Outubro de 2021
Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares |
Em julho de 2021, o meu querido amigo Marco Cruz (@marco_cruz_bw) havia ficado de me levar ver a saudade-de-asa-cinza (Lipaugus conditus) no Rio de Janeiro. Combinamos uma data, mas infelizmente descobrimos depois que estava prevista uma grande e perigosa frente fria, e por isso resolvemos adiar "sine die" (sem fixar uma data futura).
Chegando lá, a cidade também veio a sofrer com a frente fria. Foi um revertério. Só para se ter ideia, durante a tarde, quando chegamos em Dourado, estava 33 graus. À noite o tempo mudou.
Na manhã seguinte saímos passarinhar com 2 graus. Sim, isso mesmo. Um frio e uma chuva de doer os ossos. A tal frente fria havia chegado no Sudeste todo.
A temperatura externa registrada pelo carro do Marco Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares |
Olhe nas fotos abaixo, primeiro um sol e um dia quente, e no dia seguinte, frio de doer as orelhas e chuva.
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No fim do primeiro dia, quando jantávamos, o Cal perguntou se eu não gostaria de ir ver uma bicho especial, o B i c - u d o (escrito assim para evitar pesquisas de pessoas do mal) no MT.
Falei que gostaria muito. Que era um sonho. E havia outras espécies que eu gostaria muito de fazer na região além dele.
Ele sugeriu esticarmos até
Rondônia para registrar um pequeno pica-pau que faltava na minha Bird life
list *. Ele se referia ao picapauzinho-fusco (Picumnus fuscus).
Uma Bird life list ou "lista de vida de observação de aves" é uma lista de todas as aves que um observador já registrou. Muitos observadores são extremamente dedicados e buscam alocar tempo e recursos apenas para manter sua lista em constante crescimento.
Os observadores de aves mantêm Bird life list por muitas
razões. Essas são provavelmente as 5 principais:
1 - Quando se considera que existem aproximadamente 12.000 espécies de aves no mundo - 1971 apenas no Brasil - poder registrar uma ainda não
vista é muito importante (ela é chamada de lifer e vai passar a integrar sua
life list).
2 - É uma importante ferramenta de manutenção de registros, pois ajuda a acompanhar e priorizar o que se deseja registrar e onde é preciso ir para adicionar mais espécies a ela.
3 - A life list é um meio para relembrar as aventuras de observação de aves. A primeira vez que se vê uma espécie é normalmente um momento único, uma experiência que jamais será esquecida, especialmente quando se trata de uma espécie particularmente rara ou difícil.
4 - Ciência cidadã - Os observadores de aves são criaturas sociais que adoram compartilhar informações para que uma lista de vida também possa ser usada como base para os cientistas debaterem identificações, discutirem determinadas espécies, bem como compartilhar informações baseadas em localização sobre onde e quando viram uma espécie específica.
5 - Por fim, e essa não é a minha praia, mas muitos observadores de aves têm uma tendência competitiva e usam o número de pássaros em sua lista como meio de competir com outros observadores e mostrar sua experiência e dedicação ao seu hobby. São conhecidos como Twitchers.
Eu mantenho minhas life-list em duas plataformas: e-Bird e Wikiaves. Mas tem uma outra, que comecei a pouco tempo, onde posto plantas, mamíferos, insetos, répteis e etc, menos aves, por enquanto, que é o iNaturalist.
Voltando ao assunto: a ideia inicial era chegar de avião em Cuiabá e de lá irmos "subindo o mapa" de carro. O meu amigo Marco disse que adoraria fazer esse roteiro comigo, mas estaria impossibilitado na data que o Cal tinha disponível.
Eu tinha ideia de fazer esse roteiro com minha amiga Jeanne Martins (@jeannem.n) e pretendia consultá-la.
O Cal, que morre de medo de andar de avião, sugeriu convidar um amigo nosso que manifestara vontade de voltar na região e poderia ir com seu carro 4x4 saindo de São Paulo e assim evitaria o transtorno de voar até lá.
Eu estava muito cansada do intenso dia de passarinhada para refletir sobre a proposta com calma e antes que o plano fosse desenhado no meu cérebro, o Cal já havia contatado esse amigo em comum e ele havia topado fazer essa viagem de carro com a gente.
Eu sequer tinha noção das distâncias envolvidas, mas concordei, visto que tratava-se de um amigo muito querido: o Climério Brito (@climeriobrito).
Durante os dias seguintes, nós três combinamos pelo whatsapp alguns detalhes. Entre eles, eu disse que gostaria de convidar a minha amiga Jeanne para ir junto. Ambos concordaram. Infelizmente ela tinha compromissos e não poderia nos acompanhar.
Faltando bem pouco tempo para nossa ida, o Climério disse que não mais poderíamos ir com o seu carro. Perguntou se poderíamos ir no meu e respondi que preferia não fazer isso uma vez que o "Rubinho" (Ruber Ramphocelus) não é 4x4.
Voltamos à estaca zero. De última hora comprei passagens de avião, já combinando de ficar um tempo a mais com minha amiga Jeanne para fazermos outros passeios.
Dia 13 de Outubro de 2021 - quarta-feira
A viagem do Cal de ônibus ia demorar umas 20 horas. Climério e eu fomos no mesmo voo para
Cuiabá. Chegando lá saímos almoçar na beira do Rio Cuiabá, num lugar que o
Climério escolheu por indicação da moça da locadora.
Uma excelente comida e próximo onde a minha amiga Jeanne teve uma chácara, onde passei vários momentos deliciosos no passado.
Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares |
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Depois nós buscamos o Cal na Rodoviária e seguimos para a casa da Jeanne na Chapada dos Guimarães, onde dormiríamos duas noites antes de seguir em frente.
