Era madrugada do dia 16 novembro de 2021, eu acabara de chegar da Colômbia onde tinha ido participar da Feria de Aves de Sudamérica / South American Birdfair (post aqui) e já ia partir para uma grande aventura no Rio Grande do Sul no dia seguinte (post aqui).
Acordo pela manhã, pego e abro o celular para uma "espiadinha básica" nas redes sociais. Dou de cara com o post do amigo, até então virtual, Sidiney Vitorino (@sidineyvitorino). Ele acabara de divulgar nas redes sociais que nos dias 04 e 05 de dezembro aconteceria o I Encontro de observadores de aves de Jequié/BA.

Eu não tive dúvidas, troquei umas ideias com o amigo Ronaldo Oliveira (@zoonaldo), que reside na Bahia e em seguida com o próprio Sidiney e decidi, antes mesmo de tomar café, que Jequié seria meu próximo destino após retornar do Sul.
Eu tinha gostado muito da programação. O nível dos palestrantes e o conteúdo das palestras pareciam ser bastantes interessantes e melhor ainda, teria passarinhada em grupo. Dessa forma eu teria a oportunidade de rever alguns amigos e consolidar algumas amizades virtuais, sem falar nos novos amigos que poderiam surgir e de fato surgiram.
Disse ao Sidiney que queria muito assistir o evento e em seguida dar uma esticadinha depois para conhecer um pouco mais as aves da região. Ele adorou a ideia e disse que poderia me guiar após o evento.
Comprei a passagem para Vitória da Conquista, cujo aeroporto era o mais próximo de Jequié. Programei a locação de um veículo para percorrer os 170 km até lá, que felizmente era asfaltado.
Parti para o Rio Grande do Sul, onde retornei dia 26 de novembro, com uma semana apenas para descansar, me organizar e embarcar de novo.
Embora tenham sido poucos dias, há muita coisa para falar dessa minha viagem à Bahia. Primeiro quero destacar que meu amor pela Bahia é antigo. Esse amor antecede as aves, começa pela culinária, passa pelas lindas praias, pela rica história e cultura e culmina com as pessoas, que são incrivelmente receptivas e carinhosas. A Bahia não é só um Estado brasileiro, ela tem cacife para ser um País, ou até mesmo outro Planeta. Ela transcende.
Essa impressão vem desde a primeira viagem que fiz em novembro de 1993 até Porto Seguro, com minha grande amiga-irmã Elenice Furlan. Eu morava e trabalhava em Brasília. Tirava férias uma vez por ano. Tempo de usar cabelos compridos, dançar lambada, sentar num barzinho para confraternizar e tomar muita caipifruta. A câmera na época? Uma Olympus Trip de filme, hoje uma raridade que guardo com muito carinho e uso como enfeite na sala.
Porto Seguro - 1993 Fotos: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares |
Poucos anos depois, outra inesquecível viagem também à Porto Seguro, que dei de presente de casamento aos meus pais, em 1996. Minha amiga-irmã Elenice foi junto novamente. Era a primeira vez que minha mãe entrava num avião. Eu fiquei mais emocionada do que ela. Os dois simplesmente adoraram.
Depois disso estive em Salvador/ Morro de São Paulo em novembro de 2000 com as amigas Elenice e a Denise Alves, amiga de Brasília. Desta vez conheci o "Pelô" e outros lugares turísticos da Capital.
E Morro de São Paulo, quantos suspiros me provoca. Penso em voltar lá o mais rápido possível. Espero que o local ainda guarde aquela mágica que tanto me cativou. Eu levei snorkel e de vez em quando minhas amigas iam me cutucar para ver se eu estava bem, pois passava horas mergulhada olhando os peixinhos coloridos do fundo do mar.
Salvador e Morro de São Paulo - 2000 Fotos: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares |
Vou fazer um aparte aqui. Fiquei conhecida em Morro de São Paulo por causa de um ovo. 😁😁🤣🥚Chovia muito quando acordamos no dia seguinte à nossa chegada. No café da manhã pedi um ovo cru no restaurante do hotel, fui atendida de pronto, mas a garçonete ficou curiosa. Como alguém poderia comer um ovo cru logo pela manhã - ecaaaa ...
