Há tempos atrás recebi uma demanda para falar no Avistar
Brasil sobre o Quero Passarinhar, grupo no Facebook que congrega pessoas que
gostam de fotografar/observar aves livres na natureza. Este ano, ao me decidir
falar, resolvi dar um formato diferente ao tema e falar um pouco de como eu me
decido, onde, quando e como passarinhar. Como não consegui gravar a palestra, atendendo
a pedidos, vou relatar aqui no blog um pouco de como foi, usando inclusive
algumas telas da apresentação e incrementando um pouco mais.
Durante minha vida profissional eu tive treinamento pra
implantação de programas da Qualidade Total e um desses métodos eu incorporei
na minha vida, inclusive nas minhas viagens. É o método 5W3H, eram 2H apenas, agora são 3 . Ao longo
desse texto, você poderá ver como de alguma forma todas as perguntas da metodologia são
respondidas.
WHAT? – O QUE (ETAPAS)
WHY? – POR QUE (JUSTIFICATIVA)
WHERE? – ONDE (LOCAL)
WHEN? – QUANDO (TEMPO)
WHO? – QUEM (RESPONSABILIDADE)
HOW? – COMO (MÉTODO)
HOW MANY? QUANTOS (QUANTIDADE)
HOW MUCH? – QUANTO CUSTARÁ (CUSTO)
Ser mulher e eleger o mato como lugar preferido pra estar
a maior parte do tempo causa espanto em quem é mais ligado à vida das grandes
cidades. Alguns amigos meus me questionam se não sinto medo, receio de ficar
doente em lugares remotos, se não é tedioso, se não sinto falta de umas férias
numa praia lotada de gente bonita, de ir ao teatro e ao cinema. A resposta é
NÃO! Não mesmo. Não que eu não goste de viver na cidade, mas, sem dúvida,
prefiro a paz que as passarinhadas me proporcionam, mesmo abrindo mão da minha
própria elegância, da conveniência dos shoppings center, dos restaurantes e
bares da moda e do conforto do meu próprio lar.
As duas próximas imagens mostram um pouco dos momentos
mais felizes e inusitados da minha vida nos últimos tempos. A partir delas vou
explicar como faço pra aumentar meus níveis de dopamina* durante uma viagem.
* A dopamina é o neurotransmissor da motivação. Aumenta o
nosso direcionamento, foco e concentração. Ela nos permite planejar com
antecedência e resistir aos impulsos, para que possamos alcançar nossos
objetivos. Nos dá a sensação do “Eu fiz isso!” quando realizamos o que nos
propusemos a fazer. Faz-nos competitivos e proporciona a emoção da “caçada” em
todos os aspectos da vida – negócios, esportes, amor…A dopamina é responsável
pelo nosso sistema de prazer e recompensa. Ela nos permite ter sentimentos de
prazer, felicidade e até mesmo euforia.
Todos sabem que antes de observar as aves eu já tinha um
caso de amor com a fotografia e tentava me profissionalizar na área do
automobilismo. Porém, as aves me conquistaram definitivamente e é delas que
extraio as belezas que minhas lentes veem durante minhas viagens. Ao fotografar
durante as viagens, o que me faz feliz? Lógico, o foco é sempre a lista de
lifers (aves que nunca avistei). A ansiedade que nos domina frente ao novo nem
sempre nos permite fazer aquela foto, então parto do princípio que lifer é
lifer, tá valendo! Sempre é uma euforia incrível. Mas também é prazeroso fazer
o “melhoraifer”, ou seja fotão daquela espécie que você já viu de muito longe e/ou
entranhada e nem pode apreciar direito. A alegria também se dá quando eu faço,
mesmo que uma foto ruim, o “municipal-lifer” ou "city-lifer", ou seja quando a espécie é
registrada pela primeira vez em foto no Município, isso sempre considerando o
site Wikiaves como mapa.
Uma das delícias da viagem é o “red-ball-lifer”, ou seja,
é quando registro aves a cada município que atravesso e que vão resultar em
pontinhos (bolinhas) vermelhos no mapinha pessoal do Wikiaves. Não importa
quanto comum seja a ave, o que vale é o registro feito município a município.
*Esse mapinha só é disponibilizado para quem é usuário contribuinte do site.
Além disso, tem o mapa do e-Bird, que te dá uma visão global. Eu ainda estou
montando as listas por lá, em algum momento sei que ficará atualizado. E por
fim, curto colocar patchs de bandeiras dos Estados brasileiros ou Países onde
fotografo aves nos coletes fotográficos. Dos Estados faltam três, e países,
bom, o planeta é o limite.
