domingo, 20 de junho de 2021

MG - Ibitipassarinhando em Minas Gerais

águia-serrana (Geranoaetus melanoleucus)
Foto: arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Esse ano está sendo tão difícil ou até mais quanto o ano passado. É muita tensão por todos os lados. Essa pandemia e outras doenças vem levando muitos amigos. É muita dor. É a carga mais pesada que já enfrentei nesse meu pouco mais de meio século de vida. O mundo está estranho. As pessoas estão estranhas. Eu estou estranha.

"A vida é tão efêmera. Esse mês perdi amigos super queridos e essas briguinhas nas redes sociais tornaram-se tão superficiais perante isso" - escrevi isso para uma amiga hoje quando conversávamos sobre pessoas e atitudes. Sim, eu venho me sentindo atropelada com tantas coisas acontecendo simultaneamente. Exercer a tolerância e por rédeas na própria implicância está cada dia mais difícil.

A vida tornou-se um "jogo" cada vez mais veloz e estonteante, por isso tento me desapegar cada vez mais. Sofro menos quando diminuo minhas expectativas. Sou daquelas que gosta de jogar conversa fora enquanto toma um café, de visitar amigos, de abraçar, de dançar, de ensinar o pouco do que aprendi, de preferência não por vídeo (é o que temos nessa época pandêmica). Resumindo, gosto de ver a vida passar lentamente, aproveitando e saboreando cada minuto. E isso está bem difícil nesses tempos.

Não me encaixo na rapidez da "geração Instagram" (OBS: tenho perfil no IG desde 2010, mas não gosto do rumo que essa rede social tomou - coisas de Silvia 😂😂😂😂). Essa geração a quem me refiro quer tudo na velocidade deles. Te seguem de manhã e se percebem que você não os seguiu, já te desseguem à tarde. É muito vazio, muito pobre. Será que dar dois cliques numa imagem tornou-se sinônimo de gosto de você, me importo com você? Que coisa mais infeliz um mundo em que mais curtidas e seguidores são mais importantes que cuidar bem das pessoas, do planeta e da natureza.  

Silvia, o que é isso? É um post sobre viagem ou sobre a vida? Bom, eu não consigo dissociar uma coisa da outra. Por enquanto sou só mais uma sobrevivente nesta "guerra" contra um inimigo invisível: a COVID19. 

As coisas se complementam, mas cada expectativa é particular, diz respeito a cada um. Nem sempre fui do mesmo jeito, nem sempre gostei das mesmas coisas, mas algumas coisas eu não vou mudar nunca, quando gosto muito de alguma coisa eu mergulho nela com profundidade. E com a fotografia de aves não foi diferente. 

Tomar a primeira dose da vacina me fez reprogramar e começar a aproveitar a vida de novo, buscando fazer as coisas que sempre gostei - leia-se viajar, conhecer pessoas e ver passarinhos. 

Pensa em alguém que quer viver muito e intensamente, mas que gosta de fazer tudo sem pressa, sem pressão, sem opressão e sem imposição. Quer me fazer feliz? Então me leve andar devagar por estradinhas cheias de mato, flores e canto de passarinhos. 

E nesse mês foi o que a minha amiga Teca Resende e seu parceiro de vida Tássio Perotti fizeram comigo. Bora lá contar essa história desde o começo. 

Eu e Teca no nosso primeiro encontro presencial
Foto: arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

No final de 2019, uma mineira chamada Terezinha Cristina Campos de Resende, a mesma que atende por Teca Resende (leia-se Téca), criou um grupo no Wapp chamado Olha o Passarinho. Assim que eu voltei da África em março de 2020 (clique aqui para ler sobre essa expedição), eu recebi um convite, não lembro de qual amigo, para participar desse grupo. 

Eu entrei e me deparei com muitas pessoas conhecidas, inclusive vários amigos. Mas o mais legal é que no meio desses quase 200 integrantes, conheci novos passarinheiros e fiz novos amigos, todos ávidos por experimentar as coisas que já experimentei nessa deliciosa vida de fotógrafa de passarinhos, entre eles a própria administradora do grupo, a Teca.

Depois de criarmos um elo de amizade virtual, eu e Teca passamos a trocar diversas ideias. E ela acabou me convidando pra ir conhecer a sua querida Ibitipoca e ir "ibitipassarinhar" com ela.

