uma relação de amizade, de afeto, de companheirismo. 

Uma outra frase define com mais emoção o que é um Amigo: "Amigo é aquele que acolhe, ajuda, diz a verdade mesmo quando não gostamos, e que está sempre disposto a ouvir você. O verdadeiro amigo não espera recompensa, seu objetivo é ter de volta o sentimento de amizade."

Diz-se que os bons amigos conhecem todas as nossas histórias, mas que são os melhores que fazem parte delas. Eu concordo e assino embaixo. 

Na última postagem eu contei como foi a passarinhada com meu amigo Raimundo Carvalho aqui em São Paulo. (veja mais clicando aqui). 

Eu tinha um esse compromisso agendado desde julho, bem antes do Raimundo combinar passarinhar aqui em São Paulo. 

Eu e as amigas Viviane De Luccia e Leila Esteves tínhamos combinado de passar o dia 20/08 em Miracatu, no Sitio Espinheiro Negro, da Jo Bernardes e Jiri Trnka. O lugar dispensa maiores apresentações. É um pequeno paraíso, onde no inverno as aves vem se alimentar aos "rodos" nos comedouros do Sítio. Outros dos atrativos é a deliciosa comidinha preparada no forno à lenha com muito esmero e carinho pela Jo. Em épocas normais, podemos pernoitar no Sítio também. Mas infelizmente essa não é uma época normal.



Como eu disse no início, o tempo dera uma virada, tinha esfriado bastante e começado a chover. Estava prevista grande instabilidade para os próximos dias. Além disso eu acumulara um cansaço muito grande por conta dos intensos dias vivenciado com meu amigo. Sugeri que a gente alterasse a data, mas a Leila insistiu muito que a gente fosse no dia 20, conforme combinado. Troca ideia daqui, troca ideia dali, ficou definido que no dia eu buscaria a Viviane e em seguida passaria na casa da Leila em Osasco, pois ficaria mais fácil pegar a estrada por lá. No dia e hora combinados eu estava lá para apanhá-las. 

Obviamente que eu sou a pessoa que eu conheço que mais erra caminho, mesmo com GPS. Eu avisei às meninas que só conhecia o caminho para o Sítio, seguindo direto pela Av. Rebouças, que eu pego aqui pertinho de casa. A Leila disse que conhecia o caminho a partir da casa dela de olhos fechados e iria me "guiar" até lá. No entanto, por razões que nem me recordo, passamos batidas pela entrada para pegar a Rodovia Regis Bittencourt e seguimos pelo caminho errado. Um dos motivos é que estávamos super empolgadas e batendo altos papos durante o caminho. Quando a Leila percebeu, a gente tinha errado feio. Parei o carro, liguei o GPS dele, coloquei a rota para o Sítio, e recebi a ordem de pegar o próximo retorno. Com isso andamos 60 e poucos quilômetros a mais (detalhe: daqui no Sítio não tem nem 90 km). Mas isso não nos abalou, pelo contrário, a gente não parava de rir da situação. No fim, pegamos a direção certa e chegamos no Sítio um pouquinho mais tarde do que o previsto.

A Jô nos aguardava com um delicioso cafezinho. Os passarinhos já estavam se exibindo e aguardando nossos cliques. Não demorou muito e começamos a nos deliciar com o incrível mundo colorido dos saís, sanhaços e saíras da Jô. É uma perdição. O dia foi passando, chovia, parava, chovia de novo, o tempo todo assim. Mas os bichinhos não davam trégua para os nossos dedos. 


Uma hora lotava de saíras, outra de gangues barulhentas de periquitos, depois vinha aquele monte de catirumbava tocando terror no resto da bicharada. Nem os tucanos deixaram de bater o ponto. A Jo não economizou no comissão dos penosos. Haja banana. 



