sábado, 25 de abril de 2020

ZA - A viagem dos meus sonhos - Kruger Nacional Park

ZA - Introdução - A viagem dos meus sonhos - Kruger Nacional Park 


Este foi um dos textos mais difíceis pra escrever e montar. Longo, intenso, quase um livro. Desde que cheguei de viagem, foram mais de 40 dias, isolada em casa sozinha, tratando e separando fotos, alimentando e  revendo listas, construindo palavras com base em pesquisas, memória e criatividade. Havia tanto a mostrar que acabei fazendo uma nova viagem dentro da viagem. Em quarentena sobrou mais tempo e foi mais tranquilo. Então, prepara a cerveja e o petisco e “senta que lá vem história”...

*Será dividido em partes com listas do eBird e links ao final de cada uma delas. Você poderá ouvir  músicas da minha play-list durante a leitura. Se conseguir ler tudo, e chegar no final, que é muito legal, seremos amigos para sempre. 😂 😂 😂 😂 😂 😂 😂

A ave que me motivou a conhecer a África
Fotos: arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Eu nunca imaginei que ao realizar essa viagem as lembranças dela iriam ser um bálsamo para os meus dias de isolamento (ref. COVID-19). Nesse instante, lágrimas rolam pelas minhas faces. Hoje, quando repasso as fotos e os acontecimentos, penso que tinha muito mais coisa para eu conhecer e aproveitar, mas fica para a próxima.

Eu só posso agradecer a todos que participaram, fisicamente ou virtualmente, ou ainda que serviram de inspiração para eu conhecer outro continente.

Em primeiro lugar, obrigada Vivi (Viviane De Luccia) por ter colocado pilha na gente quando já tínhamos desistido de ir. As tardes para discutir essa viagem, regadas a café e bolo de maçã com canela na sua casa foram bastante persuasivas. 😂 😂 😂 😂 😂

Obrigada também pela sempre doce e alegre presença, por todo o trabalho que teve na internet pesquisando e reservando os melhores e mais baratos lugares, para que não voltássemos falidas da viagem. Aproveito para agradecer ao Nelson, que foi nosso guardião, motorista, intérprete, super guia nos dias sem o guia oficial, grande companheiro de passarinhada e grande amigo, além de ser dotado de uma paciência sem tamanho.

Viviane De Luccia
Foto: arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Leila Esteves, que já tinha ido ao Kruger, topou enfrentar o desafio e nos acompanhar, brindando-nos sempre com seu bom humor e companheirismo. 

Leila Esteves
Foto: arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Claudinha (Claudia Brasileiro), super obrigada pelo incentivo e dicas para contratarmos a PKSafaris. Além de poder contar com sua experiência e preciosas dicas, você ainda teve o trabalho de nos colocar em contato com o Bernhard Bekker. Essa sua indicação foi primordial para o sucesso da nossa expedição. Adoraria que você tivesse viajado com a gente.

Bauru - 21/12/2019: arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Bernhard Bekker muito obrigada por nos atender tão bem. Espero ainda poder conhecer você pessoalmente. Não desanime com essa crise global. Seu trabalho é merecedor de muitos aplausos. Não sei se o Translate do Google aqui no Blog vai ajudar você a compreender minhas palavras, mas quero que saiba que minha gratidão será eterna.

E Arno Pietersen, que tão bem nos guiou. Sobre você e seu trabalho eu falarei durante o transcorrer deste texto. Obrigada por tudo. Tenho certeza que vou poder ver você se apresentando no Avistar Brasil (evento brasileiro sobre Aves) e ser novamente guiada por você na África. Espero que o Translate do Google aqui do Blog ajude você compreender um pouco do que escrevi.

Para quem não sabe, Arno é integrante da equipe da PKSafaris, apaixonado pela natureza e fotógrafo experiente e premiado. Profundo conhecedor das aves africanas, foi ele quem deu o tom e o brilho a nossa expedição. 

Odair Villela, Horácio Almeida, Fábio Olmos, Rita Souza, Bruno Arantes Bueno, Willian Menq, Reinaldo de Medeiros, Luana Bianquini, Norton Santos, Jefferson Silva, Margi Moss, vocês foram fonte de inspiração pra mim. Cada um sabe o porquê. Então vou me limitar a agradecer de coração, por tudo, principalmente ao Jefferson, que, inicialmente, iria nos acompanhar nessa viagem.

