domingo, 30 de novembro de 2014

Vamos todos caboclar na luz mágica dos Pampas e nas Serras Catarinenses

Caboclada – é um substantivo feminino que significa grupo de caboclos ou ação/atitude próprias de caboclo. Mas para os "passarinheiros"  (aqueles que apreciam e/ou observam aves) tem outro significado. Significa fazer uma “tour” para observar determinadas espécies de aves conhecidas como papa-capins, também chamados de sporophilas ou caboclinhos. Sporo vem do grego sporus que significa "semente" e phila, que também se origina do grego, significa “que gosta”.

E como você faz para observar os papa-capins? É só procurar a Seledon Turismo, comandada pelo amigo Maicon Mohr, em parceria com o guia ornitológico Adrian Rupp, que eles disponibilizam um pacote de viagens chamado Caboclada.



O roteiro inclui diversas cidades do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina em busca dos caboclinhos.  Durante a viagem, além dos caboclinhos, observamos outras aves, algumas endêmicas, raras ou em extinção.

Cabe aqui um agradecimento aos amigos e grandes companheiros de viagem Rosemarí Júlio, Ubaldo Bergamim Filho e Ricardo Mendes por tornarem a nossa viagem deliciosamente especial e muito divertida.

Destaque especial ao amigo Maicon Mohr, que nos conduziu com segurança por 3.428 km, passando pelos mais belos lugares dos pampas e serras catarinenses.


Nossa viagem


E cabe, por fim, um agradecimento mais do que especial ao nosso amigo e guia Adrian Rupp pela paciência e insistência para encontrarmos as mais lindas e difíceis aves espalhadas pelo sul do Brasil, tão competentemente pré-demarcadas por ele . Mas vamos à nossa viagem.


Ubaldo, Rosemarí, Maicon, Eu e o Adrian
16/11/2014 - Domingo

Saímos de Guarulhos, eu, Rosemarí e Ubaldo, com tempo bom. Pouco depois encontramos o Ricardo em Porto Alegre e fomos para o Hotel Expresso, perto do Aeroporto, onde o Adrian e o Maicon nos aguardavam. Saímos para comer um petisco e tomar uma cervejinha na Toca da Coruja. Lugar super legal. 


Toca da Coruja

17/11/2014 - Segunda-feira

Pegamos nosso rumo logo após o café da manhã. De Porto Alegre até Rio Grande são 334 km, foram quase 5 horas de viagem. Rio Grande está situada no extremo sul do Estado do Rio Grande do Sul, entre a Lagoa Mirim, a Lagoa dos Patos (a maior laguna do Brasil) e o oceano Atlântico. É uma cidade litorânea, que possui a praia mais extensa do mundo (Praia do Cassino), com uma extensão de aproximadamente 240 km de costa para o Oceano Atlântico. 

Toda a sua área municipal se situa em baixa altitude com, no máximo, 11 metros acima do nível do mar. A maior parte do município é composta por campos, com vegetação rasteira e herbácea. Também há pequenos bosques com árvores plantadas (eucaliptos e pinhos). Dunas de areia são encontradas em toda a costa litorânea.

Rio Grande/RS

Ficamos hospedadas no Nelson Praia Hotel. Hotel novinho, muito bom. Almoçamos no Restaurante Maria - self-service, o único que estava aberto pois na segunda-feira fecha tudo. A comida estava bem apetitosa.

Logo depois do almoço fomos passear pela praia do Cassino. Não havia uma quantidade e variedade de espécies por conta do forte calor e da hora. Mesmo assim contabilizamos Curriqueiro (Geositta cunicularia), Batuíra-de-coleira (Charadrius collaris),  Trinta-reis-boreal (Sterna hirundo), Talha-mar (Rynchops niger) e Gaivotão (Larus dominicanus). É um lugar muito bacana e acredito que pela manhã e mais ao cair da tarde deve juntar muitas aves marinhas.

Curriqueiro (Deposita cunicularia)

Gaivotão (Larus dominicanus), Talha-mar (Rynchops niger), Batuíra-de-coleira (Charadrius collaris) e Trinta-reis-boreal (Sterna hirundo)

Depois demos um pulo até o Banhado do Maçarico, um pouco distante da cidade. Nosso objetivo principal naquela localidade era encontrar o Caboclinho-de-papo-branco (Sporophila palustris), o primeiro sporophila da viagem. A população local de Caboclinho-de-papo-branco representa, aparentemente, a maior concentração da espécie em território brasileiro durante o período reprodutivo.

