quarta-feira, 11 de maio de 2022

BA - I Encontro de observadores de aves de Jequié

Era madrugada do dia 16 novembro de 2021, eu acabara de chegar da Colômbia onde tinha ido participar da Feria de Aves de Sudamérica / South American Birdfair (post aqui) e já ia partir para uma grande aventura no Rio Grande do Sul no dia seguinte (post aqui).

Acordo pela manhã, pego e abro o celular para uma "espiadinha básica" nas redes sociais. Dou de cara com o post do amigo, até então virtual, Sidiney Vitorino (@sidineyvitorino). Ele acabara de divulgar nas redes sociais que nos dias 04 e 05 de dezembro aconteceria o I Encontro de observadores de aves de Jequié/BA

Eu não tive dúvidas, troquei umas ideias com o amigo Ronaldo Oliveira (@zoonaldo), que reside na Bahia e em seguida com o próprio Sidiney e decidi, antes mesmo de tomar café, que Jequié seria meu próximo destino após retornar do Sul. 

Eu tinha gostado muito da programação. O nível dos palestrantes e o conteúdo das palestras pareciam ser bastantes interessantes e melhor ainda, teria passarinhada em grupo. Dessa forma eu teria a oportunidade de rever alguns amigos e consolidar algumas amizades virtuais, sem falar nos novos amigos que poderiam surgir e de fato surgiram.

Disse ao Sidiney que queria muito assistir o evento e em seguida dar uma esticadinha depois para conhecer um pouco mais as aves da região. Ele adorou a ideia e disse que poderia me guiar após o evento. 

Comprei a passagem para Vitória da Conquista, cujo aeroporto era o mais próximo de Jequié. Programei a locação de um veículo para percorrer os 170 km até lá, que felizmente era asfaltado.

Parti para o Rio Grande do Sul, onde retornei dia 26 de novembro, com uma semana apenas para descansar, me organizar e embarcar de novo.

Embora tenham sido poucos dias, há muita coisa para falar dessa minha viagem à Bahia. Primeiro quero destacar que meu amor pela Bahia é antigo. Esse amor antecede as aves, começa pela culinária, passa pelas lindas praias, pela rica história e cultura e culmina com as pessoas, que são incrivelmente receptivas e carinhosas. A Bahia não é só um Estado brasileiro, ela tem cacife para ser um País, ou até mesmo outro Planeta. Ela transcende. 

Essa impressão vem desde a primeira viagem que fiz em novembro de 1993 até Porto Seguro, com minha grande amiga-irmã Elenice Furlan. Eu morava e trabalhava em Brasília. Tirava férias uma vez por ano. Tempo de usar cabelos compridos, dançar lambada, sentar num barzinho para confraternizar e tomar muita caipifruta. A câmera na época? Uma Olympus Trip de filme, hoje uma raridade que guardo com muito carinho e uso como enfeite na sala.

Porto Seguro - 1993
Fotos: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Poucos anos depois, outra inesquecível viagem também à Porto Seguro, que dei de presente de casamento aos meus pais, em 1996. Minha amiga-irmã Elenice foi junto novamente. Era a primeira vez que minha mãe entrava num avião. Eu fiquei mais emocionada do que ela. Os dois simplesmente adoraram.

Porto Seguro - 1996
Fotos: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Depois disso estive em Salvador/ Morro de São Paulo em novembro de 2000 com as amigas Elenice e a Denise Alves, amiga de Brasília. Desta vez conheci o "Pelô" e outros lugares turísticos da Capital. 

E Morro de São Paulo, quantos suspiros me provoca. Penso em voltar lá o mais rápido possível. Espero que o local ainda guarde aquela mágica que tanto me cativou. Eu levei snorkel e de vez em quando minhas amigas iam me cutucar para ver se eu estava bem, pois passava horas mergulhada olhando os peixinhos coloridos do fundo do mar.

Salvador e Morro de São Paulo - 2000
Fotos: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Vou fazer um aparte aqui. Fiquei conhecida em Morro de São Paulo por causa de um ovo. 😁😁🤣🥚Chovia muito quando acordamos no dia seguinte à nossa chegada. No café da manhã pedi um ovo cru no restaurante do hotel, fui atendida de pronto, mas a garçonete ficou curiosa. Como alguém poderia comer um ovo cru logo pela manhã - ecaaaa ...

Expliquei que eu sabia uma simpatia para parar de chover, ensinada pela minha avó materna quando eu era criança. Era uma oração para Santa Clara. Ele me entregou o ovo meia desconfiada. Com minha fé infantil quebrei o ovo numa pedra na praia e pedi à Santa Clara que nos concedesse dias de sol. 

O tempo foi melhorando, coincidência ou não 😳🤪❓ 🌞 o sol apareceu no meio da tarde, marcando presença em todos os dias que permanecemos na ilha. Diante disso, a moça contou para toda sua família e amigos na vila que o responsável pelo sol aparecer, depois de dias seguidos de chuvas intensas, era um ovo, colocado por uma moça de Brasília que estava hospedava onde ela trabalhava. 

Um dia cheguei na vila para fazer umas compritas e a vendedora que me atendeu, quando soube meu nome e hotel, deduziu que eu era "a tal" do ovo e implorou para eu contar como eu fazia a simpatia. Minhas amigas choraram de rir da cara que fiquei na hora. Eu não podia contar que eu era bruxinha e enfeitiçava até o tempo. (brincadeirinha) 🤣🤣🤣 Mas uma coisa ninguém pode negar, Santa Clara é minha madrinha e me protege até hoje das intempéries climáticas.

