terça-feira, 30 de novembro de 2021

RS - Do Oiapoque ao Chui, ops, só até o Chui

Aqui estou eu concentrada, rememorando mais uma das minhas aventuras de 2021. Como eu disse no post anterior, onde relato minha experiência na Colômbia (se não leu ainda, clique aqui), tem muita emoção de 2021 para contar ainda.

Eu mal cheguei em casa, regressando da Colômbia, no dia 16/11/2021 - um voo que, entre a saída do hotel em Manizales e minha chegada em casa passaram-se mais de 21 horas - e já me vi preparando a tralha novamente, pois no dia 17 embarcaria para o Rio Grande do Sul. Meu destino? O sul do Sul. Eu pretendia varrer os pampas em busca de espécies de aves bem difíceis.

EDITANDO: E antes que a galera do Norte fique brava, sim eu sei que o ponto mais extremo ao norte do Brasil não fica no Oiapoque, mas no Monte Caburaí, no município Uiramutã, em Roraima.

Este é mais um dos meus imensos relatos. A razão disso é que cada dia desta expedição foi um capítulo à parte, com muitas histórias e acontecimentos, por isso, não se assuste com tanto conteúdo. 😁🐵🙈🙉

tachã (Chauna torquata)
Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

O bioma *pampa é um dos meus preferidos. Geralmente podemos passarinhar por lugares muito gostosos, agradáveis de fotografar, geralmente com luz mágica até o fim do dia. Desde que comecei a fotografar aves já fiz registros em 23 municípios gaúchos. Essa não foi a minha primeira expedição ao Rio Grande do Sul. Já fui passarinhar em duas oportunidades: novembro de 2014 e dezembro de 2012, conforme links abaixo.


*"Os pampas constituem uma região natural e pastoril de planícies com coxilhas cobertas por campos localizada no sul da América do Sul. Geograficamente abrange a metade meridional do estado brasileiro do Rio Grande do Sul (ocupando cerca de 63% do território do estado), o Uruguai e as províncias argentinas de Buenos Aires, La Pampa, Santa Fé, Córdoba, Entre Ríos e Corrientes. A palavra "Pampa" é de origem aimará e quéchua e significa "planície". " (Fonte: Wikipedia)


Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Eu e o guia Raphael Kurz (@avesdosul), hoje amigo do coração, vínhamos conversando sobre minha ida desde 2020 para o sul do Brasil. Eu percebia pelas redes sociais e opinião de amigos que estiveram no sul sendo conduzidos por ele, que seu trabalho vinha sendo feito com muita dedicação e amor pelas aves.

Gosto de pessoas que se dedicam com paixão ao que fazem, não tornando o trabalho apenas um bico, onde o cliente e as aves ficam em terceiro plano. 

Raphael pensava que teria muita dificuldade para me guiar, haja visto eu já ter registrado mais de 80% das espécies de aves que ocorrem no Brasil. Muito embora nas plataformas e-Bird e Wikiaves eu figure em primeiro lugar das mulheres com o maior número de aves registradas (isso tudo em foto), a ideia de quem não me conhece é que sou obstinada por lifer (espécies de aves nunca avistadas)

Ah! Quanta tolice! Há muitas coisas para se considerar no âmbito desse assunto. Fazer um Lifer é tão prazeroso como comprar um sapato novo. Geralmente é o desafio máximo do "jogo". O tempero que dá um gosto especial. É o que faz a gente decidir por um destino ou outro.

Ele tem que ser buscado com alegria, com tranquilidade. É isso que acaba dando ao encontro o mesmo sabor de se ultrapassar uma linha de chegada, ou falando como jogadora de volei que fui, é o mesmo gosto de vencer um tie-break

Para evitar a decepção caso ele não aconteça, é preciso ficar atento a tudo que tem ao redor. Durante a busca pelo lifer rola muito momento prazeroso, seja o registro de uma borboletinha, de um pequeno inseto, de um flor, de um mamífero, réptil, folha ou paisagem. E aqui estou me referindo ao prazer fotográfico e nem me estiquei para ressaltar o prazer de conhecer um lugar novo, fazer novos amigos, saborear uma nova bebida ou comida, ou seja, o prazer de viajar. Mas fim do aparte, vamos ao que interessa.

Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Após examinarmos juntos a minha lista de lifers do Estado do Rio Grande do Sul (apenas 32 espécies na época, muitas com possibilidade de serem encontradas apenas em saídas pelágicas (alto mar), até cogitada por nós, mas que acabou não rolando, sobraram quatro possíveis, todas super difíceis: pisa-n’água, narceja-de-bico-torto, joão-platino e sanã-cinza. Essas quatro eu já havia tentado em outros lugares sem ter visto sequer a sombra de alguma. Imagino como essa responsabilidade pesava nos ombros do Raphael. 

Mas no decorrer da nossa expedição ele percebeu que me guiar não seria tão difícil assim 😁😁😁, e que, além da competência dele, as nossas boas energias serviriam para atrair as aves.

Eu sou fotógrafa e a fotografia vem em primeiro lugar para mim. As espécies novas são prazerosas quando se consegue o registro delas, mas tudo isso tem que se enquadrar em duas das minhas principais exigências: meu bem estar e boas fotografias. Busco ir aonde eu tenho oportunidade de ver muitas aves, sejam elas pela primeira vez (lifer) ou apenas para fazer uma foto mais bonita que o registro anterior (melhoraifer). 

Eu viajo porque gosto, não para competir por quem faz mais lifer. Eu faço das minhas viagens momentos de competição sim, mas uma competição interna, por generosidade comigo mesma e quem está ao meu redor, onde o maior troféu é para quem recebe ou dá mais sorrisos ou bom-dia cheio de alegria. 

No blog dele ele escreve de forma simples e breve como foi me guiar no final do ano passado (clique aqui para ler). Eu não consigo escrever de forma simplificada como ele, pois me apego muito aos detalhes e às minhas próprias emoções. Acaba virando "um livro", coisa que poucos tem paciência ou mesmo tempo de ler. Mas quem consegue chegar ao final me confessa que se sentiu viajando comigo.

Gosto de me relacionar com a cidade, com as pessoas, com a cultura e culinária e mais ainda, de fazer novos amigos e rever outros. E isso exige um planejamento minucioso, pois não sou rica e não tenho dinheiro para esbanjar como muitos pensam. 

E nisso o Raphael é como eu, gosta de planejar tudo direitinho. Após trocarmos várias ideias, combinamos assim: os primeiros dias eu ficaria na Chácara Manduca Belém em Tavares, um lugar encantador e que pertence ao grande amigo Neri Costa (@neri9884).

Em Pelotas eu iria ficar numa das opções de hotel sugeridas pelo Raphael, cujo preço era bem acessível.

Mas o destino às vezes muda nossos planos. Eu tenho uma amiga querida em Pelotas, que conheci durante uma viagem à Patagônia em 2017, e que eu queria muito rever. O seu nome é Ana Teresa S. Vidal@anateresa.sv), para mim simplesmente Aninha. Ela é uma grande e talentosa artista e que eu espero ainda poder compartilhar muitas viagens e conhecimento, além de usufruir da sua amizade. 

Após eu contar pra ela que eu estava indo, ela me fez um convite irrecusável, quase uma intimação: me hospedar em seu apartamento. Mesmo eu argumentando que vida de passarinheiro é complicada, que a gente sai de madrugada e não tem hora para voltar, ela fez absoluta questão. Ela disse que eu ficaria com uma cópia da chave da casa e da portaria para ter liberdade de sair e chegar a qualquer hora. Falar o que né?

Aninha, amigos e eu a bordo do Forrest no Estreito de Magalhães em 2017
Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Mas vamos parar de blá-blá-blá e contar como foi cada dia dessa viagem espetacular aos pampas. Só um aviso: os links para as listas de aves no e-Bird estão ao final, todas recheadas com fotos das espécies que avistei.

Dia 17 de novembro - quarta-feira


Cedinho lá fui eu para o Aeroporto Internacional de São Paulo/Guarulhos, mais conhecido como Aeroporto de Cumbica. Em tempos "pandêmicos" olhar para o painel e ver seu voo confirmado nos enche de uma alegria sem tamanho. 

Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

O voo foi tranquilo e sem atrasos. Mas nesse dia nem tudo funcionou perfeitamente. Eu cheguei, desembarquei e fui retirar minhas malas na esteira. Algo corriqueiro, mas ressalte-se que sempre achei uma das esperas mais angustiantes dentro de um aeroporto. 

E eis que o que sempre temi aconteceu. Uma das minhas malas chegou (a principal) e a segunda não. Fora extraviada. E aí você perde o sorriso depois de ficar mais de 40 minutos na esteira aguardando e nada. 

Pensa tipo: mas logo comigo, caramba!!!! 💩👺🤮☠️ Um monte de palavrão vem na cabeça na hora. Dirigi-me ao balcão com a esperança que ainda pudesse ser localizada, mas nem sombra. 