Expliquei que eu sabia uma simpatia para parar de chover, ensinada pela minha avó materna quando eu era criança. Era uma oração para Santa Clara. Ele me entregou o ovo meia desconfiada. Com minha fé infantil quebrei o ovo numa pedra na praia e pedi à Santa Clara que nos concedesse dias de sol.
O tempo foi melhorando, coincidência ou não 😳🤪❓ 🌞 o sol apareceu no meio da tarde, marcando presença em todos os dias que permanecemos na ilha. Diante disso, a moça contou para toda sua família e amigos na vila que o responsável pelo sol aparecer, depois de dias seguidos de chuvas intensas, era um ovo, colocado por uma moça de Brasília que estava hospedava onde ela trabalhava.
Um dia cheguei na vila para fazer umas compritas e a vendedora que me atendeu, quando soube meu nome e hotel, deduziu que eu era "a tal" do ovo e implorou para eu contar como eu fazia a simpatia. Minhas amigas choraram de rir da cara que fiquei na hora. Eu não podia contar que eu era bruxinha e enfeitiçava até o tempo. (brincadeirinha) 🤣🤣🤣 Mas uma coisa ninguém pode negar, Santa Clara é minha madrinha e me protege até hoje das intempéries climáticas.
Nessa época o que eu gostava mesmo era de tomar sol, da
água do mar, e tal qual hoje, de bater muito papo e de conhecer pessoas. Algumas coisas mudaram desde então. O sol em excesso me premiou com a necessidade de fazer uma cirurgia recentemente no nariz (um CA basocelular foi retirado com sucesso).
Mas o mais legal foi descobrir que eu já gostava de fotografar as aves desde aquela época. Tem uma
foto no meu álbum de Morro de São Paulo com uns patinhos que fiz no jardim do hotel.
Original em papel (essa é uma foto da foto) Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares |
Anos, muitos anos depois, eu já fotografando aves, fiz minha primeira tour pelo Nordeste em busca de aves com o grande guia Ciro Albano (@ciroalbano). A primeira expedição, em 2014, partia do Ceará, percorria todo o interior nordestino e terminava em Porto Seguro (2014). Você pode ler como foi clicando aqui.
A segunda expedição, também conduzida pelo Cirão, aconteceu em 2016. Começava em Porto Seguro e terminava em Recife. Era um roteiro novo onde fomos em busca de raridades pela costa nordestina.
A terceira foi na região de Itacaré em 2019 com o grande guia Nido Cafezeiro (@nidomacaco).
A segunda e a terceira "tour" eu nunca consegui terminar e postar. Mas uma hora consigo! 😥🙏
E finalmente veio a quarta, essa maravilhosa viagem até Jequié que você vai ler como foi dia a dia já já. Mas confesso que não vejo a hora de voltar à Bahia. Tem muita coisa e pessoas para eu conhecer ou rever.
Fotos: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares |
Mas os relatórios das aves dessas quatro viagens no e-Bird existem! Cada um deles está recheado de listas e fotos. Você pode acessá-los ao final deste post.
03 dez 2021 - sexta-feira
Depois da terrível enchente de 1914, que destruiu quase tudo em Jequié, a feira, o comércio e a cidade passaram a desenvolver-se em direção às partes mais altas. Após esta famosa enchente, Jequié ficou conhecida como a "Chicago Baiana", pois essa cidade norte-americana também foi destruída, em 1871, e teve que recomeçar quase do zero. A diferença é que Jequié acabou em água e Chicago em fogo.
Mas falando em chuvas, meu trajeto do Aeroporto de Vitória da Conquista até Jequié foi embaixo de uma pesadíssima chuva. Cheguei no final da sexta-feira e, após retirar o carro na locadora e pegar estrada, desabou um toró de dar gosto.