Eu curto muito o “maravilhaifer”, que é quando você
faz um lifer com uma foto espetacular. É a glória do photobirder. O suprassumo
da fotografia de aves. É quando você sente prazer, felicidade e euforia, tudo
de uma vez só.
E agora ficou criado "oficialmente", por sugestão
do amigo Fabio Olmos, o “beer-lifer”, ou seja, durante as passarinhadas experimentamos
novos sabores de cervejas e confraternizamos com os amigos. Já desisti de levar
notebook pra baixar fotos durante a viagem, é peso extra e perda de tempo,
investi em mais cartões de memória e mais momentos com os amigos.
E como começo a materializar as viagens que pretendo
fazer? Sempre digo que tem três coisas numa viagem que você deve aproveitar e
curtir muito: o planejamento, a viagem em si e o pós viagem. Mas vamos ao
plano.
1 - Em primeiro lugar vem o desejo de conhecer um lugar,
seja porque um amigo fez foto de uma ave rara no lugar, ou porque é um lugar
que após pesquisa nas listas do
Wikiaves, e-Bird ou Taxeus, se mostrou promissor de avistamentos, ou
ainda, porque você quer apenas conhecer um lugar ou rever um lugar legal que já
foi. Também tem as publicações de sugestões no grupo Quero Passarinhar, no Facebook, seja por
oferta de pacotes ou simplesmente mostrando lugares, aguçando o desejo de irmos
conferir de perto.
2 – A segunda fase começa a complicar. É compatibilizar a
própria agenda, decidir hospedagens, verificar se há passagens em oferta,
disponibilidade de guias, se vai sozinho ou com amigos, se integra algum grupo
ou monta o próprio grupo. Você faz uma avaliação de oportunidades, custos e
benefícios e o papel do guia é fundamental nessa hora. Se ele é porreta mesmo,
providencia um roteiro detalhado baseado em suas listas de lifers ou
melhoraifers. Muitos ficam enrolando, ou porque tem clientes sobrando, ou por
faltar tempo ou por não ter a mínima paciência pra fazer isso. Com certeza isso
é um divisor de águas entre os mais procurados.
Como funciona a logística?
a) Oferta de
pacote pronto. Há muita oferta de pacotes prontos, alguns até incluem a
passagem de avião. Você não tem como discutir nenhum item, é pegar ou largar. E
nem pode escolher as pessoas que irão. É um tipo que pode funcionar ou não.
Depende muito se os seus objetivos casam com os objetivos do pacote e reze pra
que no tal quarto duplo, triplo ou quádruplo fique alguém que seja legal.
Já participei de excursões assim e fiz excelentes amigos e já me dei mal
também.
b) Montagem de
pacote por demanda (sozinha ou com amigos) – Você pede pra alguém montar um
pacote pra você. É importante a clareza do pedido e do retorno de quem
responde. Muitos não ditos por ditos causam mal estar depois, tipo esquecer
algum custo importante e querer cobrar depois, informando, só depois do pacote
fechado e aceito, que aquela despesa estava fora.
c) Montagem de
roteiro por demanda cuidando da logística – essa é minha modalidade preferida,
eu digo que pretendo ir para aquela região, se vou só ou não, a pessoa monta um
roteiro baseado nas minhas listas (e de amigos que por ventura me acompanharão)
e faz a reserva de hoteis, providencia reservas/autorizações para entrar nos
parques, aluguel de carro, etc. Você fica só responsável por comprar a passagem
e chegar no aeroporto, onde já estão te esperando e ir pagando as despesas
durante a viagem, conforme planilha informada. Lembrando que os custos são
apresentados antecipadamente (inclusive com opções mais caras e mais baratas).
d) Roteiro com
logística por sua conta. Tem passarinheiro que prefere montar suas viagens
sozinho, inclusive logística. Depois que chega no local, contrata o guia (ou
não) e vai se embora. Eu não gosto, uma vez que não conheço o local e posso
entrar em fria. A não ser que eu esteja retornando ao local, mesmo assim, eu ainda prefiro a opção
anterior.
e) Convite para
integrar algum grupo já montado. É muito comum amigos se juntarem pra viajar e
ficar faltando um pra dividir os custos. Aí, o grupo resolve convidar amigos,
conhecidos e até mesmo desconhecidos. Porém, o convidado deverá passar pela
aceitação do grupo. Dependendo dos objetivos e gênio de cada um, isso pode se
transformar numa grande dor de cabeça ou pelo contrário, pode culminar em uma
nova grande amizade.
f) Você convida
amigos pra participar de um pacote ou montar uma expedição. Melhor você dar
preferência para quem tem os objetivos e estilo muito parecidos com o seu.