Eu, Cal e Climério Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares |
Nesse dia, fiz a primeira listinha da viagem. Só um joão-de-barro e uma garcinha nas dependências do restaurante.
e-Bird - Veja aqui o link para as listas no e-Bird ou no Wikiaves em busca avançada, disponível para usuários contribuintes
Dia 14 de Outubro de 2021 - quinta-feira
Logo pela manhã, às 5:31h, estávamos tomando café na confortável e panorâmica cozinha da Jeanne.
Foto by Mario Frienlander Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares |
Foto by Mario Frienlander Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares |
Em seguida saímos passarinhar no quintal da Jeanne e arredores.
Consegui fazer fotos lindas da papa-taoca-do-pantanal (Pyriglena maura) - macho e fêmea - que era "lifer" para mim, do caburé (Glaucidium brasilianum), que faz seu ninho no quintal, próximo ao portão e também do papa-lagarta-de-euler (Coccyzus euleri) entre outros.
Este último eu fizera pela primeira vez ali no quintal da Jeanne em 2018.
Consegui fazer fotos lindas da papa-taoca-do-pantanal (Pyriglena maura) - macho e fêmea - que era "lifer" para mim, do caburé (Glaucidium brasilianum), que faz seu ninho no quintal, próximo ao portão e também do papa-lagarta-de-euler (Coccyzus euleri) entre outros.
Este último eu fizera pela primeira vez ali no quintal da Jeanne em 2018.
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Depois fomos ao Vale da Benção, onde o Climério também fez um lifer: o tico-tico-de-costas-cinza (Arremon polionotus).
Eu ainda consegui bonitas fotos do ferreirinho-de-cara-parda (Poecilotriccus latirostris).
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Retornamos por volta das 10:00h e a Jeanne fez um delicioso refresco de manjericão para mim, com direito a florzinha e tudo mais.
Além de delicioso, o manjericão é excelente para a saúde.
"O manjericão é uma erva aromática rica em óleos essenciais, como geraniol, eugenol e linalol, além de ter ótimas quantidades de taninos, saponinas e flavonoides, com propriedades antiespasmódica, digestiva, diurética, sedativa e antioxidante, que ajudam a prevenir e combater problemas de saúde, como gripes, pressão alta, infarto ou insônia." (fonte: site tuasaude.com)
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Depois de descansar, passarinhamos mais um pouquinho e em seguida, fomos preparar tudo para sair cedo no dia seguinte.
Dia 15 de Outubro de 2021 - sexta-feira
Partimos bem cedinho para Vila Bela de
Santíssima Trindade. Embora essa cidade fique a mais de 700 km da Chapada dos
Guimarães, chegamos na hora do almoço, uma vez que o Climério tem pé bem pesadinho,
diferente de mim que ando sempre muito devagar e penso duas ou mais vezes antes de ultrapassar um caminhão.
Saímos passarinhar após o almoço. Fotografamos muitos bichos "colorídeos" antes de avistar nosso principal "target".
Na região fizemos tudo que foi proposto. Os bichos não foram fáceis, mas Cal com seu conhecimento e talento sempre nos colocou frente a frente com as aves sonhadas, inclusive o sonhado B ic "u" do, já bem na divisa com a Bolívia.
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Vimos muitas aves durante nossas andanças, entre elas ressalto, conforme sequência abaixo: socó-dorminhoco (Nycticorax nycticorax), martim-pescador-verde (Chloroceryle amazona), cigana (Opisthocomus hoazin), araçari-castanho (Pteroglossus castanotis), bentevizinho-de-asa-ferrugínea (Myiozetetes cayanensis), benedito-de-testa-vermelha (Melanerpes cruentatus), lavadeira-de-cara-branca (Fluvicola albiventer), jaçanã (Jacana jacana) e gavião-belo (Busarellus nigricollis).
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O nosso final de dia foi incrível. O céu se coloriu para nos alegrar enquanto retornávamos para nos instalar no hotel, comer e descansar.
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Dia 16 de Outubro de 2021 - sábado
Exploramos vários locais e foi andando pelas estradinhas que achamos onde o "Judas perdeu as botas". *
*"Onde Judas perdeu as botas" é uma expressão popular da língua portuguesa que é usada para descrever um lugar muito distante, difícil de alcançar ou mesmo inacessível.
Mas nesse caso, além de estarmos num lugar muito distante de tudo, nós encontramos uma bota perdida, o que gerou muitas brincadeiras entre nós, inclusive dizer que aquela era a bota perdida do Judas.
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E novamente o dia rendeu muitas aves legais, todas típicas da região. Entre elas, destaque para andorinha-grande (Progne chalybea), curutié (Certhiaxis cinnamomeus), martim-pescador-grande (Megaceryle torquata), arara-canindé (Ara ararauna), saí-canário (Thlypopsis sordida), cigana (Opisthocomus hoazin), anhuma (Anhima cornuta), tiziu (Volatinia jacarina) e curicaca-real (Theristicus caerulescens), entre outros.
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Finalmente Cal colocou na frente da minha lente duas aves que eu queria muito registrar: caboclinho-do-sertão (Sporophila nigrorufa) e meia-lua-de-coleira-dupla (Melanopareia bitorquata). Foram momentos inesquecíveis.
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Ainda cruzamos muitas aves legais no período da tarde, destaque para tachã (Chauna torquata), cara-suja-do-pantanal (Pyrrhura molinae), caboclinho-de-papo-escuro (Sporophila ruficollis), coruja-buraqueira (Athene cunicularia), gavião-belo (Busarellus nigricollis), suiriri-valente (Tyrannus tyrannus), seriema (Cariama cristata), caboclinho-de-sobre-ferrugem (Sporophila hypochroma) e cabeça-seca (Mycteria americana), entre outras.
