sábado, 20 de novembro de 2021

Colômbia - Mais um sonho realizado.

Hoje termino mais um relato de uma expedição muito especial. Prepare-se para "viajar" comigo em mais uma aventura escrita e recheada de fotos. 

Como eu disse na última postagem -  Expedição Litoral Norte (veja esse post aqui. 👈) o meu segundo semestre de 2021 foi muito intenso. 

E aqui vai a segunda postagem de um dos eventos que marcaram meu 2021 - Colômbia, mais um sonho realizado.

Gray-breasted mountain-toucan (Andigena hypoglauca)
Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Vou começar contando como surgiu essa minha viagem para a Colômbia, destino que sempre foi um dos meus grandes sonhos. Só ressaltando que já tenho planos para retornar e explorar mais lugares desse país que é um dos mais ricos e fascinantes do mundo das aves. O turismo voltado às aves do país é bastante desenvolvido. Lá se diz Aviturismo.

Conforme pesquisei, a Colômbia é detentora, junto com o Brasil, da maior biodiversidade do planeta. Tal qual nosso País, o número de espécies de aves da Colômbia beira duas mil, sem contar que esse número tende a crescer continuamente a partir de novas descobertas.

Mas vamos lá. No mês de setembro/2021 eu estava no Estado de Santa Catarina, fazendo uma rápida passarinhada, logo depois de uma saída pelágica. Na segunda-feira, dia 13, recebo uma mensagem no meu Whatsapp do meu amigo Bruno Arantes Bueno. (@brunoarantesbueno)

Conheci o Bruno por meio do CEO - Centro de Estudos Ornitológicos, bem no começo da minha iniciação no mundo das aves. (@ceoornitologia

Ele hoje integra o staff do e-Bird / Merlin e é um dos que mais me ajuda com dúvidas sobre essas duas plataformas. Integra também o Comitê da Feira de Aves da América do Sul, doravante chamada de Feria de Aves de Sudamérica. (@sabirdfair)

Bruno à frente do grupo - expedição do CEO 2013
Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Bruninho, como costumo chamá-lo, pediu meu e-mail atual ou uma confirmação do que ele já tinha. Eu confirmei e fiz uma pergunta “Por causa de que?” E ele: "É pra te mandar um negócio, mas é daqui uns dias rsrs" - Aí eu falei: "Bruno, curiosidade matou o gato e a Silvia". A resposta dele foi: "Tô vendo se vai rolar um evento pra te convidar." E finalizou dizendo que não me contaria mais nada.

Eu já tinha ido dormir quando ele escreveu: "Vai chegar um convite pra vc por e-mail... espero que vc possa aceitar, aliás recomendo que aceite, pois é imperdível hahahaa".

E no dia 14/09, ainda em Santa Catarina, na hora do almoço, chegou um e-mail que eu quase deletei sem abrir, achando que era vírus ou spam. 😅😅😅😅 Ainda bem que não fiz isso.

Na realidade era uma "Carta de Invitación"(Carta de Convite). O remetente era Valentina Carvajal Castellanos, Diretora Executiva da Cotelco Caldas, entidade encarregada da coordenação e organização da X Feria de Aves de Sudamérica / IX Congresso de Aviturismo em 2021. 

Esse evento seria realizado entre os dias 11 e 14 de novembro e não ia ser um evento online. Seria presencial para 300 convidados, na cidade de Manizales - CO. E eu estava sendo convidada para ser palestrante por indicação do Bruninho. 

Confesso que quase enfartei na hora. E não era só isso, ia ter passarinhadas como parte do evento. E antes de dizer "sim, sim, sim, eu aceito", eu preferi tirar minhas dúvidas para não entrar em fria. 

Na hora bateu aquela insegurança. Uma coisa é falar na minha língua natal para passarinheiros do Brasil que me conhecem ou já ouviram falar de mim. Outra coisa é ir para um país sozinha, representando toda nossa comunidade passarinheira, mais ainda, representando toda uma nação. 

Como falar para pessoas que não entendem a minha língua e nem eu a delas? (ai, que trauma). Corria o risco de eu fazer minhas costumeiras brincadeiras quando falo em público e ninguém entender nada. 

Aí recebi o seguinte esclarecimento: eu faria a palestra em português e haveria tradução simultânea para a plateia por meio de fones de ouvidos. 

E a outra dúvida: que tema seria o mais adequado? Bruninho sugeriu falar sobre as Birding Ladies no Brasil, quadro que eu criara no Avistar Brasil e que teve seis edições. E assim ficou decidido. Tive pouco tempo para preparar essa palestra, pois passei quase o mês todo de outubro no Estado do Mato Grosso em uma mega expedição que, assim que eu terminar de montar e publicar, poderá ser lida também aqui no bloguinho.

Havia um formulário para preencher e nele eu poderia escolher lugares para passarinhar. Era um destino mais legal que o outro. E aí, quais escolher? A minha amiga Claudia Brasileiro (@claubrasileiro), que conhece bem nossa América do Sul, me ajudou indicando lugares que ela já tinha ido.

O amigo e guia Edson Moroni (@edson_moroni), que hoje reside na Colômbia e entre suas atividades está a gestão de marketing voltado ao Birdwatching (acesse seu site aqui), também me ajudou a escolher. Foram dicas preciosas. Aliás, eu devo muito ao Edson, que, além da companhia, me deu grande suporte lá, inclusive virando meu tradutor às vezes e me arrumando pesos extras. 😁💲

Então acabei me decidindo por dois lugares que deixo desde já como recomendação: Hacienda el Bosque e Via Nevado del Ruiz. Mais abaixo você poderá ver como foi cada um deles.

Vou passar a contar como foi o dia-a-dia dessa aventura, só lembrando que os links para as listas de aves no e-Bird estão ao final, todas recheadas com fotos das espécies que avistei por lá.

10 nov 2021 - quarta-feira

Já bem tarde da noite do dia 09 eu fui para o Aeroporto Internacional de Guarulhos, sozinha e com o coração na boca. Por mais que eu ame viajar, essa parte que envolve aeroportos sempre me deixa estressada. Nunca tive problemas, mas acho uma parte muito chata. 🤮🤮🤮 E em tempos de covid19 é pior ainda.

Antes de entrar no avião lembro de escrever algo mais ou menos assim: "E hoje começa mais uma saga: viajar sozinha para um país conhecendo apenas minha língua materna. Se eu me sentir perdida por algum motivo, eu respirarei fundo, buscarei dentro de mim a paz e a chama da esperança que nunca se apaga. Pensarei em cada amigo brasileiro que estarei representando lá fora e isso renovará minhas forças."

Fiquei enrolando enquanto aguardava meu voo, que sairia somente à 1:40h. Seriam 6 horas de voo até Bogotá. Haveria um tempo de conexão e mais um voo doméstico até Pereira (Aeroporto Internacional Matecaña). Depois ainda tinha um tempo de estrada até Manizales, uma hora e pouco mais ou menos. 

