O arquipélago
surgiu há aproximadamente 12 milhões de anos, através de uma série de erupções
vulcânicas. O arquipélago de Fernando de Noronha está localizado sobre um
vulcão cuja base tem 74 km de diâmetro e está a 4.200 metros de profundidade.
Extinta há mais de 20mil anos, a cratera vulcânica submersa faz parte de uma
cadeia de montanhas da parte Atlântica da placa sul-americana.
Após
uma campanha liderada pelo ambientalista gaúcho José Truda Palazzo Jr., em 1988
a maior parte do arquipélago foi declarada Parque Nacional, com cerca de 8 km²,
para a proteção das espécies endêmicas lá existentes e da área de concentração
dos golfinhos rotadores (Stenella longirostris), que se reúnem diariamente na
Baía dos Golfinhos - o lugar de observação mais regular da espécie em todo o
planeta. O Parque Nacional é hoje administrado pelo Instituto Chico Mendes de
Conservação da Biodiversidade (ICMBio) (fonte: Wikipédia)
A
vegetação original foi quase toda destruída na época que a Ilha foi colônia
penal. Hoje o revestimento vegetal constitui-se de escassa vegetação arbustiva
ou arbórea de pequeno porte e grandes áreas de macega, ervas e gramíneas.
As
atuais limitações impostas ao turismo e a vigilância exercida pelos fiscais do
IBAMA, do Projeto Golfinhos Rotadores e do Projeto Tamar (proteção à desova das
tartarugas) parecem-nos garantias suficientes para a preservação adequada da
ecologia do arquipélago.
Melhor época para ir
Se
você quer conhecer aquele mar dos cartões postais, dizem que a melhor época
para ir são os meses de agosto e setembro, onde o mar está calmo e sem ondas. A
partir de novembro o mar fica mais agitado e não é muito propício a mergulhos.
Devido à formação de altas ondas a ilha é visitada por muitos amantes do surf. Por
um acaso do destino eu acabei indo no período de 9 a 16 de dezembro, com o
objetivo exclusivo de fotografar as aves de lá, e lógico, conhecer as belezas
naturais do arquipélago.
Quantos dias ficar
Praia do Sancho |
Se
o seu objetivo é o mesmo que o meu, três a quatro dias bastam e a primavera é
um bom momento. Mesmo tendo ido no mês de dezembro (final de primavera), eu
consegui atingir meu objetivo. Se você quer curtir um pouco mais, uma semana é
mais do que suficiente. A Ilha não possui uma lista grande de aves, mas algumas
delas você só encontra em Noronha, como a juruviara-de-noronha
(Vireo gracilirostris) ou sebito e a cocoruta (Elaenia ridleyana)
então, só isso já vale a viagem.
Onde fotografar aves
Procure ir às praias procurar aves nos horários de maré baixa. É fácil achar a tábua das marés no google.
Reserve
uma manhã para ir ao Mirante dos Golfinhos. É um grande ninhal e de cima dos
penhasco você vê as aves nas árvores na altura dos olhos. No Mirante você
fotografará trinta-réis-preto (Anous
minutus), conhecido na Ilha como viuvinha-preta
, grazina (Gygis alba), também conhecida como noivinha e o atobá-de-pé-vermelho
(Sula sula). E ainda poderá apreciar
de cima do mirante centenas de golfinhos na baía. Percorra a trilha até o
Mirante do Sancho. É muito bonito, vale a pena. E siga até a Baía dos Porcos, o
visual compensa a caminhada.
atobá-de-pé-vermelho (Sula sula) |
filhote de atobá-de-pé-vermelho (Sula sula) dormindo |
Alguns lugares são de difícil acesso e
recomendo um dia com o guia João Paulo (Noronha Adventure), pois ele levará você aos lugares que certamente encontrará espécies como o rabo-de-palha-de-bico-vermelho
(Phaethon aethereus), rabo-de-palha-de-bico-laranja (Phaethon lepturus) e a garça-caranguejeira (Ardeola ralloides).
rabo-de-palha-de-bico-laranja (Phaethon lepturus) |
rabo-de-palha-de-bico-vermelho (Phaethon aethereus) |
garça-caranguejeira (Ardeola ralloides) |
Já
na praia do Boldró* e praia do Sueste, os atobás-pardo
(Sula leucogaster) dão
show de mergulho. Os trinta-réis-escuro
(Anous stolidus), ou noivinha-marrom,
também ficam sobre as pedras na praia do Boldró, que é onde ficam os surfistas nessa época.