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Ao chegar na cidade no fim do dia, apesar do cansaço, fomos conhecer as ruínas da Igreja da Matriz da cidade.
Elas representam as ruínas da antiga capital da província do Mato Grosso, porém nunca chegou a ser concluída, provavelmente, por ter sua construção iniciada no período da decadência de Vila Bela.
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Dia 17 de Outubro de 2021 - domingo
Chegamos em Pimenteiras D'Oeste/RO já no fim do dia. Era a primeira vez
que Cal pisava por lá. Tinha indicações do amigo Gabriel Leite (@gabrielbirding) a quem super
agradeço pelas dicas. Explorei as dependências do hotel enquanto descansava um pouco.
Fiquei observando o entardecer. Guiada pelas forças do Universo, fui recuperando as energias depois de passar o dia na estrada.
Agora era só aguardar e aproveitar Pimenteiras D'Oeste/RO, que fica localizada na divisa com a Bolívia.
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Dia 18 de Outubro de 2021 - segunda-feira
Alugamos um barco no próprio hotel e saímos pelo Rio
Guaporé atrás do nosso objetivo principal na localidade: o picapauzinho-fusco (Picumnus fuscus).
O rio era muito bonito. A navegação bem tranquila. Nosso piloteiro Valdo era muito de boa e gostava de nos apontar quando via uma ave com seus olhos mais aguçados e conhecedores do local.
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E depois de procurar um bocado, eis que o Cal anuncia o nosso minúsculo picapauzinho. Foi assim:
- Onde? Aliiii!
- ... Ah tá! ...
- ... Ih! Colocou a cabeça atrás do galho ...
- ... não focou ...
- ... tá muito escuro ...
- ... uma folha atrapalhou ...
- ... tá longe ...
- ... vixi, virou de bundinha ...
- ... ferrou, ele voou! ...
Abaixo um pouco das cenas que não deram certo.
E as pessoas pensam que é fácil fazer um bichinho desses. Lógico que uns tem mais sorte que outros. Estava começando a dar desespero quando comecei a perceber que o picapauzinho estava colaborando um pouco mais.
Fazer uma foto bonita no meio de uma densa floresta depende de vários fatores: da disposição do passarinho, da boa vontade da sua câmera e de um pouco da sua habilidade e do guia.
E aí? - pergunta o Cal, conseguiu?
- Ainnn, acho que sim.
- Pera, vou olhar!
- Ufa! Dá pro gasto, com crop.
- Deu o macho e a fêmea.
- Não dá quadro, mas serve!
Depois ... Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares |
Depois de todo o sufoco, fomos navegar, clicando tudo o que apareceu pela frente.
Destaque para a biguatinga (Anhinga anhinga), martim-pescador-pequeno (Chloroceryle americana), pato-corredor (Neochen jubata), cardeal-da-bolívia (Paroaria cervicalis), acurana (Hydropsalis climacocerca), urubu-de-cabeça-amarela (Cathartes burrovianus), mutum-cavalo (Pauxi tuberosa), lavadeira-de-cara-branca (Fluvicola albiventer) e martim-pescador-miúdo (Chloroceryle aenea), entre outros.
A proposta que o Cal me fizera para a expedição estava mais do que cumprida: quatro novas espécies dificílimas. E veio uma quinta de brinde que foi a papa-taoca-do-pantanal (Pyriglena maura) no quintal da Jeanne.
Pelo menos para mim a missão estava completa. Menos para o meu amigo Climério, que ainda estava animadíssimo e queria obter mais alguns lifers.
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Já com o dia finalizando, fomos apreciando as cores que iam se alternando. Do azul, passando para o verde, chegando ao rosa e dourado, prenunciando uma noite tranquila para nós três.
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Mas não sem antes desfrutarmos de um espetáculo sem precedentes. No retorno passamos por um ninhal de garças, do tipo que lente nenhuma consegue transmitir a emoção captadas pelos nossos olhos.
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Dia 19 de Outubro de 2021 - terça-feira
Nesse dia fizemos até um passeio indo até outro lado do rio. Na realidade em outro país porque ali do outro lado já era a Bolívia.
Abordamos o guarda-parque do Parque Nacional de Noel
Kempff Mercado que nos convidou a subir por uma longa escadaria que dava acesso às instalações do parque.
Ele foi nos mostrando tudo, sempre acompanhado por seu pequeno cãozinho, que não desgrudava de mim. ❤️❤️❤️
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O Parque Nacional de Noel Kempff Mercado está localizado no departamento de Santa Cruz, Bolívia, junto à fronteira com o
Brasil.
Durante uma campanha de campo no Parque Nacional
Huanchaca em 1986, o Prof. Noel Kempff Mercado e vários outros cientistas, durante suas pesquisas, descobriram
uma fábrica de cocaína na floresta boliviana. Eles foram mortos pelos
criminosos. O Parque Nacional Huanchaca foi renomeado em 1988 como Parque
Nacional Noel Kempff Mercado em sua homenagem.
O Parque estende-se por 15.234 km² numa das áreas com
maior biodiversidade no mundo. O Parque tem fauna e flora muito variadas. Foi declarado
Património Mundial da UNESCO em 2000.
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Depois dessa visita continuamos a navegar pelo Rio Guaporé, registrando tudo que era encontrado no caminho. Estávamos muito felizes.
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Sempre rola um pit stop. E nessas eu sempre aproveito para clicar tudo ao meu redor, sempre capturando tons apaixonadamente belos. Aproveito também para fazer algumas selfies e algumas traquinagens. 😂😂😂😂
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Dia 20 de Outubro de 2021 - quarta-feira
Nesse dia retornamos em direção à Chapada dos Guimarães.