Só lembrando que o fuso horário é diferente. Brasília está 2 horas à frente de Bogotá. Quando são 12:00 PM em Bogotá, aqui em São Paulo (GMT Brasilia) são 02:00 PM. O duro foi que acertei o celular e esqueci de configurar o horário da câmera. 😆😅😂🤣 Em relação à altitude, o pulo é meio brutal. Moro a 800 m de altitude e Bogotá está a 2.640 m. 

"Fazendo hora" no aeroporto
Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Imagem: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares


Já no avião aguardando a decolagem
Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Nessas alturas, Valentina já tinha criado um grupo no Whatsapp e eu passei a me relacionar, meio que ainda tímida, com as pessoas que iria conhecer em breve. Já em pleno ar, lembro que, faltando uns 20 minutos para aterrissar, o coração acelerou forte. As emoções estavam só começando. 😨🙄😑

Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

No aeroporto em Bogotá, após os rápidos procedimentos de entrada no País e enquanto aguardava a minha conexão, recebi uma mensagem do colega, hoje um querido amigo, Horacio Matarasso (@horaciomatarasso), presidente da Feria de Aves de Sudamérica / South American Birdfair, perguntando onde eu estava.

Marcamos encontro no portão de embarque e viajamos juntos até chegar no Hotel. Já tinha tido contato virtual com ele em uma live do Avistar e no grupo dos congressistas. Um ser humano incrível e muito querido por todos no nosso meio.

Eu e Horacio no aeroporto em Bogotá
Foto: Arquivo pessoal Horacio Matarasso

Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

A Organização reservou o QUO Quality Hotel. Check-in super rápido, o que apreciei muito. Chegamos numa hora boa, hora do almoço. Almoço de lá, pois como eu disse o fuso era diferente - menos duas horas daqui de São Paulo. Somente algumas pessoas que iriam participar do evento haviam chegado. 

Neste nosso almoço, além de mim e do Horacio, conheci o casal colombiano Paula Carrera Levy “Niky” e Mauricio Ossa “Mauro”, (@nikymauro) que têm uma bonita história de vida (veja aqui a história deles), o grande fotógrafo colombiano Memo Gómez (@memogomezfoto) e a "tchilena" Carolina Yañez Rismondo, Carito Aventurera, ou apenas Caró, "Una Pajarera hiperactiva, guía bilingüe, coleccionista de cactus y suculentas" (@carito.aventurera). Caró também é integrante do Comitê da Feira.

Niky, Mauro, Memo, Caró, Horacio e eu
Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

O almoço foi delicioso com muito bate papo e novidades. Eu ali, super envergonhada, tendo Caró como suporte e tradutora pra me ajudar a entender o rápido espanhol da turma, enquanto eu apenas sabia dizer "habla mas despacito" e "muchas gracias".  

Enfim, a gente conseguiu se comunicar bem, pois ali todos nós falávamos a linguagem de amor pelos pássaros e isso bastava. 

No fim da viagem meu cérebro já estava mais do que confuso, ora dava bom dia, ora, buenos dias e pior, ora dizia good morning, isso tudo automaticamente. 😁😅😂🤣

Carolina me convidou para passarinhar a pé pela cidade logo após o almoço. Mesmo cansada da viagem, não pensei duas vezes. E lá fomos nós em direção ao Jardim Botânico. 

Infelizmente estava fechado por causa da pandemia. Fotografamos nas árvores e pracinhas ao redor. Ela ia me mostrando todas as aves que apareciam pelo caminho. Dois deles eram da lista de aves que ocorrem no Brasil e era a primeira vez que eu os via. (lifer!!!!!🤜🤛🐦

Eu e Caró
Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Black phoebe (Sayornis nigricans)
Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Mariquita-papo-de-fogo (Setophaga fusca)
Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Piuí-verdadeiro-do-leste (Contopus virens
Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Carolina tinha combinado um encontro com uma amiga dela que veio da Argentina mas que ficou em outro hotel. Foi assim que conheci a Alejandra Boloqui (@alejalitoral). Ela é Presidente da Câmara de Turismo de Corrientes e mora em Ituzaingó - Esteros del Iberá/AR. Recentemente esteve à frente no combate aos terríveis incêndios em Corrientes. Carolina foi voluntária e ajudou a amiga no combate também. Duas grandes guerreiras.

Foi muito divertido ver aves junto com elas. Caró é super bem humorada o tempo todo e muito despojada e Alejandra é um doce e super atenciosa. Ambas tem muito conhecimento sobre as aves.

São mulheres que tentam passar às novas gerações uma sensibilização em relação ao meio ambiente. Rapidamente se tornaram muito queridas. Juntas, rodamos um bocado, apesar das enormes subidas e descidas dessa cidade andina me deixarem quase sem fôlego. 

Alejandra, Carolina e eu
Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

No jantar conheci vários dos palestrantes e alguns membros da organização. Horacio nos mostrou o "símbolo" da feira, o "condor viajante".

Perguntei para ele o porque do condor se tornar o símbolo da feira e ele respondeu que foi uma decisão bem simples. Buscaram uma ave no planeta associada à América do Sul e que representasse o continente. Pensou-se nas "rheas" (emas), pinguins, beija-flores, tangaras e finalmente decidiu-se, por votação, pelo condor, uma vez que ele é a ave nacional de 4 de 13 países de América do Sul.

Depois de pesquisar um pouco, aprendi que o condor é o símbolo nacional da Colômbia, Equador, Bolívia e Chile e integra os brasões oficiais destes países, além de fazer parte do folclore e da mitologia de algumas regiões andinas da América do Sul. (fonte Wikipedia)     

Essa ave integrava a lista oficial de aves do Brasil, mas devido à falta de evidências concretas de sua existência no nosso território foi retirada da lista em 2021. 

Sobre esse assunto, um amigo muito querido, meu mestre e grande taxidermista e conhecedor das aves do Brasil, Raul José Vieira, residente em Cuiabá/MT, contou-me que em um belo dia, em 1979, acompanhando Arne Sucksdorff, documentarista sueco residente também em Cuiabá/MT, um dos pioneiros da causa ecológica, desceram de barco o Rio Paraguai nos limites do Brasil com a Bolívia.

Entraram num de seus braços, que leva o nome de Rio Jauru, seguindo em direção à Ilha do Urubu. O Rio Jauru foi um dos rios que servia de via de transporte para a antiga capital mato-grossense Vila Bela da Santíssima Trindade, onde eu estive em 2021 (aguarde, em breve post sobre o local aqui no bloguinho)

O Sr. Arne então avistou um condor voando por ali. Raul conta que o Sr. Arne e seu filho ficaram extasiados. Raul disse-me, ainda, que na época era um aprendiz e não compreendeu aquela euforia toda. 

Nesse dia, uma pena identificada como sendo de um condor, foi achada e coletada por eles. Raul conta que guardou essa pena por mais de 20 anos e infelizmente, num momento conturbado de sua vida, sua coleção de penas simplesmente desapareceu, e com ela essa pequena evidência científica da existência do condor no Brasil. 

Contou-me Raul, que naquela época o Sr Arne contatou o cientista Helmut Sick no Rio de Janeiro e relatou todo o ocorrido. Anos depois em 2012 foi feita uma expedição por integrantes do Projeto Urubus do Brasil, com base nos apontamentos de Sick e Sucksdorff, sem contanto, alcançar-se o êxito desejado. Leia mais sobre a expedição "Em busca do 'Condor' Brasileiro" aqui.