Nessa época o que eu gostava mesmo era de tomar sol, da água do mar, e tal qual hoje, de bater muito papo e de conhecer pessoas. Algumas coisas mudaram desde então. O sol em excesso me premiou com a necessidade de fazer uma cirurgia recentemente no nariz (um CA basocelular foi retirado com sucesso).

Mas o mais legal foi descobrir que eu já gostava de fotografar as aves desde aquela época. Tem uma foto no meu álbum de Morro de São Paulo com uns patinhos que fiz no jardim do hotel. 

Original em papel (essa é uma foto da foto)
Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Anos, muitos anos depois, eu já fotografando aves, fiz minha primeira tour pelo Nordeste em busca de aves com o grande guia Ciro Albano (@ciroalbano). A primeira expedição, em 2014, partia do Ceará, percorria todo o interior nordestino e terminava em Porto Seguro (2014). Você pode ler como foi clicando aqui.

A segunda expedição, também conduzida pelo Cirão, aconteceu em 2016. Começava em Porto Seguro e terminava em Recife. Era um roteiro novo onde fomos em busca de raridades pela costa nordestina.

A terceira foi na região de Itacaré em 2019 com o grande guia Nido Cafezeiro (@nidomacaco).

A segunda e a terceira "tour" eu nunca consegui terminar e postar. Mas uma hora consigo! 😥🙏

E finalmente veio a quarta, essa maravilhosa viagem até Jequié que você vai ler como foi dia a dia já já. Mas confesso que não vejo a hora de voltar à Bahia. Tem muita coisa e pessoas para eu conhecer ou rever.

Fotos: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Mas os relatórios das aves dessas quatro viagens no e-Bird existem! Cada um deles está recheado de listas e fotos. Você pode acessá-los ao final deste post.

 Mas vamos lá contar como foi o dia a dia dessa viagem.

03 dez 2021 - sexta-feira


Vamos começar falando um pouco de Jequié. Este município do sudoeste do estado da Bahia dista 365 km de Salvador e encontra-se na zona limítrofe entre a caatinga e a zona da mata. Sua população, conforme estimativas do IBGE de 2021, era de 156 277 habitantes. Compreende os biomas Caatinga e Mata Atlântica, com uma zona de transição conhecida como Mata de Cipó. Apresenta riqueza de espécies tanto em flora quanto em fauna. O clima predominante é o semiárido.

Depois da terrível enchente de 1914, que destruiu quase tudo em Jequié, a feira, o comércio e a cidade passaram a desenvolver-se em direção às partes mais altas. Após esta famosa enchente, Jequié ficou conhecida como a "Chicago Baiana", pois essa cidade norte-americana também foi destruída, em 1871, e teve que recomeçar quase do zero. A diferença é que Jequié acabou em água e Chicago em fogo.

Mas falando em chuvas, meu trajeto do Aeroporto de Vitória da Conquista até Jequié foi embaixo de uma pesadíssima chuva. Cheguei no final da sexta-feira e, após retirar o carro na locadora e pegar estrada, desabou um toró de dar gosto. 

Só não parei no caminho para pernoitar até mesmo dentro do carro, porque o amigo Arnon Borges (@_arnonborges), de Caatiba, após ver num grupo de passarinheiros da Bahia que eu estava indo para Jequié, me falou que estava indo também, com sua esposa e o amigo Jordalton Oliveira (@jordalton.oliveira) e que poderíamos ir "em comboio". Eu achei ótima ideia. 

Quando cheguei no aeroporto, Arnon estava me aguardando. A Lita, esposa dele tinha ido para Jequié mais cedo com Jordalton e ele ficou no aeroporto para me acompanhar até Jequié. Achou estranho isso? Isso é o jeito de ser baiano. Eles são super atenciosos, solícitos, prontos a te ajudar o tempo todo.

Eu dei muita sorte nesse dia. Tinha companhia ao meu lado, bate papo para não dar sono e alguém para me ajudar caso houvesse uma emergência. Olha, já peguei muita chuva pelas estradas do Brasil, mas nunca vi uma chuva tão pesada como a deste dia. Deu muito medo.  

Essa chuva foi só o começo de um período de grandes alagamentos no sul da Bahia e norte de Minas. O mês de dezembro de 2021 foi considerado o mais chuvoso na região dos últimos 15 anos.

Um trajeto que eu faria em menos de duas horas foi feito em mais de quatro. Fui bem devagar e com muita atenção. Tinha hora que eu não enxergava nada da estrada. Foi pesado, viu!

Tarde da noite, cheguei na cidade, deixei o Arnon no hotel dele e fui para o meu, indicado pelo Sidiney, onde a galera estava no hall me aguardando. 

De todos eles eu só conhecia pessoalmente o Allisson Cafeseiro (@allissoncafeseiro). O demais eram todos amigos virtuais. Na foto abaixo Rose Passarinho - minha querida amiga passarinha, (@rosepassarinho2018) ao lado do Allisson, Yan Jovita (@yan.jovita), Sidiney Vitorino, Ronaldo Francisco (@ronaldodfrancisco) e Ronaldo Oliveira.

Só ressaltando, como eram dois Ronaldos, ficou combinado que doravante Ronaldo Oliveira seria o R.O. e Ronaldo Francisco R.F.

Eu, Rose, Allisson, Yan, Sidiney, Ronaldo Francisco (RF) e Ronaldo Oliveira (RO)
Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Após confraternizar um pouco, Sidiney informou o que faríamos no dia seguinte, onde e que horas íamos nos encontrar. Nos despedimos e fui para o meu quarto pois estava só o pó do pó.