Morta de fome (agora não tem nem mais saquinho de biscoitinhos nos voos) e de raiva 😡😖, registrei a ocorrência com a educada moça do balcão da Gol e fui-me embora com a promessa de que eles entrariam em contato quando localizassem minha bagagem.

Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Lá fora o Raphael, que viera a meu pedido me buscar no aeroporto, abriu um sorrisão quando me viu. Tadinho, eu estava com uma cara de "monstra" pronta a atacar o primeiro que cruzasse meu caminho e me olhasse torto. 

Ele murchou que nem balão que leva uma garfada. 🍴🎈😂😂😂😂 Hoje dou risada quando lembro, porém no dia não foi nada divertido. Mas como sempre digo, tudo na vida ou é um presente ou uma lição. E esse dia foi uma baita lição. 

Fui logo explicando para ele o ocorrido e que teria que comprar algumas coisas para poder passarinhar. Ele falou para eu ficar tranquila que ia dar tudo certo. Passamos na locadora, retirei o carro e, ainda bem que tinha o Raphael para levá-lo a Tavares, pois emocionalmente eu estava prejudicada e sem condições de pilotá-lo.

Almoçamos no caminho e já fui ficando mais calma. Chegando em Tavares, passamos na casa do Neri, que até aquele momento eu só conhecia pelas redes sociais. Ganhei um cafezinho e depois fomos numa loja e adquiri uma galocha (uma vez que minha bota e galocha estavam na "extraviada"), meias e outras coisitas necessárias. Passamos num supermercado para comprar gêneros de primeira necessidade para nossas refeições (incluindo café e cerveja).  😂🍌🍺☕😂

Fomos para a chácara do Neri, onde ficaríamos alguns dias. Ao chegar fiz reconhecimento da área e até fotografei uns passarinhos ao redor, dentre eles o doce beija-flor-dourado (Hylocharis chrysura), a subspécie de pica-pau-do-campo (Colaptes campestris campestroides), com ninho ao lado da varanda e um estiloso sabiá-poca (Turdus amaurochalinus).  

Fotos: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Graças ao jeito brincalhão do Raphael, fui ficando cada vez mais tranquila. Lanchamos e, ao som de grilos e sapos cantando no mato ao redor da casa, fomos descansar. O dia seguinte prometia.
 
Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

18 de novembro -  quinta-feira

Começaríamos nossa expedição explorando o Parque Nacional da Lagoa do Peixe. 

Este está localizado no litoral sul do estado do RS, abrangendo os municípios de Tavares (80%), Mostardas (17%) e São José do Norte (3%). A unidade foi criada através do Decreto nº 93.546, emitido em 06/11/86. Possui uma área de 36 722 ha e perímetro de 138,84 km (cálculo cartográfico). Atualmente é administrado pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).

A Lagoa do Peixe - tecnicamente uma laguna, pois tem um canal de comunicação com o mar durante a maior parte do ano - é abrigo para grandes concentrações de aves migratórias do Hemisfério Norte (no verão) e Sul (no inverno), dentre elas capororocas, flamingos, biguás, maçaricos-de-peito-vermelho, gaivotas, talha-mares, pirus-pirus, trinta-réis, maçaricos e cisnes-de-pescoço-preto. (Fonte: Wikipedia)

O parque está situado em uma extensa planície costeira arenosa, entre a Lagoa dos Patos e o Oceano Atlântico. Sua paisagem é composta por mata de restinga, banhados, campos de dunas, lagoas de água doce e salobra, além de praias e uma área marinha. (Fonte: site gov.br/icmbio)

Além de aves, também se pode registrar muitas flores, frutos e mamíferos. É um ambiente bastante rico, diferenciado e bonito. 

Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Acordamos cedo, como todo passarinheiro que se preza. Às 5:30, o Raphael já tinha preparado o café para a gente e eu estava ansiosa. Pensa num olhinho inchado de tanto dormir. Destaque abaixo para as lindas xícaras da chácara.

Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

A primeira tarefa do dia: ir à Lagoa do Peixe e em uma de suas trilhas tentar a mais difícil de todas as aves da nossa lista: sanã-cinza (Porzana spiloptera).

Passamos pela Trilha do Talhamar antes. Fomos recepcionados por um bando de cabeças-seca (Mycteria americana) e de colhereiros (Platalea ajaja). Coisa mais linda de parar e admirar.

Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Além de um colhereiro (Platalea ajaja) que ficou "pousado posando", pude registrar um curioso martim-pescador-grande (Megaceryle torquata), duas andorinhas muito fofas, andorinha-de-bando (Hirundo rustica) e andorinha-do-campo (Progne tapera), uma graciosa marreca-parda (Anas georgica) e o belo piru-piru (Haematopus palliatus). Veja as fotos na sequência no quadro abaixo.

Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Resolvemos seguir para o local onde poderíamos procurar a sanã-cinza (Porzana spiloptera), e eis que veio o primeiro susto: o carro rateou na areia e quase ficou encalhado, mas passamos. Ufa!!!

Assim que chegamos no local pude registrar um casal de cochicho (Anumbius annumbi), dragão (Pseudoleistes virescens), quero-quero (Vanellus chilensis) e sabiá-do-banhado (Embernagra platensis). 

Aí você me faz um monte de "óh! Nossa!" para apenas três deles e torce a boca para o quero-quero. Olha só, quero-quero "também é gente", digo, ave 🤪😅😅😅 e rende bonitas fotos. 

Você sabia que seu nome científico era Belonopterus Cayennesis e que legalmente (isso mesmo, por lei) é a ave-símbolo do Rio Grande do Sul? Outra curiosidade: ele tem quatro subsespécies sendo essa do sul diferente da do norte do Brasil. O do sul é quero-quero - lampronotus (Vanellus chilensis lampronotus) - vai que "splita" (quando uma subespécie vira espécie plena e você ganha mais um lifer, )


Fonte: Assembleia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul

Aproveita o momento para imortalizar o quero-quero e faça sua adesão à minha campanha #salve_um_quero_quero_da_extinção_fotográfica. 😉🙃😂 (brincadeirinha).

Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

No caminho falei pro Rapha que queria muito melhorar minha foto do boininha (Spartonoica maluroides) e ele disse: serve com florzinha? Eu respondi: ô! E olha aí que fofura de foto. Um belo melhoraifer. E você deve estar se perguntando: mas Silvia, e os lifers?

Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Calma! O primeiro lifer apareceu, no meio do matinho, quase invisível, "cor de burro quando foge" como diria meu pai, referindo-se a cor que não se consegue definir precisamente qual. 

Era o joão-platino (Asthenes hudsoni). Eu fiz umas fotos, mas sabe o que o Rapha disse? Deixa pra lá e vamos buscar a sanã, esse eu sei um ponto que dá foto muito melhor. Isso que eu chamo do supra-sumo da confiança. Mas estava registrado e pronto. Lifer is lifer!

Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Vamos à saga da sanã-cinza. A sanã-cinza (Porzana spiloptera) é uma ave muito bonitinha, de cores discretas e apagadas, rápida igual a um foguete e menor que uma caixinha de som JBL. Sério! Pensa num treco difícil de focar e segurar o foco. Nem adianta me perguntar: você usou foco contínuo? Lógico né, mas fala isso pra meu equipamento quando a bichinha passava feito bala na nossa frente.

Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Olha ela e a JBL aí.
Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Eu tive a sorte de ela aparecer logo. Mas foi oi e tchau. Pelo menos eu estava "confortavelmente" (entre aspas) sentada num tronco, sem fazer muito esforço a não ser a ponta do dedo no disparador. Pelo menos eu me realizei fazendo algumas fotinhas legais dela.

Foto: Arquivo pessoal Raphael Kurz

a dificílima sanã-cinza (Porzana spiloptera)
Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Duas novas espécies no cartão significava 50% dos lifers possíveis para se registrar na época. Aos poucos fomos deixando o local. Ainda fiz fotos bacanas da polícia-inglesa-do-sul (Leistes superciliaris), batuiruçu (Pluvialis dominica), curriqueiro (Geositta cunicularia) e maçarico-de-sobre-branco (Calidris fuscicollis).

Fotos: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

E quando vamos sair da Barra, ai ai ai, ... o nosso carro resolveu embirrar e atolar na areia fofa. Tentamos de tudo quanto é jeito, madeira, pedra, torce pra lá, torce pra cá, Rapha empurra, eu empurro e nada. Lá é realmente complicado não andar com veículo com tração 4X4. O Raphael ligou para o Neri que imediatamente se prontificou a nos socorrer.

Foto: Arquivo pessoal Raphael Kurz


Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Nisso passou um amigo do Rapha chamado Leonel, guia turístico de Mostardas, que imediatamente se prontificou a nos socorrer. Fica aqui o meu agradecimento especial ao Leonel que salvou nosso dia com sua generosidade.

Leonel nos tirando do areião
Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Enquanto Raphael e Leonel retiravam o carro do sufoco, eu aproveitei para clicar uns bichinhos na água na minha frente, entre eles alguns gaivotões (Larus dominicanus), muitas garças-branca-pequena (Egretta thula) e um bando enorme de trinta-réis-boreal (Sterna hirundo), todos buscando um cardume de peixinhos que estavam na beiradinha. Foi um verdadeiro balé aquático.