Ainda perto de Pimenteiras D'Oeste entramos numa estrada que nos levou a uma mata bem legal, onde o Climério fez alguns lifers e eu me diverti, ora esperando sentada na banquetinha, apreciando o corre corre dos dois, ora fazendo parte do próprio corre-corre.
Consegui registrar um pica-pau-pequeno (Dryobates passerinus), anambé-una (Querula purpurata), chororó-negro (Cercomacroides nigrescens), arapaçu-concolor (Dendrocolaptes concolor), quero-quero (Vanellus chilensis) e chora-chuva-de-cara-branca (Monasa morphoeus).
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Embora viéssemos bem rápido, consegui fazer alguns "city-lifers" (uma ave em cada município do caminho).
O Cal, quando a gente parava para abastecer ou lanchar, sempre dava um jeitinho de encontrar um pombo ou qualquer bichinho para eu assinalar um pontinho, como nos exemplos abaixo: andorinha-grande (Progne chalybea) - Vilhena - MT, pombo-doméstico (Columba livia) - Colorado do Oeste - RO, quero-quero (Vanellus chilensis) - Nova Lacerda - MT e pombo-doméstico (Columba livia) - Cerejeiras - RO.
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O Climério e o Cal sempre tinham disposição para parar, principalmente para explorar alguma mata legal. Mas nem toda mata era legal - guarde bem isso.
Muito cuidado com paradas. Fizemos um entrada em uma estradinha que não tinha porteiras nem cercas, acreditando ser uma estrada vicinal.
Seguimos até uma mata promissora. Um cara mal-encarado, aparentemente armado, veio atrás da gente, de moto e nos abordou, de forma bem agressiva e mal-educada, dizendo que não podíamos entrar ali, que as terras tinham dono.
Tentamos ser simpáticos, mas o cara devia ter algo a esconder e foi empurrando a gente pra fora. Foi um aprendizado. Não tenho foto da cena, de tão travada e assustada que fiquei.
Depois de andar um bocado, chegamos em Cáceres e paramos pra dormir. Fora um dia super puxado para todos nós.
Dia 21 de Outubro de 2021 - quinta-feira
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Demos uma circulada pela cidade e não encontramos, numa busca rápida, nenhum lugar aprazível para aves. Após conhecer um pouco do Porto Mário Correa e cercanias, resolvemos prosseguir nosso caminho de retorno à Chapada dos Guimarães.
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Decidimos passar no Vale da Benção novamente. Eu queria muito ainda tentar encontrar o rabo-branco-de-sobre-amarelo (Phaethornis nattereri), que era lifer pra mim. Andamos, vimos muito a Heliconia que ele gosta, mas nada dele.
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Voltamos para a casa da Jeanne, enquanto os meninos foram abastecer e lavar o carro, eu fiquei quietinha sentada na sala esperando "as galinhas" virem ciscar no quintal. As "galinhas" da Jeanne são conhecidas por serem aves difíceis de registrar no mato e pelo menos elas facilitam quando vem em seu quintal. Só não pode se movimentar, que elas saem correndo.
São elas o inhambu-chintã (Crypturellus tataupa) e o jaó (Crypturellus undulatus). Elas sempre chegam escoltadas pelas juriti-pupu (Leptotila verreauxi). É uma festa para os olhos e lentes.
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Mas o mais esdrúxulo da tarde, foi a gente estar fotografando um casal de caburé (Glaucidium brasilianum), quando um dos filhotinhos caiu do ninho no gramado. Desesperados, um dos pais começou a nos atacar.
O Cal chegou a levar um belo arranhão na cabeça. Eu tomei uma pancada na cabeça, foi como uma manga grande caindo do pé direto no meio do cocoruto.
Mas ó, o filhotinho conseguiu voltar ao ninho são e salvo. Eram três filhotinhos e o mais curioso deve ter pulado para o chão e estava com dificuldade pra voltar. Tudo isso do lado da janela do "meu quarto".
Dia 22 de Outubro de 2021 - sexta-feira
Logo pela manhã, após o café, Climério e o Cal foram embora. Antes de eu ir para essa expedição, Jeanne havia feito uma combinação comigo: ir até Poconé com ela para ver onças novamente.
Desta vez iríamos ser guiadas pelo grande Ailton Lara (@ailton_lara) que eu só conhecia das redes sociais e havia contatado uma única vez em 2017 para conhecer sua pousada e ver onças. Infelizmente naquela época não foi possível. Demorou mas eu iria finalmente conhecer ambos.
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E de repente, o Mário nos chamou. No céu duas espécies de gaviões: sovi-do-norte (Ictinia mississippiensis) e gavião-tesoura (Elanoides forficatus)
Da mesa do café, pela janela Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares |
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Dia 23 de Outubro de 2021 - sábado
Por volta das 8.30h a gente estava passando pelo portal mágico da Transpantaneira. Era a sexta vez que eu entrava nesse mundo encantado (2011, 2013. 2015, 2017, 2018 e 2021).
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Seguimos até a Pousada Pouso Alegre, do
querido amigo Luiz Vicente (@pousoalegrelodge).
Lá encontrei o guia e também amigo Hudson Martins (@birdsrio_birdwatching) e a amiga até então virtual Lucia Rogers (@rogers_lucia) e sua sobrinha.
Foto by Hudson Martins Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares |
Andamos pelas cercanias da pousada e registramos de tudo, tanto mamíferos quanto aves.
