domingo, 10 de março de 2024

EC - Equador, a magia encantadora dos beija-flores

O tempo é ingrato, muita coisa a gente deixa pra fazer depois e acaba esquecendo. Mas como diz o ditado: "antes tarde do que nunca". ⏳ 

Há alguns anos eu fui conhecer o Equador e suas aves. Isso foi em agosto de 2016. 

Mas porque estou dizendo isso? Esses dias um botânico chamado Miguel Hinojosa, de Arequipa, Peru, me solicitou, para um trabalho científico, a foto de uma bromélia chamada Puya glomerifera que publiquei na plataforma iNaturalist. 

A mencionada foto foi feita no Equador em 02/09/2016. Ao buscá-la nos meus arquivos percebi que não tinha terminado de tratar, separar e postar todas as fotos. Revendo-as, bateu uma saudade enorme dessa expedição. 

Ao olhar se tinha feito a postagem no bloguinho referente a ela, para minha decepção, vi que até hoje não tinha escrito nada. Imperdoável, d. Silvia. 😠🤐🤔

A minha sorte é que tenho um app. chamado Handy Diary no celular e pude resgatar alguns trechos que escrevi durante a minha estadia no Equador, o que vai facilitar relembrar meus passos e as emoções vivenciadas em solo equatoriano e poder contar aqui.

Esta foi uma expedição recheada de muitas cores, aves e emoções e prepare-se: você vai enjoar de ver algumas das milhares de fotos que fiz. 

Atente-se ao nome das aves. Vou usar nomes em português para aves que ocorrem no Brasil. Aves com nomes em inglês são aquelas que nunca foram avistadas em território brasileiro e não fazem parte da nossa lista oficial (CBRO 2021). (* veja as listas de aves no final)

Puya glomerifera - 🇪🇨
Arquivo pessoal

Puya glomerifera - 🇪🇨
Arquivo pessoal

Foi um dos lugares mais encantadores que já estive. Esta viagem só se tornou realidade graças ao convite que recebi da minha irmãzinha de coração Claudia Brasileiro (doravante chamada de Claudinha ou simplesmente Clau). A ideia era irmos com um pacote oferecido pelo nosso amigo Marcelo Barreiros. 

O pacote fora planejado para quatro pessoas. Eu convidei a amiga Elsie Laura para ir, todavia não conseguimos a quarta pessoa. Resolvemos fechar em três pessoas mesmo. Vai daqui, vai de lá, nossa agenda não fechava com a do Marcelo. A gente estava quase desistindo de conhecer o Equador, quando eu me lembrei que tinha pego um folder durante o Avistar contendo um roteiro para ver aves por lá. 

Eu havia guardado este folder que peguei com o proprietário da empresa de turismo equatoriana Neblina Forrest Birding Tours chamado Xavier Munoz. Hoje, além dele sido nosso guia na época, tornou-se um grande e querido amigo.

Conversamos com ele e fechamos nosso pacote em datas compatíveis para nós três. Elsie Laura (que doravante será chamada de Laurinha) e Xavier, que estava participando da Bird Fair na Inglaterra, chegariam em Quito um dia depois de mim e da Claudinha. 

Mesmo assim Xavier deixou tudo combinado para que o nosso traslado do aeroporto e hospedagem ocorressem tranquilamente. Mas sem delongas, vamos seguir com as emoções e acontecimentos dentro do roteiro preparado por ele e vivenciado por nós três.

Antes dá um play no vídeo abaixo para ir ouvindo essa belíssima música dos equatorianos Luis e Fabian (Wuauquikuna), com flauta de pan ou Panflute, enquanto lê o texto e aprecia as fotos que vou postar.



23 ago 2016 - terça-feira


Chegada em Quito e instalação na Pousada Puembo Birding Garden

Já devidamente instaladas na Pousada, após a nossa chegada em Quito, eu e Claudinha tomamos nossa primeira geladinha. Depois pegamos nosso equipamento fotográfico e fomos caminhar pelo florido jardim da propriedade, aproveitando as últimas luzes do dia para registrar as primeiras aves em solo equatoriano.
 
Arquivo pessoal

Começamos vendo muitas Avoantes (Zenaida auriculata). Mas a gente queria mesmo era ver os famosos beija-flores ou colibris equatorianos. O show iniciou-se com alguns deles pouco tempo depois.

Arquivo pessoal

Confesso, embora eu me considere uma boa fotógrafa, até hoje não ter o talento da Claudinha para fotografar os "colibrís ou picaflores". Ela tem as "manhas" e é muito talentosa para conseguir imagens deslumbrantes. 

Mas, de verdade, mesmo sem conseguir fotos incríveis como as dela, eu adoro ficar vendo o ir e vir deles nos bebedouros, suas patinhas minúsculas, seu jeitinho ímpar de parar no ar. É hipnotizante!

O primeiro beija-flor que cliquei me fez ficar "amanteigada" e bem "derretida", pois recordava minha mãe, cujo nome era Esmeralda. Era um Western Emerald (Chlorostilbon melanorhynchus) ou Esmeralda Occidental.

Depois vieram outros como o exibido Rufous-tailed Hummingbird (Amazilia tzacatl) e o lindo e chamativo Beija-flor-violeta (Colibri coruscans). 

O tão esperado e desejado Black-tailed Trainbearer (Lesbia victoriae) veio em dupla, porém só a fêmea deu foto razoável. 

A seguir os quatro, na sequência que citei acima.

Arquivo pessoal

Mas a gente estava só começando. Nesse finalzinho de tarde ainda fotografamos: Great Thrush (Turdus fuscater), Príncipe (Pyrocephalus rubinus), Sanhaço-da-amazônia (Thraupis episcopus) e o Tico-tico (Zonotrichia capensis). Veja-os na sequência abaixo.

Arquivo pessoal

24 ago 2016 - quarta-feira


Mesmo ainda em pleno inverno, o tempo estava ameno. Acordamos bem cedo, com um lindo sol nos iluminando. Durante nosso café da manhã conhecemos a "princesa" do lugar: uma cachorrinha muito parecida com a minha falecida Naná, uma dachshund caramelo. Só de lembrar da minha "filhota canina", meu "zoinho" aqui encheu de água. 💦😭

Arquivo pessoal

E logo depois lá fomos nós para o jardim da pousada e também do vizinho, ao qual fomos autorizadas a entrar e clicar passarinhos à vontade. Até os bancos eram maravilhosamente decorados com beija-flores.

os jardins cheio de aves
Arquivo pessoal

Eu, Claudia com a "petona" e o lindo banco de beija-flores
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Só paramos para almoçar. O almoço? Fomos surpreendidas com um delicioso Ceviche com pipoca. Até  pedimos uma cervejinha pra acompanhar nosso delicioso almoço. 
 
Arquivo pessoal

Foi dia de fazer milhares de fotos. Muitas melhorias e algumas espécies que não tinham aparecido no dia anterior.

Se prepare para o começo da overdose de penas ... 🥰😇😁😆😅

Western Emerald (Chlorostilbon melanorhynchus)
Arquivo pessoal 

Black-tailed Trainbearer (Lesbia victoriae)
Arquivo pessoal 

Black-tailed Trainbearer (Lesbia victoriae)
Arquivo pessoal 

Beija-flor-violeta (Colibri coruscans
Arquivo pessoal

Rufous-tailed Hummingbird (Amazilia tzacatl)
Arquivo pessoal 

Abaixo fotos conforme sequência: 

1 - Avoante (Zenaida auriculata), 
2 - Canário-da-terra (Sicalis flaveola valida), 
3 - Chupim (Molothrus bonariensis), 
4 - Great thrush (Turdus fuscater), 
5 - Scrub Tanager (Stilpnia vitriolina), 
6 - Príncipe (Pyrocephalus rubinus), 
7 - Sanhaço-da-amazônia (Thraupis episcopus), 
8 - Sanhaço-papa-laranja (Rauenia bonariensis) e 
9 - Golden grosbeak (Pheucticus chrysogaster).

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No meio da tarde o time ficou completo. Nossa querida amiga Laurinha e Xavier vieram no mesmo voo e chegaram juntos na Pousada. Agora sim, a festa ia começar pra valer. As aves equatorianas que nos aguardassem.

Arquivo pessoal

25 ago 2016 - quinta-feira


Acordamos bem cedo Fizemos fotos nos jardins da pousada e depois Xavier nos levou fazer um "city tour" por Quito. É sempre bom fazer um passeio cultural, mas eu ainda prefiro andar pelo mato. 

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Já o almoço, ai, minha nossa, que delicia. Fomos ao El Esmeraldas (olha o nome da "mamis" aí de novo - coração disparou novamente 💓). 

Degustamos um caprichado ceviche, um dos meus pratos favoritos. E tinha uma cerveja deliciosa para tomar junto.

Arquivo pessoal

Arquivo pessoal


Depois do almoço, voltamos para a pousada e clicamos um pouco mais pelos jardins. 

Eu me concentrei em tentar fazer foto de quadro da "Lesbia" ou Black-tailed Trainbearer (Lesbia victoriae). Clicar este beija-flor é uma emoção difícil de descrever. 

Quando ele chegou na altura dos joelhos, a dois metros de mim, nas flores vermelhas, eu senti o peito apertar e só depois descobri o porque. Eu tinha parado de respirar. 😆😆😆

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Havia outro que fazia pose para minhas lentes e se não fosse um galhinho intrometido eu teria a foto perfeita, digna de um quadro. 

Lindo e chamativo, o Beija-flor-violeta (Colibri coruscans) é um deslumbre para os olhos ... mas fotos de aves são sempre uma surpresa ... tem vez que dá tudo certo e tem hora que não.

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E no jardim da pousada foi dia de conhecer espécies novas (lifers) e deu para melhorar (melhoraifers) muitas fotos, até do Chupim, que, apesar de comum no Brasil, não me lembro de tê-los visto forrageando em jardins. 

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Abaixo na sequência, algumas fotos das aves dos jardins da Pousada: 

1- Avoante (Zenaida auriculata), 
2 - Beija-flor-violeta (Colibri coruscans), 
3 - Chupim (Molothrus bonariensis), 
4 - Rufous-tailed Hummingbird (Amazilia tzacatl), 
5 - Golden grosbeak (Pheucticus chrysogaster), 
6 - Scrub Tanager (Stilpnia vitriolina)
7 - Cinereous Conebill (Conirostrum cinereum),
8 - Giant Hummingbird (Patagona gigas) e
9 - White-bellied woodstar (Chaetocercus mulsant).