Fotos: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Retornamos à Trilha do Talha-mar onde nos encontramos com Neri que estava vindo nos resgatar. Ainda consegui fazer alguns registros por ali: carcará (Caracara plancus), piru-piru (Haematopus palliatus), andorinha-do-campo (Progne tapera), maguari (Ciconia maguari), andorinha-de-bando (Hirundo rustica) e dragão (Pseudoleistes virescens). 

Fotos: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Já recobrados do susto, acompanhamos o Neri até a casa dele em Tavares e pude conhecer sua simpática mãe, d. Nina, uma pessoa muito espirituosa e festiva.

Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Depois do almoço, nada melhor do que um merecido "sono da beleza" assim chamado o "descansinho básico" pelo pessoal do CEO - Centro de Estudos Ornitológicos, cuja finalidade era repor as energias após uma intensa manhã de passarinhada.

A manhã fora puxada, de muitas emoções e o nosso próximo alvo era dos mais traumáticos pra mim. Já o tentara à exaustão, numa cidade argentina, dentro de uma vala cheia de lixo, onde ele costumava aparecer para os amigos (menos para mim), levados pelo querido amigo guia Alejandro Olmos. Como bem disse o amigo Marco Guedes que para mim fez a melhor foto da espécie um mês antes de eu a tentar no mesmo lugar: "Esta belezinha vive num local emporcalhado, fétido, pelos humanos que a rodeiam, uma pena, peço perdão a ela em nome dos meus semelhantes."

Eu estava tensa, sabia que não seria fácil, mas essa é a parte boa da observação de aves, os momentos que antecedem um desafio. 

Neri nos acompanhou, porque o bichinho havia feito as últimas aparições dentro da sua chácara e ninguém melhor do que ele para nos ajudar. O resultado? Vai lendo...A hora chegara, mais uma saga: desta vez a da narceja-de-bico-torto (Nycticryphes semicollaris).
 
Enquanto o Raphael procurava de um lado, eu e Neri procurávamos do outro. Era um tal de anda pra lá, corre pra cá sem fim. Ela adora brincar de esconde-esconde. Não atende play-back, tem que buscar no olho e ficar atento a qualquer movimento. Qualquer pontinho escuro na vegetação podia ser ela. Imagina quantos troncos eu não cliquei pensando que era ela. 😂😂😂😂

Narceja? Nãoooooo... só um tronco!
Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Quando o Rapha a avistava, dava o aviso para ficarmos atentos. Primeiro foi um vulto (veja só onde destaquei). E aí aquele corre-corre e nada, lá se foi ela pela vasta imensidão do local. 

Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Daí você vê ela lá longe e corre pra lá, e ela sai de novo, de costas, depois só um vulto se levantando, ops, e quase deu, mas o matinho levou o foco... caramba, se a sanã era rápida, essa era muito mais. Eu me senti tentando registrar um F-22 Raptor voando em zig-zag sobre minha cabeça.

Fotos: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Ela gosta de ficar no meio dos juncos. O local é um alagado/restinga que recebe o nome de *marisma ou pântano salgado, formado pela água do mar. 

*A região de marisma baixa que fica constantemente inundada tem predominância de grama-alta macega-mol (Spartina alterniflora), já na região que inunda ocasionalmente, marisma média, ocorre o predomínio de Spartina densiflor, grama alta macega. O junco (Juncus effusus) predomina nas regiões mais altas, marisma alta, onde as inundações são pouco frequentes. (Fonte: ZonaCosteira)

A gente tinha que ficar com um olho nos movimentos dela e o outro no chão, pois não é um ambiente fácil para caminhar. Se bobear, tropeça e cai de cara no chão. E nem vou mencionar os espinhos que adoravam tirar uma casquinha dos nossos corpos. 🤪🙃🥴 Mas tudo isso em boa companhia acabava virando risos.

Foto: Arquivo pessoal Raphael Kurz

Neri e eu
Foto: Arquivo pessoal Raphael Kurz

Qualquer coisa que pulava eu já achava que era ela, mas aí era só uma tringa ou um calidris qualquer. Ah! Se fosse assim fácil.

Depois de incontáveis minutos, que pareceram horas intermináveis, finalmente uma fotinha razoável. Óbvio que eu não gostei do resultado e queria tentar de novo, mas já estava escurecendo. Então eu e o Raphael combinamos de fazer isso tudo de novo noutro dia. Ah! Meu santo! AAhhhhh!! (expressão muito usada pelo Raphael que virou "meme" nos grupos de wapp)


Fotos: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Com 75% dos nossos objetivos feitos, uma fotinha dos dois queridos juntos pra finalizar a tarde. Uma luz mágica iluminava o alagado ao nosso redor, repleto de flores. Inegavelmente, fora um dia cheio de emoções.

Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Foto: Arquivo pessoal Raphael Kurz

E para finalizar o dia, já me preparando para lanchar, o amigo Neri me chama para sair no quintal e me faz olhar para o céu. Foi o presente mais lindo que ganhei nesse dia. Poder admirar e fotografar a nossa princesa da noite toda linda no horizonte.

Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Pronto, depois disso, bora arrumar a tralha para o dia seguinte e dormir. Ah! Não esqueça: os links para as listas de aves no e-Bird estão ao final, todas recheadas com fotos das espécies que avistei durante a expedição.

19 de novembro  - sexta-feira

Nesse dia, pela manhã, seguimos até um lugar chamado Porto do Barquinho. O amigo Neri nos acompanhou. Pelo caminho fizemos muitas fotos bonitas e encontramos muitas aves legais. 

Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

No quadro abaixo você pode ver um pouco das aves que encontramos pelo caminho: garibaldi (Chrysomus ruficapillus), andorinha-do-campo (Progne tapera), capororoca (Coscoroba coscoroba), marreca-caneleira (Dendrocygna bicolor), cardeal (Paroaria coronata), noivinha (Xolmis irupero), andorinha-de-sobre-branco (Tachycineta leucorrhoa), balança-rabo-de-máscara (Polioptila dumicola), saracuruçu (Aramides ypecaha), bem-te-vi (Pitangus sulphuratus), tesourinha (Tyrannus savana savana) e polícia-inglesa-do-sul (Leistes superciliaris).

Fotos: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

O destaque ficou mesmo para o mais lindo dos pequeninos: papa-piri (Tachuris rubrigastra). Aliás não foi um apenas, foram dois indivíduos.

Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Um Teiú-Gigante (Salvator merianae) e uma tartaruga Tigre-d'Água (Trachemys dorbigni) acenaram para mim e pediram que eu fizesse foto deles. Abaixo, atendendo a pedidos.

Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Aí, busca um galhinho para colocar o celular e fazer uma selfie do trio. Vai daqui, vai dali, e conseguimos alinhar. E não é que ficamos bonitos!

Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

E assim terminamos nossa manhã. Após o descanso básico, um café, nos preparamos para ir para as Trilhas de novo em busca do lifer faltante: o pisa-n'água (Phalaropus tricolor), uma ave que procuro faz um tempão também. O Estado que mais tem foto dele é o Rio Grande do Sul. 

Para aliviar um pouco a tensão, saindo da Chácara, pedi pra descer do carro e ir andando um pedaço. Aproveitei para fazer uma selfie no local extremamente relaxante. Um bálsamo para os olhos e para os pulmões.

Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Nessas alturas, quando eu nem lembrava mais da minha bagagem extraviada, recebo uma ligação  avisando que ela havia sido encontrada e que levariam até mim. Ufa! Pedi que deixassem na casa do Neri, na cidade. No caminho, passamos lá para buscá-la e aproveitamos para comer um docinho e tomar um revigorante café.

Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

O tal pisa-n'água é uma ave migratória e que passa pelo Brasil apenas em determinadas épocas e locais. Geralmente aparece pelo Rio Grande do Sul em novembro. O duro é achá-la. Procuramos em tudo quanto é canto, olhando todos os lugares possíveis. 