04 dez 2021 - sábado


Mais uma vez, mesmo sem quebrar ovos, Santa Clara me ajudou. Amanheceu sem chuva e tinha até um sol meio tímido. O ponto de encontro foi na praça na frente da linda catedral de Sto. Antônio de Pádua. Pena que o fio da rede elétrica teimou em aparecer na foto bem na frente da Catedral. Tentei tirar no photoshop, mas estava dando muito trabalho na parte mais detalhada da construção, então desisti.

Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Logo cedo encontrei meu fiel escudeiro do dia anterior, o amigo Arnon Borges e aproveitamos para fazer nossa selfie, coisa que não tivemos condições de fazer no dia anterior. Eu, Raeder e Sidiney também posamos para a selfie da Rose.

Arnon e eu
Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Foto: Arquivo pessoal Rose Passarinho

Foto: SECOM - Secretaria de Comunicação - Jequié

A ideia nessa manhã era conhecermos algumas trilhas rurais próximas. Seguimos para o Balneário Provisão onde o secretário de Cultura e Turismo Domingos Ailton e o Sidiney conversaram com todo o grupo, explicando o que faríamos e onde iríamos.

Foto: SECOM - Secretaria de Comunicação - Jequié

Éramos apenas quatro mulheres. Mas a turma era grande. Foi uma alegria enorme finalmente poder rever o mestre e querido amigo Luiz Trinchão (@luiztrinchao2), que eu conhecera no Avistar Brasília em 2017.  Olha mestre, São Desidério que me aguarde. Já está nos planos faz muito tempo. 


As "Birding Ladies": Conça, eu, Rose e Ivone
Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhare

Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

A galera toda
Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Mestre Trinchão e a turma ao fundo
Foto: Arquivo pessoal Sidiney Vitorino

Mestre Trinchão e eu procurando borboletas
Foto: Arquivo pessoal Sidiney Vitorino

Gilvan Mota, eu, Domingos Ailton e Luiz rinchão 
Foto: SECOM - Secretaria de Comunicação - Jequié

Foto: SECOM - Secretaria de Comunicação - Jequié

Eu e Domingos Ailton
Foto: SECOM - Secretaria de Comunicação - Jequié

A chuva durante a noite deixou as estradas rurais encharcadas, dificultando a caminhada do grupo e o encontro com os passarinhos, que estavam meio tímidos.

Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Mesmo assim pudemos assistir um show de um bando de guaxes (Cacicus haemorrhous) e uma subespécie do pequeno pitiguari (Cyclarhis gujanensis cearensis) que nos agraciou com sua presença.

Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

O espetáculo mesmo ficou por conta do fofíssimo joão-de-pau (Phacellodomus rufifrons), graças aos esforços do amigo Ronaldo Oliveira, um grande mestre da fotografia.

Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Embora as aves não estivessem tão cooperativas, as flores, borboletas e insetos estavam dando um verdadeiro show. E nada como ter um mestre do lado para localizar e identificar cada uma que aparecia pelo caminho. Luiz Trinchão conhece tudo sobre a natureza, ele é uma verdadeira enciclopédia ambulante.

Fotos: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Fotos: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Uma borboleta identificada como Estaladeira-Cinzenta (Hamadryas februa) se apaixonou pelo amigo Yan Jovita e eu consegui umas fotos muito bonitas dela com ele. Achei que ia dar até casamento, pois ela se negava a sair de perto dele. 🤣💚🦋

Fotos: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Ganhei até um cachinho de licuri* de um dos participantes. Na foto abaixo, fazendo registro do mesmo.

*"Espécie de palmeira da Caatinga (nome científico: Syagrus coronata) também é chamado por alicuri, aricuí, adicuri, cabeçudo, coqueiro-aracuri, coqueiro-dicuri, iricuri, oricuri, ouricurizeiro, uricuri e uricuriba. Do licuri tudo se aproveita. As folhas são utilizadas na fabricação artesanal de sacolas, chapéus, vassouras, espanadores, entre outros. A amêndoa produz um óleo utilizado na culinária, similar ao óleo de coco, sendo também considerado o melhor óleo do país para a fabricação de sabão. A amêndoa é também utilizada na fabricação de doces, como a cocada, de licores e do leite de licuri, especialidade da cozinha baiana. Os resíduos da extração do óleo da amêndoa são empregados na alimentação animal.É importante ainda observar que o licuri é um dos principais alimentos da arara-azul-de-lear, sendo considerado indispensável para a sobrevivência deste animal, endêmico da Caatinga brasileira e ameaçado de extinção." (Fonte: Cerratinga)

Foto: SECOM - Secretaria de Comunicação - Jequié
Antes de terminar a passarinhada, uma paradinha para admirar e registrar a bela paisagem.

Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Almoçamos na cidade e após um delicioso bolo e um cafezinho, lá fomos nós para a Casa da Cultura Pacífico Ribeiro, onde teríamos a abertura do evento e as palestras do dia. 

Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares


A abertura feita pelo Secretário de Cultura e Turismo Domingos Ailton, que me chamou de surpresa para falar sobre a observação de aves e o motivo de eu estar presente no evento.

Foto: SECOM - Secretaria de Comunicação - Jequié

Foto: SECOM - Secretaria de Comunicação - Jequié

O que mais aqueceu meu coração nesse dia foi poder ver as crianças encenarem a peça teatral "As guardiãs da natureza". Eu chorei até dizer chega. A direção coube à professora Lorena Geambastiane (@foradacaixaagenciaexperimental). 

