Desde meados de setembro, "papeando" no Grupo Virtude (Facebook), eu, a Cláudia Komusu (doravante chamada de Claudinha) e a bióloga Daiane Barros (doravante chamada de Dai), decidimos fazer uma passarinhada.
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Eu, Dai e Claudinha by self-timer |
Vai daqui, vai dali, acertamos data e local. Escolhemos ir no dia 28 de outubro para os arrozais do Marcão (Marco Crozariol) em Tremembé. Definimos isso sem nem mesmo consultá-lo (rs rs rs). Convidamos quem estivesse disposto a compartilhar o dia com a gente e, alguns dos nossos amigos do Virtude se dispuseram a participar, inclusive o próprio Marcão. A idéia principal era avistar um passarinho-fantasma, um tal de
Coturnicops, que alguns iluminados juram de pés juntos que já avistaram na região. Outros dizem que isso só tem em shopping no Uruguai. Brincadeirinha, como disse a Claudinha, não estávamos indo atrás de raridades, qualquer garça se alimentando, já garantia a aventura.
Parecia que esse dia estava l-o-n-g-e-e-e, mas eis que o bendito chegou, ensolarado, pleno de luz, totalmente abençoado por Santa Clara, a qual sou uma fervorosa devota. Acordei 4:30h, lá pelas 5:20h a Claudinha, seu marido Cris e a Dai estavam na porta de casa. "Simbora" pra Tremembé. Chegando no "Leite qualquer coisa", encontramos os demais amigos: Jarbas Mattos, Lucas Valério, Tomaz Melo, Marcão, Sergio Coutinho e sua digníssima e paciente esposa Letícia Coutinho, carregando no ventre em sua primeira passarinhada com a gente a pequenina Laís Coutinho, que virá ao mundo no próximo verão.
Fomos até uma estradinha ao lado e rapidinho uma pequena celebridade deu o ar da sua graça, respondendo ao nosso chamado. Com vocês a senhorita saracura-do-banhado. Desfilando no pedaço como se fosse a top Gisele Bünchen, quase precisamos espantá-la para que as teles focassem de tão perto que chegou.
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Foto: Silvia Linhares |
Um frango-d'água-comum e alguns garibaldis também fizeram pose para nossas lentes. Para comemorar o dia, fiz uma foto do grupo, a qual, infelizmente, eu não apareço.
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Foto: Silvia Linhares |
Então lá fomos nós para um local onde poderíamos ver o sanhaçu-de-coleira, que fazia parte da minha "lista dos sonhos". O Lucas chamou o bicho no play-back, e ele veio, deu para vê-lo e ouvir o seu melodioso canto, mas ele não se dignou a fazer uma pose para a gente e foi-se embora. Amém, vamos para o próximo. Ainda deu para avistar o tiê-sangue e a guaracava-de-crista-alaranjada . Na falta de mais bichinhos, seguimos para os famosos arrozais na expectativa de encontrar o raro socó-boi-baio. Esse ficou se fazendo de difícil, teimando em ficar camuflado no meio do arroz . Azar o dele, pois o tipio se desmanchou em caras e bocas, digo caras e bicos, na nossa frente. Caminheiros-zumbidores quase vinham nos nossos pés para serem fotografados. Garibaldis e polícias-inglesa-do-sul completaram o quadro. O Ui-pí cantou mas não me permitiu uma foto.
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Foto: Silvia Linhares |
Entre brincadeiras e muitos risos, consegui um "meio lifer", pois o socó-boi-baio colocou metade do corpo à vista. Foi emocionante. Garças-branca-grande, garças-vaqueira, em suas plumagens nupciais, desfilaram para nossas lentes. Marrecos de montão, exceto o pato-de-crista que me deixou a ver navios. E a Dai, jurando que era ele batendo a asa, fotografou um saco no meio dos arrozais...O engraçado foi a Claudinha esperando encontrar uma nova espécie: o padre-cristo!!!! Essas histórias depois estão no site Virtude-ag.com em um
post da Claudinha e
outro da Dai ...