Apesar disso, nada do bichinho... Mas a gente tinha outras coisas para nos ocupar. Com uma luz incrível, fizemos muitas fotos bonitas. Uma Gaivota-maria-velha (Chroicocephalus maculipennis) passou pela gente. Andando mais um pouco, o Saracuruçu (Aramides ypecaha), Maguari (Ciconia maguari) e Andorinha-do-campo (Progne tapera) fizeram festa para nossas lentes.

Gaivota-maria-velha (Chroicocephalus maculipennis), Saracuruçu (Aramides ypecaha),
Maguari
(Ciconia maguari) e Andorinha-do-campo (Progne tapera)

As Viuvinhas-de-óculos (Hymenops perspicillatus), tanto o macho quanto a fêmea, não fizeram nenhum mi-mi-mi para sair bem nas fotos.

Viuvinha-de-óculos (Hymenops perspicillatus)

E apesar da festa com as aves citadas, a preocupação do Adrian era encontrar o Caboclinho-de-papo-branco.  Enquanto o pessoal se divertia com um lindo macho de Viuvinha-de-óculos, o Adrian continuava sua busca e se distanciou um pouco da gente. Só me recordo de ter me aproximado dele e ele falar baixinho: aí, no gravatá, na sua frente. E eu lá lembrava o que era um gravatá?*
(* Planta da família das bromeliaceae, também conhecida como caraguatá) ... 

Procurei em volta em todos os arbustos, menos no tal gravatá, e pimba, o bichinho se foi. Daí a importância de nós, não biólogos, conhecer um pouco também das plantas (rs rs rs). Quando o resto do pessoal se aproximou, conseguimos ao menos registrar de longe, mesmo sem luz, nosso primeiro caboclinho da viagem... Voltaríamos no dia seguinte para tentar de novo.

Registro de longe do Caboclinho-de-papo-branco (Sporophila palustris)

Como é possível fotografar até tarde, perto das 18:00h, ainda registramos o Gavião-caramujeiro  (Rostrhamus sociabilis), Tipio (Sicalis luteola), Cochicho (Anumbius annumbi) e bandos da graciosa Irerê (Dendrocygna viduata).

Gavião-caramujeiro  (Rostrhamus sociabilis), Tipio (Sicalis luteola),
Cochicho
(Anumbius annumbi) e Irerê (Dendrocygna viduata)

O Bate-bico (Phleocryptes melanops), embora não fosse lifer (espécie nova) para mim, desta vez deu um show. Estava com um inseto no bico e muito fotogênico.

Bate-bico (Phleocryptes melanops)

Ainda conseguimos clicar de forma magistral o Caminheiro-de-espora (Anthus correndera) e o belo e arredio Príncipe (Pyrocephalus rubinus).

Príncipe (Pyrocephalus rubinus)

Caminheiro-de-espora (Anthus correndera)

O segundo lifer do dia para mim ficou por conta do João-de-palha (Limnornis curvirostris), que depois de várias tentativas, finalmente se mostrou. Ele é muito lindinho.

João-de-palha (Limnornis curvirostris)

A tarde deixou-nos mostrando todo seu esplendor num por do sol para ninguém reclamar. 



À noite saímos comer pizza e comemorar os avistamentos do dia. Rodamos ao todo, neste dia, 488 km – contados desde a saída de Porto Alegre, chegada em Rio Grande, passeios pela Praia do Cassino e Banhado do Maçarico.
18/11/2014 – (terça-feira)

Logo cedo, após o café da manhã, retornamos ao banhado do Maçarico. Desta vez o Caboclinho-de-papo-branco (Sporophila palustris) colaborou e fizemos fotão, apesar de estar nublado, e não dispormos daquela luz mágica do dia anterior. 

Eu, mostrando meu primeiro caboclinho da viagem...

Ricardo, Eu e Ubaldo

Rosemarí e eu

 Caboclinho-de-papo-branco (Sporophila palustris)

Andamos atrás de mais aves, mas o vento extremamente forte impedia as aves de pousarem no topo do mato para fotografarmos. 
 
Fomos a um lugar muito bonito, com muita água e fizemos fotos da Saracura-do-banhado (Pardirallus sanguinolentus), Narceja (Gallinago paraguaiae), Tachã (Chauna torquata), Pica-pau-verde-barrado (Colaptes melanochloros), Colhereiro (Platalea ajaja) e Noivinha-de-rabo-preto (Xolmis dominicanus).