É nisso que eu acredito. Educação desde a mais tenra idade. Não adianta querer educar marmanjo, principalmente os infelizes que gostam de matar seres vivos ou aprisioná-los sem qualquer propósito a não ser o de se sobressair junto aos seus iguais. 

Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Mas a emoção não parou por aí. Três grandes nomes deixaram a nossa tarde ainda mais animada.
Entre eles o querido amigo Ronaldo Oliveira contando suas aventuras para registrar aves, coisa que ele sabe fazer divinamente.

Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Paulo Barros se apresentando
Foto: SECOM - Secretaria de Comunicação - Jequié

Roberval Costa se apresentando
Foto: SECOM - Secretaria de Comunicação - Jequié

E para finalizar o dia, um show musical com uma banda local.
 
Foto: SECOM - Secretaria de Comunicação - Jequié

No final do dia, recebi um convite para tomar café com bolo na casa de um casal muito especial: Raeder e Ana Lucia Bitencourt (@anauzedabitencourt). 

Foi um encontro de pessoas super queridas, onde pude, além de experimentar deliciosos bolos feito com muito carinho pela Ana Lúcia, que é uma grande confeiteira, conhecer o Mateus Gonçalves (@mateusbird_) guia e conhecedor da flora e fauna de Poções/BA. Ele é uma referência no nosso meio. Só posso agradecer a minha fiel amiga Rose Passarinho por intermediar esse encontro.

Eu, Mateus Gonçalves, Arnon Borges, Lita, Ana Lucia, Rose Passarinho e Raeder
Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

05 dez 2021 - domingo


Domingo logo cedo lá estávamos nós na frente da Catedral para sair passarinhar de novo. A primeira selfie do dia contou com o amigo até então virtual Marcos Guirado (@marcos.guirado), Sidiney, Ronaldo Francisco e o amigo e também grande guia Nido "Macaco" Cafezeiro (@nidomacaco).

Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

O tempo estava fechado, havia chovido muito na madrugada e a gente não sabia se ia conseguir passarinhar pela manhã. 

Desta vez a gente ia subir num lugar diferente, para os lados do Bairro de Boaçu. Os participantes iam ser divididos em grupos para facilitar a passarinhada. 

Seguimos até o local e havia uma neblina muito forte. Estava difícil avistar as aves, que dirá fotografar. Mas tudo tem um jeito, principalmente quando o guia sabe como atraí-las e nisso o amigo Nido dá aula. 

Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Apesar do tempo bem fechado, a sinergia do grupo era tão grande que conseguimos fazer fotos de várias espécies dentre eles o balança-rabo-do-nordeste (Polioptila atricapilla), choca-do-nordeste (Sakesphorus cristatus), bico-virado-da-caatinga (Megaxenops parnaguae), petrim (Synallaxis frontalis), joão-de-cabeça-cinza (Cranioleuca semicinerea) e picapauzinho-pintado (Picumnus pygmaeus), conforme sequência abaixo.

Fotos: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Eu, Nido, Marcos e Ronaldo Francisco
Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Além dos passarinhos, eu fotografei muitas flores. Elas estavam emocionadas, cheia de lágrimas nas pétalas, não sei se por causa da chuva ou por conta da minha presença 🙃😊🥰🤣🤣🤣

Fotos: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Mas quem roubou a cena foram milhares de Cupim-Bate-Cabeça (Syntermes molestus) no nosso caminho. Eu nunca tinha visto, e fiquei encucada como eles passeavam com seus filhotes eclodindo no meio da estrada e nenhum passarinho vinha encher a pança. A natureza sempre surpreende.

Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Quando o tempo começou a fechar novamente, resolvemos descer e voltar para a cidade.

Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Após o almoço fomos para a Casa da Cultura para assistir as palestras do dia.


Um dos palestrantes era o mestre Luiz Trinchão. Um pouco antes dele começar a falar ganhei um lindo guia de aves de autoria dele, autografado com muito carinho. A palestra dele foi simplesmente sensacional. 

Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Aí, lá estou eu no "momento selfie" com a galera e de repente uma pessoa entra no meio fazendo uma algazarra enorme. Era a querida Kacau Oliveira (@kacau.oliveira). Kacau é para mim uma das melhores fotógrafas de aves da atualidade. Não é à toa que ela foi convidada para ministrar um mini-curso de edição de imagens de natureza.

A primeira selfie
Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Eis a criatura aparecendo bem no meio.
Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Aí ganhei aquele abraço gostoso. Eu e Kacau nos falávamos pelas redes sociais. Lembro de ter ganhado de presente dela uma camiseta entregue pelo amigo e guia Hudson em Resende no Rio de Janeiro onde ela morava antes. Pensa num ser iluminado. E depois desse abraço, mais uma selfie juntando todo mundo.

Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Allisson e eu
Foto: Arquivo pessoal Allisson Cafeseiro

Ronaldo (R.O.) e eu 
Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Yan e eu
Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Kacau, Conça Barreto e eu segurando a ave símbolo de Jequié - o gravatazeiro
Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Ivone e eu 
Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Findo o curso da Kacau, nós fomos para a calçada, onde mais fotos juntas para lembrança foram feitas.

Ana Lúcia, Raeder, eu, Mateus, Rose, Ronaldo (R.F.) e mestre Luiz Trinchão
Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Mateus e eu
Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Após o evento terminar, algumas pessoas foram embora. Saí jantar com os amigos Rose, Luiz Trinchão e Ronaldo Francisco (R.F.). Após aquele bate-papo super gostoso, a amiga Rose disse que gostaria de ir comigo, Ronaldo Francisco (RF) e mestre Trinchão também, companhias essas que só viriam a enriquecer a minha saída com o Sidiney. Então combinamos de passarinhar bem cedinho no dia seguinte.

Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Veja nesse link matéria no site da Prefeitura de Jequié sobre o evento.

06 dez 2021 - segunda-feira


Conforme falei no início, eu tinha combinado com o Sidiney que nos dois dias seguidos ao evento ele iria me guiar. "Modestos" 😆😆😆 dois "lifers" (aves nunca avistadas) preenchiam a minha lista naquela época: pintassilgo-do-nordeste (Spinus yarrellii) e apuim-de-cauda-amarela (Touit surdus).

Eu sabia que eram aves difíceis de encontrar, mas a gente não ia desistir. Íamos tentar. Em Jequié e região tem uma única foto do pintassilgo de 2012. Quanto ao apuim, o Sidiney havia visto ele em 2017. Ou seja, as chances eram mínimas, mas o que importa é passarinhar. Sempre digo, quem tem cerveja, café, amigos e passarinhos para observar tem tudo na vida.

Nosso destino era a Mata Do Cajueiro (Morro do Mara). Muito antes das 6 da manhã a gente estava na estrada.

Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Como eu disse, estávamos sendo bombardeados por chuvas, principalmente durante a madrugada. Ronaldo propôs que fôssemos no carro dele, que era um 4x4. Eu topei, e foi a minha sorte, pois as estradas rurais estavam caóticas. 

Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

A chegarmos próximos às margens de um lago, por volta das sete horas, paramos para o café. Havia bolo e café, quer melhor que isso? 

Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

No local pude registrar um tiê-caburé (Compsothraupis loricata) e uma guaracava-de-barriga-amarela (Elaenia flavogaster).

Fotos: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Depois seguimos mais um pouco e deixamos os carros e fomos a pé em uma trilha, onde um festival de flores de todas as cores nos aguardava.

Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Como eu disse, eu só tinha dois lifers na região. O Sidiney subiu tocando o playback do dificílimo apuim e não tivemos nenhuma resposta. No caminho encontramos uma formigas de correição*, para quem conhece, sabe o que significa: muitas aves vem ao chão em busca de alimentos.

* Formigas de correição, formiga-correição, tauoca, tanoca, taoca, sacassaia, saca-saia, murupeteca ou guaju-guaju é a designação comum a cerca de 200 espécies de formigas carnívoras, notórias por organizarem expedições periódicas de milhares de indivíduos. Não constroem colônias e têm um modo de vida em constante movimento. Algumas aves seguem regularmente essas expedições, aproveitando os insetos e outros pequenos animais que tentam escapar do ataque das formigas. (Fonte: Wikipedia)

Foto: Arquivo pessoal Sidiney Vitorino

E ficamos um tempo ali clicando as aves na correição. Um casal de papa-taoca-do-sul (Pyriglena leucoptera) deu o ar da graça, e a tonta aqui pensando que era a papa-taoca-da-bahia (Pyriglena atra), afinal eu estava na Bahia né? Né não! As coisas não funcionam assim na nossa avifauna. Mas concluindo: é tudo passarinho! Não importa qual! 

Foto: Arquivo pessoal Sidiney Vitorino

Um pintadinho (Drymophila squamata) e um formigueiro-assobiador (Myrmoderus loricatus) também deram as caras. Ronaldo se concentrou nesse último pois era lifer pra ele. 

O pintadinho era a subespécie (ssp) Drymophila squamata squamata, que difere da ssp do sudeste (esta eu já tinha) por possuir menos pintas na coroa. Quem sabe um dia as duas espécies se dividem eu fico com mais um lifer.

Fotos: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

"Laifando" no alto do Morro do Mara. 


E enquanto cada um de nós ficava indo e vindo na trilha em busca de se posicionar melhor para melhorar as espécies que mencionei, o Sidiney vira e fala: "tem um tangará-rajado (Machaeropterus regulus) vocalizando, vamos chamar ele?" (em linguagem passarinheira significa tocar o som produzido pela ave para tentar atrai-la). 

Eu que estava mais perto, disse: "bora!" E aí olhei pro alto para tentar vê-lo, o clarão do sol cegou meus olhos, virei de costas e olhei o lado contrário e disse, vamos tentar atrai-lo para esse lado, a luz está melhor e tem poleiros mais legais para ele pousar. (lembrando que a ave mencionada gosta de ficar no alto das copas).

E de repente vejo um movimento lá no altão, como evito binóculo quando estou com a câmera, mirei no movimento achando que era o tangará-rajado ... e... gente, gente, gente, ..., eu quase desfaleci no sentido de perder momentaneamente as forças físicas, mas sério, o que vi me fez "des-falecer", porque eu morri e voltei a vida num milésimo de segundo. 🙃🤣🤣 Eu simplesmente não acreditava no que meus olhos viam. Não podia ser! Não, não era um tangará-rajado.

Sim, eu vi um periquitinho... essa foi a primeira foto que fiz dele, sem crop.

Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Antes de sair para uma expedição costumo fazer a "lição de casa" e estudar as aves que nunca vi. Numa dessas eu reconheci o apuim na hora. Para quem não sabe eu o procuro há pelo menos sete anos. Em 2016 ele costumava descer num comedouro em Itacaré. Estive lá com o Ciro Albano e no dia choveu muito e nada. Depois em 2019 estive de novo em Itacaré e nada.

Comecei a clicar freneticamente enquanto gritava, apuim, apuim, apuim.