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Aí, depois de "ene" tentativas, você consegue a pose dos seus sonhos. Eu queria a Avoante (Zenaida auriculata) com a cauda e asas abertas. Só teve um problema: eu consegui, mas a foto saiu totalmente do foco...snif chuif 😢😥😭😱😖

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Mas foi legal ver Avoantes e Chupins "se pegando". No início achei tratar-se de um caso de amor. Só que não. Era "treta" mesmo, disputa de comida e espaço no chão. Chupins são "fogo", além de serem parasitas de ninhos, mostraram que são bem "briguentinhos".

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E eis que chega o final do dia. Mesmo cansadas do jeito que estávamos, ainda sobrou tempo de brincar. A Claudinha divide uma paixão comigo: cachorros. Um pouco antes do jantar, ela deitou e rolou no chão, literalmente, com um dos cães da pousada.

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E logo em seguida veio nosso jantar, que foi pra acabar (acabar com qualquer regime 😁😅😂). Espia abaixo.

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Faltava só arrumar a tralha para cair nos braços de Morfeu (leia-se dormir "apagada"), pois no dia seguinte sairíamos de madrugada rumo a diversos destinos do nosso roteiro.

26 ago 2016 - sexta-feira


Levantamos às 4 da manhã e fomos direto deixar nossas coisas no El Septimo Paraiso, onde ficaríamos hospedadas nos próximos dias. 

Porém, antes fizemos uma parada bem estratégica para um cafezinho num local chamado Los Armadillos Café. Mas com um detalhe, era um jardim de beija-flores. 

Abaixo as meninas se posicionando sob orientação do Xavier. Café? E acha que alguém estava se lembrando dele naquele momento?

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Agora você vai começar a entender o título desse post. Veja no quadro abaixo, nessa sequência, um pouco do que foi o nosso café da manhã: 

1 - Beija-flor-azul-de-rabo-branco (Florisuga mellivora), 
2 - Beija-flor-violeta (Colibri coruscans), 
3 - Buff-tailed coronet (Boissonneaua flavescens), 
4 - Empress brilliant (Heliodoxa imperatrix), 
5 - Fawn-breasted brilliant (Heliodoxa rubinoides), 
6 - Green-crowned brilliant (Heliodoxa jacula), 
7 - Purple-bibbed whitetip (Urosticte benjamini)
8 Purple-throated woodstar (Philodice mitchellii). 

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Seguimos para um lugar, que eu chamei de "sexto paraíso", já que nosso destino para pernoite era El Septimo Paraiso. Era um outro jardim de beija-flores conhecido como Alambi Reserve. Passamos uma tarde muito confortável, agradável, produtiva e colorida por lá. 

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As aves, tanto nos bebedouros como nos comedouros, eram pra enlouquecer. Eu contabilizei 32 espécies fotografadas. 

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A comida, bem típica, foi um deleite, o duro era parar de fotografar para comer. Teria sido melhor ter  colocado um tampão nos ouvidos e uma venda nos olhos. 😁😆🥴😵‍💫

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Histórias de passarinheiro: você diz para o guia que "quer muito" ver um tal Beija-flor-marrom. Que é um lifer há muito tempo desejado. Ele limita-se a dizer: "fácil, irá ver muitos por aqui". Você olha meia incrédula para ele e fica aguardando esse "fácil" chegar.

Você é levada aos "*feeders" do Alambi Reserve. (*feeders = alimentadores para aves). Na sua frente "desfilam" várias preciosidades coloridas. Um autêntico "fashion show" de "plumas e paetês iridescentes". 

Você procura pelo mais apagadinho de todos. Marrom não é uma cor que chame muito a atenção. E de repente aquele sujeitinho sem graça, discreto, mostra todo o seu charme e beleza, deixando a passarinheira aqui de queixo caído e com cara de "ãh! como assim?". 

Só para ilustrar o que acabei de dizer: abaixo o Beija-flor-marrom (Colibri delphinae) em algumas poses escolhidas para demonstrar meus argumentos. 

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Foi um dia bastante divertido. E de muitos lifers internacionais. Você, que criou coragem para ler esse post, vai  enjoar de ver tantos nomes, porém cada quadro é antecedido da relação dos nomes em sequência. Aprecie com moderação. Seus olhos podem ficar ofuscados com tanta beleza. 😅🤪🥴😱😎

Mais um quadro de beija-flores: 

1 - Andean emerald (Uranomitra franciae), 
2 - Beija-flor-azul-de-rabo-branco (Florisuga mellivora), 
3 - Crowned woodnymph (Thalurania colombica), 
4 - Fawn-breasted brilliant (Heliodoxa rubinoides), 
5 - Green-crowned brilliant (Heliodoxa jacula), 
6 - Purple-bibbed whitetip (Urosticte benjamini), 
7 - Purple-throated woodstar (Philodice mitchellii) e 
8 - Rufous-tailed hummingbird (Amazilia tzacatl).

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Seguimos com mais dois beija-flores:
1 - Tawny-bellied hermit (Phaethornis syrmatophorus) e 
2 - White-whiskered hermit (Phaethornis yaruqui). Aqui eles seriam chamados de "rabo-branco-qualquer-coisa". 😅🤪😂

Depois temos uns passarinhos coloridos para mostrar: 

3 - Black-capped tanager (Stilpnia heinei), 
4 - Blue-winged mountain tanager (Anisognathus somptuosus), 
5 - Fim-fim-grande (Euphonia xanthogaster), 
6 - Flame-rumped tanager (Ramphocelus flammigerus icteronotus), 
7 - Gaturamo-de-bico-grosso (Euphonia laniirostris) e 
8 - Golden tanager (Tangara arthus).

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Os feeders não paravam de nos surpreender. Uma linda Juriti-pupu (Leptotila verreauxi) fez que nem conhecia sua colega pálida. Um Tempera-viola (Saltator maximus) ficou no meio e separou as duas. Mas a Pallid dove (Leptotila pallida) não estava nem aí para eles. 

Tinha Pipiras-pretas (Tachyphonus rufus), Sanhaço-da-amazônia (Thraupis episcopus) e Sanhaço-do-coqueiro (Thraupis palmarum). Talvez sejam subespécies dos nossos e um dia sofram "split" (quando uma subespécie é alçada à espécie plena). 

E teve ainda mais uns coloridinhos pra nos alegrar: Silver-throated tanager (Tangara icterocephala), Tricolored brushfinch (Atlapetes tricolor) e White-winged brushfinch (Atlapetes leucopterus).

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Mas quem roubou a cena foi um casal espetacular. Vimos de camarote o show deles. Grandes malabaristas / equilibristas. Falo do Red-headed barbet (Eubucco bourcierii). 

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Depois da overdose dos feeders, Xavier nos levou dar um passeio pelas cercanias. Vimos numa corredeira um pequenino Black phoebe (Sayornis nigricans). Pelo caminho havia um Crimson-rumped toucanet (Aulacorhynchus haematopygus) e um Pacific hornero (Furnarius cinnamomeus), muito parecido com o nosso Casaca-de-couro-da-lama (Furnarius figulus) e seus primos no Brasil.

Adorei conhecer o White-capped dipper (Cinclus leucocephalus), uma das cinco espécies de mergulhadores Cinclus em todo o mundo e uma das duas espécies na América do Sul. 

Ocorre frequentemente ao longo de riachos em altitudes elevadas nos Andes. Sua dieta consiste principalmente de invertebrados aquáticos, embora também coma pequenos peixes. 

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Já ao cair do dia chegamos, finalmente ao El Septimo Paraiso, realmente um paraíso. Depois de fazermos check-list das aves avistadas e jantarmos, fui para o quarto e fiquei folheando a revista da Neblina Forrest que Xavier nos presenteou. 

Foi uma surpresa muito legal ver que meu amigo Demis Bucci integrava a equipe do Xavier. Eu conheci o Demis quando iniciei na observação de aves em 2011. Ele é um super querido amigo e atualmente mora no Estado do Paraná. 

Arquivo pessoal

Hoje fico feliz em saber que temos mais brasileiros na equipe do Xavier, além do Demis. Os amigos Marco Silva e Sidnea Menezes também atuam na equipe. Você pode acessar o site por aqui

Print do site oficial

Cansada do intenso dia, só havia um pensamento no meu cérebro: cama pra que te quero.

27 ago 2016 - sábado


Refugio Paz de las Aves (Angel Paz)

Acordamos às 4:30h e logo saímos para o Refugio Paz de las Aves. O primeiro objetivo do dia era ver o Andean cock-of-the-rock (Rupicola peruvianus), que se reúne num local denominado leque em busca de atrair parceiras, isso nas primeiras luzes do amanhecer. 

Mas falemos um pouco do Refugio antes de contarmos como foi.

O Refugio Paz de las Aves, um dos paraísos para observação de aves do Equador, é uma reserva privada cujo nome remete ao sobrenome da família Paz. Foi criada por Angel e seu irmão Rodrigo Paz.

Localizada na floresta nublada de Chocó, oferece aos visitantes a oportunidade de se observar uma grande variedade de espécies de aves. 

Indiscutivelmente, a principal atração para os observadores são algumas das aves da família Grallariidae, também conhecidas como antpittas (nome em inglês das Grallarias). 

Temos no Brasil algumas similares como o Tovacuçu (Grallaria varia), o Tovacuçu-corujinha (Grallaria guatimalensis) e um dos fantasminhas mais inacessíveis do Norte do Brasil, o Tovacuçu-xodó (Grallaria eludens).

Angel Paz aventura-se na floresta todos os dias para chamar as raras e difíceis antpittas. Às vezes ele não obtém resposta. Mas na maioria das vezes, pelo menos uma delas comparece. 

Arquivo pessoal

As grallarias do local, por mais incrível que pareça, respondem aos nomes que ele lhes deu: María (Grallaria gigantea); Willi (Grallaria flavotincta); Susana e José (Grallaria alleni); Shakira e seu filho Junior Piqué (Grallaricula flavirostris); e Andreíta (Grallaria ruficapilla).