Questão muito delicada, por exemplo, quando se juntam pessoas com objetivos e
gênio antagônicos. É preciso combinar antes, expor cada um o seu objetivo e
tentar compatibilizá-los, estabelecendo desde já os limites. E o mais chato é
quando você monta o grupo e convida aquele seu amigo legal, que resolve chamar
mais três amigos legais que ele tem, sem falar nada com você antes, te
colocando em uma saia justa, mesmo sabendo que você não gosta de lotar uma van
pra sair pra passarinhar. Dependendo do tipo de bioma o melhor mesmo é ir em dois,
no máximo em três ou mesmo sozinho.
g) Um amigo te
convida pra participar de um pacote ou montar uma expedição. Neste caso, quando
o grupo está sendo montado, é a hora de colocar os pingos nos “is” e equalizar
os objetivos da viagem. Não adianta reclamar depois.
3 – Fechado o roteiro e data é hora de pensar no que vai
precisar. Primeiro providenciar as passagens de avião ou outro meio de
locomoção que escolher. Verificar se os documentos estão em dia, como
passaporte, se é para o exterior, carteira de vacinação, RG válido, CNH válida
se você vai dirigir, ver se necessita levar moeda local (caso de viagem ao exterior),
lembrar de liberar compras no exterior pelo cartão de crédito, verificar se sua
administradora de cartão de crédito oferece algum tipo de benefício em viagem,
tipo seguro-saúde, de automóvel, cancelamento de voo, bagagem extraviada, etc.
Em alguns casos você tem que entrar no site e emitir os bilhetes de seguro.
Perto da viagem, ver se tem alguma conta pra pagar, pra não ter dor de cabeça
quando voltar.
Depois começar a separar o que irá levar na bagagem.
Começo pelo equipamento, câmera, lente (inclusive back up caso dê pau em um
deles), flash, tele-conversor, etc. E depois a “trecaiada” de acessórios, incluindo baterias, cartões, carregadores, adaptadores, régua de tomadas,
lanterna, caneta-laser, lanterna, gravadorzinho, ipod com sons de aves e músicas preferidas,
ou seja, tudo que posso usar durante a viagem, separo tudo numa necessaire pra
facilitar.
A segunda parte é dedicada aos remédios que consumo regularmente ou
que posso vir a consumir, procuro incluir para febre, anti-alérgicos, dor de cabeça, dor de barriga, torção, cortes, tendinites, “velhites
diversas”, só não achei ainda um que cure dor de cotovelo kkkkkkk - Agora
incluí primeiros socorros também, nunca se sabe quando você vai precisar de
água oxigenada, gaze, mertiolate e esparadrapo.
Numa necessaire eu incluo os repelentes: gel, spray,
loção, sabonete escabin, um SBP com citronela pra passar à noite nas roupas,
perneiras, meias, etc. Noutra necessaire vão os itens de toilette (itens de higiene,
um creminho pros pés e mãos, um batonzinho, porque ninguém é obrigado a ficar
com cara de bruxa no mato eh eh he). Já coloco as perneiras ao lado da mala, e
separo o case com monopé, tripé e bastão de caminhada. Binóculos eu sempre
levo, mas pouco uso.
Por fim, a parte com roupas, que depende muito do clima e
local que vou. Procuro levar o mínimo possível, geralmente camisetas dry-fit de
manga comprida (de fácil lavagem e secagem), 2 calças próprias para o mato, com muitos
bolsos, meu inseparável colete de fotografia, roupas íntimas, um pijaminha,
chinelos, meias, uma sapatilha dobrável, uma capa de chuva, agasalho leve ou
mais pesado, dependendo do clima local, saquinhos de lixo abertos no fundo pro
equipamento, chapéu ou boné, luvas (porque só fotografo com luvas próprias,
pois evita picadas e calos) e uma galocha se for o caso de ter brejo ou água. A
bota de caminhada vai no pé pra evitar volume extra.
4 – Agora vou falar de uma pecinha pra mim fundamental
para uma passarinhada ter e ser sucesso. O expert em aves: chame ele (a) como
quiser: guia, condutor, monitor,
tour-líder, acompanhante, ou seja a pessoa especialista que vai te ajudar a ver
as aves, aquela que tem um bom ouvido, que conhece todas as aves do local e
onde elas podem ser encontradas.