Tesourão você vê aos montes, mas quando você dá a sorte de encontrar um
pescador puxando a rede, você os vê bem de pertinho.
*
Boldró é onde está localizado o centro de convenções do Projeto TAMAR ICMBio. Seu nome foi dado por militares
americanos e é originário da expressão em inglês Bold Rock, que significa Pedra
Saliente em português.
A
juruviara-de-noronha (Vireo gracilirostris) ou sebito e a cocoruta (Elaenia ridleyana),
aves endêmicas da ilha, você encontra em todos os cantos, mas ficam bonitas
quando estão nas flores do mulungu.
cocoruta (Elaenia ridleyana) |
A
pomba-de-bando (Zenaida auriculata noronha) ou simplesmente Arribaça, Ribaçã ou
avoante é abundante no Arquipélago, podem ser avistadas em todos os cantos,
urbanos ou não. É considerada subespécie do continente. O pardal (Passer domesticus)
e a garça-vaqueira (Bubulcus íbis) também são fáceis de
avistar, mas como tem em todo lugar não prende o nosso interesse.
O
Açude do Xaréu foi decepcionante. Estava muito seco e havia só uns vira-pedras (Arenaria interpres) ciscando por lá.
pomba-de-bando (Zenaida auriculata noronha) |
O
João Paulo nos levou ao Açude das Emas, mais conhecido como Açude do IBAMA,
perto do IMCbio, onde tinha um maçarico-de-bico-torto (Numenius hudsonicus), que antes se chamava maçarico-galego
(Numenius phaeopus) e três garças-caranguejeira (Ardeola ralloides), mas bem de longe.
No
período da tarde o João Paulo nos levou numa trilha entre o Praia do Leão e a
Ponta das Caracas, onde meus olhos lacrimejaram de emoção e minhas lentes
ficaram em frenesi, pois bandos de rabos-de-palha-de-bico-vermelho
(Phaethon aethereus) e rabos-de-palha-de-bico-laranja (Phaethon lepturus) desfilavam com
elegância sem igual na altura dos olhos.
Essa trilha foi descoberta por ele e um amigo e desemboca num precipício de mais de 80 metros de altura, onde os bichinhos nidificam. Dava medo chegar perto da beirada, tinha que tomar cuidado, porque a gente se empolga com os bichos na frente e já viu. Todo cuidado é pouco.
Eu clicando os rabos-de-palha-de-bico-vermelho by João Paulo |
Essa trilha foi descoberta por ele e um amigo e desemboca num precipício de mais de 80 metros de altura, onde os bichinhos nidificam. Dava medo chegar perto da beirada, tinha que tomar cuidado, porque a gente se empolga com os bichos na frente e já viu. Todo cuidado é pouco.
Depois
fomos até a Ponta das Caracas, onde três garças-caranguejeira
(Ardeola ralloides), lindas demais
foram festa para os meus olhos, mas sempre muito longe. Precisei usar todo o zoom
da poderosa Canon SX 50, pois a 100-400 não deu conta.
garça-caranguejeira (Ardeola ralloides) |
A ponta de Caieiras foi um lugar muito especial, só com pedras vulcânicas e água bem limpinha. Pude ver de perto o maçarico-de-bico-torto (Numenius hudsonicus), bandos de vira-pedras (Arenaria interpres), maçarico-de-papo-vermelho (Calidris canutus), batuíra-de-bando (Charadrius semipalmatus), batuiruçus-de-axila-preta (Pluvialis squatarola) - confirmado quando voaram. Além disso presenciei e registrei uma lula almoçando um caranguejo, duas tartarugas e muitos peixinhos coloridos. Vá sempre quando a maré abaixa.
vira-pedras (Arenaria interpres) |
Lula almoçando um caranguejo |
Os atobás-grande (Sula dactylatra) ficam numa ilha secundária, que se avista do outro lado da ponta do Air France, e eu tinha apenas feito um registro do bando pousado. Um fim de tarde, voltando na Caieiras, tinha um com a asa machucada sobre uma pedra. Aproveitei e fiz registro mais de perto. Fico na torcida que ele se recupere e volte a fazer parte do seu bando.