Quando isso acontece, Angel, que ficou conhecido como “o homem Antpitta”, alimenta-as manualmente com pequenas quantidades de minhocas como recompensa.

Além das antipittas e do Andean cock-of-the-rock (Rupicola peruvianus), ele e sua família plantaram árvores frutíferas que servem de fonte de alimentação suplementar para espécies como o Sickle-winged guan (Chamaepetes goudotii), o Crimson-rumped toucanet (Aulacorhynchus haematopygus) e o Toucan barbet (Semnornis ramphastinus), entre outros, totalizando mais de 200 espécies na Reserva. Já já vou te mostrar fotos deles.

A região atrai observadores de aves de todo o mundo. Especialistas dizem que o Refugio incorpora um modelo importante para o desenvolvimento do turismo local no Chocó equatoriano, gerando receita para as famílias locais e ao mesmo tempo que impulsiona a conservação da floresta, em uma região de terras privadas onde a agricultura e a pecuária leiteira avançam desenfreadamente.

Vamos começar com o Andean cock-of-the-rock (Rupicola peruvianus). Primo do nosso belo Galo-da-serra (Rupicola rupicola), ele já era um velho conhecido. Já tinha fotografado ele em 2015 no Peru. 

É uma ave que nunca facilitou para mim. Sempre apareceu muito cedo, com pouca luz e em meio a muitos galhos. Nesse dia foi preciso usar configurações especiais na minha câmera anterior, a Canon 7D II, que em conjunto com a lente Canon 100-400 conseguia fazer milagre. 

Detalhe, nesses lugares é proibido usar flash. Também fiz tudo sem tripé (o espaço era bem pequeno e foi lotando conforme o dia clareava). Precisei usar ISO 8000, velocidade 1/13, abertura máxima da lente f5.6 e muitos músculos dos braços. 

Só o milagroso "fotoxópis" para melhorar a qualidade da foto um pouco. 

Claudinha e Laurinha aguardando os galos aparecerem
Arquivo pessoal

A overdose de espécies de aves começou a me afetar e eu já estava conversando com os passarinhos, que vinham para serem fotografados e "falavam" comigo. 😅🤪😂🤪🥴😵

- "Oi Silvia, meu nome é Andean cock-of-the-rock (Rupicola peruvianus), mas pode me chamar de galo-andino-da-serra. Eu sou primo do galo-da-serra do seu país. Não sou uma ave noturna, mas tenho fotofobia, ainda bem que você acordou bem cedo para vir me ver."

Arquivo pessoal

Logo depois Angel Paz nos mostrou o Dark-backed wood-quail (Odontophorus melanonotus). E olha só o que ele falou pra mim.

- "Oi Silvia, acredita se eu disser que adoro banana? Ah! Tenho alguns primos no Brasil. O Uru (Odontophorus capueira) é um deles. Eu sou da família dos Odontophoridae. Meu nome é Dark-backed wood-quail (Odontophorus melanonotus), mas pode me chamar de Corcovado Dorsioscuro. Obrigada por vir me visitar, eu sempre ganho umas frutinhas deliciosas quando venho aqui. É o meu pagamento por desfilar para pessoas como você."

Arquivo pessoal

Em seguida, Angel começou a chamar  o próximo convidado, ou melhor, uma convidada, a mais especial de todas. Prepare seu coração, nossa estrela do dia está para chegar. 

- "Oi. Abram alas, que eu quero passar. Eu sou a Giant antpitta (Grallaria gigantea), mais conhecida por Maria. Sou a maior de todas as grallarias por aqui. Ando aos pulinhos, por isso, me fotografa logo, pois vou ali pegar umas minhocas e cair fora em seguida."

María
Arquivo pessoal

María
Arquivo pessoal

Logo depois desse espetáculo, fomos convidados a ir por uma trilha até uma corredeira. Nossa próxima atração era lá. Ao chegar, nem sombra dela. Enquanto isso fiquei rememorando meus aprendizados de fotografia e testando os músculos do meu braço. 😅🤪💪📷

A foto abaixo foi feita com a velha Canon 7D II, Lente 100-400 II, ISO 125, velocidade 1/6, abertura f10, sem tripé ou flash.

Arquivo pessoal
Nisso uma garotinha chegou ao meu lado e começamos a conversar. Que "pessoainha" mais encantadora. Ela me deu sorte, pois do nada nosso convidado chegou. Muito feliz ao lado da Sara, uma pequena observadora, eu conheci o Willi.

Arquivo pessoal

Olha como foi. De repente ouço do outro lado do rio, no escuro da floresta, um murmúrio que, traduzindo do "passarinhês" para o português, dizia:

- "Oi meninas, eu sou o Yellow-breasted antpitta (Grallaria flavotincta), Willi para os íntimos. Diferente da minha prima Maria, eu sou muito tímido, só fico no escuro e raramente atravesso o rio. Se quiser, me fotografa logo, que eu vou me recolher aos meus obscuros domínios."

Willi
Arquivo pessoal

Claudinha não se fez de rogada, foi lá para o meio das pedras, colocou os pés na água e mandou ver. Deve ter feito fotaça do Willi com a "Petona". 

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Depois seguimos para a sede onde estavam os "feeders" e muitas aves bacanas. Havia bancos para a gente se sentar, água, café e muitas árvores frutíferas ao redor.

Arquivo pessoal

Um bicudo verde tentava se disfarçar no fundo verde enquanto flertava com as bananas ao seu redor. Apesar de guloso ele esbanjava charme.

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- "Oi. Tá tudo verde aí? Muito prazer, eu sou o Crimson-rumped toucanet (Aulacorhynchus haematopygus), mas não confunda com seu Creyson, do antigo programa humorístico do Brasil Casseta e Planeta. Eu e minha família moramos aqui. Minha beleza é tão grande que mereço um close fazendo biquinho... 🤣 digo, bicão..." 💚🤢🍌

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- "Oieeee, eu sou a Sickle-winged guan (Chamaepetes goudotii). Sou prima das penélopes do Brasil. Mas sou mais bonita. Ei, ei, sai pra lá, tucaninho, agora é minha vez de ser fotografada. Produção, tira esse intrometido daqui, por favor." 🤣🤣🤣

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- "Vai de novo, d. Silvia, faz uma foto só minha e mostra a minha maquiagem direitinho para minhas primas no Brasil. Eu caprichei quando soube que você vinha." 

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- "Eu sou o Toucan barbet (Semnornis ramphastinus). Domino tudo por aqui e não é só porque sou lindo de morrer. É porque sou muito bravo. Até o tucano-verde vaza quando eu chego."

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Brincadeiras a parte, foi uma manhã realmente muito colorida e alegre. Abaixo iluminando todos a sua volta, o Blue-winged mountain-tanager (Anisognathus somptuosus) e seus amigos Golden-naped tanager (Chalcothraupis ruficervix) e Golden tanager (Tangara arthus) que foram agraciados com uma linda combinação de cores. E ainda compondo o quadro abaixo o Chestnut-capped brushfinch (Arremon brunneinucha). 

Divertindo-se e se fartando com as bananas, o quarteto deu o que falar. 

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Você deve estar se perguntando, mas cadê os beija-flores? "Pera", tinha um monte deles também. A manhã estava só começando.

- " Oi Silvia, eu sou o Velvet-purple coronet (Boissonneaua jardini). Pareço sem graça, mas dependendo da luz, mostro cores pra deixar qualquer sambista da Sapucaí com inveja."

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- "Eu sou o Violet-tailed sylph (Aglaiocercus coelestis). Não sei se meu nome vem de Silfo ou não. Mas Silfos ou Sílfides são seres mitológicos. E como seres elementais, reinam nos ares, tanto que, são considerados fadas do vento, assemelhando-se às vezes a anjos. E não é que sou o rei dos ares mesmo? Pensa só, não é qualquer um que consegue voar com um rabão comprido desses não"

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- "Você já me viu, Silvia, mas só para lembrar, eu sou o Beija-flor-violeta (Colibri coruscans). Estou, nesse momento, expulsando o Violet-tailed sylph (Aglaiocercus coelestis), que fica se achando o rei dos céus e do meu galho preferido. Sai pra lá, sujeitinho!"

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- "Ei galera, faltou eu mostrar minha gargantinha roxa. Quem sabe numa próxima? Eu sou o Brown inca (Coeligena wilsoni). 

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- "Ei, ei, esperem por mim, só porque eu sou uma miniatura, não precisam me deixar para trás. Eu sou o Purple-throated woodstar (Calliphlox mitchellii). No Brasil tenho um primo tão bonito quanto eu. Você já deve ter ouvido falar dele. É o Estrelinha-ametista (Calliphlox amethystina)."

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Depois desse festival todo, já era hora de ir almoçar, mas não sem antes tomar uma cervejinha para comemorarmos tanta coisa boa.

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Passamos apenas uma manhã neste local. Eu gostaria de ter retornado, mas nossa agenda era intensa, e não dava para fazer paradas longas ou pensar em passar na volta. Só sei que um dia pretendo voltar. 

E finalmente a hora de se despedir dos meninos da Paz. Não podia faltar fotinho. 

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El Séptimo Paraiso

Voltamos para nosso hotel onde fomos nos refastelar com as aves do seu frondoso jardim.

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E teve mais um sonho realizado... Apelidei ele de "raquetinha". O nome dele é Booted racket-tail (Ocreatus underwoodii). Além da raquetinha, ele usa polainas, veja se não é mesmo um lindinho? E a fêmea também é linda, mas é mais discreta.

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Abaixo mais um quadro colorido com os beija-flores feitos em El Séptimo Paraiso

1 - Brown inca (Coeligena wilsoni), 
2 - Crowned woodnymph (Thalurania colombica), 
3 - Empress brilliant (Heliodoxa imperatrix), 
4 - Beija-flor-marrom (Colibri delphinae), 
5 - Purple-bibbed whitetip (Urosticte benjamini), 
6 - Purple-throated woodstar (Philodice mitchellii), 
7 - Violet-tailed sylph (Aglaiocercus coelestis), 
8 - Velvet-purple coronet (Boissonneaua jardini) e 
9 - White-booted racket-tail (Ocreatus underwoodii). 

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E abaixo uns coloridinhos, alguns já mencionados, outros não. 