Funciona assim, ele (a) te pede sua listinha de lifers de
X, Y ou W municípios. Você envia sua “listinha básica”. No meu caso é uma lista
sempre cabeluda, com bichos cascudos (como diz minha amiga e guia Vanilce), uma
vez que das quase 2 mil espécies de aves que ocorrem no Brasil, eu já
fotografei 1.308, já viu né, bem “básica” mesmo. Kkkkkk Mas eu sempre digo pro
(a) guia que o mais importante é fazer uma viagem feliz e os itens da minha "ornito-felicidade" são os listados no início deste post.
Existem algumas frases nesse diálogo entre passarinheiro
e guia que sempre me fazem rir. Se eu disser que não ligo pra lifer, não acredite,
tô mentindo, lifer prá mim é como sapato novo. Eu adoro... Aí ele(a) pega sua
lista e emite um sonoro: é tranquilo, quando você sabe que não é. Passarinhar
não é uma ciência exata, onde dois mais dois são quatro, pelo contrário, é uma
atividade mais complicada que a Hipótese de Poincaré ou Teorema de Pitágoras.
Muitas coisas são relativas e nem sempre atendem nossos desejos. Quando as aves
não aparecem as desculpas são sempre as mesmas e muito amplas: o clima não está
propício, não é época, já migraram antes do tempo, não chegaram ainda, a
frutificação está atrasada, os frutos já acabaram, as aves estão cuidando dos
filhotes, saímos muito tarde pra mata, chegamos muito cedo na mata, é culpa da
neblina, da chuva, da falta de chuva, está muito quente, está muito frio, está
ventando muito, está muito parado, está muito abafado, está nublado, está muito
sol, é lua cheia, é lua minguante, é lua nova, é lua crescente (daqui a pouco
estarão até inventando lua para servir de desculpa kkkkkkk), por isso eu sempre
digo, passarinho não tem CEP nem endereço certo, existem mais e menos
possibilidades e o bom guia sabe quando essas possibilidades são maiores ou
menores.
É preciso o guia ser honesto e o passarinheiro ter
paciência e ambos terem bom humor pra tolerar aquele dia que os bichos resolvem
não aparecer e o silêncio é quase sepulcral. E se a energia negativa se
instalar, aí mesmo é que os bichos não colaborarão. Se quer certeza de
encontrar um bicho num lugar, é melhor ir a um zoológico. Agora é importante
saber discernir quando os bichos não colaboram de quando o guia está com má
vontade de localizar uma ave difícil. Eu brinco que sempre existem algumas
máximas: quem nunca ouviu um guia dizer “na volta a gente tenta de novo” ou
“amanhã passamos aqui/lá novamente”. Confesso que vi poucos guias cumprirem
essas “promessas”. Eles esquecem e partem pro próximo que pode ser mais fácil.
Afinal o que importa é a quantidade de lifers a ser entregue, o duro é quando
sua lista vai ficando reduzida a bichos difíceis, daqueles que te fazem perder
um, dois ou mais dias pra encontrá-lo e nem assim!
Baseada em minha experiência, eu tracei um perfil do que
considero um(a) bom(a) líder/expert (guia) para observação de aves. São
situações que eu ou alguns amigos já passaram e que fui anotando durante um
certo tempo. A maioria é auto-explicativa e as que necessitarem, eu
complementarei com algum comentário. Espero que isso auxilie a aprimorar os
serviços prestados, principalmente de quem está iniciando.
O(a) guia ideal para mim tem que...
1 – Responder, assim que estiver online, questionamentos,
dúvidas ou quaisquer esclarecimentos adicionais (antes, durante e depois – não
existe pior que uma mensagem visualizada sem resposta).
OBS: É muito chato
tratar com pessoas que enrolam para responder, e pior, quando respondem é
sempre com evasivas ou esquecendo o que foi escrito ou dito no começo. É
preciso ter em conta que informações tempestivas causam boa impressão, já a
demora pode causar prejuízo, principalmente financeiro, tipo uma passagem ou
hospedagem que estava em promoção. Também não gosto de informações vagas,
imprecisas ou incompletas, principalmente sobre custos, datas ou roteiros. E o
bom prestador de serviços jamais deixa de te ajudar na pós passarinhada, seja na
identificação de alguma foto que fez durante a tour, uma dúvida qualquer ou
ainda indicar um lugar onde a foto foi feita. Até pelo contrário, gosto
daqueles que olham suas fotos postadas e te corrigem se necessário. Poucos dão
importância a isso, sem nem imaginar o tamanho do buraco, pois nessa área da
observação de aves, o boca a boca não tem pernas, tem asas e voa.