O pisa-n'água (Phalaropus tricolor) é uma ave migratória visitante do hemisfério norte. Normalmente, não pousa perto da água do mar, preferindo poças e lagoas costeiras que apresentam pouca quantidade de sal. Possui de 18 a 23 cm de comprimento. Apresenta distinção na plumagem conforme a época do ano, apresentando padrão de descanso quando está no Brasil. Bico preto fino. Cinza claro por cima, faixa escura atrás do olho, branco na parte superior e inferior da face, e pernas amarelas. Na época de reprodução, a fêmea torna-se colorida com coroa cinza, máscara e faixa no pescoço pretas, lateral do papo castanha, dorso cinza com faixas castanhas, pernas pretas. O macho é mais apagado. Em voo, asas uniformes, rabadilha branca e cauda cinza. Menor e mais branco que o maçarico-de-perna-amarela (Tringa flavipes). (Fonte: Wikiaves)

Imagem: site birdsofbolivia.org

Se tinha outros passarinhos pelo caminho? Um bocadinho deles, veja abaixo o tanto de biguá (Nannopterum brasilianum). Antes que você radicalize e venha com história que biguá não é passarinho, é ave, eu já adianto, vai cuidar dos teus passarinhos e deixa os meus, tá? (brincadeirinha) 😂😂😂😂 

Só esclarecendo, eu gosto de chamar todas as aves de passarinhos, mesmo sabendo que no Brasil não é a forma correta. Mas nessa forma que escolhi até o Google Tradutor corrobora comigo. É tudo Bird e pronto! 🤣🤣🤣🤣
 
Google Tradutor

Mas voltando aos biguás (Nannopterum brasilianum), eu só lembro de ter visto tantos assim uma vez na Represa Billings em São Paulo quando fazia o Censo Neotropical de Aves Aquáticas realizado anualmente pelo CEO - Centro de Estudos Ornitológicos. Era impressionante.

Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Continuando nossa busca, pelo caminho fizemos novos amigos. Um casal de colombianos, Angie Paola Penagos e Diego Esquivel, que são responsáveis pelo Projeto Corujas da Mata Atlântica (@corujasdamataatlantica). Muito legal esse trabalho deles. Depois de uma foto para lembrança, um pouco de papo e troca de perfil no Instagram (foi-se o tempo que trocávamos cartões de visita 😂😂😂😂), seguimos nosso caminho.

Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Eu aproveitei para dar uma olhada da ponte e ver se avistava algum bichinho legal ou o famigerado pisa-n'água. Aí o Rapha pediu para eu fazer uma pose ... e ... afff, acho que com essa elegância toda já posso desfilar na SPFW - São Paulo Fashion Week. 😁😁😁😁

Foto: Arquivo pessoal Raphael Kurz

E falando no pisa-n'água, toda ave branquinha que eu via eu já cutucava o Rapha e dizia: - Uiaaaaa, acho que vi um pisa-n'água...

Foto: Arquivo pessoal Raphael Kurz

E o Rapha espiava com o binóculo o sujeito que eu apontava e dizia: Que nada! É só um batuiruçu (Pluvialis dominica), ou então é só um maçarico-acanelado (Calidris subruficollis). Pior, apenas um maçarico-de-perna-amarela (Tringa flavipes) ou então um maçarico-de-sobre-branco (Calidris fuscicollis). 

Pior que as "elenias" - (Elaenia, de acordo com o Wikiaves é um gênero da subfamília Elaeniinae da família Tyrannidae da ordem dos Passeriformes. Esse é um dos gêneros de maior dificuldade para identificação).

Ah! Meu santo!!!!! 🙃😂😂 Mas que a gente se divertia, não resta dúvida nenhuma, afinal, como sempre digo ante esse tipo de frustração: "É só passarinho!" (Isso significa dizer que não é algo que deva nos tirar o humor ou nos deixar chateados). 

Enquanto caminhávamos, eu aproveitava para ensinar ao Rapha, o principal princípio da fotografia: a luz, tema por qual sou apaixonada. Como aprendi, a palavra Fotografia vem do grego φῶς [fós] ("luz") e γραφίς [grafis] ("instrumento para escrever, gravar, desenhar ou pintar") ou γραφή [grafé] (“escrita”), e significa "desenhar com luz e contraste". (conceito extraído da Wikipédia).

batuiruçu, maçarico-acanelado, 
maçarico-de-perna-amarela
 e maçarico-de-sobre-branco 

Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Mas era sempre um olho na água e outro no céu, pois sempre passava muita coisa legal por sobre nossas cabeças. Veja que lindas essas gaivotas-de-cabeça-cinza (Chroicocephalus cirrocephalus), esse cisne-de-pescoço-preto (Cygnus melancoryphus), os dois talha-mar (Rynchops niger) e a gaivota-maria-velha (Chroicocephalus maculipennis). Não são de encher os olhos?

Fotos: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

E quando a gente não via nada na água ou no ar, no matinho escondido sempre tinha um olho nos observando. E esse abaixo estava tão pertinho que deu até pra fazer um close. Com vocês o temido, perigoso, terrível vigia local, que "taca o terror" onde passa. Abaixo em detalhe, o famoso olho vermelho, injetado de sangue, da ave-símbolo do RS, o quero-quero (Vanellus chilensis lampronotus). 🤣🤣🤣🤣

Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

E nas cercas e mourões onde passávamos sempre tinha um bichinho para encantar. Eu pedia na hora para parar e poder fazer uma bonita foto. Veja só que lindo esse suiriri (Tyrannus melancholicus) e essa andorinha-de-sobre-branco (Tachycineta leucorrhoa). 

Fotos: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Mas o mais gostoso era a paz que esses lugares proporcionavam. Ficar aguardando o sol começar a se por para poder fazer fotos de quadro não tem preço. Em tempos de usar máscara o tempo todo e ficar respirando com dificuldade, poder andar com o nariz livre, sem medo de ser feliz, era realmente um grande presente.

Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Nada como o guia ser fotógrafo, vc diz como quer uma foto sua com o sol por trás e ele vai lá e te atende. E ainda fica melhor que a encomenda. Lógico que o charme da modelo ajuda, né? 🤣🤣🤣

Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares by Raphael Kurz

Então a nossa mais poderosa estrela, nosso rei máximo, o sol mostrou todo seu esplendor, enchendo meu pensamento com poesia e agradecimentos por manter a minha vida e a de todo o Sistema ao seu redor. Acho que ando assistindo Star Trek demais. 🖖🤣🖖🤣🖖🤣

Mas falo sério, olhar o sol se pondo coloca brilho nos meus olhos, ilumina o meu sorriso e faz renascer a crença em mim mesma e na humanidade. Junto com ele, brilha o desejo e a esperança de um mundo melhor. 

Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

A natureza foi tão gentil comigo, que no meio dos seus tons dourados ao entardecer, uma tachã (Chauna torquata) surgiu para dar mais beleza à cena ainda. Ela estava no lugar certo e na hora certa. E eu também.

Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

20 de novembro - sábado


Nesse sábado, passamos a maior parte do dia andando pelas trilhas da Lagoa do Peixe. Não conseguimos entrar na Barra pois estava intransitável. Acho que nem 4x4 conseguiria transitar por lá.

Mesmo assim, nos arredores, consegui fazer fotos lindíssimas tanto na parte seca, como na água. Destaque para três espécies de Anthus, mas nada a ver com anta não. 🤣🤣🤣🤣 São aves cujo primeiro nome científico é esse e pertencem à família Motacillidae.

São chamados de caminheiros, cujas cores das penas ajudam com que eles se camuflem perfeitamente ao ambiente. Apenas pequenos detalhes mostram as características de um ou de outro. 

Se não fosse o Raphael dizer quem era quem, eu dizia que eram apenas passarinhos "cor de burro quando foge". São eles o caminheiro-zumbidor (Anthus chii), caminheiro-de-espora (Anthus correndera) e caminheiro-de-barriga-acanelada (Anthus hellmayri).

Além deles ainda pude registrar:  caraúna (Plegadis chihi), dragão (Pseudoleistes virescens), garça-vaqueira (Bubulcus ibis), um filhotinho de quero-quero (Vanellus chilensis) e polícia-inglesa-do-sul (Leistes superciliaris) e o mais legal é que teve corujinhas, que eu curto de paixão: coruja-buraqueira (Athene cunicularia).

Fotos: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Mas o que eu mais amei no dia foi fazer fotos das aves aquáticas. Em particular o trinta-réis-de-coroa-branca (Sterna trudeaui). Pensa num bicho bonito, elegante, posudo e muito diferente dos seus primos. Realmente deu foto de quadro. Ainda estou em dúvida de qual dessas quatro irei colocar na parede.

Fotos: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Outras aves também deram show e desfilaram para nossas lentes: gaivota-maria-velha (Chroicocephalus maculipennis), piru-piru (Haematopus palliatus), maçarico-de-bico-virado (Limosa haemastica) e trinta-réis-pequeno (Sternula superciliaris).

Fotos: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Mas no meio do caminho havia um Leão-Marinho-da-Patagônia (Otaria byronia). Ele deve ter se perdido no caminho e ficado sem forças. Espero que ele tenha conseguido se recuperar e retornado ao seu lar.

Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

No fim da tarde saímos para tentar melhorar a narceja-de-bico-torto (Nycticryphes semicollaris). Até deu uma melhoradinha. Mas ainda não é o que eu esperava dela, por isso, só por isso, vou ter que voltar ao sul 😁😁😁😁. O Rapha buscou ela por todo canto, mas como você já leu antes, esse é um bicho dos mais difíceis de registrar.  


Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

E para terminar o dia, destaque para uns bichinhos que nos rodeavam: pica-pau-do-campo (Colaptes campestris), beija-flor-dourado (Hylocharis chrysura), maguari (Ciconia maguari), chimango (Milvago chimango), joão-pobre (Serpophaga nigricans) e andorinha-morena (Alopochelidon fucata), entre outros.

Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

21 de novembro - domingo

Local
O domingo trouxe muito sol. Ele já estava no horizonte quando tomamos café às 5:55h da manhã. O calor prometia ficar insuportável e então era melhor sair bem cedo. Tomara que viessem também muitos passarinhos.

Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Pela Trilha do Talha-Mar, fui clicando tudo ao meu redor. No quadro abaixo veja na sequência: colhereiro (Platalea ajaja), dragão (Pseudoleistes virescens), cabeça-seca (Mycteria americana), maçarico-de-colete (Calidris melanotos), maçarico-de-perna-amarela (Tringa flavipes), pernilongo-de-costas-brancas (Himantopus mexicanus), quero-quero (Vanellus chilensis), batuiruçu (Pluvialis dominica) e garça-branca-grande (Ardea alba).

Fotos: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Depois fomos fazer uma visita muito especial. Finalmente eu iria poder conhecer pessoalmente o famoso Eloir Antonio Rodrigues da Silva (@eloir_das_aves). 

Numa das minhas idas ao sul eu fui até sua casa, todavia ele estava viajando. Na época fui atendida por sua filha que disse não ter autorização para vender nenhuma das peças das vitrines. 

Eloir e eu
Foto: Arquivo pessoal Raphael Kurz

E quem é o Eloir? Como ele mesmo diz: artista autodidata (réplicas de aves), condutor de observação de aves na região do Parque Nacional da Lagoa do Peixe e ativista ambiental. Uma pessoa ímpar, talentosa e muito simpática.

É muito difícil você não se encantar com as centenas de miniaturas esculpidas por suas hábeis mãos. E mais difícil ainda é ele se desfazer de alguma, por mais que você lhe peça de joelhos e queira lhe pagar uma fortuna. 

Você tem que encomendar se quiser alguma. O problema é o amor imediatista. Você vê, se apaixona e já quer levar com você. Mas ele deixou, pelo menos eu fazer fotinho das três espécies que foram lifer pra mim até então.

Fotos: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Raphael, Eloir e eu
Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Depois de muita choradeira, implorando pra trazer na bagagem junto comigo, ele deixou que eu adquirisse três peças bem pequeninas: (flamingo (10 cm) e as outras duas, caraúna e narceja-de-bico-torto (5cm), uma delas meu suado lifer.

Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Depois retornamos à chácara para preparar o almoço de despedida e arrumar as coisas para seguir nosso caminho. Enquanto o Rapha fazia nosso almoço, eu me sentei na varanda para relaxar um pouco, aguardando nossos convidados. E lógico, enquanto isso rolou uma geladinha, que o Rapha me levou assim que tirou do congelador. 

Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Nossos amigos Neri e d. Nina vieram almoçar com a gente e se despedir. Neri trouxe a sobremesa, ô coisa boa aquele pudim. Ainda bem que fiz a foto antes, pois não sobrou nadinha pra contar história. 

Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Em seguida partimos para Pelotas, onde Aninha me esperava com um lanchinho e pasme, meu refrigerante preferido: Paso de los Toros - sabor pomelo.

Para quem não sabe o que é isso, vou explicar com textos pesquisados no Google: O pomelo (Citrus maxima), também chamada laranja-natal ou cimbo, é uma fruta cítrica, de uma árvore da família Rutaceae com 5 a 8 m de altura, que vegeta e produz satisfatoriamente em regiões das mais variadas condições ecológicas.  É uma antiga espécie selvagem, e ao contrário de muitos outros citrinos, o pomelo não é um híbrido. Nativa do Sudeste Asiático, incluindo a Malásia, os frutos podem ser consumidos ao natural, prestando-se para a industrialização, de onde resultam diferentes produtos, como sucos, óleos essenciais, refrigerante e pectina. Esta é a maior das frutas cítricas, e pode pesar até entre um e dois quilos. (Fonte: Wikipedia)

Paso de los Toros é uma linha de refrigerantes de origem uruguaia. O nome comercial "Paso de los Toros" vem da cidade uruguaia que tem o mesmo nome, onde a bebida foi originalmente desenvolvida e comercializada pela primeira vez em 1926. Em breve completará 100 anos.
 
Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Ainda fiz uma visita nesta noite. E como disse o Raphael: "Hoje foi dia da observadora de aves com maior número de espécies registradas no Brasil conhecer a futura observadora com maior número de espécies!" Sim, fui até a casa do Raphael conhecer sua esposa Amanda e a pequena Martina, uma criaturinha super meiga e mega inteligente. Que haja muitas espécies de aves no planeta para ela observar de agora até o futuro. 

Foto: Arquivo pessoal Raphael Kurz

22 de novembro - segunda-feira


Na manhã de segunda-feira, eu e o Raphael fizemos um longo percurso pelos hotspots da cidade de Rio Grande, cidade vizinha de Pelotas. Comecei o dia com um pardalzinho. Ele estava tomando seu café da manhã pousado num mourão e eu aproveitei. Geralmente só tenho ele em postos de gasolina quando faço red-ball-lifer (ponto vermelho no mapinha do Wikiaves marcando a cidade).

pardal (Passer domesticus)
Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Passeamos muito de carro pela praia do Cassino. É um lugar muito amplo, com muitas aves aquáticas, a única tristeza era ver lixo humano, como copos e garrafas descartáveis espalhados por suas areias junto com as aves. 

Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Quando mapeamos meus lifers, eu e Rapha combinamos de buscar melhorar fotos de muitas espécies. Entre eles um, cujas fotos feitas em 2014 e 2015 não me agradaram. E prontamente ele me levou num lugar onde sabia que o show estaria garantido. 

Nesse dia o danadinho fez pose para minhas lentes. Ele era todo caras e bicos 🤣🤣🤣🤣. É um passarinho de nome engraçado, até hoje me pergunto porque foi batizado assim no Brasil. Com vocês, abaixo, o Furnariidae tio-tio (Phacellodomus striaticollis). 

Tive a curiosidade de ver como era em algumas outras línguas e olha só: em espanhol se diz Espinero pechimoteado​, em francês é Synallaxe rousselé e em inglês Freckle-breasted Thornbird.

Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

O dia estava lindo e foi um festival de foto bonita. Uma das fotos que mais gostei de fazer foram duas gaivotas juntas de espécies diferentes, mostrando um pouco de suas diferenças, embora sejam bem similares: gaivota-de-cabeça-cinza (Chroicocephalus cirrocephalus) e gaivota-maria-velha (Chroicocephalus maculipennis).

Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Bacana era minha imaginação correndo solta. Eu ficava pensando o que as gaivotas conversavam com a garcinha que ali estava toda atenta, tipo: você vem sempre aqui? E ela levantando delicadamente o pezinho, respondia: não, só quando tem uns peixinhos saborosos e eu estou com fome. E em seguida dava aquela chacoalhadinha nas penas que imitavam cabelos compridos. ah! Silvia, vai arrumar o que fazer, ou melhor, o que escrever. 🤣🤣🤣🤣 

Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

E nosso caminho estava recheado de aves, tanto que eu já nem me lembrava mais que estávamos em busca do pisa n'água. O sabiá-do-banhado (Embernagra platensis) não quis chegar muito perto, já um jovem chupim (Molothrus bonariensis) e tesourinha (Tyrannus savana) fizeram pose. 

Os pernudos garça-branca-pequena (Egretta thula), cabeça-seca (Mycteria americana) e garça-moura (Ardea cocoi) fizeram questão de sair bem na foto. E o baixinhos trinta-réis-boreal (Sterna hirundo), trinta-réis-de-coroa-branca (Sterna trudeaui) e trinta-réis-pequeno (Sternula superciliaris) não fizeram feio - capricharam na pose.

Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Nas proximidades havia uma convenção de gaivotões (Larus dominicanus). Não sei o que confabulavam, mas acredito que comentavam que ser observados por fotógrafos não tinha graça nenhuma, pois sequer recebiam cachê por isso (em peixe, lógico).

Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

E para fazer inveja aos gaivotões, um chimango (Milvago chimango) devorava sozinho sua enorme refeição. E quem começou a ficar com fome fui eu.

Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Diante disso, o Raphael me levou almoçar na Ilha da Torotama, onde um casal de amigos dele faz um almoço caseiro, simples e bem saboroso. 

Torotama é uma ilha situada na Lagoa dos Patos, no município de Rio Grande/RS. Esse nome estranho tem origem no tupi guarani: local habitado pelos tatus canastras e não no Japão, como parece a princípio.

É um lugar para se caminhar sem pressa, onde as conversas se arrastam como as redes dos pescadores que ali habitam. Sim, a maioria dos habitantes da comunidade é de pescadores.

Caio e sua esposa, após ver que a gente devorou o almoço até não poder mais, gentilmente ofereceram um de seus chalés de aluguel, que estava vazio, para podermos tirar um cochilo. 