1 - Golden-naped tanager (Chalcothraupis ruficervix), 
2 - Flame-faced tanager (Tangara parzudakii), 
3 - Fim-fim-grande (Euphonia xanthogaster), 
4 - 5 - Red-headed barbet (Eubucco bourcierii) (fêmea e macho), 
6 - Saíra-de-cabeça-azul (Stilpnia cyanicollis), 
7 - Silver-throated tanager (Tangara icterocephala) e 
8 - Sanhaço-do-coqueiro (Thraupis palmarum).  

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28 ago 2016 - domingo

Dia do meu aniversário. Comecei a comemorar com as meninas e Xavier já no café da manhã. Ganhei um bolinho cheio de flores preparado pela Analú (Ana Lucia Goetschel), proprietária do El Septimo Paraiso. 

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Depois pegamos estrada e fomos tentando achar algumas aves pelo caminho. Fomos parando até chegar no Mirador Mashpi. É tudo muito majestoso. Agora entendo porque a empresa do Xavier se chama Neblina Forrest. Tem muita neblina e florestas pelas estradas.

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Destaque da manhã pelo caminho: Golden-headed quetzal (Pharomachrus auriceps), Ornate flycatcher (Myiotriccus ornatus) e Pica-pau-oliváceo (Colaptes rubiginosus rubripileus). Nada de fotão por conta da distância instransponível para chegar perto das aves, nebulosidade e dificuldade pessoal da fotógrafa aqui. 😁😆🥴

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Seguimos para a Reserva Mashpi Amagusa, onde nós fizemos nosso lanche / almoço e comemoramos meu aniversário com muitos sabe o quê? Se disse beija-flores acertou. Acho que foi um por cada ano comemorado. Quantos? 😁😆🥴 Vai esperando eu contar 😁😆🥴

Repare a Claudinha lá no fundo. Ela não conseguia nem sentar para comer. A gente só ouvia o clic-clic-clic sem parar da sua câmera. E acha que eu conseguia parar?

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Eu clicando os bichinhos lindos nos bebedouros ao nosso redor
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Na sequência, belos colibris de todos os tamanhos e cores: 

1 - Brown inca (Coeligena wilsoni)
2 - Crowned woodnymph (Thalurania colombica), 
3 - Empress brilliant (Heliodoxa imperatrix), 
4 - Green thorntail (Discosura conversii), 
5 - Purple-bibbed whitetip (Urosticte benjamini), 
6 - Purple-throated woodstar (Philodice mitchellii), 
7 - Violet-tailed sylph (Aglaiocercus coelestis), 
8 - White-booted racket-tail (Ocreatus underwoodii), e
9 - White-whiskered hermit (Phaethornis yaruqui).

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Mas teve um que roubou meu coração e até fiz poema pra ele. Foi o Velvet-purple coronet (Boissonneaua jardini). Prepare seu lencinho se resolver acessar esse link para ler o meu texto feito durante a pandemia. 

Aqui só um pedacinho:

"Dentro de mim cabem todas as cores! Todos os sentimentos... 
Desde o mais ingênuo, que não impõe condições, paciente, que não precisa de retribuição. 
Até o mais exigente, que requer intimidade, o sentir, o receber, doação... 
...a menina, a mulher, o sol, a melodia, a dança, a liberdade... 
O momento e a eternidade. Intenso! Insano! Alma! Coração! 
Cheio de surpresas. Paleta de cores inusitadas! Misturadas! 
Sonhos coloridos e de todos os tamanhos! 
Estrelas, brilho, vento e céu azul. Profundidade! 
Tempestade. Do preto ao arco-íris. 
Reluz e contraluz. Divino e divindade. 
Saudades..."

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Aqui uma sequência com algumas fotos escolhidas entre as milhares que eu fiz dele. 

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No caminho de volta paramos numa cachoeira na beira da estrada, onde no chão havia muitas borboletas. Adoro fotografá-las. Abaixo uma Siproeta epaphus, de acordo com os colaboradores da plataforma iNaturalist.

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Nas corredeiras não tinha um patinho nadando sequer, mas tinha uns "doido-alegres" fazendo bagunça e caretas para a câmera do celular. 

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Depois voltamos buscar a bagagem para seguir viagem e na placa do hotel, na letra "o" havia um gafanhoto, não, não era um desenho, era de verdade. Eu, detalhista? Não só virginiana, discípula de Mr. Spok de Star Trek. 🖖😁😆🤣🤣


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29 ago 2016 - segunda-feira

San Miguel de Los Bancos - Mirador Río Blanco

No sequência fomos nos hospedar em um Hostel chamado Mirador Rio BlancoNa frente parecia uma lugar muito sem graça, mas lá no fundo havia um quintal ... ah! Que quintal! Coisa do outro mundo! 

Um rio passa lá no fundão, bem abaixo dele. Tem uma paisagem espetacular. E muitas aves. Realmente surreal. Um quintal sensacional.

Abaixo uma foto do perfil do hostel no Facebook e em seguida, um vídeo curtinho que fiz com o meu celular para mostrar como era.

imagem by Mirador Rio Blanco

       
Se tinha muita ave no quintal? Muitas... Confira a seguir: 

1 - Black-cheeked woodpecker (Melanerpes pucherani), 
2 - Cambacica (Coereba flaveola), 
3 - Cinnamon becard (Pachyramphus cinnamomeus), 
4 - Crowned woodnymph (Thalurania colombica), 
5 - Green thorntail (Discosura conversii), 
6 - Green-crowned brilliant (Heliodoxa jacula),
7 - Rufous-tailed Hummingbird (Amazilia tzacatl) e 
8 - White-whiskered hermit (Phaethornis yaruqui).

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Mais 4 lindões:
 
1 - Crimson-rumped toucanet (Aulacorhynchus haematopygus),
2 - Mariquita-cinza (Myioborus miniatus),
3 - Yellow-throated chlorospingus (Chlorospingus flavigularis)
4 - Orange-billed sparrow (Arremon aurantiirostris).

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A gente não se cansava de olhar ao redor e muito menos de clicar sem parar. Sempre brincando, inclusive com o sol batendo dentro dos olhos na hora da selfie.

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Milpe Bird Sanctuary

Depois de muito clicar, seguimos até um local chamado Milpe Bird Sanctuary. Por já ser hora do almoço, os comedouros estavam vazios. Nenhuma novidade em termos de beija-flores. Só os "de sempre". Nada do "Manakin" ou Juruva-verde que a gente queria tanto ver. 

No comedouro apenas um belíssimo Collared aracari (Pteroglossus torquatus erythropygius).

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E tem hora que você tem que optar e qualquer decisão pode vir pesar depois. Eu, Laurinha e Xavier resolvemos almoçar na cidade e a Claudia resolveu ficar e esperar. Combinamos de, na volta, trazer uma "marmitinha" pra ela. 

Ao retornar ao Hostel Mirador Río Blanco para almoçar, olha o que tinha nos feeders por lá. 

1 - Crimson-rumped toucanet (Aulacorhynchus haematopygus), 
2 - Ecuadorian thrush (Turdus maculirostris),
3 - Black-cheeked woodpecker (Melanerpes pucherani),
4 -
Saíra-de-cabeça-azul (Stilpnia cyanicollis),
5 -
Orange-billed sparrow (Arremon aurantiirostris),
6 -
Sanhaçu-da-amazônia (Thraupis episcopus).

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Se você está com dificuldade em memorizar as espécies que já citei com o nome em inglês, imagina eu aqui.  Por isso dei apelidos dentro do meu cérebro para alguns, tipo araçari-da-bundinha-vermelha, tucaninho-da-barriga-verde, tico-tico-de-bico-laranja, sabiá-poca-do-equador e vai por aí.

Por que isso? Porque meus parceiros de expedição falavam em inglês quase o tempo todo e era um tal de "look at the black-cheeked woodpecker over there" (usei google tradutor, tá), e 'alá o white green sei lá o que, i don't believe, mira, mira, "e nisso eu boiava totalmente. Era uma martelada no meu cérebro, que tinha hora que parecia que ia explodir. Ele ficava cheio de nós. 😁😅😂🔨💣㊙️🈳🉑🈲🈯

Tinha hora que eu não sabia nem para onde olhar, mas a culpa é minha que nunca consigo ir adiante com meus estudos de inglês. Até comprei um guia de aves do Equador, mas adivinha só seu idioma ... inglês. Quem sabe eu consiga aprender para a próxima. 🤣🤣🤣

Nessas alturas os nomes científicos que eu sempre achei dificílimos de decorar, pareciam "mamão com açúcar". 

Porém, bastava eu choramingar um pouco e todos falavam português comigo. Aliás, Xavier fala português muito bem.

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Voltamos à Milpe com a marmitinha da Claudia e ela nos contou que a tão desejada Juruva-ruiva (Baryphthengus martii) tinha descido no comedouro. Nessa hora, se eu pudesse ia me "suicidar enforcada no primeiro pé de alface que eu encontrasse". 😂🍃🥬

Ele era um dos meus sonhos ornitológicos da viagem. Mas o jeito foi conviver com o silêncio sepulcral no recinto e parar de choramingar.

Xavier então nos levou por umas trilhas e vimos algumas aves interessantes. Devido a ser começo de fim de tarde não consegui fazer nenhum fotão, mas renderam 12 espécies, algumas novas pra gente. 

Tenho impressão que por conta dos primeiros dias no Equador, fiquei viciada em fazer foto bonita, de pertinho, de aves esplêndidas e ficava mal-humorada quando as aves não se aproximavam o suficiente para foto de quadro. 

Acredito que o cansaço agravara um pouco meu estado de ânimo, por isso, deixo desde já meu conselho: não abra mão de descansar o tanto que puder. Não seja "esfomeado". 

Quando a gente faz uma expedição para o exterior não dá pra ficar voltando várias vezes ao mesmo lugar. E por vezes nem ao mesmo país. E numa dessas, a tendência é a gente querer aproveitar o máximo, e nem sempre o resultado disso é positivo. A gente esgota nossas energias e o bom-humor passa longe. Demorei a aprender, mas esse episódio foi uma grande lição.