Rosemarí, Adrian, Eu, Ricardo e Ubaldo by Maicon Mohr

Já voltando para o Hotel, num banhado na lateral da estrada, fizemos fotos da Marreca-de-coleira (Callonetta leucophrys), que deu show junto com uma Marreca-pardinha (Anas flavirostris). A Marreca-de-coleira foi meu terceiro lifer da viagem. O Ubaldo, Ricardo e Rosemarí foram ao delírio, pois todas as aves eram lifers para eles.

Almoçamos no Maria novamente e andamos muito pela praia do Cassino, ela é extensa e oferece muitos perigos. Tem carros, motos e pessoas, tudo se misturando pelo caminho, espalhados a torto e a direito.

Fomos a um molhe no Porto atrás do Boininha (Spartonoica maluroides) e da Sanã-cinza (Porzana spiloptera). Percorremos vários trechos, mas o vento estava implacável e mal a gente conseguia se segurar em pé. Nem sombra dessas duas belezinhas. Só conseguimos fazer foto de um exibido Sabiá-do-banhado (Embernagra platensis). Voltamos para a praia e conseguimos numa luz perfeita de fim de tarde, um Trinta-reis-de-coroa-branca (Sterna trudeaui). Este se apresentou para ser capa de livro. 

Sem avistar mais nada, retornamos e o Ricardo ainda fez mais um lifer. Um bando Caturritas (Myiopsitta monachus) se alimentava vorazmente em um comedouro. Foi engraçado ver aquele monte de verdinhos barulhentos disputando espaço no pequeno comedouro.

À noite tomamos chopp artesanal no Repúplica Brewpub, muito legal o lugar.

Nesse dia percorremos 159 km entre o Banhado do Maçarico e Marisma.

19/11/2014 – (quarta-feira)

Decidimos não pernoitar em Rio Grande e ir direto para Aceguá. O município de Aceguá é formado por diversas comunidades, destacando-se Aceguá (sede) e Colônia Nova. Localizada aproximadamente a 60 quilômetros ao sul do município de Bagé, é fronteiriça à cidade de Aceguá/Uruguai. 

No caminho de Bagé à Aceguá vimos o Cardeal-do-banhado (Amblyramphus holosericeus), lifer para o Ricardo, que ficou muito feliz. Aliás, todos ficamos, pois é uma das aves mais bonitas que existe. 

Cardeal-do-banhado (Amblyramphus holosericeus)

Em Aceguá, logo de cara, nosso objetivo foi cumprido: clicamos o Caboclinho-de-chapéu-cinza (Sporophila cinnamomea), segundo sporophila da viagem. Foi um êxtase total, meu quarto lifer da viagem.

 Caboclinho-de-chapéu-cinza (Sporophila cinnamomea)

Almoçamos em Bagé. Esta cidade é um importante ponto de passagem para quem viaja do Brasil para o Uruguai por via terrestre. A cidade é ligada ao país vizinho por estrada (BR-153), ficando distante cerca de 60 quilômetros da divisa Brasil-Uruguai e a 560 km da capital uruguaia.


Decidimos, por sugestão do Adrian, não pernoitar em Bagé e ir direto para Uruguaiana. Uruguaiana é um município brasileiro situado no extremo ocidental do Rio Grande do Sul, junto à fronteira fluvial com a Argentina e Uruguai. A cidade tem grande importância estratégica comercial internacional, tendo em vista que está localizada equidistante de Porto Alegre, Montevidéu, Buenos Aires e Assunção; bem como devido à importância na produção agropecuária nacional, ostentando a liderança na produção de arroz.

No caminho, o Adrian nos mostrou uma Águia-chilena (Geranoaetus melanoleucus) pousadinha na beira da estrada em um poste. Foi uma correria para colocar galocha e chegar pisando o mato, bem pertinho do poste onde ela majestosamente estava perscrutando os arredores com seu poderoso olhar. Precisei me afastar de tão perto que chegamos, não conseguia enquadrar ela com a Lente 300 mm. Ela é linda. Não era lifer, porque em Quixadá/CE eu havia clicado ela, voando muito longe. Foi emocionante ver tão de pertinho.

Águia-chilena (Geranoaetus melanoleucus)

Já chegando em Uruguaiana, paramos para clicar uma Ema (Rhea americana), a luz estava divina. Fiquei com preguiça de recolocar as galochas e de sapatinho acabei não entrando no mato para chegar mais perto.

Chegamos ao Hotel já tarde da noite e jantamos nele mesmo. Estávamos muito cansados. Afinal foi um grande percurso. De Aceguá à Uruguaiana rodamos 696 km.