O Sidiney ficou doido, nem acreditava. Olhou com o binóculo chamava todos para virem ao local enquanto tentava mostrar o bichinho. 

O bicho chegou quietinho, não deu um pio e foi embora de repente. Ele chegou às 8:38:24h e foi embora às 8:38:31h (horário da minha câmera), ou seja ele ficou no galhinho durante 7 segundos. O suficiente para eu realizar meu sonho. E foi assim que "laifei" em Jequié.

apuim-de-cauda-amarela (Touit surdus)
Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

O apuim-de-cauda-amarela, de nome cintífico Touit surdus deve ser "surdo" mesmo, pois não respondeu o playback do Sidiney nenhuma vez. Brincadeirinha! Seu nome científico significa: do (tupi) tuí eté = pequeno papagaio, periquito; e do (latim) surdus = silencioso, que não faz barulho. ⇒ Pequeno papagaio que não faz barulho ou periquito silencioso. (Fonte: Wikiaves). Sim, esse nome define ele muito bem.

Veja bem, na plataforma Wikiaves foi o terceiro registro dessa espécie para o município de Jequié. Os dois primeiros foram feitos pelo Sidiney em 2017. (clique aqui para ver os três). Pena que os demais não conseguiram nenhuma foto legal. Quando eles se aproximaram, o bichinho virou de costas e e pouco depois voou.

E assim ele se foi ...
Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Só sei que comemorei muito e os amigos comigo. Olha só o sorriso da foto que o Sidiney fez de mim logo após o registro.

Foto: Arquivo pessoal Sidiney Vitorino

Abaixo galerinha comemorando comigo. Eu ainda estava sem acreditar que aquilo acontecera mesmo. Será que não fora um sonho?

Foto: Arquivo pessoal Sidiney Vitorino

Depois subimos até o topo da serra, enquanto o Sidiney ia tocando playback do apuim, pois vai que o bando estava por ali, né. Lá no topo podíamos ver a cidade ao fundo. Demos uma rodada pelo local e fizemos muitas selfies. As nuvens pareciam tocar nossas cabeças. Elas estavam disputando lugar com o sol. Ora esse vinha e as espantava dali. E logo elas voltavam e escondiam ele da gente. 

Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Foto: Arquivo pessoal Sidiney Vitorino

Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Na volta viemos olhando as copas, podia ser que o apuim ainda estivesse por alí. Nisso o Sidiney ouviu a borboletinha-baiana (Phylloscartes beckeri), que era lifer pro Ronaldo. Ele deu uma tocadinha na vocalização dela e pronto, ela veio e foi só alegria. 

Fotos: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Depois dessa retornamos à cidade e fomos almoçar. O mestre Trinchão e o Ronaldo iam pegar estrada e então nos despedimos e fomos descansar um pouco.

Após um rápido soninho, eu, Sidi e Rose seguimos para um lajedo às margens do Rio das Contas. Um local muito bonito e gostoso para relaxar. Lotado de beija-flores, mas muito ariscos, não deixavam a gente chegar perto deles de jeito nenhum. 

Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Foto: Arquivo pessoal Sidiney Vitorino

Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Foto: Arquivo pessoal Sidiney Vitorino

Mesmo não estando muito colaborativos foi um final de tarde muito show por conta do resplandecente beija-flor-vermelho (Chrysolampis mosquitus). Pudemos registrar também o cardeal-do-nordeste (Paroaria dominicana), beija-flor-tesoura (Eupetomena macroura) e besourinho-de-bico-vermelho (Chlorostilbon lucidus).

Fotos: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Foto: Arquivo pessoal Rose Passarinho

E assim mais um dia se passou. Mesmo com as emoções do dia presentes no meu cérebro, eu peguei no sono rapidamente e dormi feito anjo. Mas as emoções não acabaram ainda não.

07 dez 2021 - terça-feira


Um dos acontecimentos que mais me marcou em Jequié foi meu encontro com o gravatazeiro (Rhopornis ardesiacus). Para matar a curiosidade saiba quem é o bichinho que estou me referindo:

gravatazeiro ou papa-formiga-de-gravatá (Rhopornis ardesiacus) é uma ave endêmica da Mata de Cipó, área onde a Mata Atlântica se mistura à Caatinga, sendo uma região rica em gravatás que dá origem ao seu nome. Por possuir tons azuis-acinzentado, seu nome científico remete ao seguinte: "pássaro do arbusto de cor cinza ardósia."

Sua alimentação é baseada em uma série de invertebrados terrestres como: cupins, grilos e pequenas aranhas, que captura enquanto revira as folhas do solo (serapilheira). Ocasionalmente também procura essas presas no interior de grandes bromélias terrestres conhecidas como gravatás.

Essa espécie foi descoberta por Maximilian Alexander Philipp, o príncipe aventureiro de Wied-Neuwied, durante sua viagem pelo Brasil entre os anos de 1815 e 1817, e apresentada por ele em um livro de 1831. Não se sabe ao certo onde o príncipe encontrou o gravatazeiro, mas ao que tudo indica que foi perto de Boa Nova – que na época era chamada Boca do Mato –, enquanto seguia viagem para Salvador. 

Desde sua descoberta, a espécie nunca mais havia sido registrada por um pesquisador, até que o alemão Emil Kaempfer a encontrou em 1928. Nas décadas seguintes novos registros foram feitos, descobrindo assim o risco de extinção por destruição de habitat. Foi então que a Sociedade para Conservação das Aves do Brasil entrou com plano de conservação no ano de 2005. 
(Fonte Wikipedia e Wikiaves)

Eu já tinha visto e fotografado esse raríssimo "passarinho" em 2014 em Boa Nova/BA, mas a foto não ficou lá aquelas coisas. Dessa vez pude me fartar de observá-lo e fazer fotos lindas. 