O visual da varanda do chalé era lindo. Depois de dormir um pouco eu fiquei só apreciando a quantidade de barquinhos pequenos que havia por ali. Minha amiga Leila Florêncio (@leilaflorencio), de Natal/RN ia adorar esse cenário. Ela é uma exímia fotógrafa e suas primorosas fotos de embarcações são sua marca registrada. 

Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Depois do cochilo e do cafezinho restaurador, saímos em busca de penosinhos para fotografar. Uma bela e elegante maguari (Ciconia maguari) olhou e piscou para minha lente. Para mim ela é a cegonha mais bela do Brasil.

Para quem não sabe, em 1953, no município de Pedras de Fogo, na Paraíba, foi fundada a fábrica de bebidas Maguary. Conta-se que o nome “Maguary” é originário de um pássaro da região nordeste. Eu imagino que seja ela, mas por incrível que pareça, no site Wikiaves não há registro de maguari na Paraíba. Inclusive há pouquíssimos registros dela no nosso lindo Nordeste. Eu ainda prefiro o seu nome pantaneiro que é tabuiaiá, a meu ver combina mais com ela.

Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares
  
Chegara a hora de ir atrás de melhorar a foto do joão-platino (Asthenes hudsoni). Seguimos até o local, mas apesar de já ser quase 16 horas, o sol ainda estava alto. Deu pra melhorar bastante, mas teria sido melhor se tivesse uma nuvenzinha no céu, pelo menos uma filtrando a luz do sol. A fotometria estava muito difícil com o sol forte e as sombras duras. Mas o bichinho estava bem tranquilo de fotografar.

Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

No final do dia fomos agraciados com um casal de chimango (Milvago chimango) voando sobre nossas cabeças. Eles são bem comuns no Sul. Existem duas subespécies reconhecidas na América do Sul. 
  • Milvago chimango chimango (Vieillot, 1816) - ocorre nas florestas do sul do Brasil e do Paraguai até a região central da Argentina e do Chile;
  • Milvago chimango temucoensis (W. L. Sclater, 1918) - ocorre do sul do Chile e da Argentina até a Terra do Fogo no Cabo Horn.
O primeiro (clique aqui) que eu fotografei na vida, em 2010, foi na Terra do Fogo. Nessa época eu não era fotógrafa de aves e não entendia nada do assunto. O guia chileno da expedição me disse que o nome da ave era Tiuque

Só tempos depois descobri que Tiuque era um dos nomes do Chimango ou Ximango, também chamado de Caracara chimango ou Chiuque. No Chile também se diz, na forma coloquial, que tiuque é uma pessoa mal intencionada e astuta. Sei de nada, mas que são bonitos são, confira na foto abaixo.

Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Daí fomos pra outro lugar que tinha muitas andorinhas, centenas delas. No local estava acontecendo uma verdadeira festança de andorinhas de várias espécies. Eu me impressionei com a quantidade de andorinhas-do-barranco (Riparia riparia). E pensar que comecei a observar aves em 2011 e só em 2018 consegui clicar minha primeira "riparia". 

andorinhas-do-barranco (Riparia riparia)
Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Além das "riparias" tinha bandos de andorinha-do-campo (Progne tapera) e muitas andorinhas-de-bando (Hirundo rustica) e no meio dessas últimas, o Rapha descobriu uma única andorinha-de-dorso-acanelado (Petrochelidon pyrrhonota), que foi lifer pro município. Na sequência abaixo, de bando, do campo, do barranco e de dorso-acanelado.

Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Ali pertinho mesmo, a gente ainda conseguiu uns passarinhos bem fofinhos: quem-te-vestiu (Poospiza nigrorufa), alegrinho (Serpophaga subcristata), tesourinha (Tyrannus savana), e tinha até um príncipe (Pyrocephalus rubinus), se era encantado não sei, mas sua beleza me encantou com certeza.

Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

A nuvem que eu queria tanto no joão-platino, finalmente deu as caras. Mas já na hora de irmos embora, deixando o céu no final do dia com aspecto surreal, de quadro.

Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

23 de novembro - terça-feira


Desde o início eu combinei com o Raphael que ir fazer um pontinho vermelho na divisa do Brasil com o Uruguai. No dia combinado para fazer um bate-e-volta até o *Chui ou Chuy (pronuncia-se Tchuí), convidei a Aninha pra ir junto e ela adorou a ideia.

*O Chuí é um município brasileiro do estado do Rio Grande do Sul, localizado no extremo sul do Brasil. É a cidade mais meridional do país, fazendo fronteira conurbada com a cidade do Chuy, no Uruguai. Possui uma população de 6.320 habitantes constituída por brasileiros, uruguaios e árabes palestinos (estes últimos muito ligados ao comércio). A cidade está situada a 525 km de Porto Alegre e 347 km de Montevidéu, capital do Uruguai.

O Chuí é separado do Chuy apenas por uma longa avenida com um canteiro central. No lado brasileiro, a avenida leva o nome de Avenida Uruguai, e, no lado uruguaio, a mesma leva o nome de Avenida Brasil. No Chuy, são famosos os free shops, que atraem brasileiros e uruguaios a fim de consumir os produtos livres de impostos. (Fonte: Wikipedia)

Abaixo um pedaço do mapa (IBGE) mostrando o Chui (verde), Santa Vitória do Palmar - RS (rosa), Rio Grande (cor de pêssego), Pelotas (azul).


Pouco antes das 7 horas da manhã já estávamos a caminho. Faltava pouco para chegar na Estação Ecológica do Taim (63 km) e um montão para chegar no Chui (220 km), nossos dois objetivos nesse dia.

Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Mas pelo caminho, fomos parando e conhecendo lugares super legais. Na foto abaixo, uma paradinha básica para necessidades não menos básicas (xixi-café). O lugar chama-se Praia da Capilha. 

A Praia da Capilha ganhou esse nome devido à capela de Nossa Senhora da Conceição, que fica em um ponto de destaque do vilarejo. O nome deriva do espanhol "capilla". A capela tem mais de 200 anos e quando passamos, estava em restauração e toda cercada por tapumes.

Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Foto: Arquivo pessoal Ana Teresa

Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Andamos mais uns vinte e poucos quilômetros e paramos no acostamento, já em pleno território da ESEC Taim e fomos fazer alguns registros super bacanas.

Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Foto: Arquivo pessoal Ana Teresa

Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

* A Estação Ecológica do Taim (ESEC Taim) é uma unidade de conservação de proteção integral da natureza localizada no sul do estado do Rio Grande do Sul, com aproximadamente 30% de seu território estando no município de Rio Grande e 70% no de Santa Vitória do Palmar.

A Estação está situada numa estreita faixa de terra entre o Oceano Atlântico e a Lagoa Mirim. A planície costeira do Rio Grande do Sul apresenta áreas de grande expressão no contexto ambiental do extremo sul do Brasil, originadas pelos avanços e recuos do mar. Os banhados do Taim apresentam diversificados ecossistemas e estão representados por praias lagunares e marinhas, lagoas, pântanos, campos, cordões e campos de dunas. É, assim, uma das principais estações ecológicas do Rio Grande do Sul e um dos principais ecossistemas do Brasil.  O acesso à Estação Ecológica do Taim se faz pela da BR-471, rodovia que atravessa longitudinalmente a área.

Há anos, propostas de ampliação da reserva - dos atuais 10.938,58 hectares para quase 33 mil - são colocadas em discussão. Técnicos e profissionais da área da biologia alegam que a ampliação da estação ecológica já é um consenso, mas a ação enfrenta dificuldade com os proprietários de terra e produtores rurais, receosos por causa das possíveis desapropriações.
(Fonte: Wikipedia)

E tinha muito bichinho legal para registrar, olha aí os destaques: garça-branca-grande (Ardea alba), carcará (Caracara plancus), tachã (Chauna torquata), rolinha-picuí (Columbina picui), capororoca (Coscoroba coscoroba), garça-branca-pequena (Egretta thula), gaivota-de-cabeça-cinza (Chroicocephalus cirrocephalus) e muito biguá (Nannopterum brasilianum) para variar.

Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

E para deixar a gente feliz, ainda havia um lindo jacaré-do-papo-amarelo (Caiman latirostris) no mínimo pensando: "qual dessas aves vou escolher para o almoço hoje?"😂🐊😂🐊😂🐊😂

Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Chegamos em Santa Vitória do Palmar e fomos direto para a Praia do Hermenegildo. Esta praia é a maior do mundo em extensão territorial. Suas areias se juntam às da praia do Cassino, que pertence a Rio Grande, formando o que se chama de "a praia mais extensa do mundo", dos molhes da Barra do Rio Grande até a Barra do arroio Chuí, totalizando uns 230 km. 

Visitar esse local foi muito especial para a gente. O pai da Aninha, Sr. Francisco Dias da Costa Vidal, falecido em março de 2016, escreveu e publicou um livro, com a ajuda dos filhos chamado "Vamos ao Hemenegildo?" Por acaso este livro foi um dos presentes que ganhei da Aninha, mas poder conhecer esse lugar que inspirou o Sr. Francisco teve um sabor muito especial.

Abaixo texto extraído do blog O Planeta Soto Vidal.