20/11/2014 (quinta-feira)

Acordamos cedo e fomos direto para o Parque do Espinilho que fica em Barra do Quaraí, município localizado no ponto mais ocidental de toda a Região Sul do Brasil. É um dos pontos extremos do Rio Grande do Sul, como é o caso do município de Chuí ao sul. O município ocupa a área de confluência entre o Rio Uruguai e o Rio Quaraí, moldando o município a um formato de triângulo ou de península fluvial. Possui duas fronteiras fluviais, no rio Uruguai com a Argentina e com o Uruguai através do rio Quaraí, onde há a ponte internacional que liga os dois países.

O Parque Estadual do Espinilho (PEE) é uma unidade de conservação localizada em Barra do Quaraí. O parque possui área de 1.617 hectares. Espinilho (Vachellia caven)é um vegetal arbóreo com dimensões que podem alcançar três metros de altura, espinhento e que produz uma pequena cápsula de um centímetro onde estão as sementes. A distribuição dessa vegetação é característica da região que se inicia na beira dos rios Espinilho, Mourões, Quaraí Mirim e, depois, rio Quaraí, onde está localizado o parque. O local apresenta diversas espécies de animais e plantas, muitas delas restritas àquela região. O ecossistema não tem ocorrência em nenhuma outra área do país.

O lugar é sensacional. Foi onde fiz mais espécies novas. Veja abaixo algumas belezuras do dia, entre eles mais dois sporophilas: Caboclinho-de-papo-escuro (Sporophila ruficollis) e Coleiro-do-brejo  (Sporophila collaris).

Arapaçu-platino (Drymornis bridgesii)

Bico-reto-azul (Heliomaster furcifer)

 Caboclinho-de-papo-escuro (Sporophila ruficollis)

 Coleiro-do-brejo  (Sporophila collaris)

Coperete (Pseudoseisura lophotes)

João-pobre (Serpophaga nigricans)

Na hora do almoço, voltamos para a cidade e após o almoço, sob um sol forte e muito calor, demos “um pulinho até o Uruguai” onde cliquei uns bichinhos para marcar território. 


O Uruguai é logo ali...

Na realidade, apenas fizemos a travessia a pé até o final da ponte que liga os dois países e retornamos. No final do dia, voltamos ao Parque, a luz estava linda, mas os passarinhos estavam com preguiça. Senti não poder fotografar o cardeal-amarelo (Gubernatrix cristata). E fiquei frustrada porque o rabudinho (Leptasthenura platensis) não deu mole e o corredor-crestudo (Coryphistera alaudina) sequer piou para a gente. Mal-educados ... kkkkkkk. O lugar é lindo e eu quero voltar outras vezes.

O objetivo que me fez combinar essa viagem, foi, principalmente, para ver o cardeal-amarelo,  mas que, por conta de um apelo feito pelo grupo do projeto, com a finalidade de preservar a nidificação da espécie, não pudemos sequer buscá-lo. Amém. Que sejam infinitamente preservados.

Nesse dia rodamos apenas 216 km - Parque do Espinilho + Barra do Quaraí + Pai Passo + Passo da Cruz.

21/11/2014 (sexta-feira)

Resolvemos mais uma vez mudar os planos e ir embora de Uruguaiana mais cedo. Não sem dor no coração, pois é um lugar que eu ficaria uma semana seguida.  Saímos logo após o café da manhã e ainda passarinhamos um pouco por Uruguaiana em um local chamado Toro Passo. 

Clicamos o nosso quinto sporophila: Caboclinho-de-sobre-ferrugem (Sporophila hypochroma). Não tínhamos bem certeza se era ele ou não, e ficamos meses na dúvida até a efetiva confirmação pelo biólogo Márcio Repenning. De acordo com o Adrian: "Há muitos anos pairava uma dúvida no ar entre a comunidade ornitológica sobre a identidades dos indivíduos ferrugem que apareciam vez ou outra pelo sul do Brasil. Alguns posteriormente foram identificados como caboclinho-de-barriga-vermelha pela vocalização, mas faltava uma documentação convincente para o caboclinho-de-sobre-ferrugem, no caso uma gravação do canto completo... ".  


Foi uma felicidade completa quando soubemos do resultado, pois este não estava nos planos.

 Caboclinho-de-sobre-ferrugem  (Sporophila hypochroma)

Partimos para Itaqui – Banhado São Donato sob um temporal assustador. Eram quase 14 horas e ainda não tínhamos almoçado. Almoçamos e o temporal findou-se.