Sempre que eu andar por "morrarias" nos limites do meu país olharei para o céu em busca dessa tão sonhada ave. Quem sabe né?

Horacio e o "condor viajante"
Foto: Arquivo pessoal Horacio Matarasso

Eu e o "condor-viajante"
Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

O condor não é "lifer" para mim. Mas que tem história, ah! se tem. Eu confesso que ele é uma ave das mais significativas na minha vida de passarinheira. Quando eu ainda fotografava corrida de carros, fui convidada para ir à Patagônia para fazer fotos da viagem para uma revista que pertencia ao presidente da categoria que eu trabalhava. 

Num dos passeios, a bordo de um bote zodiac, a guia gritou olhando para mim eufórica e apontando para o alto, algo tipo: "mira, mira el cóndor, mira el cóndor, fotografíalo". Eu olhei aquela ave escura, no alto, longe, parecendo um urubu e fiz apenas dois cliques, pois era o tipo de imagem que não serviria para ilustrar a matéria na revista. 

Pensa na minha cara, anos depois quando eu descobri a importância dessa linda ave para a minha life-list. Abaixo a famigerada e desprezada primeira foto de 2010 e uma de 2017, ambas feitas no "TChile" da minha amiga Caró.

Fotos: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

A seguir uma fotinha do meu primeiro jantar em terras colombianas. Peço desculpas se errei o nome de alguém. Na foto abaixo, começando pela esquerda: Wally Prince (Guyana), Chris Cameron (USA), Horacio Matarasso (Argentina), Eu (Brasil), Niky & Mauro (Colômbia), Mónica Londoño Arango (Colômbia), Valentina Carvajal (Colômbia), Memo Gómez (Colômbia), Alejandra Boloqui (Argentina), Rosemay Cameron (USA) e Carolina Yañez Rismondo (Chile).

Foto: Arquivo pessoal Horacio Matarasso

Novos laços de amizade foram se formando. Um último chopinho para comemorar e agradecer por aquele momento e pelos novos amigos. E "simbora" dormir pois a longa viagem, o fuso horário e a altitude estavam cobrando um alto preço do meu "corpitcho" e cabeça. E por favor não repare nas marcas profundas sob meus olhos, chamadas simplesmente de "olheiras". 👀😁

Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

11 nov 2021 - quinta-feira


Acordei cedo, me arrumei e desci para o desjejum. Sentei-me com os amigos que tinha feito no dia anterior e mandei ver no café, que diga-se lá, é saborosíssimo. Muito cheiroso e substancioso, de repetir várias vezes. 

Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Niky, Chris, Caró, Rosemay, Mauro e eu
Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Após o café, minha nova e encantadora amiga Caró me deu um enorme abraço, carregado de carinho e bom humor. Era quase um pedido de desculpas. Ela me corrigia toda vez que eu falava Chile (pronunciando X como dizemos por aqui no Brasil). Mas é "Tchile" que se pronuncia na língua dela. 😅😅😅 E a gente ria muito disso. Só para saber: ela é assim, espontânea e carinhosa com todo mundo. 

Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Um veículo veio nos buscar e fomos direto para o local onde seria realizado o Congresso, Recinto del Piensamento, um local muito bonito e aconchegante.
 
A história do Recinto del Pensamiento remonta a 1935. Nessa época foi criado um pequeno "abrigo-fazenda" para acolher crianças órfãs devido a uma avalanche que destruiu várias casas às margens do rio Manizales. Depois a terra passou a pertencer à Prefeitura, que a utilizou para treinar jovens em técnicas agrícolas. Posteriormente, passou a pertencer ao Departamento de Caldas (* equivalente a Estado no Brasil) tornando-se escola para crianças. 

A Comissão Departamental de Cafeicultores de Caldas decidiu comprar esta propriedade e estabelecer um centro de processos de recuperação nutricional para crianças da zona rural do Departamento. Atualmente é um lugar de múltiplas funções, onde se realizam congressos, eventos sociais, etc. Possui um hotel para receber visitantes e um restaurante, além de um ambiente muito bonito para se observar a natureza e encontrar belas aves.

Chama-se Recinto del Pensamiento (Abrigo do Pensamento) em alusão ao seu propósito de manter ativo o interesse e o pensamento pelo desenvolvimento e bem-estar de todos, sem exclusões ou particularismos. Sempre zelando pelos objetivos da região e da comunidade.


Imagem: Organização da Feria de Aves de Sudamérica

Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

"Pabellón de madera",
Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

A abertura oficial aconteceria apenas no dia 12, no entanto, as apresentações começaram no dia 11. Conheci muita gente. Passarinhei pela manhã, almocei no grande Pavilhão de Madeira e depois assisti a várias apresentações no período da tarde.

Agenda do dia 11
Imagem: Organização da Feria de Aves de Sudamérica

Com os novos amigos Fabio N. Arias (Colômbia - @fabio.n.arias), que nos conduziu, Chris Cameron (@clifechrise sua esposa Rosemay Cameron (Estados Unidos), Carolina Yañez Rismondo (Chile) e Alejandra Boloqui (Argentina) passarinhamos pela manhã no Recinto e consegui fazer algumas fotos bem bacanas. 

Como não sei os nomes em espanhol, Fabio me dizia os nomes científicos e eu anotava na minha lista. Como eu disse no início, o link para as listas do e-Bird está no final desse post.

Abaixo duas aves que se destacaram no dia. Nesse link, no meu perfil do Instagram (@silviafaustinolinhares), eu explico um pouco sobre esse "pica-pau-das-bolotas". 

Acorn woodpecker (Melanerpes formicivorus)
Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Steely-vented hummingbird (Saucerottia saucerottei)
Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Pude acompanhar um pouco do trabalho da Niky & Mauro Ossa e conhecer um pouco sobre a triste história do mergulhão-colombiano ou macá-andino (Podiceps andinus), espécie extinta, da família Podicipedidae e que era encontrada na Colômbia. 

A sua última observação, na década de 1970, foi feita no Lago de Tota. Mas, pasmem, nesse dia eu consegui fotografar um macá e fora d'água ... dá só uma espiadinha nas fotos abaixo. 🦆😁

Niky, Caró com o macá e eu
Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Macá-andino
Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

O almoço foi servido no espaço "Pabellón de madera", que é considerado um exemplo de arquitetura sustentável. Idealizado pelo arquiteto Simón Vélez, foi construído com madeiras típicas cultivadas da região. Eu realmente me impressionei, principalmente com o gigante teto. 

Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

O centro do teto visto de baixo
Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Após o almoço começaram as palestras. Pude então reencontrar e prestigiar meu querido amigo Edson Moroni que hoje é Diretor de marketing da Manakin Nature Tours. Conheci também sua linda esposa Andressa e sua encantadora filhinha Alícia.

Edson nesse momento contando sobre o Buraco das Araras no Brasil
Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

O jantar aconteceu no hotel e a mesa ficou gigante com a chegada de mais participantes. Ah! Meu Santo! (expressão usada pelo meu amigo e guia gaúcho Raphael Kurz - @avesdosul), o retorno do fantasma que me assombra: não falar outra língua que não seja a materna. 