Com destaque para a anta-brasileira ou simplesmente anta (Tapirus terrestris), onde fizemos até selfie com a lindona. Tinha uma linda manada de Cervo-Do-Pantanal (Blastocerus dichotomus) perambulando por ali.
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Quanto às aves, destaque para: maria-faceira (Syrigma sibilatrix), curicaca (Theristicus caudatus), curicaca-real (Theristicus caerulescens), ema (Rhea americana), gralha-do-pantanal (Cyanocorax cyanomelas), joão-de-barro (Furnarius rufus), rolinha-picuí (Columbina picui) e beija-flor-de-garganta-verde (Chionomesa fimbriata), entre outros.
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Na parte da tarde vimos mais um monte de aves, dentre elas: cujubi (Aburria cujubi), coró-coró (Mesembrinibis cayennensis), curicaca-real (Theristicus caerulescens), ema (Rhea americana), saracura-três-potes (Aramides cajaneus), urutau-grande (Nyctibius grandis), Cavalaria (Paroaria capitata) maria-faceira (Syrigma sibilatrix) e jacu-de-barriga-castanha (Penelope ochrogaster).
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Com dicas do amigo Hudson, a Jeanne me levou até a Pousada Rio Claro e me deu um super "new bird" de presente: socoí-zigue-zague (Zebrilus undulatus). Foi emocionante registrar essa ave, pois há muito que eu queria vê-la.
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Fizemos algumas fotos bonitas e um passeio de barco. O por do sol nos agraciou com lindas cores. Uma paz enorme se abateu sobre a gente.
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Dia 24 de Outubro de 2021 - domingo
Dava vontade de ficar um montão de tempo, mas a gente tinha compromisso. Ailton Lara nos aguardava na Pantanal Jaguar Camp (@pantanaljaguarcamp).
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Dentre as aves do "quintal" do Luiz Vicente, contabilizei muitas espécies lindas, dignas de quadro, dentre elas, destaque para aracuã-do-pantanal (Ortalis canicollis), mutum-de-penacho (Crax fasciolata), juriti-pupu (Leptotila verreauxi), pica-pau-verde-barrado (Colaptes melanochloros), iraúna-grande (Molothrus oryzivorus)
Ainda teve jacu-de-barriga-castanha (Penelope ochrogaster), araçari-castanho (Pteroglossus castanotis) e a rolinha-fogo-apagou (Columbina squammata), conforme quadro abaixo.
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Resolvemos não demorar muito para sair da Pouso Alegre e ir em direção ao Porto Jofre.
Embora fossem só 100 km, a gente pensava que ia encontrar muito passarinho pelo caminho, o que certamente iria nos atrasar de montão. Só que não.
Tinha chovido à noite e a estrada estava pura lama, daquele tipo escorregadio pra valer. Nunca tinha visto nada igual, a não ser no Acre. Parecia que tinha cola e quiabo no barro.
O carro da Jeanne é um 4x4 e ela uma excelente motorista, mas a dificuldade para manter o carro no prumo foi enorme.
Ela sabia que dirigir devagar, sem pisar no acelerador ou freio diminuiria a probabilidade de derrapar.
Eu a vi girar o volante de um lado pro outro, freneticamente, várias vezes, evitando, assim, que o carro fosse jogado para fora da pista.
O carro trafegava quase sem controle nenhum. Eu tentava dizer alguma coisa pra acalmar e só ouvia um: cala a boca, Sil.
Ela foi uma autêntica piloto de rally. Pra diretor de prova nenhum botar defeito.
Esses 100 km de uma pousada a outra seria mamão com açúcar em dia de sol com pista seca. Óbvio que ia ter paradinhas básicas para clicar aves, mas não nesse dia.
Às vezes a gente parava para respirar e se acalmar um pouco. E isso só sobre as "pontezinhas" de uma via só, torcendo para não vir um carro em sentido contrário.
Hoje quando relembro só posso dizer: foi tenso!
O carro trafegava quase sem controle nenhum. Eu tentava dizer alguma coisa pra acalmar e só ouvia um: cala a boca, Sil.
Ela foi uma autêntica piloto de rally. Pra diretor de prova nenhum botar defeito.
Esses 100 km de uma pousada a outra seria mamão com açúcar em dia de sol com pista seca. Óbvio que ia ter paradinhas básicas para clicar aves, mas não nesse dia.
Às vezes a gente parava para respirar e se acalmar um pouco. E isso só sobre as "pontezinhas" de uma via só, torcendo para não vir um carro em sentido contrário.
Hoje quando relembro só posso dizer: foi tenso!
Jeanne concentradíssima. Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares |
Durante as paradas para respirar, eu, como co-piloto, tentava com um galho tirar um pouco do barro grudento dos pneus, com vistas a ajudar a Jeanne a manter o carro na pista e trafegar melhor. Havia pouco a se fazer.
Era desesperante ver o carro deslizar no barro de um lado pro outro e a Jeanne, tentando controlar o mesmo, torcendo o volante de um lado pro outro.
Até um urubu ficou observando nossa passagem com curiosidade. Ele deve ter pensado: "o que essas duas doidas pensam que estão fazendo". 😁😁😁😁
Olha, eu tiro o chapéu para essa minha amiga, se fosse eu ao volante, ao primeiro deslize, eu tinha voltado. Ou teria parado, quando desse e começado a chorar.
A moçoila é valente, viu! Obrigada Jeanne, por nos conduzir em segurança. Só posso dizer, plagiando Roberto Carlos: "Se chorei ou se sorri, o importante é que emoções eu vivi." 🎶🎶
Chegamos no fim do dia e fomos super bem recebidas pelo Ailton.
Chegamos no fim do dia e fomos super bem recebidas pelo Ailton.