Passamos em Maçambará e fotografamos maguari, tico-tico-do-campo, polícia-inglesa-do-sul, coleiro-do-brejo e marreca-de-coleira.

Chegamos no banhado de São Donato já no final do dia, sem luz e fomos conhecer. Ventava muito e o Adrian falou que não daria nada. O local é de difícil acesso, mesmo assim insistimos em ir. Óbvio que não clicamos nada, mas já sabíamos as dificuldades que teríamos no dia seguinte.

Foram 277 km - Toro Passo até o Banhado São Donato

22/11/2014 (sábado)

Dormimos em São Borja no Executive Park Hotel. Logo cedo saímos para o banhado de São Donato, que fica na vizinha cidade de Itaqui. Começamos com um jovem Maguari (Ciconia maguari). Depois um Gavião-caramujeiro (Rostrhamus sociabilis) sobrevoou nossas cabeças, e uma  Sanã-parda (Laterallus melanophaius) e um Tricolino (Pseudocolopteryx sclateri) foram festa para os olhos, entre outros. O saci cantou pertinho, mas não quis sair no limpo. E nada do arredio-de-papo-manchado. 

Maguari (Ciconia maguari)

Gavião-caramujeiro (Rostrhamus sociabilis)

Sanã-parda (Laterallus melanophaius)

Tricolino (Pseudocolopteryx sclateri)

E entre um passarinho e outro sempre tem uma florzinha ou uma borboleta ou os dois juntos...rs rs rs


Voltamos para o hotel onde cliquei uma pequena Corruíra (Troglodytes musculus).


Corruíra (Troglodytes musculus)

À tarde seguimos para Santo Ângelo onde nos hospedamos no Maerkli Hotel. Fomos para a Granja do Sossego, onde pudemos ver e fotografar lindamente o sexto sporophila, um Caboclinho-branco (Sporophila pileata), Azulão (Cyanoloxia brissonii), Codorna-amarela  (Nothura maculosa),  Tesoura-do-brejo  (Gubernetes yetapa), Gavião-do-banhado (Circus buffoni), um lugar divino, delicioso de andar e com um belo entardecer. 

Eu no meio do trigo...

Azulão (Cyanoloxia brissonii)

Caboclinho-branco (Sporophila pileata)

Codorna-amarela  (Nothura maculosa)

Gavião-do-banhado (Circus buffoni)

Tesoura-do-brejo  (Gubernetes yetapa)

Estava tão cansada que não consegui jantar, tomei um belo sorvete e fiquei esperando dar meia noite para dar os parabéns para a Rosemarí.

386 km - Banhado do São Donato + Santo Ângelo (Granja do Sossego)

23/11/2014 – (domingo)

Estava previsto que no dia seguinte iríamos passarinhar na Granja do Sossego pela manhã e posteriormente seguiremos para Vacaria, onde dormiríamos.

Mudança de planos. Fizemos check-out e saímos de Santo Ângelo para Vacaria. Cortamos todo o Estado do Rio Grande do Sul. Passamos pela cidade natal de Herr Rupp, a pequena e acolhedora Ijuí, onde cliquei uma tesourinha para marcar território. Em Panambi no posto de gasolina pomba-de-bando, fêmea sanhaçu-papa-laranja  e pardal. Fizemos check-in em Vacaria no Hotel San Bernardo. Em Vacaria cliquei só o mergulhão-caçador. Dia do aniversário de Rosemarí.

À tarde fomos para Bom Jesus e fizemos foto do Caboclinho-de-barriga-preta (Sporophila melanogaster), nosso sétimo  caboclinho. canário-do-brejo, papa-mosca-do-campo. E para mim a estrela do dia: o Arredio-do-gravatá (Limnoctites rectirostris). Estava calor e o céu muito lindo.

Arredio-do-gravatá (Limnoctites rectirostris)

Caboclinho-de-barriga-preta (Sporophila melanogaster)

486 km - Vacaria + Bom Jesus

24/11/2014 (segunda-feira)

Acordamos 5 horas. Nublado e frio. Serra é assim. Mas “simbora” passar o dia no mato, sem retorno para almoço na cidade. Objetivo: ver a raríssima Patativa-tropeira (Sporophila beltoni).  