"Suas crônicas nos conduzem a um encontro de múltiplas facetas: num canto do mundo, onde dois países se tocam, onde a natureza não marca fronteiras políticas e as pessoas de ambos países se misturam, se conhecem mutuamente e fazem amizades duradouras, muitas das vozes da rica personalidade do autor também se coadunam. Este livro é, portanto, um convite a um encontro marcado que espera pelo leitor: Vamos ao Hermenegildo? "

Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

E óbvio que não podia faltar uma selfie especial de nós três no Deck da Iemanjá na Praia do Hermenegildo.

Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

E finalmente, meu desejo foi realizado, chegamos no Chui. E sabe quem me deu a honra de ser registrado ali? Um bebê pardal (Passer domesticus).

Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Seguimos até a Barra do Chuí que fica no município de Santa Vitória do Palmar - RS. O limite entre as cidades do Chui ("quadrado" vermelho) e Santa Vitória do Palmar é muito tênue. Você se desloca um pouco e quando percebe entrou em um município e saiu no outro. E pior, pode até mudar de país sem perceber, apenas um canal que liga a Lagoa Mirim ao Oceano Atlântico separa as duas barras. Veja os dois prints abaixo que fiz a partir do Google Maps mostrando como é.

Município do Chui

a divisa dos dois países

Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Abaixo, um pouco da Barra do Chuí (do lado brasileiro), onde conhecemos um casal super simpático de uruguaios. Infelizmente trocamos "perfis no Instagram" e eu não me recordo mais os nomes deles. Mas as praias são lindas e dava vontade de explorar mais, todavia não havia muito tempo disponível.

Foto: Arquivo pessoal Raphael Kurz

Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Atravessamos a fronteira e fomos em busca de passarinhos na Barra del Chuy, no Departamento de Rocha, no Uruguai. 

Foi um festival de fotos bonitas e ver a Aninha ali observando e registrando aves como uma verdadeira passarinheira, me deu um orgulho danado. Como eu disse, nosso tempo era curto, mas mesmo nesse curto espaço de tempo, fiz fotos lindas do sabiá-do-banhado (Embernagra platensis), chupim (Molothrus bonariensis), tio-tio (Phacellodomus striaticollis), andorinha-do-campo (Progne tapera), choca-de-chapéu-vermelho (Thamnophilus ruficapillus) e gaivotão (Larus dominicanus).

Fotos: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Resolvemos almoçar do lado uruguaio. Escolhemos no "olhômetro" o Tango Café e Restaurante. É lógico que tinha refrigerante de pomelo Paso de los Toros. A confraternização nossa foi deliciosa. Havia uma sinergia simplesmente indescritível entre a gente. Em que pese o cansaço de tantos dias intensos, eu estava querendo só isso mesmo, sentar e aproveitar a companhia dos amigos. Para que mais, né? 

E óbvio que depois disso fomos olhar as lojas dos dois lados. Eu, pelo menos, não encontrei nada do meu interesse. Acho que hoje minha fase é outra, meus hábitos de consumo são um pouco diferente do que já foram um dia.
 
Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Pegamos caminho de volta e já no Taim, Raphael parou para a gente conhecer uma antiga amiga dele: a linda e charmosa viuvinha-de-óculos (Hymenops perspicillatus). Engraçado falar assim, porque era um macho de viuvínha  😂😂😂😂.

Rendeu fotos de quadro e Aninha ficou super feliz por registrar ave tão linda. Só lembrando, essa ave é uma das mais desejadas para fotografar no Rio Grande do Sul pelos observadores de aves.

Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

a fêmea e o macho
Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Foto: Arquivo pessoal Ana Teresa

Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Momento histórico: Aninha fotografando a viuvinha-de-óculos
Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Chegamos em Pelotas quase 7 horas da noite, cansados mas felizes. E ainda tivemos a chance de clicar um lindo trem passando sobre a ponte férrea do Canal de São Gonçalo.

Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

24 de novembro - quarta-feira


O dia 24 foi um dia muito especial, tão especial quanto o anterior. Mas foi diferente, foi dia de fazer lifers de amigos.

O Raphael conversou comigo o que eu achava de um amigo nos acompanhar na passarinhada. Quando eu soube quem era, não tive dúvidas em responder sim, lógico. O amigo Fabiano Souto Rosa (@vbirds_2021), que eu só conhecia pelas redes sociais, iria nos acompanhar até o Banhado do Maçarico, lugar muito apreciado pelos observadores de aves. E o Raphael conhece bem a área e as aves por ali. 

Eu já havia estado lá em 2014 com o grande guia Adrian Rupp em busca de Caboclinhos (leia mais aqui). Nesse local fiz o primeiro dos dez caboclinhos da viagem com o Adrian, onde ele havia programado nove, sendo que o décimo veio de brinde.

Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

A ideia principal era registrar o estorninho (Sturnus vulgaris) em solo brasileiro, uma vez que muito antes dessa espécie ser incorporada à lista brasileira eu havia clicado com o amigo e guia Alejandro Olmos em La Alianza, Departamento de Flores no Uruguai.

Com calma e curtindo a manhã, aos poucos os passarinhos foram aparecendo. Rolaram lindas espécies como a curicaca-real (Theristicus caerulescens), saracura-do-banhado (Pardirallus sanguinolentus), caboclinho-de-papo-branco (Sporophila palustris), andorinha-de-sobre-branco (Tachycineta leucorrhoa), chimango (Milvago chimango), colhereiro (Platalea ajaja), caraúna (Plegadis chihi) e maguari (Ciconia maguari). 


Fotos: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Não demorou muito e conseguimos avistar o estorninho (Sturnus vulgaris). Ele estava bem no alto levando comida para o ninho. Foi só ficar atenta e aguardar quando ele saia e voltava, sempre com comidinha na boca. Não foi uma foto dos sonhos, mas o momento foi incrível.
 
estorninho (Sturnus vulgaris)
Fotos: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Também pude melhorar a foto da noivinha-de-rabo-preto (Heteroxolmis dominicana), uma linda e arredia ave, das mais difíceis de fotometrar.

Fotos: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Mas quem se saiu melhor na foto foi o joão-da-palha (Limnornis curvirostris). Foto de quadro com certeza, como eu digo, uma "Instaphoto". Ele estava inspirado e me inspirou com certeza. Pode olhar no meu perfil no Instagram (@silviafaustinolinhares) ou no Wikiaves

Fotos: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Eu tinha dito para o Rapha que minha foto do arredio-de-papo-manchado (Limnoctites sulphuriferus) tinha sido feita no Uruguai e que eu queria uma no Brasil. E aí o Rapha fez a magiquinha dele e pimba! O bichinho veio na minha frente, no limpo e com florzinha e tudo.

Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

E a noite foi melhor ainda. Foi dia de confraternização, ocasião tão esperada por todos nós e organizada pelo Raphael. A ideia era reunir os passarinheiros amigos de Pelotas e região. Difícil resumir um momento como esse em poucas palavras.

Nesse dia participaram, além de mim e da Aninha, o Raphael com a família (Amanda e Martina), a Marcia Coitinho Souza, Isabel Timm, Claudio Timm, Adriana Larrondo, José Dornelles, Luis Augusto, Joice Soares com sua filha, Laudelino Moura e Hamilton Ludtke de Moraes. Foi uma noite de muita conversa, muitas apresentações e música gaúcha de primeira. 

Senti falta do amigo Caio Belleza, de Bagé, que queria muito conhecer pessoalmente, mas que, infelizmente. por razões alheias a nossa vontade, não pode vir se encontrar com a gente em Pelotas. 

Fotos: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Fotos: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

25 de novembro  - quinta-feira


Raphael vinha me buscar para irmos para Porto Alegre de carro (infelizmente quando comprei passagens para o Sul, a Gol não tinha reativado os voos para Pelotas). 

Logo que passei pela mesa, tinha um bilhete da Aninha, super carinhoso. Lágrimas encheram meus olhos e quase não consigo tomar o café. Desci com minha bagagem e aguardei o Raphael chegar para pegar estrada. 

Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

E lá fomos nós, com a sensação de missão cumprida. Eu e Raphael nos tornamos mais que cliente e guia, nos tornamos amigos, de contar coisas um pro outro e rir muito das nossas palhaçadas e brincadeiras. Ah! Meu santo! Ahhhh!!!!

Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Mas "pera", ainda tem história pra contar. No caminho teve muita emoção. Na altura de Mostardas, encontramos dois cardeais (Paroaria coronata). Foi um momento muito especial, pois embora os cardeais não sejam difíceis no sul, um cardeal com mutação genética é algo raro. 

Fotos: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Seguimos nosso caminho e um temporal chegou e de forma bem assustadora. O vento forte parecia querer jogar nosso carro para fora da pista. Minha sorte é que o Rapha tem os braços mais fortes que os meus e segurou a parada numa boa. 