Enfim ... o dia seguiu e nossa passarinhada pela estrada (de carro, descendo em pontos conhecidos do Xavier), rendeu alguns bichinhos interessantes:

1 - Bronze-winged parrot (Pionus chalcopterus),
2 - Choco toucan (Ramphastos brevis),
3 - Club-winged manakin (Machaeropterus deliciosus)
4 - Piolhinho-de-cabeça-cinza (Phyllomyias griseiceps),
5 - Saíra-de-cabeça-castanha (Tangara gyrola),
6 - Snowy-throated kingbird (Tyrannus niveigularis)
7 - Tiriba-fura-mata (Pyrrhura melanura),
8 - Variable seedeater (Sporophila corvina).

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⬆️ Tá vendo essa foto do cantinho esquerdo aqui em cima? Há quatro Tiribas-fura-mata (Pyrrhura melanura) nela. Estávamos bem longe delas, e impossibilitados de chegar até elas. Era lifer pra mim. Xavier falava, apontava, mas eu só via o tucano colorido. Consegui ver apenas quando eu baixei as fotos no note, porque ao insistir em vê-las no dia, elas bau-bau, voaram pra longe. 

Na época lembro de pensar: eu verei elas no Amazonas, mas acredita se eu disser que voltei seis vezes ao Estado do Amazonas depois que fui ao Equador e nunca consegui vê-las, nem de longe. Acontece, né? 🤣🤣🤣 

A primeira foto abaixo é sem crop. Eu só via o papo amarelo do tucano. A segunda com crop e um círculo mostrando onde elas estavam. E a terceira mostra quem espantou elas. Um  dos tucanos que estava de olho nelas bem de longe. Raios, foi dramático! ⚡💥😅🥴😡

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Hoje acho tudo muito engraçado, mas no dia não achei nenhum pouco. 

Finalmente o dia chegara ao fim, e apesar de tudo, lindas cores fecharam a nossa tarde, deixando muitas histórias a serem contadas para a posteridade.

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30 ago 2016 - terça-feira

Mais uma vez, começamos a passarinhar bem cedo. Fomos para o Recinto 23 de Junio, acompanhados pelo sr. Luis, guia local. Eu havia colocado meu chaveiro de São Francisco no bolso do colete para dar sorte e não é que deu mesmo. O local é muito bonito. Realmente deslumbrante.

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De cara, logo pelas primeiras horas da manhã, clicamos o Long-wattled umbrellabird (Cephalopterus penduliger). Outro sonho de consumo ornitológico. Tudo bem que não foi a foto dos sonhos, estilo preconizado pela amiga Daniela Maia (no limpo, na altura dos olhos, sem galhinho na frente). Mas só de ver e registrar uma ave tão bonita já valeu o dia.

E ainda rolou o belo Quetzal, Golden-headed quetzal (Pharomachrus auriceps) e um pica-pau, o Powerful woodpecker (Campephilus pollens).

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De raspão, no susto, fiz uma foto da Tiriba-fura-mata (Pyrrhura melanura) passando. Pena que não focou. Peninha mesmo. 

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Milpe Bird Sanctuary

De volta ao Milpe Bird Sanctuary tivemos uma surpresa não muito agradável. Havia lá um bando de observadores de aves orientais bem mal-educados, mas tão grosseiros, tão afrontosos, que meu instinto homicida aflorou com tudo. 🤮😡👿🪓💣🏹💉

Eles simplesmente entravam na nossa frente com seus gigantescos equipamentos e tripés, ignorando as três mulheres ali sentadas. E mudavam os bebedouros e comedouros de lugar, sem aviso prévio ou autorização dos proprietários, para que ficassem ao alcance de suas lentes e olhos.

Já quase esgotando a minha paciência, eles finalmente foram embora. Ui, que alívio.

Foi quando eu consegui realizar o desejo que havia me frustrado no dia anterior: a Juruva-ruiva (Baryphthengus martii) finalmente resolveu descer no comedouro. Eu a cliquei até os dedos ficarem doloridos. 

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Outro que deu foto de quadro nesse dia foi o Crowned woodnymph (Thalurania colombica), um priminho do nosso Beija-flor-tesoura-verde (Thalurania furcata).

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Na hora do almoço no Mirador Río Blanco, dois Collared aracari (Pteroglossus torquatus erythropygius) fizeram a alegria das nossas lentes. 

Enquanto eles se fartavam das bananas colocada pelo staff, a gente se fartava com o delicioso almoço que era servido lá. 

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Depois saímos, rodamos um bocadinho, vimos vários bichinhos, mas começou a chover e isso atrapalhou um pouco nossos planos.

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Terminei o dia super relaxada. Pensa numa sujeitinha feliz, essa fui eu neste dia. Tão ao contrário do dia anterior. 

31 ago 2016 - quarta-feira

Começamos o dia no Rio Silanche Bird Sanctuary, com direito a um almocinho na cidade e sorvete de sobremesa. Depois fizemos a Ruta de Quinde a caminho de Bellavista Cloud Forest

Nas fotos abaixo eu tento imaginar o que o Xavier ficava a pensar numa hora dessas. Será que foi algo do tipo: mas que mulherada exigente! Cadê os passarinhos daqui? Venham garotos, venham! 

E Claudia toda faceira, com seus pesados equipamentos, só ria.

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Abaixo, quando sua amiga fica fazendo gracinha pra ver você dando risada. E olha, funciona viu.

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Espia abaixo a contabilidade da manhã:
 
1 - Blue-tailed Trogon (Trogon comptus),
2 -
Anambé-una (Querula purpurata),
3 -
Scarlet-breasted dacnis (Dacnis berlepschi),
4 -
Choco toucan (Ramphastos brevis),
5 -
Bronze-winged parrot (Pionus chalcopterus),
6 -
Rose-faced parrot (Pyrilia pulchra),
7 -
White-whiskered hermit (Phaethornis yaruqui),
8 -
Pacific hornero (Furnarius cinnamomeus), e
9 -
Cinnamon woodpecker (Celeus loricatus).

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A fome apertou e fomos em direção à cidade de San Miguel de Los Bancos. Nossa, pela minha carinha abaixo já imagina a delícia e a felicidade que foi devorar esse peixão, né? E lógico não faltou uma geladinha para brindar.

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Em San Miguel de Los Bancos quando paramos para procurar uma rede wi-fi, eu aproveitei para tomar sorvete e acabei conhecendo na rua uma turma bem "palhaça", literalmente, mas muito graciosos e super divertidos. 

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Terminado nossos afazeres no local, seguimos para a Reserva Bellavista Cloud Forrest

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Esses foram os bichinhos que vimos no local:
 
1 - Blue-winged mountain tanager (Anisognathus somptuosus),
2 -
Masked flowerpiercer (Diglossa cyanea),
3 -
Speckled hummingbird (Adelomyia melanogenys),
4 -
Gorgeted sunangel (Heliangelus strophianus), 
5 - White-sided flowerpiercer (Diglossa albilatera), e
6 -
Tico-tico (Zonotrichia capensis).

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E assim terminamos a passarinhada do dia. Seguimos para pernoitar no Tandayapa Bird Lodge, nosso próximo destino. O dia havia sido perfeito. Cheguei tão cansada que só pensava em tomar um banho, deitar e dormir. Laurinha e Xavier sempre tinham energia de sobra para ficar no salão fazendo o check-list das aves do dia. 

01 set 2016 - quinta-feira

Tandayapa Bird Lodge

Nesse dia, acordamos e fomos para os feeders do Lodge. Para você que quer, como eu saber a diferença de um hotel para um lodge, busquei no Google alguns conceitos sobre meios de hospedagem.

Hotel / Flat / Apart – meio de hospedagem mais conhecido e comum a todos os viajantes
Hostel - são albergues compartilhados, quartos e banheiros compartilhados 
Motel - hotel econômico na beira de uma estrada. Criado nos Estados Unidos, foi a junção das palavras “motor” e “hotel”. Seu foco eram os viajantes que passavam horas nas estradas. No Brasil, é considerado um meio de hospedagem exclusivo para adultos com foco no entretenimento.
Inn – Hotéis de estrada Resort - Hotel com atividades e estrutura de lazer
Lodge – Hotéis de Selva. Lodge é um tipo de acomodação projetada para gerar o mínimo de impacto ao meio ambiente.
Resort - Hotéis de lazer com diversas atividades e serviços em que o cliente possa ficar o tempo todo curtindo apenas o hotel. Um resort é uma mistura de hotel e clube.
Pousada - Meios de hospedagens familiares com estrutura de hotelaria, mas com um contato mais próximo com o cliente.
Guest House - quando um morador abre as portas de sua casa para que viajantes possam se hospedar. *No Brasil eu conheço como pousada domiciliar.

Mas o Tandayapa, pelo menos em 2016, era um excelente lodge. O que mais gostei foi ter um pano com luz por trás onde mariposas vinham pousar. Para mim esse foi o ponto forte do local, no mais, um pouco mais do mesmo de tudo que a gente vinha avistando nos lugares anteriores.

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O que eu gostei muito foi meu reencontro com a Juruva-ruiva (Baryphthengus martii), onde pude encher os cartões com imagens dela novamente. 

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Estava ficando cansativo e enjoativo ficar ali na varandinha do hotel e Xavier perguntou se gostaríamos de conhecer o pueblo y valle inferior. Eu e Laurinha topamos na hora. Claudia preferiu ficar. E lá fomos nós saracotear ladeira abaixo (e acima também 🤪🤒😅🥴).

Meu lado artístico se encantou com alguns cenários, com destaque para esse jardim feito com pneus velhos e coloridos. Um capricho! Muito agradável de se olhar.

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Bellavista Cloud Forest Lodge

Na parte da tarde seguimos para Bellavista Cloud Forest Lodge. Foi uma tarde bem agradável e tranquila. 

Na sequência das fotos abaixo, um Arapaçu-vermelho (Xiphocolaptes promeropirhynchus) forrageava tranquilamente no chão. Diga-se de passagem que dificilmente eles descem ao chão. Nunca havia visto um arapaçu fazendo isso. 

Perto dele um Glossy-black thrush (Turdus serranus) também buscava petiscos no chão. Ele me lembrou muito o nosso sabiá-una.

Já um Gray-breasted wood-wren (Henicorhina leucophrys) tinha acabado de achar um petiscão. Na minha imaginação o bichinho era uma mistura de Corruíra com Tico-tico.

Falando dele, olha o Tico-tico (Zonotrichia capensis) dando um show. Ele arrebentou ao achar seu almoço, fazendo muita inveja aos coleguinhas ao redor. 