Por fim, meus amigos João Paulo Krajewski, Roberta Bonaldo, Cristian Dimitrius e Lawrence Wahba, saibam que os documentários de vida selvagem que vocês produzem, são, além de colírio para os meus olhos, a maior fonte de inspiração pra eu me aventurar pelo mundo. Aliás, Lawrence, sua live sobre a África foi sensacional. Eu amei. Faltou incluir a Namíbia naquele seu mapinha, viu?

Eu sei que fazer uma expedição ao Kruger é algo corriqueiro para muitas pessoas, mas para mim teve um significado muito grande, maior do que vocês possam imaginar. Foi a primeira vez que atravessei o Atlântico. Minha primeira experiência dessa magnitude. Agora só me resta aprender inglês e planejar as próximas viagens, assim que tudo isso acabar. Pelo menos o passaporte está renovado por mais dez anos. 😂 😂 😂 😂 😂

Porque a África era o destino dos meus sonhos

Quando estou em casa e ligo a TV é para assistir documentários sobre a vida selvagem em todos os lugares do planeta. E o que mais tem é sobre a África. Eu me lembro de ter acompanhado uma série no canal Animal Planet chamada "No Reino dos Suricatos", produzida pela Oxford Scientific Films, bem dramática, estilo novela mexicana misturada a cenas mafiosas do filme "O poderoso chefão". A série apresentou cenas mostrando brigas em família, intrigas entre clãs por domínio territorial, casos de amor, situações de risco de vida, etc. Fiquei apaixonada e um dos meus maiores desejos passou a ser conhecer de perto uma savana africana e os suricatos, obviamente.


Lugares como Serengeti, Kruger, Etosha, Kalahari, Okavango, Massai Mara, Nilo, Madagascar, etc começaram a povoar os meus sonhos. Tudo tão fascinante e ao mesmo tempo tão distante. Mas sonhos são só sonhos até que você os faça virar realidade.

Eu acho que os sonhos se realizam quando se tem um grande desejo. Depois é só fazer muitas pesquisas e estudos concretos sobre as reais possibilidades, além de um bom planejamento. Mas um pouco de sorte também é necessário e nisso posso ser considerada afortunada.

Fotos e histórias dos amigos também sempre me inspiraram. Em setembro de 2015 eu participei do Avistar Vale-Europeu. Uma das palestrantes, a amiga Luana Bianquini, contou como foi sua experiência pelo Kruger National Park. Eu anotei todas as dicas. Fiquei ainda mais fascinada. E pensei comigo: um dia eu irei!

Em janeiro de 2019 fiz parte de um pequeno grupo de brasileiros que queriam ver aves no Kruger. Infelizmente por razões logísticas não deu certo. A partir de um novo grupo, a viagem começou a ser replanejada e mais uma vez o grupo se desfez.

No decorrer de 2019, nós, eu e as amigas Leila e Viviane decidimos não viajar mais para a África. Pensamos que seria complicado fazermos uma viagem pelo Kruger tipo self-drive (dirigindo no parque por conta própria). Fomos assoladas por milhares de dúvidas. Lá é mão inglesa, quem iria dirigir? Onde iríamos nos hospedar? Dentro ou fora do parque? Quais lugares visitaríamos? Quando ir e quanto gastaríamos?

Mas como eu disse no início, sou uma pessoa de muita sorte. Em conversas com a amiga Claudia Brasileiro, ela sugeriu que eu fizesse a viagem com a mesma empresa que ela e o Rodrigo Agostinho haviam feito: a Private Kruger Safaris, onde os fotógrafos e guias Bernhard Bekker, Hennie Bekker e Arno Pietersen levam turistas do mundo inteiro para conhecer as belezas naturais da África.

Após um chá da tarde na casa da Viviane, mesmo sabendo estar em cima da hora, decidimos ir. O grupo acabou sendo formado por mim, Leila, Viviane e seu esposo. Ante minha falha pessoal de não falar inglês, repassei os contatos à Viviane, que discutiu e combinou um pacote específico com o Bernhard Bekker, cujo guia seria o especialista em aves Arno Pietersen.

A Viviane foi um pouco além e pesquisou todos os lugares aonde iríamos, preço de passagens, onde alugar veículo e onde poderíamos nos hospedar na parte extra pacote. A Leila repassou dicas de quando ela esteve no Kruger. Enquanto isso, fiz pesquisas sobre as aves e hotspots que seriam interessante conhecermos.