Como é ruim ter dificuldade para aprender falar/entender outra língua. Havia momentos de eu me sentir totalmente isolada. Tipo na hora do jantar. Mais de 20 pessoas falando e eu nada compreendendo, principalmente quando falavam muito rápido. 

Nessa hora a gente abre um sorriso sem graça e permanece só observando, com cara de "copo d'água morno". 😁👀🥛

Foto: Arquivo pessoal Horacio Matarasso

12 nov 2021 - sexta-feira


No dia anterior, após o jantar fui para o quarto e senti fortíssimas dores nas costas, como diria minha avó, nas "cadeiras". Os pés estavam inchadíssimos, dormentes. Confusa e cansada, quase não dormi nada. No dia seguinte a turma toda ia subir até o Nevado del Ruiz a 4.200 metros. 

Sem saber o que eu tinha, se era algo grave ou não, decidi não ir junto. Foi uma sensação horrível, de desespero, não só pela dor, mas pelo medo de não conseguir subir no palco no dia seguinte e falar no evento. E pior ainda, ir parar no hospital caso não melhorasse. Como diz meu amigo Raimundo Carvalho: a rainha do drama tem nome: Silvia Linhares. 🤣🤣🤣🤣

No mini pronto-socorro que carrego na mala não havia nada que pudesse ajudar. Tinha apenas remédio para dor de cabeça e eu tomei. Consegui me acalmar e dormir até bem mais tarde. O pessoal do hotel, muito gentil, contatou uma farmácia e consegui um remédio para dor. A gerente conversou comigo e me aconselhou a tomar um chá, que sequer me lembro qual, mas que me fez muito bem. Até repeti.

Hoje eu sei que é problema na coluna. Quinze minutos de alongamento bem feitinho teriam me tirado a dor. Mas na hora você pensa tudo quanto é besteira. Minha amiga Lis Leão que o diga. Ela riu muito quando eu disse suspeitar de algo ruim em consequência das vacinas de COVID, uma tal SGB (Síndrome de Guillain-Barré) que um amigo postou nas redes sociais e eu fui no Dr. Google conferir. 😂😂😂😂

Assim que melhorei um pouco fui para o Recinto. Assisti todas as palestras ao lado do amigo Moroni, que me deixou no hotel mais cedo, não sendo preciso eu aguardar o transporte oficial.

Nesse dia eu estava tão frustrada por não ter conseguido subir para passarinhar com o pessoal no Nevado del Ruiz e ver o raríssimo Buffy Helmetcrest / Chivito de páramo (Oxypogon stubelii), que apelidei de "buffy", que eu via beija-flor em todos os lugares. Sério mesmo. Veja só o que é uma imaginação fértil. 😅😅😅

Fotos: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Abaixo a agenda do dia 12. Impossível perder alguma das palestras. Com dor ou sem dor, lá estava eu, na primeira fila.

Imagem: Organização da Feria de Aves de Sudamérica

Antes de começar eu dei uma volta pelo delicioso jardim do Recinto, cumprimentei pessoas e relaxei um pouco. 

Eu, Memo, Niky & Mauro, Diego Calderón e Rodrigo Gaviria 
Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Niky entrevistando Memo Gomez
Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

A bela diretora Valentina Carvajal fez a abertura oficial do evento, enfatizando a força do Aviturismo na região.

Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares
 
Nos intervalos sempre rolava algo diferente, como fazer foto dos amigos ou por eles ser fotografada. Abaixo com o condor, o símbolo da Feira.

Fotos: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Assim que comecei a assistir a palestra do Diego Calderón, os meus olhos começaram a piscar e as lágrimas caírem. 🥰😱😔😪😭

Diego Calderón Franco é um biólogo e ornitólogo colombiano. Em 2004, quando ainda era estudante, foi sequestrado pelas Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia – FARC, permanecendo em cárcere privado por quase 3 meses. O caso teve repercussão mundial. 

Atualmente radicado em Medellín, é conferencista sobre questões de paz, alternando sua profissão de biólogo, documentarista e guia internacional de aves em países como Panamá, Honduras, Guiana, Guatemala, Venezuela, Equador, México e Brasil, entre outros.  

Participou da descrição de alguns novos pássaros para a ciência. Diego também é fundador da Colombia Birding, uma das primeiras empresas de turismo de aves na Colômbia. 

Mas não foi isso que me emocionou. Quase 18 anos após a citada ocorrência, ele observa aves na companhia de antigos guerrilheiros, pertencentes ao grupo que havia lhe sequestrado em 2004. As aves foram o catalisador dessa transformação. E assim ele ajuda construir um mundo melhor. 

Dessas últimas experiências de vida surgiu sua palestra 'Pajariando con Farc', onde ele convida à reconciliação e à construção de uma nova Colômbia.

Após contar sua história, ele trouxe ao palco algumas pessoas que ele ajudou a transformar. Pessoas que encontraram um novo sentido na vida ao se envolver com a observação de aves por meio de sua intervenção. Foi realmente emocionante. Quando Yaneth começou a contar sua história, eu realmente cheguei a soluçar. Difícil conter-se diante de tantas histórias incríveis de vida. 

Não tenho palavras para descrever. Eu espero que um dia todos possam assistir Diego contando essa história. Só assim irão entender melhor. Ele deve vir participar de um dos nossos Avistar, assim espero.

Abaixo alguns momentos da apresentação do Diego.

Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Yaneth
Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Você pode obter informações sobre o ocorrido com o Diego nesse link
Perfil no Instagram @diegocolbirding

13 nov 2021 - sábado


Você acredita que 13 é número de azar? Não mesmo? Nem eu. Pelo contrário. O dia 13/11/2021 foi um dia excepcional na minha vida. Eu diria que foi mais do que um dia de sorte, foi um dia abençoado. 

Olhe a agenda abaixo e o tamanho da "responsa". Se eu estava preparada? Não sei. Só ia saber quando voltasse do primeiro dos passeios programados. 

Imagem: Organização da Feria de Aves de Sudamérica

Imagem: Organização da Feria de Aves de Sudamérica

Mas vamos contar como o dia começou. Às 4 da manhã nos reunimos no Centro Comercial Parque Caldas de onde partiam todas as excursões programadas. Como eu disse no início, uma das minhas escolhas recaiu sobre a Hacienda El bosque, por indicação da minha amiga Claudia Brasileiro.

Conheça o site clicando aqui Hacienda El Bosque 
Instagram @haciendaelbosque

Abaixo nossa turma já acomodada na Van partindo para o nosso destino. Adoraria lembrar o nome de todos, mas eram muitas emoções e acontecimentos ao mesmo tempo e a memória não suportou guardar tantas coisas. Mil perdões.

Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

No caminho, o motorista da Van nos mostrou o temido vulcão Nevado del Ruiz expelindo fumaça. É um pouco assustador se pensarmos nos estragos que ele já fez e é capaz de fazer quando está "bravo".

Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Nosso grupo foi super bem conduzido por Nestor Zapata (@nestoradrianzapata). Na chegada fomos recebidos por Juan Martin Perez Gomez, proprietário da Fazenda, que nos acompanhou durante nossa estadia.