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Mas o tucaninho- azul, Plate-billed mountain-toucan (Andigena laminirostris), "respondia" bem alto que no dossel tinha muitas frutinhas e ele não precisava ir ao chão para comer.

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Na  Rute de Quinde vimos muitas aves bonitinhas. com destaque para:

1 - Cinnamon flycatcher (Pyrrhomyias cinnamomeus),
2 - Flame-faced tanager (Tangara parzudakii lunigera),
3 - Streaked tuftedcheek (Pseudocolaptes boissonneautii) e
4 - Grass-green tanager (Chlorornis riefferii)

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02 set 2016 - sexta-feira

Antisana 

Quando eu tento rememorar esse dia por meio das fotografias vejo como foi cheio de atividades, todas muito intensas. Nós estávamos nas alturas, literalmente. E isso tornou cada movimento físico lento e complicado. No fundo acabou sendo divertidíssimo e inesquecível. 

Passamos o dia praticamente acima de 3 mil metros indo até mais de 4.100 metros. Em 2015 eu tinha andado nas alturas no Peru, mas não lembro se foi acima de 3.400 m (Cusco fica nessa altura). Que eu me lembre rodamos os primeiros dias a 3100 m, às vezes um pouco mais. Mas lá eu mastiguei folhas e tomei muito chá de coca.

Deixa eu mostrar um resumo das minhas pesquisas no "tio Gugo" (Google). 

"O mal de altitude ou hipobaropatia é causado pela diminuição da disponibilidade de oxigênio em altas altitudes. Em manifestações leves pode ocorrer aumento da frequência cardíaca, falta de apetite, dor de cabeça, náusea, vômitos, diarreias, dificuldade para respirar e até sangramento do nariz. 

Normalmente, o mal de altitude começa atingir as pessoas a partir dos 3.400m de altura — abaixo disso, é difícil alguém manifestar sintomas significativos. No geral, a cada 100m que subimos em relação ao nível do mar, diminui 1% da concentração de oxigênio no ar.

Mascar folhas de coca é uma tradição andina que alivia o mal-estar. As folhas também podem ser usadas para fazer chá que fica bem gostoso. Seu efeito analgésico ajuda a reduzir os sintomas do mal da altitude, como dores de cabeça e fadiga.  

A planta era considerada sagrada pelos povos que habitavam a região andina em tempos passados devido seu potencial nutritivo e analgésico. Após ter sido desvendada a possibilidade de transformação em droga, seu cultivo expandiu de forma significativa, hoje cerca de 90% do cultivo da coca é direcionado ao desenvolvimento da cocaína, infelizmente." (fonte: Pesquisa Google) 
Humanos sendo humanos. 🤮😡👿👹🪓💣

Para você ter ideia da altitude que enfrentamos no Equador, examine detalhadamente o mapa abaixo que extraí do meu Fieldbook of the Birds of Ecuador. O aeroporto de São Paulo está a 750 m e o de Quito (2391,0 m). Desde que chegamos no Equador, subimos e descemos várias centenas de metros. Foi uma big aventura por Pichincha e Napo, duas das províncias do Equador. 

Mas esse dia 02 foi uma doideira. A gente foi subindo, subindo e quando vimos estávamos acima de 4100 m. Sem chá ou folhinhas para mastigar. 😄😁🤣😇

Acompanhe os acontecimentos que irei contando aos poucos.


Bem no início da manhã, a 3163,0 m eu e Claudinha fizemos essas selfies. Lá longe a gente via o grande vulcão de Antisana, creio eu. Antisana é um vulcão da Cordilheira dos Andes. Atinge os 5.758 metros de altitude. A sua última erupção ocorreu em 1801-1802. Mas ele ainda solta fumacinha. 😄😁

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A Puya glomerifera que eu menciono no início desse post, estava a 3619,9 m, de acordo com o GPS da minha câmera. Pelo menos eu estava, porque ela marca o local onde o fotógrafo está posicionado.

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A foto abaixo, onde eu estava a 3849,1 m virou um poema no meu outro bloguinho em 02/09/2016. Eu copiei o texto embaixo. 

A casa

Sou uma casa. Não tenho muros ...
Mas não gosto que ninguém pise meu jardim e espante minhas borboletas e passarinhos.
Aqui dobra o vento, mas eu resisto. Insisto e não lamento ...
Não tenho janelas. Recebo luz por entre as frestas...
Às vezes gotas de chuvas escorrem pelo telhado,
Mas no dia seguinte um raio de sol as faz secarem...
Eu guardo tesouros invisíveis.
Não são pra dividir, nem pra iludir...
Mas uma coisa é certa. Deixo uma porta entreaberta...
Um dia há de subir os degraus alguém de bom coração,
Deixará um pouco do seu melhor e levará um pouco da minha razão...
Mas se for trazer sofrência, melhor nem vir. Vá-se embora, e
Por favor, distancie-se de vez da minha querência!
(foto e texto by Silvia Faustino Linhares)

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Tinha até escadaria para facilitar as subidas e descidas de alguns trechos de trilhas, saca só.

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Mas pensa num lugar bonito. Era tudo tão imenso que ficava difícil avaliar a dimensão apenas com os olhos. Na câmera então, nem cabia. 

Veja o tamanho da moradia lá no meio, quase um cisquinho na foto. Ah! Não viu né? Eu só consegui com 312% de zoom no Lightroom, pela tela do computador.

Arquivo pessoal

Mas vamos às aves. Chegamos a um local muito acolhedor chamado Tambo Cóndor Bird Lodge, a 3500 m de altitude.

Fotografamos nos feeders várias espécies muito bonitas, entre elas:

1 - Black flowerpiercer (Diglossa humeralis),
2 - Black-tailed trainbearer (Lesbia victoriae),
3 - Giant Hummingbird (Patagona gigas),
4 - Shining sunbeam (Aglaeactis cupripennis) e
5 - Tyrian metaltail (Metallura tyrianthina).

Arquivo pessoal

Rodamos muito atrás de diversas aves, mas só conseguíamos avistá-las de muito longe. Tudo o que eu mais queria era ter me deparado com o urso-de-óculos (Tremarctos ornatus), também conhecido como urso-andino ou urso-de-lunetas é a única espécie sobrevivente de urso nativa da América do sul e o único membro sobrevivente da subfamília Tremarctinae.

Como não consegui vê-lo, pedi à uma Inteligência Artificial de um site pra criar um para mim. E ela me mandou logo dois. 🤪😅🥴Abaixo by Bing Creator.


Arquivo pessoal - feito no Bing Creator 

Reserva Ecológica Antisana - 

A Reserva, hoje Parque Nacional Antisana (PNA)​, é uma área protegida que está localizada na Cordilheira Real de Los Andes, entre as províncias de Napo e Pichincha. Inclui florestas andinas e páramos, localizados nas planícies do vulcão de quem recebeu o nome. O vulcão de Antisana é o coração da Reserva.

O parque foi inicialmente criado em julho de 1993 como reserva e chamava-se Reserva Ecológica Antisana (REA). Em 2021 houve a mudança de categoria feita por meio de um acordo ministerial. Seu nome oficial passou a ser Parque Nacional Antisana. Sua altitude está compreendida entre 1.400 a 5.758 metros, altura do Vulcão Antisana. A logomarca continua a mesma, um lindo condor. Este vimos voando muito longe e acima de nossas cabeças.



Quando chegamos a quase 3800 m, vimos três espécies bacanas, duas eram lifers: o Carunculated caracara (Daptrius carunculatus) e a Black-winged ground dove (Metriopelia melanoptera). Fizemos fotos deles nos mourões das cercas. Pouco antes deles vimos um lindo casal de Quiriquiri (Falco sparverius).

Arquivo pessoal

Chegamos a pouco mais de 4000 m e registramos as seguintes aves.

1 - Andean lapwing (Vanellus resplendens)
2 - Carunculated caracara (Daptrius carunculatus),
3 - Plumbeous sierra finch (Geospizopsis unicolor) e
4 - Ecuadorian hillstar (Oreotrochilus chimborazo).


Apesar dos encantos da Laguna de La Mica, a 3954,7 m, a gente não podia se aproximar muito das aves. Elas nadavam ao longe. Havia Andean duck (Oxyura ferruginea) e Carqueja-de-escudo-vermelho (Fulica rufifrons), mas mal consegui registrá-las direito.

Arquivo pessoal

Arquivo pessoal

Retornamos ao Tambo Cóndor Bird Lodge para o almoço, onde rolou umas fotos bem legais, de quadro. Destaque para o  Giant Hummingbird (Patagona gigas), Shining sunbeam (Aglaeactis cupripennis), Tico-tico (Zonotrichia capensis) e Tyrian metaltail (Metallura tyrianthina). 

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Papallacta - Pichincha

Por volta das 16 horas seguimos até a região de Papallacta e foi onde passamos de 4000m de altitude.  Olha só o que fotografamos e a altitude de cada um:

1 - Scarlet-bellied mountain tanager (Anisognathus igniventris) 3996,2 m
2 - Chestnut-winged cinclodes (Cinclodes albidiventris) 4069,8 m
3 - Tawny antpitta (Grallaria quitensis) 4074,0 m
4 - Andean teal (Anas andium) 4106,1 m

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E teve um mais alto ainda: Andean tit-spinetail (Leptasthenura andicola) 4143,0 m.

Arquivo pessoal

Meu organismo se ressentiu, tive enjoo, ânsia de vômito, dor de cabeça, fraqueza nas pernas e o mais engraçado, uma crise de risos incontrolável. 

Lá pelos 4 mil metros e tanto, comecei a rir de bobeira, descontroladamente. As pernas foram amolecendo e acabei sentando no chão. Com muito esforço consegui pedir que me ajudassem a levantar uma vez que eu não tinha forças e não conseguia parar de rir. 

Eu não lembro qual das meninas veio me ajudar, mas lembro que caiu na crise de riso junto comigo. E Xavier teve que levantar as duas do chão. (Pena que faltou registro desse momento 😁😅🤣😂).

No fim da tarde começou a chover e resolvemos ir embora. Descemos até o nosso local de pernoite, o Guango Lodge, a 2703,9 m onde deitei e continuei com dor de cabeça. Só a "neusa" (dipirona) resolveu. Mas tinha valido cada minuto. Uma experiência de vida. 