Eu, Rose, Allisson, Yan, Sidiney, Ronaldo Francisco (RF) e Ronaldo Oliveira (RO) Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares |
Após confraternizar um pouco, Sidiney informou o que faríamos no dia seguinte, onde e que horas íamos nos encontrar. Nos despedimos e fui para o meu quarto pois estava só o pó do pó.
04 dez 2021 - sábado
Mais uma vez, mesmo sem quebrar ovos, Santa Clara me ajudou. Amanheceu sem chuva e tinha até um sol meio tímido. O ponto de encontro foi na praça na frente da linda catedral de Sto. Antônio de Pádua. Pena que o fio da rede elétrica teimou em aparecer na foto bem na frente da Catedral. Tentei tirar no photoshop, mas estava dando muito trabalho na parte mais detalhada da construção, então desisti.
Arnon e eu Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares |
Foto: Arquivo pessoal Rose Passarinho |
Foto: SECOM - Secretaria de Comunicação - Jequié |
A ideia nessa manhã era conhecermos algumas trilhas rurais próximas. Seguimos para o Balneário Provisão onde o secretário de Cultura e Turismo Domingos Ailton e o Sidiney conversaram com todo o grupo, explicando o que faríamos e onde iríamos.
Foto: SECOM - Secretaria de Comunicação - Jequié |
Éramos apenas quatro mulheres. Mas a turma era grande. Foi uma alegria enorme finalmente poder rever o mestre e querido amigo Luiz Trinchão (@luiztrinchao2), que eu conhecera no Avistar Brasília em 2017. Olha mestre, São Desidério que me aguarde. Já está nos planos faz muito tempo.
As "Birding Ladies": Conça, eu, Rose e Ivone Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhare |
Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares |
A galera toda Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares |
Mestre Trinchão e a turma ao fundo Foto: Arquivo pessoal Sidiney Vitorino |
Mestre Trinchão e eu procurando borboletas Foto: Arquivo pessoal Sidiney Vitorino |
Gilvan Mota, eu, Domingos Ailton e Luiz rinchão Foto: SECOM - Secretaria de Comunicação - Jequié |
Foto: SECOM - Secretaria de Comunicação - Jequié |
Eu e Domingos Ailton Foto: SECOM - Secretaria de Comunicação - Jequié |
Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares |
Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares |
Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares |
Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares |
Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares |
Embora as aves não estivessem tão cooperativas, as flores, borboletas e insetos estavam dando um verdadeiro show. E nada como ter um mestre do lado para localizar e identificar cada uma que aparecia pelo caminho. Luiz Trinchão conhece tudo sobre a natureza, ele é uma verdadeira enciclopédia ambulante.
Fotos: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares |
Fotos: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares |
Uma borboleta identificada como Estaladeira-Cinzenta (Hamadryas februa) se apaixonou pelo amigo Yan Jovita e eu consegui umas fotos muito bonitas dela com ele. Achei que ia dar até casamento, pois ela se negava a sair de perto dele. 🤣💚🦋
*"Espécie de palmeira da Caatinga (nome científico: Syagrus coronata) também é chamado por alicuri, aricuí, adicuri, cabeçudo, coqueiro-aracuri, coqueiro-dicuri, iricuri, oricuri, ouricurizeiro, uricuri e uricuriba. Do licuri tudo se aproveita. As folhas são utilizadas na fabricação artesanal de sacolas, chapéus, vassouras, espanadores, entre outros. A amêndoa produz um óleo utilizado na culinária, similar ao óleo de coco, sendo também considerado o melhor óleo do país para a fabricação de sabão. A amêndoa é também utilizada na fabricação de doces, como a cocada, de licores e do leite de licuri, especialidade da cozinha baiana. Os resíduos da extração do óleo da amêndoa são empregados na alimentação animal.É importante ainda observar que o licuri é um dos principais alimentos da arara-azul-de-lear, sendo considerado indispensável para a sobrevivência deste animal, endêmico da Caatinga brasileira e ameaçado de extinção." (Fonte: Cerratinga)
Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares |
Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares |
Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares |
Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares |
Mas a emoção não parou por aí. Três grandes nomes deixaram a nossa tarde ainda mais animada.