2 - Ao confirmar uma data, manter o compromisso e não
desmarcar de última hora, deixando o cliente na mão.
OBS: Sim, só desmarque se algum fator alheio a sua
vontade for imperativo. Caso Fortuito e Força Maior são os únicos motivos
justificáveis para desfazer um contrato, mesmo que verbal. Isso é regra
absoluta. Veja se é possível alguma solução, tipo alguém te substituir sem causar
prejuízo ao cliente.
3 - Enviar um roteiro minimamente detalhando de cada dia
do percurso a ser combinado.
OBS: Quer me matar de raiva? Pise na bola em relação a
esse item. Me enrole e não ficará vivo como guia, pelo menos na minha memória.
Ponto para os guias que tem facilidade e presteza para fazer isso.
4 - Ser objetivo e claro na hora de repassar os custos.
OBS: É terrível quando antes, no meio da viagem, ou após,
você constata que tem que pagar alguma coisa que não foi combinado, bem
esclarecido ou que ficou subentendido. Também não gosto quando o guia manda os
custos e não especifica o que está sendo cobrado, isso depois de demorar meses
para apresentar uma planilha.
5 - Estudar, previamente, a lista de lifers de cada
cliente de modo a equalizar o grupo.
OBS: O melhor que o guia pode fazer é focar naquilo que é
lifer pro grupo todo, pois se focar nos lifers de um só membro do grupo, a
coisa poderá causar rancor no restante. E outra coisa que observei em alguns,
todos pedem a sua lista de lifers, mas sequer abrem ou imprimem e ficam te
perguntando na hora se é lifer pra você...juro que esse tipo merece um tapa "nazoreias"...kkkkkk
6 - Nunca mudar o roteiro combinado sem consultar o
cliente
OBS: Dispensa comentários
7 - Dedicar 100% da atenção para o cliente de modo que
ele saia mais do que satisfeito
OBS: É muito desagradável você estar fotografando e o guia
pedir silêncio porque ele vai gravar a vocalização, exceção se for ele usar de
imediato pra benefício do próprio grupo. Além disso ele deve evitar uso de
celular para conversas particulares, nem que for atender o Papa querendo
abençoar seu dia.
8 - Usar câmera fotográfica apenas com anuência do
cliente (e com moderação, sem atrapalhar, caso receba autorização).
OBS: Lembrar que está prestando serviço, o cliente pode
até ser seu amigo, mas quem está passarinhando é você e não ele. Isso vem sendo
tema de recorrente reclamação entre alguns amigos. Já ouvi estórias escabrosas.
Tem guia que sabe a hora que pode usar sua câmera sem prejuízo do cliente,
outros não. Tem passarinheiros que não se importam, mas não faça por
inferência, consulte o cliente sempre e se um do grupo não quiser, não parta do
princípio que a maioria vence.
9 - Dar atenção para todos do grupo de forma equilibrada.
OBS: Nunca privilegiar uma das pessoas em detrimento do
resto, mesmo que seja seu amigo de infância. Quer coisa mais chata do que ser
preterido num grupo, ser deixado de lado, pra trás, ou ver o guia e um
integrante do grupo lá na frente cochichando sabe se lá o quê.
10 - Estar atento às limitações e dificuldades de cada
um, ajudando no que for possível.
OBS: Dispensa comentários
11 - Saber respeitar e se fazer respeitar.
OBS: Dispensa comentários
12 - Ser líder e auxiliar o grupo na hora da tomada de
decisões.
OBS: Dispensa comentários
13 - Fazer um briefing à noite ou pela manhã antes de
cada saída.
OBS: Dispensa comentários
14 - Ser pontual e exigir pontualidade do grupo.
OBS: Só atrasar e tolerar atraso se houver justificativa
plausível. Se isso acontecer, procure esclarecer ao grupo o que aconteceu.
15 - Manter a calma e o bom-humor.
OBS: Mesmo se tiver vontade de estapear o fulaninho
criador de casos. Coloque ele na sua black-list depois do fim da passarinhada,
mas na hora não faça nada que possa se arrepender depois.
16 – Saber o nome popular e científico de cada bicho para
que o cliente não fique boiando.