A primeira coisa que Juan fez foi nos levar ao restaurante da Fazenda, onde o cheiro de café me trouxe de volta à vida. Eu estava caidinha de sono. Além disso durante o café pude desfrutar de uma vista maravilhosa. 

Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Abaixo uma "selfie" com minha salvadora, a moça que preparou o delicioso café que me fez "ligar os motores" para aproveitar ao máximo os próximos acontecimentos.

Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Após o café e antes de irmos aos passarinhos, fizemos uma pausa para mais "selfies" e uma fotinha do grupo todo, tendo ao fundo uma pintura com as principais aves que podem ser encontradas na Fazenda.

Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

A Hacienda, além da criação de gado, é dedicada a criar novas experiências para observadores e fotógrafos de aves. Tudo é voltado para o bem-estar dos hóspedes e sua total satisfação. 

Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Embora eu tenha ficado pouco tempo, a conexão com as aves me fez esquecer que eu tinha uma apresentação para fazer na parte da tarde. Ali naquele espaço somos quase transportados para outra dimensão. Não dava nenhuma vontade de voltar.  

Nestor e Juan nos levaram ao primeiro ponto, onde uma diminuta criaturinha ia nos apresentar seu show. O backstage foi comandado por Nestor.

Muitas aves tentavam nos roubar a atenção, mas quando a pequena Grallaria subiu no palco, a plateia delirou, buscando a melhor posição para gravar a cena. 

Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Com vocês, Tororoí Ecuatorial ou Equatorial antpitta (Grallaria saturata)...😱😱😱👏👏👏

foto de celular
Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Algumas das aves que tentaram tirar a atenção da nossa pequena Grallaria, entre eles o collared inca (Coeligena torquata), black-crested warbler (Myiothlypis nigrocristata) beija-flor-violeta (Colibri coruscans) e Gray-browed brushfinch (Arremon assimilis). E mais abaixo o Tourmaline sunangel (Heliangelus exortis). Mas só recebiam nossa atenção entre uma aparição e outra da nossa estrela.

Fotos: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Tourmaline sunangel (Heliangelus exortis)
Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Logo que nos fartamos de fotografar nesse ponto, nossos guias nos levaram para o segundo show.  O caminho florido nos levava para outro paraíso, sequer tive tempo de parar e fotografar as flores. Os beija-flores me aguardavam, avisando com um zum-zum-zum incessante que eles já estavam no palco.

Um caminho só de flores
Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

O palco, diga se de passagem, foi um dos melhores que já vi. A plateia tinha à sua disposição até sofá para sentar e fotografar confortavelmente. Mas e quem ali conseguia ficar sentado? Para completar tínhamos água e café à vontade. 

Fotos: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Falando em água, os bichinhos ali estão mal acostumados, ou melhor, bem acostumados. São tão bem tratados que não têm medo das pessoas. Quando menos você espera um vem e pousa em você.

White-sided flowerpiercer (Diglossa albilatera)
Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

White-sided flowerpiercer (Diglossa albilatera)
Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Foi um festival de beija-flores e outras aves bonitas, o difícil era escolher qual clicar primeiro. Dois deles prenderam minha atenção quase o tempo todo: o Sword-billed hummingbird (Ensifera ensifera) e o Shining sunbeam (Aglaeactis cupripennis). Abaixo o resultado de uma difícil tarefa: a escolha de apenas uma foto de cada um para mostrar aqui.

Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares
  
Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

A seguir o resto da turma. Desta vez coloquei o nome na foto para ajudar na identificação, mas se tiver dúvida, no final tem o link para as listas do e-Bird, recheadas de fotos. 

Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Mas o melhor ainda estava por vir. O próximo show ficou por conta de uma (uma não, duas) bolinhas de penas chamada de Tororoi medialuna ou Crescent-faced antpitta (Grallaricula lineifrons). Das grallarias que já avistei, essa foi a mais linda de todas. Daquelas que você olha, olha e não enjoa, nem de olhar nem de fotografar.

Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Pensa que acabou? Nãoooooo. Nestor nos levou a outro lugar e o que vi pareceu coisa de cinema. 

Chegando nesse local, de cara vi um tico-tico igual ao nosso, aí um Esquilo-de-Cauda-Vermelha (Sciurus granatensis) resolveu roubar a cena e tomou a frente. 

Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

E então veio o terceiro tempo. Tuque! Ah! O Tuque!!! Esse é o nome do sujeitinho que roubou meu coração nesse dia. Todo vestido de azul, com toques coloridos, ele olhou para os meus olhos e eu me derreti toda. 

Abri um sorriso pra ele e por fim nos conectamos. Só não rolou um beijo, porque o bico dele é muito grande e minhas lentes também. 😅😅😅

Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Esse "rapazinho" que atende pelo apelido de Tuque, chama-se Tucán andino pechigrís, também conhecido por Terlaque andino. Em inglês é Gray-breasted mountain-toucan (Andigena hypoglauca). 

Nestor oferecia uvas a ele e o chamava pelo apelido. E ele, curioso ou esfomeado, vinha todo saltitante buscar seu premio, oferecendo aos visitantes um verdadeiro show com suas cores e beleza.

Gray-breasted mountain-toucan (Andigena hypoglauca)
Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

E para fechar com chave de ouro, uma Penelope e um casal de Tanager mostraram empatia pelos fotógrafos e não economizaram nas poses. Abaixo uma Andean guan (Penelope montagnii) e um casal de Hooded mountain tanager (Buthraupis montana).

Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares
 
Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Eis que as cortinas se fecham e chega a hora de voltar para o Recinto e subir no palco para se apresentar. Frio na barriga... enfim a hora estava chegando.

Mas antes uma foto com Paola, Nestor e Juan para guardar para sempre esse momento inesquecível no coração. 🤜🤛🥰

Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Retornamos bem na hora da foto oficial - "Yo estuve aqui". Pouco depois seria minha palestra, pensa num estômago virado. Sempre fui tímida para isso, mas quando faço brincadeiras, conto causos engraçados, acabo relaxando e tirando de letra. Mas como fazer isso num lugar onde não conheço os costumes e muito menos a língua? 😱🥶

"Yo estuve aqui" - Eu estou aí nesse meio, só não sei aonde 🥰😀
Foto: Arquivo pessoal Horacio Matarasso

E a hora chegara. Eu tinha 40 minutos para falar, mas fiz minha apresentação em menos de meia hora. logo eu que falo "pra caramba". 

Quando eu olhei o auditório lotado, juro, deu vontade de sair correndo. Mas aí não tinha mais como fugir. O que fazer? A expectativa da plateia devia ser muito grande, afinal eles já tinham tido experiência com brasileiras de altíssimo nível no nosso mundo dos passarinhos. Nada mais do que Tietta Pivatto, Martha Argel Sylvia Paraty. Aliás, recebi conselhos preciosos dessas três musas inspiradoras antes de embarcar. São muito queridas e solícitas e me ajudaram muito. 

