domingo, 15 de fevereiro de 2015

SP - Ilhabela e a minha primeira coruja-preta

28 e 29/10/2014  


Eu estava alucinada para fotografar a Coruja-preta (Strix huhula). Era uma necessidade ornitológica obsessiva-compulsiva... rs rs rs ... Os prováveis lugares para encontrá-la eram Brasília, onde já tinha uma viagem programada e Rio Claro/SP onde o amigo Gustavo Pinto vinha registrando essa maravilhosa espécie. Em relação à Brasília, o guia Jonatas Rocha havia me antecipado que desde fevereiro que ela não era avistada.

A notícia pior foi quando o amigo Gustavo contou que, por ações inadequadas de algumas pessoas que visitaram o local sem autorização, os dirigentes do Parque em Rio Claro proibiram a visitação noturna. Fiquei extremamente chateada. Passaram-se alguns dias e o Gustavo me passou uma mensagem informando sobre o achado do nosso amigo e guia Demis Bucci em Ilhabela. Ele localizara a Coruja-preta (Strix huhula) naquela localidade. Entrei em contato imediatamente com ele e programamos a nossa ida para lá.

Lancei o convite no Quero Passarinhar e dois amigos, de pronto, responderam interessados. Marcamos de ir na terça-feira (28/10/14) com volta na quarta. Trabalhei pela manhã, saí depois do almoço e fui com o Demis, sua esposa Aline e a pequena Sofia encontrar com o resto do pessoal, os amigos Rosemarí Júlio e Aluisio Ferreira.
 
Demis, Eu, Aluisio e Rosemarí - by self timer Demis

A hospedagem foi numa excelente pousada chamada Forte Rocha, um lugar super legal que eu recomendo aos amigos. Ainda passarinhamos um pouco até o entardecer. Um Bentevizinho-de-penacho-vermelho (Myiozetetes similis) estava todo exibido no jardim da pousada. Bandos de Papagaio-moleiro (Amazona farinosa) passaram ao alto e se alojaram em uma árvore um pouco longe de onde estávamos.

Bentevizinho-de-penacho-vermelho (Myiozetetes similis)
arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Assim que o sol se pôs, nos dirigimos ao local da coruja.  Coração na mão, nervos à flor da pele e câmeras preparadas. Assim que chegamos, ouvimos sua vocalização, e entre o play-back feito com muito zelo pelo Demis e sua aparição, passaram-se apenas alguns minutos. Fim da agonia. Era só apontar e...clic clic clic clic clic. 

Pronto, lá estava a bela, a vários metros de altura. E não era só uma, havia duas vocalizando, embora só uma tenha dado o ar da graça. Foi mágico e emocionante. Sabe aquela emoção do primeiro encontro? Bem isso. Tinha certeza que não me decepcionaria.

Coruja-preta (Strix huhula)
arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Coruja-preta (Strix huhula)
arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Repetindo aqui uma frase citada pelo amigo Jarbas Mattos em seu perfil do Facebook: “A foto é a caça, é o instinto da caça sem a vontade de matar, é a caça dos anjos. Perseguimos, miramos, atiramos e clac! Ao invés de um morto, nós fazemos um eterno. (Chris Marker)”

“Caçar” uma coruja no escuro, ante a incerteza de sua vinda e sua permanência para registro é algo que não tem como descrever ... é tão forte, que já me peguei em várias situações, com os olhos lacrimejantes, lágrimas escorrendo pelo rosto, mãos trêmulas, suor escorrendo, pernas bambas, coração acelerado (isso sempre)...

Nós três fizemos algumas fotos dela, mas o Demis não. E sua breve e emocionante aparição findou-se por aquela noite. Fizemos questão de voltar ao amanhecer para que ele conseguisse fotografar também. Quatro horas da matina e ela compareceu, sempre majestosa, mas sempre muito no alto também. E o Demis conseguiu fazer seu sonhado registro. Ímpar.

Após esse momento, pegamos uma trilha ao amanhecer e fomos em busca de mais passarinhos. Conseguimos registrar o Patinho (Platyrinchus mystaceus), Papa-formiga-de-grota  (Myrmeciza squamosa), Cuspidor-de-máscara-preta (Conopophaga melanops), Pica-pau-de-cabeça-amarela (Celeus flavescens) e o Beija-flor-de-fronte-violeta (Thalurania glaucopis).

arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Para encerrar a passarinhada, um último lifer: o Vira-folha (Sclerurus scansor).

arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Obrigada Demis Bucci, que tão bem nos guiou, obrigada Rosemarí e Aluisio Ferreira por integrar esse grupo tão alegre e festivo. 

Como eu tinha que trabalhar, voltamos à pousada a tempo de pegar o delicioso café da manhã e retornar a São Paulo. Trânsito lento, cheguei por volta de 15:30h e ainda trabalhei até o início da noite. 

Caidinha de sono, ainda fui para casa, baixar as fotos e arrumar as malas para a próxima viagem/passarinhada, cuja partida estava agendada para a manhã seguinte. Destino: Brasília.
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Um comentário:

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