Entre eles o querido amigo Ronaldo Oliveira contando suas aventuras para registrar aves, coisa que ele sabe fazer divinamente.
Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares |
Paulo Barros se apresentando Foto: SECOM - Secretaria de Comunicação - Jequié |
Roberval Costa se apresentando Foto: SECOM - Secretaria de Comunicação - Jequié |
Foto: SECOM - Secretaria de Comunicação - Jequié |
Eu, Mateus Gonçalves, Arnon Borges, Lita, Ana Lucia, Rose Passarinho e Raeder Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares |
05 dez 2021 - domingo
Domingo logo cedo lá estávamos nós na frente da Catedral para sair passarinhar de novo. A primeira selfie do dia contou com o amigo até então virtual Marcos Guirado (@marcos.guirado), Sidiney, Ronaldo Francisco e o amigo e também grande guia Nido "Macaco" Cafezeiro (@nidomacaco).
Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares |
O tempo estava fechado, havia chovido muito na madrugada e a gente não sabia se ia conseguir passarinhar pela manhã.
Desta vez a gente ia subir num lugar diferente, para os lados do Bairro de Boaçu. Os participantes iam ser divididos em grupos para facilitar a passarinhada.
Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares |
Apesar do tempo bem fechado, a sinergia do grupo era tão grande que conseguimos fazer fotos de várias espécies dentre eles o balança-rabo-do-nordeste (Polioptila atricapilla), choca-do-nordeste (Sakesphorus cristatus), bico-virado-da-caatinga (Megaxenops parnaguae), petrim (Synallaxis frontalis), joão-de-cabeça-cinza (Cranioleuca semicinerea) e picapauzinho-pintado (Picumnus pygmaeus), conforme sequência abaixo.
Fotos: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares |
Além dos passarinhos, eu fotografei muitas flores. Elas estavam emocionadas, cheia de lágrimas nas pétalas, não sei se por causa da chuva ou por conta da minha presença 🙃😊🥰🤣🤣🤣
Fotos: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares |
Mas quem roubou a cena foram milhares de Cupim-Bate-Cabeça (Syntermes molestus) no nosso caminho. Eu nunca tinha visto, e fiquei encucada como eles passeavam com seus filhotes eclodindo no meio da estrada e nenhum passarinho vinha encher a pança. A natureza sempre surpreende.
Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares |
Quando o tempo começou a fechar novamente, resolvemos descer e voltar para a cidade.
Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares |
Após o almoço fomos para a Casa da Cultura para assistir as palestras do dia.
Um dos palestrantes era o mestre Luiz Trinchão. Um pouco antes dele começar a falar ganhei um lindo guia de aves de autoria dele, autografado com muito carinho. A palestra dele foi simplesmente sensacional.
Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares |
A primeira selfie Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares |
Eis a criatura aparecendo bem no meio. Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares |
Aí ganhei aquele abraço gostoso. Eu e Kacau nos falávamos pelas redes sociais. Lembro de ter ganhado de presente dela uma camiseta entregue pelo amigo e guia Hudson em Resende no Rio de Janeiro onde ela morava antes. Pensa num ser iluminado. E depois desse abraço, mais uma selfie juntando todo mundo.
Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares |
Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares |
Allisson e eu Foto: Arquivo pessoal Allisson Cafeseiro |
Ronaldo (R.O.) e eu Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares |
Kacau, Conça Barreto e eu segurando a ave símbolo de Jequié - o gravatazeiro Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares |
![]() |
Ana Lúcia, Raeder, eu, Mateus, Rose, Ronaldo (R.F.) e mestre Luiz Trinchão Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares |
Mateus e eu Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares |
Após o evento terminar, algumas pessoas foram embora. Saí jantar com os amigos Rose, Luiz Trinchão e Ronaldo Francisco (R.F.). Após aquele bate-papo super gostoso, a amiga Rose disse que gostaria de ir comigo, Ronaldo Francisco (RF) e mestre Trinchão também, companhias essas que só viriam a enriquecer a minha saída com o Sidiney. Então combinamos de passarinhar bem cedinho no dia seguinte.