atobá-grande (Sula dactylatra) |
Já o tesourão (Fregata magnificens) pode ser avistado em toda a ilha, e em alguns lugares vê até apanhar peixes nas mãos das pessoas.
tesourão (Fregata magnificens) |
Turista alimentando as aves |
Domingo tentei um passeio de barco que, teoricamente, passaria perto das ilhas secundárias, onde poderia avistar os trinta-réis-das-rocas (Onychoprion fuscatus). Frustrante. O mar estava revolto e não foi possível nem chegar perto das tais ilhas.
Essas
foram as aves que avistei e fotografei. Fora isso, há registros na ilha,
ocasionalmente de aves mais raras como a garça-negra, colhereiro-europeu,
pardela-de-asa-parda, mas eu não tive a sorte de presenciar uma dessas espécies.
E
se você gosta de fazer fotos de outros bichos, vai divertir-se. Tem dois tipos
de lagarto (mabuya e tejú) e um roedor chamado mocó. Têm golfinhos, tartarugas,
caranguejos coloridos, tubarões, lulas, peixes coloridos para quem gosta de
mergulhar, o que não é o meu caso. As paisagens e por do sol são deslumbrantes.
Acorde cedo e descanse na hora no almoço, só retorne lá pelas três. Agora em
dezembro o calor é infernal.
mabuya (Trachylepis atlantica) |
aratu-vermelho (Goniopsis cruentata) |
lagarto teiú (Tupinambis merianae) |
Maria-farinha (Ocypode quadrata) |
Comer
em Noronha é muito caro. Fuja dos “melhores” restaurantes se não quiser pagar
quase ou mais de R$ 100,00 por refeição/pessoa.
Há muitos self-services na Vila dos Remédios. Preços da Av. Paulista, em
torno de R$ 50,00 o kg. O Flamboyant é muito bom, fica na pracinha da Vila dos
Remédios.
Ah!
Todo lugar cobra R$ 4,00 ou R$ 5,00 uma garrafinha de água, no único posto de
gasolina, custa R$ 3,00 (perto do Porto), mas se for no mercado Poty, 12
garrafinhas custam R$ 19,90. E você põe no seu frigobar e leva uma pela manhã e
outra à tarde. A cerveja pequena chega a custar a garrafinha R$ 12,00.
Onde ficar
Onde ficar
Quanto
às pousadas, há três tipos: domiciliar com quartos dentro da casa, domiciliar
com chalés independentes (as melhores) e as surreais, com preços astronômicos para pessoas que tem dinheiro sobrando.
Eu
fiquei na Vila Floresta Velha, num apartamentinho tipo suíte, bem espaçoso, muito arrumadinho
e limpo, sem café da manhã, mas com entrada independente, cama box de casal,
mesa para refeições, cafeteira, sanduicheira, frigobar, ar condicionado e Tv
que eu não liguei nenhum dia. A dona da casa, Mari, é funcionária da Atlantis
Divers e o marido, Marcelino é fiscal sanitário e guia também. A diária bem
acessível. Eu me virei muito bem, pois levei leite em pó, torradas, café
solúvel e outros petiscos.
Meu apartamentinho na casa da Mari |
Pagamento de Taxas
Para
entrar na Ilha você tem que pagar dois tipos de taxas. Prefira pagar pela
internet, a fila no aeroporto é bem menor para quem já pagou. A TPA é uma
espécie de taxa “alfandegária” com check-in e check-out.
-
Taxa de Preservação Ambiental (TPA),
calculada por dia de permanência. A data de vencimento da TPA é determinada
pelo dia de sua chegada na Ilha. No entanto, é importante que você pague o
boleto um ou dois dias úteis antes da data de vencimento, por causa do prazo
para confirmação do pagamento. Além disso, é necessário levar o boleto e o
comprovante de pagamento para Noronha e o doc de check-in-out. No aeroporto,
haverá uma entrada exclusiva para quem pagou a TPA através da Internet.
-
Ingresso do Parque Nacional Marinho
– custa R$ 75,00 e vale por 10 dias (maiores de 60 anos são isentos) A taxa é
única e engloba todas as praias do parque. As mais bonitas como a praia do Sueste e Sancho estão no Parque Marinho.