Na tela Martha e Tietta
Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Eu estava travadinha, tropeçava nas palavras, nos pensamentos e ainda bem que não tropecei e caí do palco. 🤣🤣🤣🤣 Acho que ter ficado muito tempo em quarentena por causa do COVID 19, sem tantas pessoas ao meu redor, fazendo só apresentações online, a partir de casa, fez com que eu perdesse o jeito.

Tentei fazer o meu melhor, mas não acho que fui bem. Acabei ficando meia perdida. Falo sério. Poderia ter ido melhor. 

Ter ficado doente, o cansaço acumulado, a mudança de altitude, me pareciam justificativas plausíveis naquele momento. Mas como a gente dizia na época que eu jogava volei, eu "amarelei" mesmo. Liga não, coisa de virginiana perfeccionista. 😅😅😅

As fotos abaixo foram feitas pelo amigo Edson Moroni a partir do meu celular. Eu só posso deixar a esse querido amigo um agradecimento para lá de especial por tudo que ele e Andressa fizeram por mim. Ainda voltarei à Colômbia para passarinhar guiada por ele. 🥰🥰🥰

Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Veja por você mesmo como foi a transmissão oficial da organização, aqui compilada por mim no You Tube com autorização do meu amigo Horacio Matarasso, presidente da Feira.


Enfim, eu dei o meu recado, contei como é ser uma mulher observadora de aves num país gigante como o Brasil e como sou considerada exemplo de pessoa determinada e dedicada no que faço. 

Não pensem que ter fotografado 83,35% das espécies de aves da atual lista do Brasil foi só "mar de rosas", teve muito perrengue, muito dissabor, muita história não contada, assunto para um livro um dia. 

No fim do dia, ainda participei de um foro com debatedoras incríveis sobre o papel das mulheres nas ciências e no turismo de aves, tendo Edson Moroni ao meu lado como tradutor, uma vez que as "chicas" falavam muito rápido. 🤣🤣🤣

Foto: Arquivo pessoal Horacio Matarasso

Na saída várias pessoas vieram pedir o meu perfil no Instagram ou dicas de como passarinhar no Brasil. outros até vieram pedir para fazer uma foto comigo. 

O mais emocionante foi um grupo de jovens passarinheiros que vieram me pedir informações acerca do quadro Jovens Observadores de Aves organizado no Avistar pela querida Lorena Patrício, que mencionei durante minha apresentação.

Jovens observadores de aves da Colômbia
Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Enfim, sobrevivi e já relaxada eu e o amigo Edson Moroni pudemos fazer nossa foto oficial e tomar um cafezinho.

Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

14 nov 2021 - domingo


O último dia chegara. A agenda era extensa. Começaria bem cedinho, madrugadona mesmo e terminaria em festa, como você pode ver na agenda abaixo.

Imagem: Organização da Feria de Aves de Sudamérica

O segundo dos dois passeios que escolhi era o conhecer o Parque Natural Nacional Los Nevados. O Parque está localizado na região andina da Colômbia, no coração da Região Cafeeira. Faz parte dos departamentos de Caldas, Tolima e Risaralda.

Trata-se de um complexo vulcânico formado pelo vulcão Nevado del Ruíz, crateras La Olleta e La Piraña, vulcão Nevado de Santa Isabel, o Nevado del Tolima e os Paramillos del Cisne, Santa Rosa e Quindío. 

Possui um grande número de fontes termais. É uma área protegida cujo objetivo é contribuir para a conservação de importantes ecossistemas, como as geleiras que restam, os ecossistemas de super-páramo, páramo*, pântanos altos andinos e florestas andinas altas. Sua temperatura varia entre -3 e 14 °C. Sua área é de 583 km² e a altitude varia de 2600m a 5300m.

*Os páramos são ecossistemas estratégicos devido ao seu grande potencial de armazenamento e regulação da água para o abastecimento de aquedutos, aquíferos e nascentes de grandes rios.*

Aspectos médicos a se ter em conta: à medida que subimos pelas montanhas, o corpo tenta adaptar-se à diminuição do oxigênio, acelerando os batimentos cardíacos e respiratórios e aumentando a produção de glóbulos vermelhos. Essas adaptações são necessárias para evitar o mal da altitude, que varia de náusea e dor de cabeça a edema. 
(Fonte: Wikipedia e Google)

O que me fez decidir escolher Nevado del Ruiz  foi a possibilidade de registrar o raríssimo Buffy helmetcrest (Oxypogon stuebelii) ou Colibrí chivito ou ainda Barbudito Canelo

É um beija-flor grande e de bico bem curto. Essa espécie tem distribuição restrita. Só é encontrado em lugares extremamente altos dos Andes centrais da Colômbia. Eles são frequentemente vistos forrageando ou pousados em plantas nativas dos altos campos andinos. 

A população total desta espécie é provavelmente inferior à 1.000 indivíduos. Seu status de conservação na Lista Vermelha da IUCN é avaliado como Vulnerável. 

Feitos esses esclarecimentos vou contar um pouco desse dia. Saímos para lá de madrugada, ainda escuro. Havia uma certa tensão no ar dentro do veículo. Apesar do sol e céu azul, nas montanhas altas do Parque há uma grande flutuação diária de temperatura e umidade. 

O clima e as condições das estradas e do vulcão Nevado del Ruiz influenciam a visitação e dependendo, o Parque fecha ou limita o acesso.

Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Nesse dia fomos guiados por Laura Vaju (@L Alejandra Vaju) e Juan Felipe León (@jfleonfotografia). Recebemos a orientação de que faríamos várias paradas pelo caminho para minimizar os efeitos da altitude, pois nosso destino estava a quase 4.200m. E lógico, aproveitaríamos as paradas para ir buscar aves ao redor.

Eu, Felipe e Laura
Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

A primeira parada foi para admirar Manizales do alto. Lá no fundo, com céu azul e rosa e nuvens de algodão, a cidade começava a despertar iluminada pelo sol.

Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Foto com o celular
Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Foto com a tele/câmera
Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Nossa segunda parada foi melhor ainda e mais interativa. Foi no Parador Turístico Restaurante La Esperanza onde foi distribuído um lanchinho e café, preparado pela organização do evento.

Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Nessa saída pude conhecer o jovem Juan Sebastián Hernández e sua mãe. Ele ama as aves e fez questão que eu segurasse um dos seus mascotes para uma selfie. Era um tucaninho de pelúcia. Ele estuda línguas e adora a língua portuguesa. Era muito atencioso e buscava sempre traduzir as coisas para mim. 

Juan à esquerda da foto
Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Juan, seu mascote, sua mãe e eu
Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Fomos acompanhados pelo ornitólogo e grande cientista colombiano e também um dos  congressistas Andrés Cuervo (@amcuervom). Ele é uma das pessoas que inspiraram Diego Calderón. 

Atualmente é diretor da Coleção de Ornitologia do Instituto de Ciências Natural (ICN) da Universidade Nacional da Colômbia, Bogotá. Também é um dos coordenadores científicos do programa de expedições ornitológicas históricas em toda a Colômbia.

Eu, Juan, um dos convidados e o professor Andrés Cuervo
Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Nossos guias Felipe e Laura foram excelentes, sempre buscando e nos mostrando as aves locais e cuidando do nosso bem estar. Felipe ainda sabia todos os nomes científicos e eu expliquei aquele negócio de 4 letras para poder incluir no e-Bird e ele ficou craque nisso. 