03 set 2016 - sábado

Guango Lodge

Acordamos cedo e, logo depois do café, passarinhamos dentro do próprio Guango Lodge. Mais um lugar incrível e inesquecível. 


Destacarei algumas aves, mas tinha bem mais.

1 - Chestnut-crowned antpitta (Grallaria ruficapilla)
2 - Turquoise jay (Cyanolyca turcosa)
3 - Hooded mountain tanager (Buthraupis montana)
4 - Buff-winged starfrontlet (Coeligena lutetiae)
5 - White-banded tyrannulet (Mecocerculus stictopterus)
6 - Chestnut-breasted coronet (Boissonneaua matthewsii)
7 - Rufous-breasted chat-tyrant (Ochthoeca rufipectoralis)
8 - Tourmaline sunangel (Heliangelus exortis)

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Percorremos algumas trilhas, fomos até uma linda corredeira onde não havia nenhuma ave para registrarmos. Como os jardins do Lodge estavam lotados de lindezas coloridas, pedimos para voltar. 

Rio Quijos
Arquivo pessoal

Vou destacar mais umas aves do jardins, entre outras que fiz por lá nesse dia. Já nem sabia mais o que era espécie nova ou não, só queria saber de fotografar. Depois em casa, no computador teria tempo para ver o que tinha feito. (Detalhe: só agora, como eu disse no início, neste começo de 2024, eu vim tratar todas as fotos). 🙃😂🤣😅😆😁

1 - Collared inca (Coeligena torquata)
2 - Great thrush (Turdus fuscater)
3 - White-bellied woodstar (Chaetocercus mulsant)
4 - Mountain cacique (Cacicus chrysonotus)
5 - Masked flowerpiercer (Diglossa cyanea)
6 - Tourmaline sunangel (Heliangelus exortis)
7 - Pearled treerunner (Margarornis squamiger)
8 - Spectacled redstart (Myioborus melanocephalus)

Arquivo pessoal

De todos os meus sonhos ornitológicos havia um que tinha sido responsável pela vontade de ir ao Equador. Ele ainda acalentava meu pensamento pois não aparecera nenhuma vez. Eu já estava com medo desse sonho virar pesadelo. 

Leia a seguir e entenda porque ele era a ave mais importante da viagem para mim. 

Lá pelo começo do ano de 2013, por conta de não ter uma plataforma onde pudéssemos postar aves que não ocorriam no Brasil, eu criei, no Facebook, um grupo chamado Wikibirds, onde tirávamos as dúvidas, dávamos dicas de passarinhar no exterior e postávamos as nossas fotos. O grupo ainda existe, mas está inativo hoje em dia, porém foi sucesso por algum tempo. 

O amigo e guia Ciro Albano postou uma foto logo no início da criação do grupo, revelando a realização de um sonho dele de infância. E desde então esse beija-flor tornou-se um dos meus sonhos também. Veja um print abaixo, com meu comentário à direita.

print - foto by Ciro Albano com meu comentário 

Foi essa foto acima que me fez desejar muito ver esse beija-flor. O mais diferente de todos e o que tem uma particularidade muito especial: o tamanho do seu bico. O nome dele? Sword-billed hummingbird (Ensifera ensifera) ou beija-flor-bico-de-espada ou ainda Colibrí Picoespada.

Mas foi nesse dia nos jardins do Guango Lodge que meu sonho tornou-se realidade. 

Arquivo pessoal

Mas espera, não acabou não.

Ainda voltamos à Reserva Ecologica Antisana, onde as aves não deram muita moleza para a gente. Havia Green jay (Cyanocorax yncas), Japu-pardo (Psarocolius angustifrons) e um Scarlet-rumped cacique (Cacicus uropygialis), todos muito camuflados ou distantes. 

No fim do dia fomos até o Rio Cosanga em busca de uma ave muito especial: o Torrent duck (Merganetta armata). Nós encontramos uma fêmea, mas não perto o suficiente para fotos de quadro.

Três anos depois eu fui com Claudinha ao Chile e conseguimos melhorar a foto e ver o casal. Veja pelo link aqui como foi essa ida ao Chile em 2019. 

Arquivo pessoal

Mas não fazer foto bonita não significa que não foi um momento especial, pois foi e muito. 

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Com direito a no fim do dia apreciarmos um lindo arco-íris dourando o céu nublado. Só não tinha pote de ouro no final dele. Que pena né?😄😁🤣😇🌈

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Cabañas San Isidro

Terminamos a noite chegando em Cabañas San Isidro. Assim que entrei na sala de jantar, supresa! "Ôu mai gódi!" Nada boa. 

Os orientais mal-educados e arrogantes que havíamos cruzados em Milpe Bird Sanctuary, estavam todos jantando, feito porquinhos num chiqueiro. Fazer o que né? Sei que são eles porque Xavier conhecia o guia deles e se cumprimentaram. 

Estamos todos jantando, entra um guia correndo avisando que a Coruja-preta-de-San-Isidro, uma Strix huhula - cuja subspécie existente na floresta de neblina ainda está sendo descrita - estava vocalizando por perto. 

Saímos todos correndo. Parecíamos um bando de doidos. Deu fotinho meia boca, logo começou chover e nos retornamos à nossa mesa para terminar o jantar. Depois do jantar demos mais umas voltas tentando encontrá-la, mas sem sorte. Já era.

Arquivo pessoal

O jeito foi confraternizar entre nós. Os demais hóspedes se recolheram e ficamos só nós. Xavier pediu uma dose de uísque para cada um, menos Claudinha que espertamente foi de cerveja. 

O gerente do hotel, se achegou ao nosso grupo, todo saidinho, se achando cheio de encantos. Trouxe uma garrafa de uísque sem ninguém ter pedido e foi enchendo nossos copos. Eu tomei a segunda dose e parei, pois sou fraca para bebidas destiladas. 

Começamos a conversar, rir muito e eu fui dormir feliz, linda, leve e solta após ter pelo menos feito uma foto da coruja-preta. Todo mundo sabe que eu amo as corujas. 🦉🖤🦉🖤🦉🖤

Ressalte-se que nosso chalé era bem legal, todo de vidro, permitindo uma interação com a floresta muito bacana.  

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Claudinha até me fotografou com seu celular. Só não sei cadê essa foto. 😁😅🤣😂

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04 set 2016 - domingo

Cabañas San Isidro

A Coruja-preta-de-San-Isidro piou muito a noite toda. Isso me fez acordar várias vezes e ficar pensando: se aqui pegasse whatsapp eu ia chamar o Xavier para irmos atrás dela. Porém ali, sozinha, não me atrevi nem a sair da cama.

Pela manhã, depois do café, saímos para fotografar ao redor da sede. Teve uns bichinhos bem legais.

1 - Pale-edged flycatcher (Myiarchus cephalotes)
2 - White-bellied antpitta (Grallaria hypoleuca)
3 - Montane woodcreeper (Lepidocolaptes lacrymiger)
4 - Saffron-crowned tanager (Tangara xanthocephala)
5 - Scarlet-rumped cacique (Cacicus uropygialis)
6 - Mountain wren (Troglodytes solstitialis) e
7-8-9 - Green jay (Cyanocorax yncas) 

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E foi na hora do arapaçu Montane woodcreeper (Lepidocolaptes lacrymiger) papando um bichinho (foto 3 acima), avistado pelo Xavier, que...

Adivinha quem chega? 

O grupo de orientais, que eu não sei se eram chineses, tailandeses, ou de que parte do mundo eram, nem importa. Sei que eram uns chatos muito mal-educados. 

Um deles veio por trás de mim e me empurrou com o tripé, quase me derrubando. Não soube pedir licença e muito menos desculpas por quase me jogar ao chão com meu equipamento e tudo. 

Nessa hora eu pensei que de Mulher Invisível (ref. antigo seriado de TV) eu viraria a Malévola e jogaria todos eles dentro de um caldeirão fervendo, ops, melhor ainda, de um vulcão escaldante. 🙃😂

E olha que não sou de me aborrecer fácil. Mas nesse dia a vontade era derrubar seus equipamentos,  pisar em cima e sair chutando todos eles, um por um. 🧐😡🤮😆

De vingança, Laurinha andava calmamente de um lado pro outro, como quem não quer nada, bem na frente da linha de visão das câmeras deles. 🙈🙉🙊

Com o clima ficando desagradável, nós optamos por ir embora dali mais cedo. E qual não foi a surpresa ao fecharmos a conta. O gerente da época contabilizou a garrafa inteira do uísque que ele buscou por sua conta, sem a gente pedir e ainda tomou sei lá quantas doses junto com a gente. 

Foi aviltante. Xavier conseguiu resolver esse entrevero e mesmo assim, ficou difícil essa impressão chata se dissipar, mesmo passando 8 anos. 😡🤮 

Espero que ele não trabalhe mais lá, pois o lugar é muito legal.

Saímos de  San Isidro em direção à Quito logo depois do almoço.  Fim da tour com o nosso amigo Xavier.  Ele ainda fez uma última parada numa lojinha na praça Mitad del Mundo para a gente comprar artesanatos locais. 

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Após a despedida, Fabian do Alambi, conforme pré-combinado nos apanhou e nos deixou no Sachatamia Lodge, onde ficaríamos dois dias por nossa conta até o retorno ao Brasil.

05 set 2016 - segunda-feira

Sachatamia Lodge

Eis que naquela segunda, véspera de voltar pra casa, acordo e fico olhando pela janela do meu quarto no chalé, sem ter vontade de sair da cama. 

Escrevi isso no meu e-diary. "Olho pela janela do meu quarto no momento, são 6.34h. Ouço um trogon mask vocalizando, um sabiá também. Vários outros sei lá quem. Claudia e Elsie Laura optaram por atividades fora do Lodge. Cada uma foi para um local. Uma foi ver uma galinha-não-sei-oque, a outra foi ver um terreno para comprar. E eu só quero descansar."

Arquivo pessoal

Abri meus olhos e fiquei relaxando na cama, sem pressa nenhuma para levantar e ver aves, sem pressa até para tomar café. Fiquei um tempo sob as cobertas quentinhas, imaginando se quando eu levantasse haveria um belo príncipe encantando me aguardando no salão com um café fumegante na mão. Só que não. Tomei café sozinha.