06 dez 2021 - segunda-feira
Conforme falei no início, eu tinha combinado com o Sidiney que nos dois dias seguidos ao evento ele iria me guiar. "Modestos" 😆😆😆 dois "lifers" (aves nunca avistadas) preenchiam a minha lista naquela época: pintassilgo-do-nordeste (Spinus yarrellii) e apuim-de-cauda-amarela (Touit surdus).
Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares |
Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares |
No local pude registrar um tiê-caburé (Compsothraupis loricata) e uma guaracava-de-barriga-amarela (Elaenia flavogaster).
Fotos: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares |
Depois seguimos mais um pouco e deixamos os carros e fomos a pé em uma trilha, onde um festival de flores de todas as cores nos aguardava.
Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares |
Foto: Arquivo pessoal Sidiney Vitorino |
Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares |
Antes de sair para uma expedição costumo fazer a "lição de casa" e estudar as aves que nunca vi. Numa dessas eu reconheci o apuim na hora. Para quem não sabe eu o procuro há pelo menos sete anos. Em 2016 ele costumava descer num comedouro em Itacaré. Estive lá com o Ciro Albano e no dia choveu muito e nada. Depois em 2019 estive de novo em Itacaré e nada.
O Sidiney ficou doido, nem acreditava. Olhou com o binóculo chamava todos para virem ao local enquanto tentava mostrar o bichinho.
O bicho chegou quietinho, não deu um pio e foi embora de repente. Ele chegou às 8:38:24h e foi embora às 8:38:31h (horário da minha câmera), ou seja ele ficou no galhinho durante 7 segundos. O suficiente para eu realizar meu sonho. E foi assim que "laifei"
em Jequié.
apuim-de-cauda-amarela (Touit surdus) Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares |
O apuim-de-cauda-amarela, de nome cintífico Touit surdus deve ser "surdo" mesmo, pois não respondeu o playback do Sidiney nenhuma vez. Brincadeirinha! Seu nome científico significa: do (tupi) tuí eté = pequeno papagaio, periquito; e do (latim) surdus = silencioso, que não faz barulho. ⇒ Pequeno papagaio que não faz barulho ou periquito silencioso. (Fonte: Wikiaves). Sim, esse nome define ele muito bem.
Foto: Arquivo pessoal Sidiney Vitorino |
Abaixo galerinha comemorando comigo. Eu ainda estava sem acreditar que aquilo acontecera mesmo. Será que não fora um sonho?
Foto: Arquivo pessoal Sidiney Vitorino |
Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares |
Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares |
Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares |
Após um rápido soninho, eu, Sidi e Rose seguimos para um lajedo às margens do Rio das Contas. Um local muito bonito e gostoso para relaxar. Lotado de beija-flores, mas muito ariscos, não deixavam a gente chegar perto deles de jeito nenhum.
Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares |
Foto: Arquivo pessoal Sidiney Vitorino |
Fotos: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares |
Foto: Arquivo pessoal Rose Passarinho |
07 dez 2021 - terça-feira
O gravatazeiro ou papa-formiga-de-gravatá (Rhopornis ardesiacus) é uma ave endêmica da Mata de Cipó, área onde a Mata Atlântica se mistura à Caatinga, sendo uma região rica em gravatás que dá origem ao seu nome. Por possuir tons azuis-acinzentado, seu nome científico remete ao seguinte: "pássaro do arbusto de cor cinza ardósia."
Sua alimentação é baseada em uma série de invertebrados terrestres como: cupins, grilos e pequenas aranhas, que captura enquanto revira as folhas do solo (serapilheira). Ocasionalmente também procura essas presas no interior de grandes bromélias terrestres conhecidas como gravatás.