Mesmo na hora da chuva, a gente se protegia do lado de dentro da pousada e continuava clicando. Nessas horas eu esqueci todo o cansaço que se instalara nos últimos dias, tanto no corpo quanto na cabeça. Mesmo tendo estado no Sítio há uma semana, parecia que era a primeira vez.



eBird - Confira a lista de aves deste dia aqui https://ebird.org/checklist/S72950503

O tempo foi passando e, como estava tudo nublado e chuvoso, parecia que ia escurecer mais cedo. Eu adverti as meninas que não queria pegar a Rodovia Regis ao escurecer, uma vez que a considero extremamente perigosa. Elas concordaram em sair após o almoço. Então continuamos clicando e o tempo foi passando. Almoçamos uma comidinha deliciosa, sempre conversando, contando histórias e rindo muito. Continuamos vendo os bichinhos coloridos saltitando nos comedouros. 

Eu by Leila Esteves

Eu lembro de ter dito: gente, está na hora de arrumarmos as coisas e pegar o caminho de casa. A Leila disse, está cedo ainda. E, de repente a Jo entra correndo e chama a gente pra ir rapidinho com ela, pois o peixe-frito-pavonino, estava dando mole, no limpo (palavras que deixam qualquer observador de aves maluco). Disse que ele estava pousado atrás da barraquinha que ela mantém no jardim. A gente foi bem quietinha atrás dela, e eu só lembro de ter dito baixinho pras meninas aumentarem o ISO porque estava muito escuro pra clicar dentro da mata. 

Quando a Jô abriu a lona da barraquinha, sabe o que tinha lá dentro? Que peixe-frito, que nada. Tinha um enorme bolo com velinhas de aniversário. E muitos enfeites de passarinhos e coraçõezinhos. Na semana seguinte seria meu aniversário e da Viviane, e a Leila e a Jo prepararam uma surpresa pra gente. 

Ainda ganhamos da Leila máscaras de oncinha pra ficarmos todas iguais e charmosas. Eu confesso que me emocionei e derramei muitas lágrimas. Logo eu que sou daquelas que chora até em inauguração de supermercado. Em tempos sombrios, um momento incrível como esse desmonta a gente por completo. E se a gente pensar bem, são os tempos difíceis que revelam as grandes amizades.


Eu confesso que não tenho estado na minha melhor fase desde que essa pandemia começou. Quando você está atravessando uma fase ruim na sua vida e só tem vontade de chorar, a coisa mais bonita que um amigo pode fazer por você é colocar um sorriso no seu rosto. Poder receber esse carinho inesperado não só colocou um sorriso no meu rosto, como também muito bolo gostoso na minha barriga (eita bolo bom).

Plagiando a propaganda, não tem cartão de crédito que pague. “Todas as riquezas do mundo não valem um bom amigo” – já dizia o grande filósofo Voltaire. Melhor do que receber um presente caro no aniversário é receber um carinho verdadeiro. Uma amizade não precisa ser perfeita, mas é importante ser verdadeira. É um sentimento tão bom, mas tão bom, que traz dentro dele o poder de transformar nossos momentos mais difíceis em dias iluminados e alegres. 

Obrigada Leila, Jo e Viviane por esse momento ímpar na minha vida. Ficará para sempre guardado nessas linhas e dentro do meu coração. Se não fossem vocês, meu aniversário este ano teria passado em branco. 

Tim-tim à nossa amizade

Agora chega de choradeira e vamos finalizar esse post. O bolo estava delicioso, as conversas estavam ótimas, os passarinhos do comedouro estavam divinos, o dia foi incrível, mas vou te falar, peixe-frito que é bom, nada, nem pra comer nem pra clicar. Jo, você deve essa para a gente. Na próxima vou cobrar.

Se tem música que cabe aqui para fechar este post só pode ser Canção Da América, de Milton Nascimento. 

"...Amigo é coisa para se guardar
No lado esquerdo do peito
Mesmo que o tempo e a distância digam "não"
Mesmo esquecendo a canção
O que importa é ouvir
A voz que vem do coração..."



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