Faltou só uma foto dele pousado na florzinha, mas ele não quis me dar essa chance. Os motivos dele? Ele quer que eu volte. 🤣🤣🤣🤣 E oxalá seu habitat seja preservado hoje e sempre. Para isso Sidiney vem lutando e conscientizando o proprietário das terras onde ele vive bem como as autoridades locais.

Ah! Se ele tivesse pousado aqui!
Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Difícil escolher a melhor foto para abrir esse momento. Vou começar com uma foto artística (🤣) - não me xingue, tá! 

Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Depois ele veio ainda tímido, analisando se valia a pena ou não me dar uma chance. Mas quando ele adquiriu confiança, e nem vou contar que a culpa disso é do Sidiney que mantém uma relação quase familiar com o "coisinho", ele se fez todo faceiro na minha frente. Posou como se fosse Sean O'Pry, o modelo mais bem pago do mundo da moda. 🤣🤣🤣🤣

O gravatazeiro se escondendo no gravatá
Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

O gravatazeiro pleno e inteiro em todo seu esplendor
Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares
 
Fotos: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Quando eu e Rose já estávamos mais do que felizes com nossas fotos, fizemos um giro pelas cercanias e conseguimos mais algumas fotos bem significativas de outras espécies como a de um tiê-caburé (Compsothraupis loricata) no mandacaru.

Foto: Arquivo pessoal Sidiney Vitorino

Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Na sequência mais bichinhos lindos que fotografamos no decorrer da manhã: corrupião (Icterus jamacaii), casaca-de-couro (Pseudoseisura cristata), suiriri-cavaleiro (Machetornis rixosa), tiê-caburé (Compsothraupis loricata), garibaldi (Chrysomus ruficapillus), anu-preto (Crotophaga ani), rolinha-roxa (Columbina talpacoti), falcão-de-coleira (Falco femoralis) rapazinho-dos-velhos (Nystalus maculatus maculatus).

Fotos: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

E para fechar a manhã com chave de ouro, não podia faltar borboletinhas nem flor.

Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

🎵🎵 A flor do desejo e do maracujá (Eu também quero beijar) 🌷👄 (música de Pepeu Gomes). Eu não quis beijar, mas apenas parar para fotografar.  😆

Maracujá-Mochila (Passiflora cincinnata)
Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Maracujá-Mochila (Passiflora cincinnata)
Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

E após o almoço a ideia era descansar e voltar no lajedo. Chegamos a ir, mas o tempo resolveu fechar e resolvemos voltar antes que a coisa ficasse feia.

Aproveitei para arrumar a mala e descansar.

08 dez 2021 - quarta-feira

Tudo pronto? Sim, prontinha, apesar do coração apertado. Tomei um cafezinho com calma junto com minha amiga Rose e me preparei para pegar estrada de volta.

Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Eu tinha um bom caminho pra fazer até o aeroporto de Vitória da Conquista, desta vez o fiz sozinha mas bem tranquilamente, o tempo estava bom e não tive contratempos. Às 17:14h, na sala de embarque eu olhei o tempo, estava feio, fiquei torcendo para não cancelarem o voo e mais uma vez Santa Clara me protegeu.

Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Às 17:21 fiz uma selfie já embarcada. Meu voo só sairia às 17:30h, no entanto decolou alguns minutos antes. Olhei paraa o horizonte, as nuvens anunciavam como elas deixariam a Bahia nos próximos dias. Embaixo de água. De doer o coração.

Duas horas e pouquinho depois eu estaria pousando em Guarulhos e mais um tempinho estaria em casa. 

Teria um novo desafio pela frente. No dia seguinte tinha uma consulta com uma dermatologista e um cirurgião do Hospital AC Camargo com vistas a retirar o mencionado CA do nariz (só uma observação, como eu já disse, ele já foi retirado com sucesso em fevereiro e já estou plenamente recuperada).

Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Já no ar.
Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Faltando pouco pra chegar em casa, fiquei admirando o entardecer sobre as nuvens. Não é sempre que a gente pode admirar uma cena dessas. 

Fotos: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

E depois de entrar, respirar, abri a mala e fui apreciar os presentes que ganhei do Sidiney e do mestre Trinchão. Fiz fotos deles e guardei. E olha eu aqui tomando um cafezinho na xícara do Encontro antes de malhar. 

Fotos: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Conclusão


O I Encontro de Observadores de Aves de Jequié com certeza foi um marco para o Município. Espero que se repita, tornando-se um diferencial para a população e exemplo para os demais municípios da Bahia e até de outros Estados. 

Na minha opinião a organização poderia ter investido uma pouco mais na logística e divulgação do mesmo. Talvez numa próxima edição possa ter a participação de alguns empresários da cidade e a formação de algumas parcerias importantes, tipo hotéis ou pousadas que possam agregar um diferencial ao observador visitante, como um café da manhã mais cedo que o normal, por exemplo.

Senti falta na abertura do Sr. Prefeito mostrando apoio ao segmento de aviturismo que só cresce no país e no mundo. No entanto, ele se fez bem representado. A presença e ações do guia Sidiney Vitorino e do Secretário de Cultura e Turismo Domingos Ailton e sua equipe abrilhantaram o evento. 

Só posso deixar os parabéns e desejar que Jequié se consolide como um grande hotspot de aves, atraindo observadores de todos os lugares do Brasil, quiçá do mundo. 

