Águas da Prata/SP - Primeira passarinhada do ano de 2016
Eu sou uma das idealizadoras e criadora do Grupo Quero Passarinhar no Facebook. Esses dias o amigo Glauco Tonello postou no Grupo uma foto de uma avezinha que eu vinha procurando há um tempão: o Cabecinha-castanha (Pyrrhocoma ruficeps). Indicou o local e disse que ela estava "dando mole por lá". Convidei o amigo Emerson Kaseker para ir lá ver o bicho, que topou de imediato. Pelo Google eu pesquisei uma pousada legal, preço acessível, bem pertinho de onde o bichinho estava dando as caras. O nome é Hotel Pousada do Casarão e eu recomendo para passarinheiros irem inclusive com suas famílias.
No dia 15/01 combinamos tudo. Íamos pegar estrada no sábado (16) pela manhã e voltar na segunda perto da hora do almoço. Chegamos lá por volta do meio dia e fomos direto para a Fonte Vilela no ponto indicado pelo amigo Glauco. Há um local na Fonte chamado Trilha Ecológica. Nela você sobe de carro (ande com muito cuidado, tem muita gente passeando a pé, com bicicleta, crianças, cachorrinhos). Mata silenciosa, nem um pio...dava desgosto...
Descemos, sem muito ver na Trilha. Na entrada desse local tem inúmeras barraquinhas de artesanato e gastronomia. Estava chuviscando e resolvemos encarar por ali batata assada recheada, que estava para lá de bom. Em seguida, seguimos em direção à cidade de Poço de Caldas, do lado mineiro. Chegando lá, retornamos pelo meio da mata emramais de ligação entre sítios, matas e cachoeiras.
Trilha Ecológica do Fonte Vilela
Fizemos muitas fotos pelo caminho. O legal foi chegarmos num local cortado por um pequeno riozinho,cuja profundidade não conhecíamos e poderíamos vir a atolar. Segui os ensinamentos do meu amigo Marcelo Rondon (MT), desci do carro, tirei a bota e fui olhar a profundidade in loco. Nisso, o meu ipod resolveu se refrescar nas águas do riozinho e "pulou" do meu colete, foi um susto só. Deixei ele secar a noite toda e ele ficou tinindo de novo.
Depois da voltinha para reconhecimento do terreno, retornamos à Fonte Vilela para tentar o Cabecinha-castanha de novo. Nada, nada, nada. Já estava me conformando, quando, de repente um sonzinho, sim, era ele respondendo. Prepara o coração, aí vem ele. Bichinho danado, só gosta de ir para locais escuros. Sai no limpo alguns segundos e some de novo. Só foi possível foto com flash pois já eram mais de 18 horas. Pronto! Missão cumprida.
Cabecinha-castanha (Pyrrhocoma ruficeps)
A fome apertou, então saímos em busca de lugar para comer. Descobrimos um local chamado The Carioca Café, que servia um hamburguer artesanal chamado Jack Daniels (flambado com esse bourbon), que "ói", dá vontade de voltar lá só por causa dele...uma delícia!
Na manhã seguinte fomos tentar o Cabecinha-castanha com
a luz da manhã. Ele continuou arisco. Não consegui melhorar a foto
dele. Bom, estava garantido, o jeito foi deixar o bichinho em paz e
partir para explorar os arredores do Pico do Gavião.
Passamos num lugar e
tentamos o Inhambuguaçu (Crypturellus obsoletus).
Estávamos indo embora, quando ele finalmente respondeu. Entramos na mata
e eu consegui ver o bichinho correndo, mal deu tempo pra um clique,
pois me pegou de surpresa. Saímos explorando a estradinha, cheia de
borboletas e flores. Um deleite para os olhos.
Chegamos finalmente no Pico. O lugar é fantástico. De tirar o fôlego! O dia estava alternando entre um pouquinho de sol, nuvens e chuvisco. Havia muito tico-tico (Zonotrichia capensis). Demos uma caminhada, descansamos enquanto apreciávamos a paisagem e então ouvimos uma choca-de-chapéu-vermelho (Thamnophilus ruficapillus). Fizemos fotos dela e resolvemos descer o Pico. Ainda paramos para alguns avistamentos.
Chegando na Pousada, ainda fiz cliques legais do Bigodinho, ave muito abundante no quintal da Pousada e que eu não tinha uma foto legal.
Bigodinho (Sporophila lineola)
Na segunda, já preparados para vir embora, conhecemos o dono da Pousada e fomos dizer que havia algo no jardim que nos incomodava: uma gaiola com passarinho. Calma! Não era de verdade, era apenas um objeto de decoração. Mas o que conta é a mensagem negativa. Papo vem, papo vai, ele nos permitiu libertar o passarinho da gaiola, coisa que o Emerson fez magistralmente. Aí eu disse: "agora já posso indicar a Pousada para meus amigos. Eles não irão mais ficar incomodados."
Saímos cortando caminho pelos ramais e o dia foi da Tesoura-do-brejo (Gubernetes yetapa) com seu incansável balé. Sob um céu azul, as bichinhas estavam pra lá de Marrakesh.
Tesoura-do-brejo (Gubernetes yetapa)
O Carcará (Caracara plantus), bonitão que só ele, fez pose para minhas lentes e me deu um recado: "Ó, eu sei fazer pose de capa de livro, viu?!" E depois foi a vez de um Bico-de-veludo (Schistochlamys ruficapillus) dar um show.
Carcará (Caracara plantus)
Bico-de-veludo (Schistochlamys ruficapillus)
Pronto! Fim da estradinha de terra. Pegamos o asfalto em direção à São Paulo e viemos parando para registrar pelo menos uma ave em cada cidade do caminho. Fizemos isso até Campinas, valendo qualquer ave, urubu, rolinha, pardal, tico-tico e o que viesse pela frente. Isso é mania minha para ver meu mapinha no Wikiaves cheio de bolinhas.
Foi um excelente fim de semana. Vale um exploração maior da área. Ela oferece inúmeras possibilidades de aves. Deixo aqui um agradecimento especial ao amigo Glauco Tonello, pelas preciosas dicas e também ao companheiro de passarinhadas Emerson Kaseker, que tem acompanhado minhas últimas aventuras passarinhísticas e topado participar de muitas outras que virão. (Em breve, quando sobrar um tempinho, faço uma lista no E-Bird da cidade e região). Vida longa ao Quero Passarinhar!
Ótima aventura, uma beleza.
ResponderExcluirÓtima atitude de vcs e do dono da pousada!! É com essas ações que vamos educando.... Parabéns e lindo lugar.
ResponderExcluirAbraços,