Tudo parecia estar tão distante no calendário. Mas o dia chegou e, passou tão rápido, mas tão rápido, que quando vi, já estávamos voltando para casa. E confesso: foi uma das melhores viagens da minha vida.

Indo e voltando da África - imagens da tela no avião
Fotos: arquivo pessoal Silvia Linhares

Pena que assim que chegamos no Brasil, a notícia de que o coronavírus estava se alastrando assustadoramente mudou totalmente nossas rotinas. De repente um pesadelo assolou o mundo, tornando-se parte do dia a dia de todos nós.

Aperte o play e ouça uma música para animar
Imagine Dragons - Birds

Mas falemos de coisas boas. Planejar esta viagem trouxe todos os sentimentos e ações que envolvem um evento desta magnitude. Estresse, ansiedade, muito frio na barriga, estudos e mais estudos, pesquisas de preços, etc. Mas apesar da enorme expectativa, resultou em muita alegria, companheirismo e realizações pessoais. Estar com um grupo repleto de sinergia, um bom guia e uma empresa bem organizada e estruturada faz toda a diferença.

O mais legal é que agora, vendo os documentários da África que sempre me fascinaram, eu consigo identificar a maior parte dos animais e aves que aparecem. Principalmente o som da pomba que apelidamos de "Socorro" (pois sua vocalização onomatopeica é "socorro-socorro"). Trata-se da Cape Turtle-Dove (Streptopelia capicola). Escute o som dela aqui no Xeno-canto.

Cape Turtle-Dove (Streptopelia capicola), a "Socorro"
Foto: arquivo pessoal Silvia Linhares

Com tantas belezas, acabei produzindo mais de 25 mil fotos. Dessas só restaram 10 mil. Como uso uma lente mediana (Canon 100-400 II) eu optei por usar um Teleconverter 1.4x, apesar da qualidade diminuir, a luz, na maior parte das fotos favoreceu as capturas. Obrigada amigo Horácio Almeida por me fornecer esse TC, possibilitando fazer fotos dos bichos mais distantes.

Registrei 180 espécies de aves, sendo 173 novas. As fotos de cada espécie alimentam as 43 listas que produzi durante a viagem e subi no site eBird. Você poderá conhecer cada lista e apreciar as fotos durante a leitura deste texto. Embora nem todas as fotos das aves listadas contaram com pós-validação pelo nosso guia, eu já fiz todas as correções indicadas pelo moderador do eBird. Acredito que está tudo ok.

Além de registrar aves maravilhosas, ainda fiz fotos de muitos mamíferos, insetos e flores selvagens diferentes. Só antílopes foram seis espécies, conforme quadro abaixo: Klipspringer  (Oreotragus oreotragus),  Greater kudu (Tragelaphus strepsiceros), Bushbuck (Tragelaphus sylvaticus),  Waterbuck (Kobus ellipsiprymnus), Nyala (Tragelaphus angasii) e Impala (Aepyceros melampus).

Antílopes
Fotos: arquivo pessoal Silvia Linhares

Flores selvagens
Fotos: arquivo pessoal Silvia Linhares

Fotos: arquivo pessoal Silvia Linhares

** Antes de "viajar" comigo durante o relato diário, leia atentamente o próximo tópico.**

O Parque Nacional Kruger e algumas particularidades

O Parque possui 19.485 km². Está localizado no nordeste da África do Sul, na fronteira com Moçambique. É uma das maiores reservas de animais da África e é formado por montanhas, planícies arborizadas e florestas tropicais. É habitado por mais de 100 espécies de mamíferos (147 de acordo com nosso guia).

A elevada densidade de animais selvagens inclui os maiores mamíferos terrestres chamados de "Big Five": leões, leopardos, rinocerontes, elefantes e búfalos. Para nós faltou o rinoceronte.

Para minha alegria o parque abriga quase 500 espécies de aves, uma mais linda que a outra. 

A maioria das pessoas tem a expectativa de ver os "Big Five". Não é comum as pessoas saberem sobre os "Big Six Birds". Trata-se de uma lista de 6 espécies de aves selecionadas pelos funcionários do parque por sua singularidade.

Desses, assim como no Big 5, faltou um pra completar a nossa lista. São eles Kori Bustard, Lappet-faced Vulture, Martial Eagle, Saddle-Billed Stork, Ground Hornbill e Pel’s Fishing-Owl sendo que esta última a faltante (acho que vou ter que voltar, né?).