Assim que ele nos viu, ele disse: "a maioria dos homens que eu conheço não chegaria aqui hoje". A Jeanne então o abraçou e disse: - "Me dá uma pinga!"
Ailton trouxe um copo pra ela e um pra mim. Era só um dedinho de pinga. Detalhe: um dedo assim:👆🥛
Eu disse que se bebesse tudo aquilo ia pedir ele em casamento e corria o risco dele aceitar, então era melhor eu não tomar tudo aquilo, pois se não estaria ferrada.🤣🤣🤣
Com isso rimos muito e descontraímos daquelas horas de altíssimas e perigosas emoções e tensão que passamos. Eu preferi ir de cerveja mesmo. E assim, pudemos nos acalmar do nosso "momento rally".
Ailton trouxe um copo pra ela e um pra mim. Era só um dedinho de pinga. Detalhe: um dedo assim:👆🥛
Eu disse que se bebesse tudo aquilo ia pedir ele em casamento e corria o risco dele aceitar, então era melhor eu não tomar tudo aquilo, pois se não estaria ferrada.🤣🤣🤣
Com isso rimos muito e descontraímos daquelas horas de altíssimas e perigosas emoções e tensão que passamos. Eu preferi ir de cerveja mesmo. E assim, pudemos nos acalmar do nosso "momento rally".
Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares |
Ficamos um tempo só cantando e relaxando. E assim pudemos ir dormir bem mais tranquilas.
No dia seguinte conhecemos o super simpático Gustavo Gaspari (@biologu_gaspari), biólogo paulista que auxilia Ailton na lida com as onças, orientando turistas durante os passeios.
Gustavo, Jeanne, Eu e Ailton Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares |
Jeanne me chamou para irmos fotografar uns bichinhos no quintal da Pousada. Fiz fotos caprichadas do bate-pára (Attila bolivianus). Isso pouco antes de sairmos para tentar ver onças.
Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares |
Depois Ailton levou a gente de barco para procurar as onças. Enquanto isso fomos parando para registrar todas as aves do caminho. Muitas delas foram para a parede daqui de casa.
Quadro 1: iraúna-de-bico-branco (Cacicus solitarius), Socó-boi (Tigrisoma lineatum), socozinho (Butorides striata), martim-pescador-grande (Megaceryle torquata), mexeriqueira (Vanellus cayanus), jaçanã (Jacana jacana), lavadeira-de-cara-branca (Fluvicola albiventer), talha-mar (Rynchops niger) e martim-pescador-pequeno (Chloroceryle americana).
Quadro 2: andorinha-serradora (Stelgidopteryx ruficollis), bem-te-vi (Pitangus sulphuratus), biguá (Nannopterum brasilianum), águia-pescadora (Pandion haliaetus), biguatinga (Anhinga anhinga), Curutié (Certhiaxis cinnamomeus), cavalaria (Paroaria capitata), gavião-belo (Busarellus nigricollis) e garça-moura (Ardea cocoi).
O mais gostoso desse nosso passeio, embora o nosso foco fosse procurar onças, era que a gente se divertia com tudo. Com as aves, com plantinhas, ariranhas e jacarés.
Quadro II Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares |
O mais gostoso desse nosso passeio, embora o nosso foco fosse procurar onças, era que a gente se divertia com tudo. Com as aves, com plantinhas, ariranhas e jacarés.
O barco chegava bem perto, mas os bichos não se assustavam pois já estão acostumados. E o Ailton e o Vandi (nosso piloteiro) sabiam como conduzir as coisas.
Ailton clicando um "amiguinho" Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares |
Veja a seguir algumas capturas minhas da Ariranha (Pteronura brasiliensis) e do Jacaré (Caiman yacare).
Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares |
Finalmente, pudemos apreciar a nossa primeira onça. Ou melhor, um "onço" (onça macho) chamado Xingu. A gente não economizou cliques.
Já era quase hora do almoço, mas do nosso almoço, porque ele já devia ter almoçado e era só preguiça.
*A onça-pintada ou jaguar (Panthera onca) é terceiro maior felino do mundo, após o tigre e o leão, e o maior do continente americano. Apesar da semelhança com o leopardo (Panthera pardus), a onça-pintada é evolutivamente mais próxima do leão (Panthera leo).
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Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares |
Eu acabei me juntando ao Ailton na ponta do barco e pude ver os detalhes do "onço" bem de pertinho. A Jeanne registrou a nossa carinha de felicidade na hora.
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Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares |
Nosso almoço foi bem pantaneiro, com direito à "matula" caprichada - aprendi esse nome no Pantanal de Aquidauana no Mato Grosso do Sul. É uma comida (geralmente feita com carne seca) que o pantaneiro leva e que não corre risco de estragar.
Em geral, ele leva num marmitex, pois sai de madrugada e sabe que não vai encontrar nada pra comer pelo meio do caminho.
E assim foi feito pelo nosso anfitrião. Com direito a cervejinha para brindar o achado do dia.
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Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares |
Enquanto nosso piloteiro Vandi tirava uma soneca, nós nos fartávamos de fotografar. Depois circulamos mais um pouco e clicamos mais um bocado. A Jeanne esbanjava charme e eu não pude deixar de registrá-la.
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Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares |
Abaixo um bocadinho de aves após o almoço: biguatinga (Anhinga anhinga), mexeriqueira (Vanellus cayanus), japacanim (Donacobius atricapilla) e iraúna-de-bico-branco (Cacicus solitarius).
Depois de circular um tanto, ganhamos um presente ao retornar ao local do "onço" um pouco mais tarde. Sem ninguém por perto (ou seja, só o nosso barco no local), o nosso "onço" preguiçoso, o Xingu, ainda estava por lá e desta vez pudemos apreciá-lo ao por do sol. Foi realmente mágico. Inesquecível!