O cansaço começa a bater e junte a isso um monte de expectativas. Mas nada nos faz desistir. Um lifer endorfina qualquer passarinheiro. A nossa celebridade deu o ar da graça, mas apenas machos jovens da Patativa-tropeira (Sporophila beltoni), bem bonitinhos, mas isso não nos fez desistir do adulto. (foi nosso oitavo sporophila).

Patativa-tropeira (Sporophila beltoni) jovem

O Coleirinho (Sporophila caerulescens) - foi o nono sporophila, também deu show, mais um sporophila. Um décimo sporophila deu o ar da graça, desta vez o Caboclinho-de-barriga-vermelha (Sporophila hypoxantha). 

Caboclinho-de-barriga-vermelha (Sporophila hypoxantha)

Coleirinho (Sporophila caerulescens)

Ainda avistamos Azulinho, choca-de-chapeu-vermelho, grimpeirinho, quem te vestiu e outras belezinhas. O “almoço” foi no meio do mato, com direito à “selfie” do grupo.


Almoço no mato

No período da tarde o show ficou por conta da águia-cinzenta (Urubitinga coronata) com uma cobra para o almoço. Ainda me acostumando à nova lente fixa, minhas fotos em voo estavam sofríveis. Mas logo em seguida a cena foi roubada pela Patativa-tropeira (Sporophila beltoni), um macho adulto fez a nossa alegria.

Águia-cinzenta (Urubitinga coronata)

Patativa-tropeira (Sporophila beltoni)

No caminho de volta um chimango pousado deu uma boa foto. Um belo Caboclinho-de-barriga-preta (Sporophila melanogaster) deu show. A bela luz da tarde me deu a imagem mais linda de um singelo Tico-tico (Zonotrichia capensis)

Tico-tico (Zonotrichia capensis)

Um tio-tio já com as sombras da montanha se projetando, se apresentou. E com ele, às 19:32, encerrei meus cliques do dia. Só estava tristinha porque o Veste-amarela (Xanthopsar flavus) que eu queria muito ver, só tinha aparecido muito - mas muito longe...mas ainda tinha o dia seguinte.

232 km - Bom Jesus

25/11/2014 (terça-feira)

Amanheceu chovendo muito. Pegamos estrada para Capão Alto. Nossos planos pareciam que iriam literalmente água abaixo. 

Fizemos hora no posto de gasolina, e resolvemos passar pela Fazenda Pai João do José Branco em Capão Alto. Vimos de longe o caminheiro-grande, corajosamente atraído pelo Adrian embaixo de chuva. Como o barranco era alto, resolvi não encarar mesmo sendo lifer para mim. Desistimos de ir adiante por causa do barro. Na saída para o asfalto, na beirinha, um Caboclinho-de-barriga-vermelha deu um show, mesmo sob chuva. Decidimos ir direto para o Hotel em Lages.
 
Caboclinho-de-barriga-vermelha

Parecia que o Veste-amarela (Xanthopsar flavus) iria ficar para outra oportunidade. Mas eis que logo depois do almoço, uma trégua da chuva possibilitou que saíssemos passarinhar. Tínhamos que voltar até as 19horas. Horário da partida do Adrian para cidade dele.


Fomos para a estrada da Cochilha Rica. O engraçado foi que o GPS ficou meio perdido e uma dupla de policiais numa patrulha nos ajudou chegar ao início da estradinha. Foi a primeira vez que saí passarinhar escoltada...eh eh eh eh …

Em 20 minutos eu cliquei 500 vezes o bando de Veste-amarela (Xanthopsar flavus) que o Adrian localizou. Isso que é fechar com chave de ouro.

Veste-amarela (Xanthopsar flavus)

Veste-amarela (Xanthopsar flavus)

248 km - Lages = Estrada da Cochilha Rica

26/11/2014 (quarta-feira)

Saímos logo cedo em direção à Florianópolis, com os cartões e HDs lotados de fotos bonitas e histórias para contar. Encontramos com a amiga Carmen Lucia Bays Figueiredo, que além de matar as saudades, me presenteou com um lindo colar de corujinha. 

Enfim, aeroporto, e casa. Saí 8:30h de Lages e cheguei em casa 20:30h. Com gosto de quero mais na boca. Enfim, foram 3.428 km rodados pelos pampas e serras – gaúchas e catarinenses.

Difícil dizer qual lugar qual foi o lugar mais bonito e o que mais gostei. Passamos por verdadeiros paraísos, todos inesquecíveis!  Uma ave mais bonita que a outra. Cada foto uma celebração. Foi com essa maravilhosa viagem que encerrei as passarinhadas no ano de 2014.

E todos os caboclinhos aqui.

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