Foto: arquivo pessoal Silvia Linhares

O Parque possui dez portões de entrada. Possui também um sistema de trânsito bem disciplinado, com placas indicativas, estradas asfaltadas e algumas de chão (terra), todas bem conservadas. Por norma não pode se pode ultrapassar 50 km/h nas asfaltadas e 40 Km/h nas de terra. Há horários rígidos para entrar e sair dos portões e multas pesadas para quem desobedece.

Existe o Kruger e o Grande Kruger. O Kruger é o próprio Parque Nacional e o Grande Kruger, além de uma parte do Parque, inclui as reservas privadas. Eles não possuem cercas entre si, por isso os animais transitam livremente. Essa delimitação serve apenas para os seres humanos.

Há diversas formas de se hospedar: em lodges, que ficam nas reservas privadas. Normalmente, são lugares bem luxuosos e caros, mas que já incluem um ou dois safáris por dia, bem como as refeições. Considere que dificilmente saem focados apenas em aves, são diversos turistas juntos e a grande maioria ávida por ver os Big 5.

Eu recomendo formar um grupo de passarinheiros amigos e contratar uma empresa que tenha um especialista em aves, como fizemos.

A segunda opção é hospedar-se dentro do Parque. Este possui uma estrutura de hospedagem bem eficiente e diversificada. Conta com vários acampamentos (acho que 17 ao todo), chamados Rest Camps, que são áreas cercadas com eletrificação, onde os visitantes podem pernoitar. Na realidade são parecidos com pequenas vilas, onde se pode circular livremente dentro dos seus limites. Há muitas aves nessas áreas.

Kruger National Park (South African) / Limpopo National Park (Mozambique)

Há vários tipos de acomodação, desde espaço para trailer, motorhome, barracas, com banheiro e cozinha coletivos, até bangalôs e chalés com ar condicionado e banheiros privativos, lembrando que nem todas elas estão disponíveis em todos os Rest Camps. Para verificar a disponibilidade e fazer sua reserva, é preciso acessar o site oficial ou deixar isso a carga de uma empresa especializada.

Optamos por ficar dentro do Parque, em Rest Camps (fique atento porque as vagas esgotam-se rapidamente). No caso a empresa que contratamos cuidou de todas as nossas reservas. Mesmo quem fica hospedado dentro do Parque precisa pagar a taxa de visitação (pagamos na hora no primeiro portão - não estava incluso no pacote). Custa aproximadamente R$ 100,00 por dia/pessoa e o pagamento é feito via cartão de crédito internacional (não esqueça de liberar seu cartão para compras internacionais antes de viajar) ou em moeda local. Mas eu asseguro, vale cada centavo.

Quase todos os Rest Camps contam com restaurante, posto de combustível e loja (shop). Aí é que mora o perigo, pois tem muita coisa legal pra comprar, desde comida, bebida (inclusive cerveja), roupas, bijuterias, souvenires diversos e até cartões SD, porque pode esperar, se você não levar muitos, vai precisar comprar alguns extras.

Em alguns momentos optamos por fazer as refeições nos restaurantes, depois fizemos nossas próprias refeições e até churrasco regado a cerveja e caipirinha.

O Parque ainda oferece algumas áreas específicas para você fazer piquenique. Vá preparado para isso, não há nada para vender nessas áreas, leve sua comida, sua bebida e que tal uma toalha xadrez pra ficar bem estiloso?

Hospedagem fora do Kruger: Ao terminar nossa expedição guiada optamos por hospedar-nos em guest houses e lodges nos arredores do parque, o que facilitou nossa passarinhada self-drive de mais três dias.

Para aves, a região norte do Parque é, sem dúvida, a melhor. O sul é bastante movimentado, parecia uma Disney em época de férias (foi minha impressão quando estive em Skukuza). Só ressaltar que tanto o avistamento de aves quanto de mamíferos depende um pouco da sorte, mas um guia que conheça bem os costumes dos animais e os principais hotspots faz muita diferença.

Veja abaixo uma tentativa minha de fotografar um leão próximo a Skukuza, dentro de um carro comum.

Foto: arquivo pessoal Silvia Linhares

Embora no momento esteja fechado como tudo em todo o mundo, o Parque abre durante o ano todo. Lá também é hemisfério sul e o Trópico de Capricórnio corta o Parque, por isso as estações do ano e o clima são bem similares ao Brasil.