Foto feita com celular Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares |
Foto feita com celular Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares |
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Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares |
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Fotos com a câmera Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares |
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Arquivo pessoal Jeanne Martins |
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Arquivo pessoal Ailton Lara |
Após comemorarmos o momento e já vendo a tarde se despedir, retornamos à pousada com os cartões cheios e os corações mais cheios ainda, porém de pura alegria e euforia.
Coitado do Ailton, ele se desdobra para dar conta de tudo, lembrando que quando fui, ainda tínhamos pandemia e muitos empregados estavam afastados.
Dia 26 de Outubro de 2021 - terça-feira
Descansei bastante e no dia seguinte bora ver onça de
novo. Nesse dia, nosso piloteiro Vandi me perguntou: se vc visse a onça e o
arapapá, qual ia querer fotografar primeiro?
Como sou passarinheira-raiz, respondi na lata: primeiro o Arapapá, depois a onça. E assim foi feito. Então, ele aportou o barco de um lado e me mostrou o arapapá, no limpo, com luz e depois, no outro lado do rio, a onça.
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Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares |
A oncinha em
questão é chamada de Patrícia, ela gosta de perambular e de florzinhas como eu. Pelo jeito, estava tão sonolenta quanto eu naquele momento.
Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares |
Vivenciamos mais momentos incríveis, além de observar a Patrícia.
Um deles foi ver um jacaré que deixaria muito pescador com inveja. Esse era "fera", literalmente falando. Abocanhou um peixão enorme. Eu e Jeanne nos acabamos de tanto clicar esse momento.
Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares |
Depois foi a vez de observarmos de pertinho a "senhora ariranha" no seu desjejum.
Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares |
E não podia faltar uma fêmea de Bugio-Preto (Alouatta caraya) com seu fofo-filho enrolado na cauda ou no colo.
Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares |
Arquivo pessoal Jeanne Martins |
E falemos um pouco mais das aves, com destaque para o anu-coroca (Crotophaga major), biguá (Nannopterum brasilianum), ariramba-de-cauda-ruiva (Galbula ruficauda), garça-real (Pilherodius pileatus), japacanim (Donacobius atricapilla), jaçanã (Jacana jacana), lavadeira-de-cara-branca (Fluvicola albiventer), maria-cavaleira (Myiarchus ferox) e xexéu (Cacicus cela).
Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares |
Na segunda foto eu senti ele me perguntando: "Ei tia, o que vocês humanos estão fazendo com a nossa casa? Querem mesmo acabar com tudo? Apenas lembrem-se: mi casa, su casa."
Ainda sobre as onças. No aniversário do meu irmão, em dezembro/2021, eu precisava comprar um presente para ele, e pensei, acho que um quadro de passarinho ele não vai curtir, mesmo sendo feito pela sua irmã mais linda (e única 😄😄😄😄), mas acho que de onça sim.
Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares |
E comemorando muito, eu, Jeanne e Vandi terminamos o nosso passeio super felizes.
Ainda sobre as onças. No aniversário do meu irmão, em dezembro/2021, eu precisava comprar um presente para ele, e pensei, acho que um quadro de passarinho ele não vai curtir, mesmo sendo feito pela sua irmã mais linda (e única 😄😄😄😄), mas acho que de onça sim.
E pasme, cheguei lá com o quadro e ele ao abrir, ficou emocionado, com os olhos lacrimejantes, me abraçou e disse: "minha irmã, quando vi suas fotos de onças nas redes sociais, pensei comigo, vou ver se ela me arruma um poster para colocar no escritório."
Isso que eu chamo de transmissão de pensamento. Fiquei muito feliz em poder realizar esse desejo do meu irmão.
Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares |
Dia 27 de Outubro de 2021 - quarta-feira
No dia seguinte, levantamos e arrumamos nossas coisas pra voltar para a Chapada. No café fomos surpreendidas por uma despedida com um repertório musical de deixar o lencinho encharcado.
Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares |
A música que Ailton tocou nessa despedida é uma das minhas preferidas. Eu me lembro muito bem. Foi a do Almir Sater - Tocando Em Frente.
Malas no carro, hora de dizer tchau e até breve (mesmo sabendo que esse até breve não seria tão breve, pelo menos pra mim). Saí com o coração partido.
Lembrei de um dia que eu escrevi isso: "Sou uma colecionadora compulsiva de momentos únicos". Então, continuo colecionando esses momentos. E esses foram realmente únicos.
E óbvio, que com a estrada seca, faríamos um percurso "normal", parando "apenas" para apreciar "todas" as aves e bichos do caminho. Tolo foi quem ficou pensando que ia ser rápido.
Os quase 150 km até o Portal da Transpantaneira foram feitos em aproximadamente cinco horas. 😆😆😆😆
No caminho vimos muitos jacarés na beira de um alagado. Se olhar as fotos abaixo com calma, vai perder as contas.
Uma aglomeração e tanto, e pensar que esse tipo de reunião naquela época pandêmica não estava liberada. 😆😆😆😆
Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares |
A margem ao fundo está forrada de jacarés Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares |
Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares |
Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares |
Veja algumas aves que registramos durante nosso retorno:
Quadro I: garça-azul (Egretta caerulea), garça-real (Pilherodius pileatus), garça-moura (Ardea cocoi), garça-branca-grande (Ardea alba), cabeça-seca (Mycteria americana), maguari (Ciconia maguari), tuiuiú (Jabiru mycteria), curicaca-real (Theristicus caerulescens) e curicaca (Theristicus caudatus).
Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares |
Quadro II: urubu-de-cabeça-amarela (Cathartes burrovianus), urubu-de-cabeça-vermelha (Cathartes aura), urubu-preto (Coragyps atratus), gavião-preto (Buteogallus urubitinga), gavião-caboclo (Buteogallus meridionalis), tachã (Chauna torquata), jaçanã (Jacana jacana), andorinha-serradora (Stelgidopteryx ruficollis) e freirinha (Arundinicola leucocephala).
Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares |
E, lógico, ao pararmos o carro para ela atravessar, a gente desceu para fotografá-la, mesmo que de longe, pois apesar dela não ser peçonhenta, é muito agressiva.
Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares |
E lá vamos nós traspassar o portal novamente. Desta vez, a Jeanne foi só a fotógrafa e não saiu na foto. Ela tinha pressa de chegar em casa e reencontrar o maridão.
Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares |
E assim, nós finalizamos nossa estadia no Pantanal de Poconé. Sim, para quem não sabe, o Pantanal de Poconé é apenas uma das sub-regiões do Pantanal.
Observe abaixo quanta riqueza ainda temos, embora o ser humano nem sempre considere isso uma riqueza e teime em destruir com desmatamento, fogo criminoso, caça, atropelamento de fauna e sabe-se lá quantos mais tipos de maldades.
Ao chegar na Chapada uma forte chuva caiu e a gente só agradeceu por ela não nos ter surpreendido na estrada.
Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares |
Dia 28 de Outubro de 2021 - quinta-feira
E assim o dia foi passando, eu só contando causos (como sempre faço) - já sei, tô até vendo - a Jeanne lendo isso e exclamando: Aff! Como ela fala! 😆😆😆😆
Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares |
Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares |
Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares |
No fim da manhã, Jeanne preparou um coquetel de jabuticaba para mim. Embora eu seja discípula da Jeanne, eu nunca sei as fórmulas mágicas das suas receitas, mas que são boas, ah! se são. E essa estava especial. Mas tinha gosto de despedida.
Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares |
Dia 29 de Outubro de 2021 - sexta-feira
Esse momento gerou um poema que você pode ler aqui por esse link que vai te levar pro meu outro bloguinho (se você não sabe, sim, eu tenho um bloguinho só de poemas e textos diversos).
Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares |
Rindo e sempre brincando, eu me despedi do Mário. Logo em seguida a Jeanne me levou até o aeroporto. O que menos gosto em viagens, são as despedidas.
Definitivamente, não sei lidar com isso. É como fechar as portas e janelas de uma casa e impedir o sol de entrar e o perfume das flores de perfumar seu interior.
Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares |
Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares |
No caminho paramos para ela fazer umas fotos minhas num lindo local que mostrava toda a Chapada ao fundo.
Arquivo pessoal Jeanne Martins |
Ao entrar no aeroporto, quase morri de rir, pois os funcionários de uma Cia Aérea estavam vestidos para o Halloween ou Dia das Bruxas (que é comemorado todo dia 31/10). Um rapaz com uma faca "enterrada" no cérebro e uma bruxinha faziam o atendimento.
Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares |
Poucas horas depois eu estava num Uber a caminho de casa. Meu ano de viagens não se encerraria por ali.
Arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares |
Ainda fiz mais três grandes viagens até o ano de 2021 terminar. Veja os links abaixo.
MT - Chapada dos Guimarães (11 a 15/jan)
SP - RPPN Curucutu (22/jan)
SP - Dourado e região (22/mar)
SP - Santo André (Parque Central) (30/mar)
MG - Serra do Cipó e região (06 a 08/Mai)
TO - Caseara (Big Day) (13 a 15/mai)
SP - São Francisco Xavier (28 a 29/mai)
SP - Peruibe e Miracatu (07 a 09/jun)
SP - Peruibe (Espaço Samambaia Azul) (20/jun)
SP - Expedição Miracatu, Peruibe, Itanhaém e Mongaguá (28/jun a 04/jul)
SP - Dourado e região (22/mar)
SP - Santo André (Parque Central) (30/mar)
MG - Serra do Cipó e região (06 a 08/Mai)
TO - Caseara (Big Day) (13 a 15/mai)
SP - São Francisco Xavier (28 a 29/mai)
SP - Peruibe e Miracatu (07 a 09/jun)
SP - Peruibe (Espaço Samambaia Azul) (20/jun)
SP - Expedição Miracatu, Peruibe, Itanhaém e Mongaguá (28/jun a 04/jul)
Já o segundo semestre comecei indo ao Pará, cuja expedição já comecei a descrever e estou no embalo pra contar tudinho como foi.
Se você, caríssimo leitor, chegou até aqui, não deixe de comentar o que achou (lembre-se de estar logado no Google, caso contrário assine seu nome para que não fique como comentário desconhecido.
E que venha muito mais. Quanto mais observação de aves melhor. 🐧🐦🐤🐣🐥🦜🦚🐓🦃🦅🦆🦢🦉🦩
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Legal demais a aventura! E fotão do bate-para, ainda é lifer pra mim!
ResponderExcluirObrigadíssima, meu querido amigo. Fico feliz demais com seu comentário. E olha, pede pra Jeanne te levar ver ele. Ela faz uma mágica e ele pula na sua frente kkkkkkkkkkkkkkkkk
ExcluirBelíssima aventura, com muito bons amigos... ;-)
ResponderExcluirObrigada querido amigo. Fico feliz com seu comentário.
ExcluirQue aventura incrível. Relato delicioso de ler e registros incríveis de se contemplar!
ResponderExcluirObrigada querido Herique. Comentários como o seu me deixam muito animada.
ExcluirQue demais todos os registros! Sua maneira de contar! Adorei
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