O professor Andrés Cuervos também se empenhou muito em me mostrar o maior número de aves. Não só ele, mas o grupo todo. Era um tal de "Silllliiiiivia, ven acá, ven aqui, aqui, aqui" que nem te conto. 😁🥰

Fizemos várias paradas pelo caminho. Encontramos muitas aves, infelizmente nem todas colaborativas,  próximas e com luz adequada para uma boa foto. Mas não importava, era tão mágico e emocionante estar ali que a falta de ar não era só pela falta de oxigênio decorrente da subida. 😂😂😂

Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

A seguir um pouco das aves feitas durante a nossa subida: rainbow-bearded thornbill (Chalcostigma herrani), viridian metaltail (Metallura williami), scarlet-bellied mountain tanager (Anisognathus igniventris), corruíra-do-campo (ssp aequatorialis) (Cistothorus platensis aequatorialis), andean tit-spinetaill (eptasthenura andicola), alegrinho-de-garganta-branca (Mecocerculus leucophrys)
tico-tico (Zonotrichia capensis), golden-fronted redstart (Myioborus ornatus) e patativa-da-amazônia (Catamenia homochroa).

Fotos: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

É óbvio que algumas de destacaram mais do que outras. Paramos num local onde havia uma fazenda. Seu proprietário permitiu que adentrássemos a propriedade e fizéssemos fotos bem bonitas do casal de noble snipe (Gallinago nobilis), muito parecida com a nossa narceja (Gallinago paraguaiae)

noble snipe (Gallinago nobilis)
Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

noble snipe (Gallinago nobilis)
Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Depois foi a vez de um lindo pica-pau vermelho deixar a todos encantados. Essa criaturinha recebe o nome de crimson-mantled woodpecker (Colaptes rivolii), numa tradução google ele seria o pica-pau de manto carmesim, lembrando que carmesim é um tom de vermelho forte, brilhante e profundo. Ele se destacava na vegetação e não estava nem aí para nossa presença. 

crimson-mantled woodpecker (Colaptes rivolii)
Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

crimson-mantled woodpecker (Colaptes rivolii)
Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Além das aves, fotografei muitas flores pelo caminho. A vegetação dos Andes é riquíssima e muito diferenciada. Eu as posto na plataforma iNaturalist onde os especialistas me ajudam a identificá-las. Veja mais aqui no meu perfil nesta plataforma.

Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Nossa próxima parada foi na Laguna Negra, a 3.847 m. Não havia muitas aves, mas a paisagem era deslumbrante. E muitas flores também. Encontramos outra turma de participantes da Feira e foi uma confraternização bem festiva. 

Senecio niveoaureus
Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

E fomos subindo, subindo...e conforme já esperado, o tempo estava super instável, chovia, parava, a neblina vinha, cobria tudo, de repente limpava tudo. Imprevisibilidade é a única palavra que se encaixava naquele momento.

Espeletia hartwegiana
Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Finalmente chegamos no Centro de visitantes "Brisas",  a quase 4.200 m de altitude. Por ser um local de muita procura pelos turistas, é bastante lotado, tanto por carros como por pessoas. Paramos na estrada, um pouco antes da cancela de controle. O tempo estava bem fechado, feio e tenebroso. E muito frio. Tinha momento que a neblina vinha e a gente não enxergava um palmo à frente.

Ali mesmo, antes da entrada, Felipe e Laura mostraram o meu primeiro "Buffy". Não se podia sair da estrada e entrar no mato atrás dele. Tínhamos que fotografar da borda mesmo. 

Como Laura disse, muitas pessoas vão até lá para vê-lo e não conseguem. Foi muita sorte nossa. Era um macho, mas longe e na contraluz. Ai, que desespero por não conseguir fazer uma foto de quadro desse lindo beija-flor. Mas fora registrado e o sonho tornara-se realidade. 

Buffy helmetcrest (Oxypogon stuebelii)
Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Mas ainda teve mais. Subimos até o Centro de Visitantes e fizemos fotos na placa após aguardamos uma fila, pois é um local onde todos querem fazer fotos de lembrança.

Laura, eu e Felipe
Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Professor Andrés, Laura e eu
Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Professor Andrés, Laura, Juan Sebastián e Felipe
 
E para compensar, pouco depois uma fêmea chegou bem pertinho da borda aonde estávamos. Ela estava se alimentando nos arbustos. Foi uma correria, pois todos queriam fotografá-la. Deu para observá-la paradinha por um bom tempo. E não estou falando desse indivíduo da placa não. 😁😆😅😂🤣

Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Buffy helmetcrest (Oxypogon stuebelii)
Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Buffy helmetcrest (Oxypogon stuebelii)
Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Buffy helmetcrest (Oxypogon stuebelii)
Fotos: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Eu ainda tinha esperanças de reencontrar o "Buffy" macho, mas de repente começou a chover forte. Por segurança e também pelo adiantado da hora, retornamos de imediato para Manizales.

E assim encerramos a manhã, cheia de novidades, de novas experiências, novos conhecimentos e novas amizades. Fica aquele gostinho de quero mais.

Chegamos no Recinto com um pouco de atraso. Mesmo assim ainda pude participar do evento e assistir as apresentações do dia. Começando com Niky e Mauro, casal super querido.

Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Depois Wally Prince, da Guiana, se apresentou. Esse é um dos países que ainda me falta conhecer na América do Sul. 

Em seguida o colombiano Ferney Salgado apresentou sua palestra contando sua experiência em guiar na Colômbia. De repente dei um pulo, eis que na apresentação do Ferney surge uma tela com meus queridos amigos Claudia BrasileiroRodrigo Agostinho fotografando lá na Colômbia, guiados por ele. (Instagram do Ferney (@coraves_birding_and_nature)

Claudia Brasileiro e Rodrigo Agostinho na tela
Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Assisti ainda um debate sobre aviturismo pós pandemia, seguido pela palestra de Fernando Angulo Pratolongo (@fernandoangulopratolongo) falando sobre as aves do Peru, País onde será realizada a próxima Feira de Aves de 2022 (veja ao final quando e onde).

Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Nos momentos finais, eu não consegui me concentrar muito nas apresentações. Eu e mais algumas pessoas necessitávamos obter o comprovante do exame negativo de Covid19 para poder embarcar e entrar em nossos países. 

Era domingo e nosso voo seria na manhã seguinte. Depois de muita tensão, Valentina e Mônica conseguiram solucionar trazendo uma pessoa de um laboratório ao evento, que providenciou nossos exames e documentos. 

E no final ainda fiz uma foto com as duas lindas, que estão de parabéns pela organização do evento. 

Valentina, eu e Mônica
Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Fernando Angulo combinou de ir junto comigo para o aeroporto. Aproveitamos e fizemos nossa selfie. Fernando é presidente de la Unión de Ornitólogos del Perú, e com certeza o evento previsto para outubro (veja ao final) será um sucesso. Eu farei tudo para poder participar. 