O período com maior probabilidade de chuva vai de outubro a março. Nós pegamos chuvas em alguns dias, mas passavam logo. Para aves eu tive a recomendação de ir entre dezembro e março, por conta da migração. Embora eu esperasse encontrar muitos insetos fui surpreendida com a quase total ausência deles, mas nunca me descuidei.

Durante o período de abril a setembro, a vegetação deverá estar mais seca, marrom e esparsa. Muitos poços de água e até mesmo rios secarão completamente. Dizem que nesse período é mais fácil ver animais, tanto pela vegetação estar esparsa, quanto pela escassez de água, fazendo os animais se concentrarem nos poucos reservatórios de água.

Regras do Kruger (fonte: sanspark)
– Visitantes devem permanecer em seus veículos e descer apenas em áreas designadas. Nenhuma parte do corpo pode sobressair da janela, teto solar ou qualquer outra parte do veículo. As portas também devem estar sempre fechadas.
– O limite de velocidade é de 50 km/h em estradas de asfalto e de 40 km/h em estradas de terra.
– Fique atento ao horário de fechamento dos portões do parque; visitantes devem estar em seus campings ou fora do parque após estes horários; atrasados podem estar sujeitos a uma multa.
– O visitante não tem permissão para dirigir “off-road” ou em estradas com um sinal que proíbe a entrada.
– Perturbar ou alimentar animais é considerado ofensa grave no Kruger; lembre-se que os animais também veem lixo como comida.
– Visitantes que se hospedarem no parque só podem ficar em um estabelecimento reservado e reconhecido durante a noite, além disso, devem reportar-se à recepção antes de ocupá-lo. O check-in é a partir das 14h e o check-out até às 10h;


A seguir você vai poder acompanhar passo a passo, melhor dizendo, dia a dia, como foi sair do Brasil e fotografar na África do Sul.

Dia 28/02 – sexta feira

Nosso voo saiu de Guarulhos às 17:55h e chegou pontualmente em Johannesburg, às 7:40h do dia 29/03. O horário da África do Sul está 5 horas à frente do horário brasileiro. Ou seja, enquanto no Brasil são 12h, na África do Sul são 17h.

Eu, Leila e Vivi no aeroporto de Guarulhos aguardando o embarque
Foto: arquivo pessoal Silvia Linhares

Saímos do Brasil com aquela euforia normal de quem vai experimentar sapato novo. O nosso voo foi bastante tranquilo, sem escalas. Deu pra descansar bem, apesar da ansiedade dominando.

Dia 29/02 – sábado

Apesar de termos chegado a Johannesburg no horário previsto, (7:40h) estávamos cientes que o nosso tempo de conexão era curto. Nosso voo sairia de Johannesburg às 9:55h e chegaria em Hoedspruit às 10:50h. Pegar a bagagem e passar pela alfândega foi até bem rápido. Você só precisa do certificado internacional de vacinação da febre amarela e o passaporte válido. Se você tem a carteirinha de vacinação do Brasil, você faz o certificado internacional pela internet.

* Uma coisa bem interessante que descobri é que a sigla ZA provém das iniciais do nome do país em neerlandês (holandês) - Zuid-Afrika - embora o neerlandês não seja mais uma das línguas oficiais do país. Em 1925, o africâner juntou-se ao inglês e o neerlandês, e tornou-se a língua oficial. Na Constituição sul-africana de 1961, o neerlandês foi completamente excluído como língua oficial, permanecendo o inglês e o africâner. Em ambas as línguas, as iniciais do país seriam SA (South Africa, em inglês, e Suid-Afrika em africâner). Porém, como o domínio .SA já era usado pela Arábia Saudita, o código .ZA foi adotado.

ZAR é o código para a unidade monetária do país (South African Rand). A moeda oficial da África do Sul é o rand ou rande.

Na chegada haviam funcionários que mediam a temperatura de todo mundo. Eu só não esperava que a pandemia do coronavírus fosse piorar tão rapidamente.

Aí saímos procurar onde seria o reembarque para fazer o novo check-in e despachar novamente as bagagens. No caminho até companhia Airlink, que faria nosso voo, fomos abordados por duas pessoas com coletes de serviço, que julgamos serem funcionários do aeroporto. Eles nos conduziram, gentilmente, até o nosso check-in. No final eram pessoas comuns e queriam 10 dólares de cada um de nós. Como a gente não esperava por isso, demos alguns trocados apenas e saímos correndo para o balcão. Fiquem sempre atento.