(Cachorro, Meio, Boldró, Americano, Bode, Cacimba do Padre não estão.). Em qualquer posto do IBAMA eles trocam o
voucher por uma carteirinha que é pedida toda vez que v. visita as melhores
praias.
(www.parnanoronha.com.br).
Melhorias nas áreas do Parque Marinho |
Passarelas feitas com o dinheiro arrecadado |
Meios de locomoção
Alugar
um buggy é fundamental, negocie, pois de R$ 350,00
consegui por R$ 150,00 a diária. Em quatro nem sai caro. Não encha o tanque,
eles te dão o buggy com o tanque vazio e você não roda um tanque
na Ilha, que é pequena demais.
Existem
táxis e também um microônibus que cruza a ilha do Sueste ao porto, passando
pelo aeroporto, pela entrada do Forte do Boldró, pelas vilas do Boldró (Tamar),
Floresta Velha, Floresta Nova, dos Remédios e do Trinta. Custa R$ 3,10.
Muitas
empresas que contratam os passeios já incluem o traslado.
Acesso às praias
O
acesso às praias fora do Parque Marinho é livre. Nas demais precisa portar a
carteirinha ou dar o nº do CPF para eles consultarem o pagamento efetuado.
Uma das praias de mergulho (Atalaia) só pode ir se agendar previamente no IBAMA. Só entra com guia. Tentei por duas vezes agendar, mas não consegui. Deixei para uma próxima vez. Afinal, se não ficar nada a dever, não vou querer voltar, né...eh...eh...eh...
Saneamento em Fernando de Noronha
O
Arquipélago não possui nascentes de água doce. Toda a água é captada no período
das chuvas e armazenada durante a estiagem em açudes – Gato, Mulungu, Horta e
Xaréu o maior de todos. Em 1984 no Vale do Boldró foi construída pelo
Ministério da Aeronáutica a Estação de Tratamento d’Água Piraúna, hoje sob
administração da COMPESA (Companhia Pernambucana de Saneamento). Existe uma
estação de dessalinização da água do mar. Então lembre-se de economizar água.
Saúde em Fernando de Noronha
Há
apenas um hospital público (modernizado em 2002) na ilha que atende a casos de
primeiros socorros e pequenas cirurgias, além de exames de rotina na população
e visitantes da ilha. Existem médicos que residem no arquipélago para casos de
pediatria, clínica geral, e serviços odontológicos.
Na
ilha tem uma pequena farmácia com limitada variedade de medicamentos. Recomendo
levar remédios de uso diário pela própria limitação dos mesmos.
Serviços bancários
Atualmente,
existe uma agência do Banco Santander e um terminal da Caixa Econômica Federal
num supermercado. A ilha também tem um Banco Postal do BRADESCO em convênio com
os Correios ECT. E tem uma casa lotérica.
Dicas finais
Viajei
com milhagem pela GOL. Passagem direta até Fernando de Noronha, com conexão em
Recife. Sai mais em conta desdobrar a passagem em dois, ou seja comprar os dois
trechos separados.
Eu
estudei a ilha por mapinhas e pesquisei muito no google. Se você não tem tempo
de fazer isso, contrate com o João Paulo - Noronha Adventure (81 - 983180131) um Ilha Tour,
pois você fica conhecendo os principais pontos da ilha e pode retornar quando
quiser.
Enfim,
é um lugar muito lindo, tranquilo, com um povo muito hospitaleiro, mas bem
caro. Tem que aproveitar bem.
Eu por João Paulo |
Eu por João Paulo |
Clicando o por do sol com o celular (by João Paulo) |
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SENSACIONAL. Paréns !
ResponderExcluirDú Nyari.
Parabéns ! rsrs
ResponderExcluirDú Nyari
Muito bom minha amiga! Mais um destino que esta em minha lista de desejos e as suas dicas são sempre muito úteis.Abs.
ResponderExcluirExcelente! Fotos incríveis! Ótimas dicas para quem gosta de fotografar aves. Muito obrigado. Abraço. Eduardo Fernandes
ResponderExcluirAdorei as fotos e o relato, Sílvia. Obrigada por compartilhar experiência tão rica. Parabéns pelo trabalho. Simone Caldas
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