OBS: Eu tenho uma dificuldade enorme de guardar nomes
científicos e fico possessa quando o guia aponta aquele estrupicinho pousado no
fio dizendo, olha lá o Gampsonyx swainsonii, ao invés dizer, tem um gaviãozinho
pousado ali. E lógico que o inverso deve existir também...eu apenas imagino,
pois nunca viajei com um parceiro que só soubesse nome científico.
17 - Ajudar o grupo a manter silêncio quando necessário.
OBS: Coisa desagradável aqueles dois amigos que não param
de contar causos, nem na hora que o guia está chamando a ave, e você faz um
psiu pra eles pararem e eles te olham com vontade de te esganar. Acho que antes
disso acontecer o guia tem que pedir silêncio, pedir que aguardem sem falar ou se
movimentar, melhor, até sem respirar kkkkkkkkk
18 - Ser firme quando necessário, porém sempre com
educação.
OBS: Dispensa comentários
19 - Controlar e posicionar o grupo de forma que todos
obtenham as melhores fotos.
OBS: Evite que os mais afoitos se movimentem demais e espantem
a ave, provocando mal estar no grupo.
20 - Colocar sempre o bem estar da ave em primeiro lugar.
OBS: Jamais abusar do playback, nem se o cliente
solicitar de joelho.
21 - Jamais desrespeitar ninhos ou colocá-los em risco.
OBS: Nem que for só pro melhor amigo fazer "aquela"
imagem.
22 - Manter e ajudar os clientes a manterem distâncias mínimas
da ave.
OBS: Nunca tocá-la pra mostrar como ela é boazinha e é o
bonzão do pedaço.
23 - Ter conhecimento de aves, bom ouvido e conhecimento
do local.
OBS: Nunca perguntar ao cliente que ave é aquela, pra que
lado é o caminho ou mentir sobre uma espécie que não sabe qual é.
24 - Saber o que fazer em caso de acidente com animais
peçonhentos, ataque de animais, quedas, torções, fraturas, mal estar súbito,
etc.
OBS: Ter sempre maleta de primeiro socorros ao alcance –
não imaginei ao escrever esse item, que ia necessitar desse material logo em
seguida. Num próximo post eu conto o que houve e porque tive que passar uma
tarde numa UTI em observação.
25 - Fazer fotos do making of (mesmo com o celular).
OBS: É legal pro cliente e funciona como propaganda
positiva - geralmente uso essas fotos no meu perfil ou aqui no blog quando faço
o trip report.
26 - Somente postar aquela foto espetacular que tirou
junto e igual a do cliente, após o mesmo postar.
OBS: Considerar um prazo razoável e na dúvida perguntar
pro cliente se já pode postar.
27 - Sempre que possível fazer lista no e-Bird e
compartilhar com o grupo.
OBS: Dispensa comentários.
28 - Nunca falar mal dos clientes ou de outro guia para
quem quer que seja ou pelas redes sociais.
OBS: Já ouviram dizer que matos tem “óleos” e paredes tem
ouvidos?
29 – Não confundir trabalho com amizade.
OBS: Jamais ficar achando que o cliente é como se fosse
seu melhor amigo e por isso tem obrigação de te contratar em todas as viagens que ele fizer.
30 - Praticar os bons princípios da Ética, bem como o
contido no Código de Ética dos Observadores de Aves.
OBS: Não apenas no discurso.
E por fim o princípio mais importante no ser humano...
Bom, acho que disse um bocado. Por fim vou finalizar com uma frase que enviei pra uma amiga outro dia:
"As estradas são curtas demais para o nosso desejo
de explorar o mundo. Temos muito chão pela frente. E muitos passarinhos lindos
para nossos olhos e lentes se deslumbrarem. Que os bons ventos nos levem."
igualzinho a apresentação do Avistar... melhor ainda que podemos rever várias vezes... parabéns Linda...
ResponderExcluirAmei! Principalmente a última frase. Te admiro muito Silllllvia!
ResponderExcluirPerfeito!
ResponderExcluirExcelente, leitura obrigatória para quem quer entender a vida de observador de aves. A tal dopamina é o que me deu conteúdo para a palestra sobre Passarinhoterapia.
ResponderExcluirParabéns e muito agradecido por postar aqui. Assim eu consigo ler.
ResponderExcluirLegal demais, curti a leitura viu, parabéns por nos presentear com um pouco da sua experiência de vida.
ResponderExcluirMuito bem explicado.
ResponderExcluirTá de parabéns , o texto ficou ótimo, bem explicativo,
ResponderExcluirBom demais.
Muito bom Silvia, excelente texto. Gostei das desculpas de quando as aves não aparecem hahaha.
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