Eu me considero afortunada, além de ter conhecido muitos lugares e encontrado com pessoas incríveis, o ponto alto foi ter registrado em Jequié uma espécie de ave que eu vinha procurando há mais de 7 anos: o apuim-de-cauda-amarela. É um registro que vale por 100, pois das 1971 espécies de aves que ocorrem no Brasil, registrei em foto até hoje 1643. E cada vez está ficando mais difícil registrar alguma novidade dentro da nossa lista CBRO 2021. Se quiser conhecer meu perfil no Wikiaves e as 1643 aves que registrei clique aqui

Espero ver Jequié representada no maior evento de observação de aves do Brasil em 2023, o Avistar Brasil, que ocorre uma vez por ano em São Paulo, sempre no terceiro final de semana de maio. Conta sempre com representantes da maioria dos Estados e Municípios do País e também com vários segmentos voltados ao turismo. Este evento foi suspenso em 2020, 2021 e 2022 em face da pandemia da COVID19. 

Listas do e-Bird


Se você chegou até aqui e está se perguntando: "cadê as listas do e-Bird?

Elas estão agrupadas em relatórios de viagem - funcionalidade que a plataforma lançou recentemente.

Tour Nordeste 2014
https://ebird.org/tripreport/49000?view=checklists

Costa Nordestina 2016
https://ebird.org/tripreport/49001?view=checklists

Itacaré e Região 2019
https://ebird.org/tripreport/49003?view=checklists

I Encontro de Observação de Aves de Jequié
https://ebird.org/tripreport/48994?view=checklists

Muitíssimo obrigada a você que chegou até aqui. Pode ter certeza que eu fiquei muito feliz e torcendo para que esse post possa lhe ajudar a escolher seu próximo destino. 

Ah! Só um aviso. Amanhã dia 12/05/2022, às 20 horas no canal Instagram do amigo Sergio Leal (@sergio_leal_1) - (clique aqui), o amigo Sidiney Vitorino será entrevistado. Se não puder assistir não se preocupe, fica gravado, mas os comentários super divertidos não. Então não perca, anote aí na agenda.


E para finalizar, saiba um pouco mais de Jequié nesse vídeo do You Tube a seguir. 👇

CONHEÇA JEQUIÉ A CIDADE SOL NA BAHIA!

9 comentários:

  1. Deu pra reviver aqueles dias maravilhosos que tivemos aqui minha amiga, e bateu aquela saudade de tudo !!!!

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  2. Parabéns Silvia! Belíssimo relato do nosso encontro de Jequié. Foi um prazer imenso poder te conhecer pessoalmente e dar boas risadas. Você tem uma aura tão resplandescente, que deixaria o mais iridescente dos beija-flores acanhado. Obrigado por sua amizade!

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    1. Obrigada meu amigo querido, foi muito bom contar com a sua companhia. Que venha mais.

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  3. Delícia conhecer lugares , pessoas e passarinhar com vc Sílvia. Grande contadora de história

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    1. Duro quando o comentário vem anônimo e a gente não consegue identificar a autoria. Mesmo assim, obrigada amigo ou amiga.

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  4. Que história linda, você é incrível. Suas histórias deveriam virar um livro.
    Amei cada capitulo.
    Que venham mais histórias.


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  5. Prezadíssima Silvia Faustino Linhares. Você sempre coloca os links das matérias que cita, muito importante pois evita trabalho do leitor de ficar procurando.
    Fornece os contatos das pessoas que cita, principalmente dos profissionais que tem na atividade uma renda.
    Concordo que os baianos são incrivelmente receptivos e carinhosos, e que a Bahia transcende.
    Sensacional que você guarda como enfeite na sala a sua primeira câmera, uma Olympus Trip de filme.
    Muito interessante que Jequié fica na zona de transição entre os biomas Caatinga e Mata Atlântica, aprendi mais uma.
    Achei ótimo que você não tirou na edição o fio elétrico da frente da igreja e nem as nuvens de trás, eu também sou dessa corrente que não tira
    galho da frente de passarinho e nem o céu por trás. Risos...
    Ficaram lindos os mosaicos com as flores silvestres e as borboletas.
    Sensacional a ênfase que você dá no seu blog à criançada, mostrando fotos da peça teatral e elogiando a professora Lorena Geambastiane, que é mais uma movida
    pela paixão em ensinar. Nota 1000!
    Vou lendo seu blog caçando as poesias....
    Momento poesia - "Elas estavam emocionadas, cheia de lágrimas nas pétalas, não sei se por causa da chuva ou por conta da minha presença" - Sensacional!
    Parabéns pelo seu empenho em identificar ao máximo tudo que fotografa, por exemplo, identificou o cupim.
    A emoção que você descreve ao encontrar o apuim-de-cauda-amarela é espetacular, "o que vi me fez "des-falecer"". Parabéns!
    Muito legal o mosaico com os cactos e os beija-flores.
    "Mesmo com as emoções do dia presentes no meu cérebro, eu peguei no sono rapidamente e dormi feito anjo." Esta é uma das vantagens de ter um dia intensivo passarinhando. Risos...
    Gostei de sua comparação do gravatazeiro com o Sean O'Pry.
    Sensacional você associar as flores de maracujá à famosa música do guitarrista soteropolitano Pepeu Gomes.
    Gostei muito dos elogios que você fez ao I Encontro de Observadores de Aves de Jequié e também das sugestões para os próximos.
    Um forte abraço capixaba de Hilton - Vitória-ES

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