Essa espécie foi descoberta por Maximilian Alexander Philipp, o príncipe aventureiro de Wied-Neuwied, durante sua viagem pelo Brasil entre os anos de 1815 e 1817, e apresentada por ele em um livro de 1831. Não se sabe ao certo onde o príncipe encontrou o gravatazeiro, mas ao que tudo indica que foi perto de Boa Nova – que na época era chamada Boca do Mato –, enquanto seguia viagem para Salvador.
Desde sua descoberta, a espécie nunca mais havia sido registrada por um pesquisador, até que o alemão Emil Kaempfer a encontrou em 1928. Nas décadas seguintes novos registros foram feitos, descobrindo assim o risco de extinção por destruição de habitat. Foi então que a Sociedade para Conservação das Aves do Brasil entrou com plano de conservação no ano de 2005.
(Fonte Wikipedia e Wikiaves)
Eu já tinha visto e fotografado esse raríssimo "passarinho" em 2014 em Boa Nova/BA, mas a foto não ficou lá aquelas coisas. Dessa vez pude me fartar de observá-lo e fazer fotos lindas.
Faltou só uma foto dele pousado na florzinha, mas ele não quis me dar essa chance. Os motivos dele? Ele quer que eu volte. 🤣🤣🤣🤣 E oxalá seu habitat seja preservado hoje e sempre. Para isso Sidiney vem lutando e conscientizando o proprietário das terras onde ele vive bem como as autoridades locais.
Ah! Se ele tivesse pousado aqui! Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares |
Difícil escolher a melhor foto para abrir esse momento. Vou começar com uma foto artística (🤣) - não me xingue, tá!
O gravatazeiro se escondendo no gravatá Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares |
O gravatazeiro pleno e inteiro em todo seu esplendor Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares |
Fotos: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares |
Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares |
Fotos: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares |
Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares |
Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares |
🎵🎵 A flor do desejo e do maracujá (Eu também quero beijar) 🌷👄 (música de Pepeu Gomes). Eu não quis beijar, mas apenas parar para fotografar. 😆
08 dez 2021 - quarta-feira
Tudo pronto? Sim, prontinha, apesar do coração apertado. Tomei um cafezinho com calma junto com minha amiga Rose e me preparei para pegar estrada de volta.
Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares |
Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares |
Eu tinha um bom caminho pra fazer até o aeroporto de Vitória da Conquista, desta vez o fiz sozinha mas bem tranquilamente, o tempo estava bom e não tive contratempos. Às 17:14h, na sala de embarque eu olhei o tempo, estava feio, fiquei torcendo para não cancelarem o voo e mais uma vez Santa Clara me protegeu.
Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares |
Às 17:21 fiz uma selfie já embarcada. Meu voo só sairia às 17:30h, no entanto decolou alguns minutos antes. Olhei paraa o horizonte, as nuvens anunciavam como elas deixariam a Bahia nos próximos dias. Embaixo de água. De doer o coração.
Duas horas e pouquinho depois eu estaria pousando em Guarulhos e mais um tempinho estaria em casa.
Teria um novo desafio pela frente. No dia seguinte tinha uma consulta com uma dermatologista e um cirurgião do Hospital AC Camargo com vistas a retirar o mencionado CA do nariz (só uma observação, como eu já disse, ele já foi retirado com sucesso em fevereiro e já estou plenamente recuperada).
Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares |
Já no ar. Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares |
Fotos: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares |
Fotos: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares |
Conclusão
O I Encontro de Observadores de Aves de Jequié com certeza foi um marco para o Município. Espero que se repita, tornando-se um diferencial para a população e exemplo para os demais municípios da Bahia e até de outros Estados.
Senti falta na abertura do Sr. Prefeito mostrando apoio ao segmento de aviturismo que só cresce no país e no mundo. No entanto, ele se fez bem representado. A presença e ações do guia Sidiney Vitorino e do Secretário de Cultura e Turismo Domingos Ailton e sua equipe abrilhantaram o evento.