Ele nunca havia passado por situação como essa, mas eu sim, no Mato Grosso do Sul. Eu sabia que só tinha um jeito, ir com calma, devagar e com muita atenção. E assim fizemos até devolver o carro na locadora. Eu fui para um hotel perto do aeroporto e ele para a Rodoviária pegar um ônibus de volta para Pelotas. A hora da despedida é a mais chata de todas.

Temporal

26 de novembro  - sexta-feira


Acordei e tomei café tarde, o hotel estava lotado de pessoas com camisas do Flamengo, acredito que algo a ver com a Taça Libertadores. Não sei se eram torcedores ou faziam parte da equipe. 

Fui para o aeroporto e do lado do meu embarque havia uma árvore de Natal, e foi aí que eu me toquei que faltava menos de um mês para as festas natalinas. Embarquei sem problemas e algumas horas depois eu estava em São Paulo, no Uber indo para casa. Desta vez minha bagagem chegou direitinho e eu não via a hora de chegar em casa e desarrumar as malas e descarregar as fotos. 

Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Ao chegar a primeira coisa que fiz foi olhar os presentes que eu ganhei. Foi um mimo aqui, uma coisinha lá, e dessa forma meu coração e minha casa foram se enchendo de alegrias com os presentes que recebi em terras gaúchas. 

Desde um quadro feito por uma grande amiga e artista (Ana Teresa SV , a Aninha), um livro escrito pelo seu pai, um café especial que ela me presenteou, tomado neste momento na xícara que ganhei da outra querida amiga Márcia Coitinho, rodeado com figuras de passarinhos para animar. 

E por fim as garrafinhas do meu refri preferido que ganhei do Raphael Kurz, o pomelo, que animaram  meus dias enquanto eu tratava as quase nove mil fotos das aves e lugares por onde ele me conduziu nos pampas gaúchos. 

Fotos: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Me deu tanta saudades do refrigerante que acabei procurando na internet para comprar. E sabe o que achei? Cerveja de pomelo. Estilo fruitbier, com coloração dourada, boa formação e persistência de espuma. Aroma e sabores delicado e rico em notas cítricas provenientes da adição de suco natural de pomelo. Possui corpo leve, boa carbonatação, amargor baixo e final adocicado. É feita em Campo Bom, Rio Grande do Sul Brasil. Gostei mesmo foi da tal harmonização: doces brancos como beijinho, pudim de leite e chocolate branco.

Foto: Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Então, pra finalizar assista no vídeo abaixo como se faz para atrair passarinho no Rio Grande do Sul. Tem que rebolar muito, né, Rapha? 

A minha sorte é que eu nem preciso disso para os passarinhos aparecerem.

Mas para você ir treinando vai vendo como o Rapha ensinou o amigo dele Gilvan ou será que foi ao contrário? 😂😂😂😂💃🕺🎶🎵

Dancinha para atrair passarinho
Arquivo pessoal Raphael Kurz

Conforme prometido, para acessar os links com as listas de aves no e-Bird recheadas com fotos das espécies que avistei, basta clicar aqui 📌

E assim terminou meu mês de novembro de 2021, cheio de felicidade e muita coisa para relembrar. Só tenho a agradecer a todos que de uma forma ou outra, fizeram dessa expedição dias marcantes na minha vida. Escrever tudo isso, recordar cada momento me fez pensar num quadrinho que o amigo Dinho Leme compartilhou outro dia no Facebook. É um diálogo entre Charles Brown e Snoopy:

“ - Um dia, nós vamos morrer Snoopy!
- Sim, mas todos os outros dias, a gente vai viver.”

desconheço autoria

Ei espera só mais um pouquinho!!!!

Adivinha aonde eu vou estar em novembro de 2022? Que tal me encontrar lá em Tavares? Bora? Obrigada minha amiga Roséli Azi Nascimento, (@roseli_azi_consultora) pelas informações e convite, com certeza eu e o Raphael estaremos presentes.

Festival de Aves Migratórias de Tavares/SP
@parnalagoadopeixe

*
*
*
*

5 comentários:

  1. Eu sempre gostei de escrever, mas sempre amei ler e ler esse relato me deu uma saudade... Uma saudade das aves, das nossas conversas e uma saudade imensa de ti! Obrigado por escrever e me fazer lembrar tão bem desses dias super legais que tivemos juntos!

    Obrigado pela excelente companhia e espero que em breve possamos nos encontrar de novo!!!

    ResponderExcluir
  2. O Raphael Kurz atingiu um grau de profissionalismo muito alto, pensa em todos os detalhes, achei muito legal o adesivo que ele grudou na porta do carro.

    Gostei da reverência que você faz ao Oiapoque (AP), assim como existe o presidente de honra de uma escola de samba, Oiapoque é um ponto extremo de honra e ficará para sempre na história, mesmo sabendo que já foi "ultrapassado". O mesmo vale para o charmoso Terraço do Edifício Itália em São Paulo que já foi ultrapassado como o prédio mais alto, mas continua tendo o seu glamour.

    Legal a informação que a luz nos pampas é muito show para fotografia.

    "Raphael pensava que teria muita dificuldade para me guiar," - Levar você para passear (guiar) assusta, afinal você tem alguns "zilhões" de registros, mas depois de ler sua descrição do que é fazer um lifer, mudei meu pensamento. Sua descrição do que é fazer um lifer "Ele tem que ser buscado com alegria, com tranquilidade. É isso que acaba dando ao encontro o mesmo sabor de se ultrapassar uma linha de chegada, ou falando como jogadora de vôlei que fui, é o mesmo gosto de vencer um tie-break."
    Nota 1000! Parabéns!

    Parabéns pela pesquisa que descreve a Lagoa do Peixe.

    Sensacionais as fotos da recepção do bando de cabeças-secas e dos colhereiros na Lagoa do Peixe e do enorme bando de biguás, não fica nada a dever para o Pantanal.

    Sensacional a foto da Lei 7.418 que institui o quero-quero como ave símbolo do Rio Grande do Sul. Notei que você não economizou nas fotos do quero-quero, fez muitas, contei 4 (quatro).

    Gostei da foto do carro sendo puxado pelo Leonel, amigo do Raphael, do atoleiro de areia, isto mostra os percalços de uma passarinhada.

    Muito legal você citar as frases marcantes dos seus amigos, como a do Marco Guedes. Eu também já tive uma frase minha citada por você num relato e te confesso que me senti lisonjeado.

    Eu fico impressionando como você enche de poesia as suas narrativas, eu fico até perdido, mas isto me faz ler, reler, duas e até três vezes, cada vez com um olhar diferente, ora rebuscando a ciência, ora observando e ora admirando o encanto da poesia.
    "Então a nossa mais poderosa estrela, nosso rei máximo, o sol mostrou todo seu esplendor, enchendo meu pensamento com poesia e agradecimentos por manter a minha vida e a de todo o Sistema ao seu redor."

    Gostei da foto da tartaruga-tigre-d´água (Trachemys dorbigni) em seu ambiente natural. Aqui no Espirito Santo tem, mas é soltura.

    Legal a ilustração do pisa-n'água mostrando as fases reprodutivas e você citando o nome do ilustrador Carl Christian Tofte.

    Épico o encontro com o leão-marinho-da-patagônia, um super parabéns!

    Adorei sua foto com a Martina. Cara de inteligente mesmo. Parabéns ao Raphael.

    Gostei de você citar que a enorme biodiversidade do Taim é originada pelos avanços e recuos do mar.

    Sensacional a sua frase evolutiva sobre compras : "Eu, pelo menos, não encontrei nada do meu interesse. Acho que hoje minha fase é outra, meus hábitos de consumo são um pouco diferente do que já foram um dia."

    A dancinha para atrair passarinhos do Raphael resume exatamente como foi essa viagem, alegria do começo ao fim. Parabéns! Até a próxima...

    Saudações capixabas de Hilton Monteiro Cristovão, Vitória-ES.

    ResponderExcluir
  3. Silvia... há poucos dias vc deu a dica de um bom livro pra se ler - 1499 - O Brasil Antes de Cabral - , que já estou lendo (quase na metade). E agora eu leio este seu relato um tanto quanto "mágico" de sua viagem e "passarinhada" nesta bela e fértil região ao sul do Rio Grande do Sul. E que leitura gostosa! Nem pude parar e deixar pela metade, tal o prazer que me causou. Vc escreve bem e se quiser pode transformar seus textos do blog num belo livro. Portanto, grato pela dica do outro livro e grato por compartilhar aqui a sua experiência e belas fotos. Através de sua história foi possível ver (e gostar) do Raphael Kurz, a quem espero um dia conhecer pessoalmente e, quem sabe, ter a sorte de ver e fotografar também graças a ele, as diversas aves que vc mostrou aqui - e que pra mim, a maior parte seria LIFER. Mas, isso é o de menos... realmente as boas companhias, o lugar, o passeio com um todo, é que de fato conta. Obrigado por compartilhar. E que muitas e muitas outras aventuras lhe aconteçam e cheguem até nós por sua gostosa maneira de escrever. Um GRANDE abraço.

    ResponderExcluir

Obrigada por visitar meu Bloguinho!