Saí andar. Dei uma reconhecida no terreno e vi um lindo Esquilo-de-Cauda-Vermelha (Sciurus granatensis) no comedouro.

Arquivo pessoal

Parei e fiquei aguardando as aves chegarem. O movimento estava bem dinâmico. Os comedouros eram feitos de forma que as frutas ficassem protegidas de animais maiores. Veja abaixo:

Os comedouros

Arquivo pessoal

Um casal de gringos sentou do lado da minha mesa e o pessoal do lodge trouxe o desjejum deles. Aproveitei e pedi mais um café. Com essa movimentação as aves sumiram todas. Depois que o casal se foi, as aves foram voltando aos poucos. 

Arquivo pessoal

Arquivo pessoal

Eu já identificava tudo sozinha, olha o que escrevi no diário: "Desceram Sanhaçus, os dois, da amazônia e do coqueiro, golden tanagers, tico-ticos, um casal de barbets, saltator - dois deles, saíra-de-cabeça-azul, um sabiá, um grandão azul e amarelo, uma fêmea de olho vermelho, eufonias, o de cabeça ferrugem, uns rajadinhos, uma femea ou filhote verde e uma alma de gato."

1 - Black-capped tanager (Stilpnia heinei),
2 - Black-winged saltator (Saltator atripennis),
3 - Alma-de-gato (Piaya cayana),
4 - Chestnut-capped brushfinch (Arremon brunneinucha),
5 - Dusky chlorospingus (Chlorospingus semifuscus),
6 - Ecuadorian thrush (Turdus maculirostris),
7 - Fim-fim-grande (Euphonia xanthogaster), e
8 - Flame-rumped tanager (Ramphocelus flammigerus).

Arquivo pessoal

1 - Golden tanager (Tangara arthus),
2 - Red-headed barbet (Eubucco bourcierii),
3 - Saíra-de-cabeça-azul (Stilpnia cyanicollis),
4 - Sanhaço-da-amazônia (Thraupis episcopus),
5 - Sanhaço-do-coqueiro (Thraupis palmarum),
6 - Tico-tico (Zonotrichia capensis),
7 - Purple-bibbed whitetip (Urosticte benjamini),
8 - Velvet-purple coronet (Boissonneaua jardini), e
9 - Fawn-breasted brilliant (Heliodoxa rubinoides).
Arquivo pessoal

Falando em casal, ao meu lado "desembarcou" um casal com um bebê, que do nada "desembestou" a chorar. 

E quando ele finalmente parou, resolvi, mesmo assim, que era hora de ir para o quarto. Estava fraco de aves no comedouro. Mas aí um "silfo" Violet-tailed sylph (Aglaiocercus coelestis) apareceu e deu um show. 

Repensei. Era difícil sair dali. Eis que chega mais um gringo no pedaço e lá se foram as aves mais uma vez. O bebê pentelho se assustou e desatou a chorar de novo.

Violet-tailed sylph (Aglaiocercus coelestis
Arquivo pessoal

Mas falando em novo, um novo passarinho chegou no comedouro. Lindão, de cores ferrugem e marrom com peito amarelo. Era o Tricolored brushfinch (Atlapetes tricolor), só descobri isso depois. 

O duro é que meus vizinhos de mesa não tinham câmera e tentavam chegar perto dos comedouros para fotografar com o celular, espantando qualquer alma penada ou com penas dali. 🙈🙉🙊

Eu só rezava desejando que eles todos fossem para outro lugar. Que dia! Valei-me Nossa Senhora dos Arapaçus. (essa santinha foi invenção da Laurinha). 

Tricolored brushfinch (Atlapetes tricolor).
Arquivo pessoal

Mas vida de passarinheiro não é tão tranquila e de boa como todo mundo acha não. Tem seus percalços e perrengues, mas quando um passarinho chega na nossa frente, faz passar tudo, né passarinho?

Flame-rumped tanager (Ramphocelus flammigerus)
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O que mais senti falta foi ter um guia para me mostrar e identificar as aves para mim. Fim de mais um dia, o jeito era deitar e dormir.

06 set 2016 - terça-feira

Sachatamia Lodge

Levantamos cedo  e fomos clicar passarinhos pelos jardins do Lodge. Desta vez, as duas meninas estavam juntos. Comedouros lotados de bananas e as plantas todas floridas, foi só aguardar os bichinhos chegarem. 

Arquivo pessoal

Vou colocar 3 mosaicos de fotos com os bichinhos que cliquei nessa manhã no lodge.

1 - Alma-de-gato (Piaya cayana),
2 - Andean emerald (Uranomitra franciae),
3 - Arapaçu-vermelho (Xiphocolaptes promeropirhynchus),
4 - Beija-flor-marrom (Colibri delphinae),
5 - Beryl-spangled tanager (Tangara nigroviridis),
6 - Black-capped tanager (Stilpnia heinei),
7 - Black-winged saltator (Saltator atripennis),
8 - Brown-capped vireo (Vireo leucophrys), e
9 - Cinnamon becard (Pachyramphus cinnamomeus).

Arquivo pessoal

1 - Ecuadorian thrush (Turdus maculirostris),
2 - Fim-fim-grande (Euphonia xanthogaster),
3 - Flame-faced tanager (Tangara parzudakii),
4 - Flame-rumped tanager (Ramphocelus flammigerus),
5 - Golden tanager (Tangara arthus),
6 - Golden-naped tanager (Chalcothraupis ruficervix),
7 - Juruviara (Vireo chivi),
8 - Juruviara-boreal (Vireo olivaceus), e
9 - Mariquita-cinza (Myioborus miniatus).

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1 - Pacific hornero (Furnarius cinnamomeus),
2 - Red-faced spinetail (Cranioleuca erythrops),
3 - Red-headed barbet (Eubucco bourcierii),
4 - Rufous-tailed hummingbird (Amazilia tzacatl),
5 - Saíra-de-cabeça-azul (Stilpnia cyanicollis),
6 - Sanhaço-da-amazônia (Thraupis episcopus),
7 - Sanhaço-do-coqueiro (Thraupis palmarum),
8 - Tempera-viola (Saltator maximus), e
9 - Violet-tailed sylph (Aglaiocercus coelestis).

Arquivo pessoal

E com essa overdose de passarinhos encerramos as passarinhadas pelo Equador.

E lógico, não podia deixar de levar um novo boné para guardar na lembrança os bons momentos dessa expedição. Guardo com carinho até hoje. 

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Já de volta a Quito, resolvemos, antes de ir para o aeroporto, passear pela metade do mundo. Sim, onde a Linha do Equador divide, na imaginação e por convenção, o Planeta em dois. 


A linha recebeu o nome de Equador. “Equatore” em latim significa “equilíbrio ou igualdade". Justamente por ela dividir por igual os hemisférios Norte e Sul. 

A linha imaginária passa por mais de 10 países:  Brasil, Colômbia e Equador na América do Sul; Ilhas Maldivas e Indonésia na Ásia; Congo, Gabão, Quênia, Congo, São Tomé e Príncipe, Uganda e Somália no caso da África e ainda, Kiribati na Oceania.

E passear onde fica a Ciudad Mitad del Mundo foi muito gostoso, o local é cheio de lindos monumentos e obras de arte.

Arquivo pessoal
E não podia faltar um beija-flor para encerrar nossa estadia na metade do mundo. 🤣😁😅🤪

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Já no aeroporto, um último petisco para não viajar de barriga vazia. 

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7 de setembro de 2016

A parte mais chata de uma grande viagem é quando ela chega ao fim. Eu sempre falo isso. O que alivia é pensar no próximo destino e qual seria ele. Por isso afirmo sempre...


Quase finalizando... aguenta firme...😉🙃😂🤐

Durante a expedição, eu e Claudia Brasileiro adquirimos ilustrações belíssimas da artista Edyta Delfel. É um trabalho muito criativo e alegre, cheio de aves. 

Recomendo a quem for até lá não deixar de adquirir algumas das ilustrações preciosas da Edyta. 

Uma vez eu e ela conversamos pelo Facebook, onde ficamos "amigas" e prometi a ela quando eu voltasse ao Equador iria conhecê-la pessoalmente. Assim espero fazer um dia. 

Minha preferida

os demais quadrinhos que possuo
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Conclusão (ufa!!!)

Essa viagem foi realmente a realização de um sonho. Foi muita alegria poder comemorar meu aniversário em plena floresta de neblina no Equador junto a amigos tão queridos. Só tive um arrependimento: não ter esticado até Galápagos como a Claudinha queria. 

Faltam adjetivos para poder dizer como foi sensacional viajar por este país maravilhoso chamado Equador. Foram 202 espécies de aves fotografadas, 34 beija-flores, onde apenas 3 deles ocorrem no Brasil. (veja o link para as listas no final)

Mas, amigos leitores incansáveis dos meus posts, não se enganem: o Equador tem muito a oferecer, nem tudo se resume a aves. Há lugares paradisíacos, montanhas, parques nacionais (até urso tem, pena que não consegui ver nenhum), comidas deliciosas e a maior preciosidade de todas: o povo.

Enfim, deixo um agradecimento especial às queridas amigas Claudinha e Laurinha por esses dias que jamais vou esquecer. Não mesmo, pois mesmo após oito anos, ainda tenho vivas dentro de mim a maioria das lembranças. 😁😁😁😁 E viva meu Handy diary no celular!

Obrigada, meu amigo Xavier Munoz, por nos mostrar lindas aves, paisagens de tirar o fôlego e por ter planejado tão bem a nossa estadia em seu País.

Obrigada a todos que cruzaram meu caminho nos últimos 12 anos observando aves. Vocês são todos muito especiais.

Se você leu até aqui, muito-muito-muito obrigada, você também é muito especial, pois haja paciência e tempo para ler o tanto de coisa que costumo escrever. Eu diria que cada post aqui é um verdadeiro livro, melhor dizendo, é apenas mais um capítulo 😍 ... da minha vida!  E que venham muitos mais!!! 💚🐦💚🐦💚🐦


(Tem musiquinha pra clicar mais abaixo)

Link para o meu projeto pessoal de aves que não ocorrem no Brasil 

The Sound Of Silence by Wuauquikuna | Panflute | Toyos |

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