Listas do e-Bird
Se você chegou até aqui e está se perguntando: "cadê as listas do e-Bird?
Elas estão agrupadas em relatórios de viagem - funcionalidade que a plataforma lançou recentemente.
https://ebird.org/tripreport/49000?view=checklists
Costa Nordestina 2016
https://ebird.org/tripreport/49001?view=checklists
Itacaré e Região 2019
https://ebird.org/tripreport/49003?view=checklists
I Encontro de Observação de Aves de Jequié
https://ebird.org/tripreport/48994?view=checklists
E para finalizar, saiba um pouco mais de Jequié nesse vídeo do You Tube a seguir. 👇
Deu pra reviver aqueles dias maravilhosos que tivemos aqui minha amiga, e bateu aquela saudade de tudo !!!!
ResponderExcluirAssim ficará registrado para sempre, meu amigo Sidiney.
ExcluirParabéns Silvia! Belíssimo relato do nosso encontro de Jequié. Foi um prazer imenso poder te conhecer pessoalmente e dar boas risadas. Você tem uma aura tão resplandescente, que deixaria o mais iridescente dos beija-flores acanhado. Obrigado por sua amizade!
ResponderExcluirObrigada meu amigo querido, foi muito bom contar com a sua companhia. Que venha mais.
ExcluirDelícia conhecer lugares , pessoas e passarinhar com vc Sílvia. Grande contadora de história
ResponderExcluirDuro quando o comentário vem anônimo e a gente não consegue identificar a autoria. Mesmo assim, obrigada amigo ou amiga.
ExcluirQue história linda, você é incrível. Suas histórias deveriam virar um livro.
ResponderExcluirAmei cada capitulo.
Que venham mais histórias.
Kacau Oliveira, minha querida amiga, fiquei super feliz que tenha gostado.
ExcluirPrezadíssima Silvia Faustino Linhares. Você sempre coloca os links das matérias que cita, muito importante pois evita trabalho do leitor de ficar procurando.
ResponderExcluirFornece os contatos das pessoas que cita, principalmente dos profissionais que tem na atividade uma renda.
Concordo que os baianos são incrivelmente receptivos e carinhosos, e que a Bahia transcende.
Sensacional que você guarda como enfeite na sala a sua primeira câmera, uma Olympus Trip de filme.
Muito interessante que Jequié fica na zona de transição entre os biomas Caatinga e Mata Atlântica, aprendi mais uma.
Achei ótimo que você não tirou na edição o fio elétrico da frente da igreja e nem as nuvens de trás, eu também sou dessa corrente que não tira
galho da frente de passarinho e nem o céu por trás. Risos...
Ficaram lindos os mosaicos com as flores silvestres e as borboletas.
Sensacional a ênfase que você dá no seu blog à criançada, mostrando fotos da peça teatral e elogiando a professora Lorena Geambastiane, que é mais uma movida
pela paixão em ensinar. Nota 1000!
Vou lendo seu blog caçando as poesias....
Momento poesia - "Elas estavam emocionadas, cheia de lágrimas nas pétalas, não sei se por causa da chuva ou por conta da minha presença" - Sensacional!
Parabéns pelo seu empenho em identificar ao máximo tudo que fotografa, por exemplo, identificou o cupim.
A emoção que você descreve ao encontrar o apuim-de-cauda-amarela é espetacular, "o que vi me fez "des-falecer"". Parabéns!
Muito legal o mosaico com os cactos e os beija-flores.
"Mesmo com as emoções do dia presentes no meu cérebro, eu peguei no sono rapidamente e dormi feito anjo." Esta é uma das vantagens de ter um dia intensivo passarinhando. Risos...
Gostei de sua comparação do gravatazeiro com o Sean O'Pry.
Sensacional você associar as flores de maracujá à famosa música do guitarrista soteropolitano Pepeu Gomes.
Gostei muito dos elogios que você fez ao I Encontro de Observadores de Aves de Jequié e também das sugestões para os próximos.
Um forte abraço capixaba de Hilton - Vitória-ES