A narceja apareceu ziguezagueando tão rápido que a única foto não serviu nem para registro. De repende, a galera parou e começou a fotografar o chão. Quando fui ver o que era, fiquei "embabascada": três filhotinhos de quero-quero. Que meigos! A Claudinha até deitou no chão para fotografá-los.
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Foto: Silvia Linhares |
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Foto: Silvia Linhares |
Na hora do almoço, uma parte da turma precisava ir embora. Ficamos eu, Claudinha e Dai. Almoçamos no Fazendinha e voltamos passarinhar. Na entrada para os arrozais havia um buraco e uma coruja-buraqueira em cima. De repente um filhotinho apareceu, nos encarou e se abaixou rapidamente na toca. Desligamos o carro na beira da cerca e ficamos quietinhas com as câmeras prontas. Aí é onde entra a paciência dos birdwatchers. Primeiro uma fofa apareceu, depois outra. Nova surpresa: três. E a gente acha que um é pouco, dois é bom, e três é demais, o que dizer, quando aparecem quatro e depois cinco. Que filhotinhos fofíssimos. Mamãe-coruja continuava vigiando do alto, enquanto os pequeninos revezavam-se nas poses, esticando pezinho, asinha, fazendo biquinho...Eu fiz quase 200 fotos dos cinco. Acredito que as meninas também.
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Foto: Silvia Linhares |
Seguimos explorando os arredores em busca de mais aves. Irerê, marreca-caneleira, pé-vermelho, carcará, asa-branca, tesourinha, garibaldi, polícia-inglesa-do-sul, caminheiro-zumbidor, pombão, rolinha-roxa, garça - azuis, mouras, grandes, pequenas, vaqueiras, e sim, o socó-boi-baio, não apenas um, mas vários. Um deles passou lentamente atravessando o arrozal. Quando finalmente chegou no final, colocou o corpo todo fora, porém ficou camuflado no meio de umas moitas. A Dai tentou aproximar-se, mas ele se mandou, então pude completar o meio-lifer, pois peguei ele inteiro em pleno voo.
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Foto: Silvia Linhares |
Ouvimos a sanã-carijó, chamamos e ela veio bem pertinho, mas, muito tímida, não se mostrou. Frustração também faz parte. O jeito é se resignar e seguir adiante.
A gente via galho e achava que era socó-boi-baio, anhuma, isso nos fazia rir até doer a barriga. Vi dois "algos" brancos numa árvore e achei que eram folhas, quando olhamos melhor, era um casal de gaviões-peneira, lindos, branquinhos, imponentes embora distantes. O pior não era isso, era o que a gente não via. Olhei, com a câmera, dois pontinhos muito distantes numa árvore, e deduzi que eram dois carcarás, fiz dois cliques para deletar depois. Mas aquilo que a telinha da câmera não mostrou na hora, o monitor do meu PC me disse o que eram: um casal de falcões-de-coleira. Prá rir ou chorar?
Já escurecendo, Santa Clara avisando que o dia ensolarado terminara - nuvens escuras e trovões distantes prenunciavam fortes chuvas. E ela veio na estrada, quando já retornávamos. Choveu muuuiiiitoooo. Ficamos tensas no carro, a Claudia foi bem devagarinho até chegarmos ao Frango Assado. Aí a chuva passou e voltamos sãs e salvas para casa, leves e felizes da vida, sentimentos que me acompanham até esse momento (quarta-feira, 7:57 da manhã).
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Foto: Silvia Linhares |
Espero repetir esse passeio com a turma diversas vezes, não só nesse mesmo local, mas em outros tão bacanas quanto.
Muito legal Silvia!
ResponderExcluirAgora já tenho mais um local para conhecer na companhia dos amigos do GRIFOO.
Abraço.
Pompeo