A companhia que nos levou é bem pequena, sua logomarca é um bee-eater, ave chamada em português de “abelhuraco”. 

Foto: arquivo pessoal de Leila Esteves e Silvia Linhares

Descemos no pequeno aeroporto da cidade de Hoedspruit, onde pegamos nosso carro alugado (“Santa” Viviane, que planejou, programou e contratou tudo pela internet antes de viajarmos) e seguimos até a cidade de Phalaborwa, distante 75 km do aeroporto de Hoedspruit, já vendo algumas aves pelo caminho.

Recomendo baixar, ainda no Brasil, todos os mapas do Google Maps off-line. Você vai precisar e muito.

A Viviane havia fechado, pela internet, nossa acomodação no Impisi Lodge Safari And Golf Guesthouse, lugar delicioso, onde pernoitamos e ainda passarinhamos um pouco, próximos ao portão do parque. Aí já começou o festival de lifers ou new birds, como aprendemos a dizer com nosso guia na África (referência às novas espécies de aves registradas).

Também fizemos compras num supermercado local. A maioria dos estabelecimentos aceita cartão de crédito internacional (não esqueça de pedir antes de viajar para sua operadora liberar compras no exterior). Nós levamos alguns dólares e rands cambiados aqui no Brasil. Eu recomendo baixar um conversor de moedas off-line no celular, pois a gente perde a noção do valor da moeda.

À noite procuramos um restaurante onde comemos uma pizza e tomamos uma cervejinha pra comemorar nossa chegada. Que coisa mais paulista né? 😂 😂 😂 😂 😂 😂 😂

Foto: arquivo pessoal Leila Esteve, Silvia Linhares e Viviane De Luccia

Nós, brasileiros não estamos acostumados com a mão inglesa de direção. Pode parecer complicado, e até sem sentido dirigir na mão invertida, mas alguns países utilizam a direção na direita para facilitar a dirigibilidade. Nos países que utilizam a mão de circulação inglesa os carros possuem o volante e pedais no lado direito do veículo. Países como Inglaterra, Irlanda, Escócia e País de Gales utilizam a chamada mão inglesa.

Essa forma de direção está relacionada à história da França e da Inglaterra. Segundo relatos, na idade medieval, os cavalos circulavam à esquerda para deixar a mão direita livre para segurar a espada. No século XVIII, Napoleão Bonaparte, que era canhoto, decidiu inverter a situação na França. Assim, França e Inglaterra, que eram países inimigos, passaram a circular nas cidades de forma diferente. Com o tempo, os ingleses começaram a dirigir apenas pela pista da esquerda. Essa tendência pegou e é utilizada até hoje. Algumas ex-colônias britânicas, como Índia, África do Sul e Nova Zelândia, também utilizam a mão da esquerda. No Brasil, a mão de direção segue o padrão mundial. (fonte: site de curiosidades)

O mais engraçado era quando a gente estava no trânsito e vinha um carro em sentido contrário. A mão inglesa deixava meu cérebro confuso, parecia que o carro que vinha em sentido contrário ia bater no nosso. Demorei muito para me acostumar, mesmo estando no banco traseiro.

Bora falar de passarinhos. Fizemos alguns registros bem interessantes durante o dia. Sempre no final de cada dia você poderá conferir as listas no site eBird, clicando no respectivos links.

Fotos: arquivo pessoal Silvia Linhares

Veja como ficou minha primeira lista feita na África do sul
eBird - Sáb 29 fev 2020 - 16:52
Kruger NP--Phalaborwa Gate


ZA - Parte 1 - A viagem dos meus sonhos - Kruger Nacional Park
Dia 01/03 – domingo

Uma música que gosto muito para acompanhar a leitura  
Ed Sheeran - Perfect Duet (with Beyoncé)

Acordamos bem cedinho, tomamos café, passarinhamos nos arredores da casa onde estávamos e também nas proximidades do portão do Parque. Após deixar o pagamento da acomodação, (pasme) no micro-ondas a pedido da proprietária, seguimos para o aeroporto, onde devolvemos o carro alugado e aguardamos a chegada do nosso guia.

Seriam nove dias e oito noites com ele. Começaríamos pelo Rest Camp Mopani, seguiríamos para Punda Maria, Shingwedzi e por último Letaba.