Eu e Fernando Angulo
Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Foram tantas emoções e acontecimentos em tão poucos dias, que acabei ficando sobrecarregada. Então me despedi dos amigos mais chegados e fui direto para o hotel, não participando do jantar de encerramento. Arrumei minhas coisas e fui dormir, porque o dia seguinte seria uma verdadeira maratona de aeroporto até chegar casa. 

15 nov 2021 - segunda-feira


Às 4.15h saímos do hotel, chovia, mas mesmo assim nossa ida ao aeroporto foi rápida. O embarque para Bogotá foi tranquilo. Nosso voo estava previsto para sair 8:05h e foi pontual.

Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Aeroporto Internacional Matecaña - Pereira
Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Cheguei antes das 10 da manhã no aeroporto de Bogotá. Meu voo seria somente às 15:35h com previsão de chegada em São Paulo meia noite. Aproveitei para andar lá por dentro, comprar coisitas, tomar café e almoçar. A praça de alimentação dentro da sala de embarque ficava no sentido oposto ao do meu portão de embarque, bem longe mesmo. 

Por curiosidade, olhando a distância entre as coordenadas das próximas duas fotos no Maps, ele informa que a distância era de 700m, 9 minutos caminhando apenas. Eu levei uns 20 minutos só para ir. Eu tinha o equipamento comigo, super pesado, por isso fui bem devagar e voltei também feito uma tartaruga. 😀🐢


Eu já tinha voltado da praça, quando recebo uma mensagem do Horacio e Carô dizendo que eles haviam chegado de Manizales e iam almoçar, se eu não queria me juntar a eles.

Larguei meu cochilo e lá fui eu de novo para dar um último abraço nos dois queridos.

No portão de embarque
Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Caró, eu e Horacio
Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

E sabe o que é melhor que ter feito uma viagem tão intensa? É poder chegar em casa e dormir na própria cama. Eu só cheguei em casa por volta de 1 e pouco da manhã, já no dia 16. E sabe o que é é melhor ainda? Acordar, tomar café, descarregar as fotos, desarrumar as malas e ... e...

🧳...arrumar as malas de novo. 🤣🤣🤣🤣

No dia seguinte, 17/11, na parte da manhã eu iria embarcar para mais uma aventura planejada muito antes dessa minha viagem à Colômbia. ✈

Em tempos de COVID, foi uma delícia ver meu voo confirmado na tela. O Estado do Rio Grande do Sul será o tema do próximo post. Aguarde, que tem muita emoção vindo por aí.

Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares


Conforme eu prometi, o relatório de viagem do e-Bird à Colômbia contendo todas as minhas listas recheadas de fotos pode ser acessado aqui 👈 Foram 64 espécies registradas durante esse curto espaço de tempo. 

Agradecimentos


Facilmente eu ficaria aqui escrevendo 30 páginas de agradecimentos, mas acredito que de certa forma vim citando todo mundo que marcou presença durante essa aventura. Em consideração a você que chegou até aqui, vou tentar ser breve.  

Para finalizar eu quero deixar um agradecimento especial ao grande amigo Guto Carvalho, realizador da nossa feira de Aves no Brasil, o Avistar Brasil (@avistar), onde participo desde 2012. Ele já havia me convidado para participar de algumas das edições da Feria de Aves de Sudamérica, mas nunca deu certo de eu ir. Espero continuar colaborando para que nosso Avistar (meu e de todos os passarinheiros) seja um grande sucesso, sempre. 

E fica o convite a todos para participar da próxima Feria de Aves de Sudamérica / South American Birdfair. Ela é realizada todos os anos em um país diferente e, em 2022, o encontro será em Cusco, Peru, de 27 a 30 de outubro de 2022.

Acompanhe pelo site https://www.birdfair.net/
ou pelo perfil no Instagram @sabirdfair
ou ainda pelo Facebook https://www.facebook.com/SABirdFair

Imagem: Organização da Feria de Aves de Sudamérica

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36 comentários:

  1. Respostas
    1. Adorei toda a narrativa! Viagem em seu lindo texto! Muito obrigado por ter compartilhado com a gente! Vc escreve maravilhosamente bem. Parabéns!!

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    2. Obrigada meu amigo Wagner, fico muito muito muito feliz com o seu comentário.

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  2. Sensacional,como sempre sua narração nos coloca dentro do momento, parabéns Silvia !!!!!!

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  3. Ahhhh meu santo... Hahahah muito legal viajar contigo, parabéns pelo post e pela viagem!!!

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  4. Que especial sua viagem. Nos encoraja também a desbravar sempre cada cantinho desse mundo lindo das aves. Parabéns Sílvia.
    Eduardo Vieira - Maceió(AL).

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  5. Super legal da vontade de ir conhecer isso tudo

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    1. Olha, Olício, vale muito uma ida até lá. Um super abraço e obrigada por comentar aqui. Fiquei muito feliz.

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  6. Parabéns pelas pesquisas histórica, geográfica e científica que você fez para engrandecer o relato. Saudações de Hilton Monteiro Cristovão - Vitória-ES

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    1. Obrigada meu amigo, eu fico muito feliz com seu feed-back. Isso me anima a continuar a postar dessa forma.

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  7. Excelente relato Silvia, parabéns! Além da Colômbia ser um país lindo e fantástico para passarinhar, o povo colombiano é muito amistoso e receptivo com os turistas.

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  8. Que delícia de viagem heim Silvia! Muito legal! O Diglossa albilatera (fura-flor) é um passarinho muito loucoo, estranhão, mas lindo!

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  9. Delicioso relato, lindas fotos. Lindo texto, cheio de verdade e emoção! Parabéns Silvia, seu blog é um marco na observação de aves no Brasil

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    1. Obrigada querido Guto e você também é um marco, kkkk melhor é um guto, pois até gutês a gente está aprendendo a falar. Valeu mesmo, meu querido.

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  10. Um documentário fantástico que nos permite viajar e conhecer tantas maravilhas. Parabéns Silvia pela competência!

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    1. Obrigada meu querido. eu acho que virei uma “birdwatcher influencer” no nosso meio. Seu feedback me deixa muito feliz.

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  11. Tudo muito emocionante! Vc além de fotógrafa , escreve muito bem, é agradável ler do começo ao fim. Muitas emoções, culturas, aves e amigos! Eu também amo tudo isso!
    Parabéns!
    Um abraço!
    Nina

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    1. Obrigada minha querida. Seus dizeres são um incentivo para eu continuar. Acho que vai gostar muito da próxima postagem, sobre o Rio Grande do Sul.

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  12. Nossa! Como tudo é lindo por lá! Parabéns pelas belíssimas fotos.

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  13. Que narrativa deliciosa Silvia (rainha do drama...kkkkk). Lindas aves, acho que o Macá foi o registro mais difícil. Adorei a mariquita de papo de fogo, o bico do Diglossa Albilatera e do Buffy Helmetcrest, o Tuque.....etc.

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    1. Obrigada Bethinha, ainda bem que você me disse por wapp que era você. Super feliz com seu feedback.

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  14. Que emocionante. Quanto registros incríveis. Vou ter que ler tudo de novo com calma. São muitos detalhes. Ameiiiiii Silvinha. Adorei as fotos de arquivo. É incrível como vc pega as pessoas sempre sorrindo e felizes.

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