"Oiiii"! Ibiti o quê? Sim, I-bi-ti-po-ca. ‘Ibitipoca’ é uma palavra tupi-guarani que dizem significar literalmente: ¨a montanha partida; furada¨ (ibiti(ra)+poca). Mas há quem diga que significa “Serra que estoura” ou “Serra estourada”, devido à grande incidência de descargas elétricas (raios). Outros dizem que seu significado seria "Casa de Pedra", em uma alusão à grande quantidade de cavidades naturais ali existentes e que serviam de abrigo para os índios. (Ah! Google, decida-se).

Em Ibitipoca você sempre ibiti-faz-alguma-coisa. Você se reúne pra ibitiprosear, tomar um ibitivinho, uma ibitibeer, um ibiticafé ou comer um ibitipãodiquejo com um ibitidossdileiti. Tem muita ibitiserra para subir e descer e centenas de ibititrilhas para andar. E muitos ibitipassarinhos.

OBs: Conceição do Ibitipoca é um distrito integrante do município de Lima Duarte (MG), mas eu considero todas as cidades vizinhas como pertencentes à Grande Ibitipoca (brincadeirinha).

Por do sol em Ibitipoca - de tirar o fôlego
Foto: arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Mas falemos um pouco do local. Com altitudes entre 1.200 e 1.784 m, onde predominam os campos de altitude, mais da metade da área é similar aos campos rupestres da Serra do Espinhaço, em Minas Gerais e na Bahia, mas a flora, por sua vez, aproxima-se da constituição da floresta Atlântica. Possui vários córregos e riachos que formam atrativos como piscinas naturais e cachoeiras. 

A Serra de Ibitipoca abriga o Parque Estadual do Ibitipoca, cuja portaria fica a 3 km da vila de Conceição de Ibitipoca, onde reside a Teca.

Quando a Teca se apresentou na série Destinos Silvestres do Canal Avistar, em novembro de 2020, nos contou que estava tentando unir e preparar a comunidade em torno do Parque para receber os Observadores de Aves, não só do Brasil, mas do mundo todo. 

Por conhecer bem o potencial da região, vinha buscando ampliar seus conhecimentos e descobrir novos talentos na área. E por essa e outras ela julgava importante que eu conhecesse o local e desse minha opinião. (desafio: veja minha opinião ao final, depois de ler TUDO, tudinho mesmo, sem pular nada 😂😂😂😂, mas bora lá valorizar meu post e comentar no final, se for mesmo meu amigo - lembre de estar conectado no Google e se for postar como anônimo, deixe seu nome no comentário)

Depois que terminar a leitura desse post, volte aqui e assista a apresentação dela. Mas já aviso, essa live durou 1:52:50h de tão boa que estava a prosa - Clique aqui para assistir.

Devido à segunda onda vermelha da COVID19 no Estado de São Paulo, eu decidi ficar isolada até tomar a primeira dose da vacina. Só decidi sair novamente depois de mais de 20 dias de vacinada, já começando a virar jacaré. Mesmo assim, para viajar tranquila, fiz um rápido teste de covid, que ufa, deu negativo de novo.

Eu começando a virar jacaré
Foto: arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Foi então que decidi que o primeiro destino que eu iria conhecer após esse período de isolamento total seria a "Tecalândia" na Grande Ibitipoca. Vários motivos me fizeram decidir ir "ibitipocar" com ela. Primeiro que adoro Minas Gerais, sua culinária e a receptividade do seu povo. Depois porque a Teca falava no grupo todo dia sobre as aves que via por lá, inclusive a águia-santa, cuja foto abre esse post. 

E o terceiro motivo foi meu pupilo de 9 anos que completa 10 hoje (20 de junho). Seu nome é Davi de Paula. Eu o conheci no grupo da Teca, tanto ele, como seu pai e seu irmão mais velho. Adoro a curiosidade insaciável das crianças e procurei ensinar para ele pelo Wapp um pouco do que me foi ensinado pelos amigos no que diz respeito à observação de aves. 

Enfim, não era só uma expedição para passarinhar. Era uma viagem para conhecer pessoas, lugares e fazer muitas fotos bonitas.

Para que eu não viajasse sozinha, o meu querido amigo passarinheiro Marco Cruz topou o convite para ir "ibitipocar" também. Escolhemos juntos a melhor data, conversamos e baseado num roteiro preparado pela Teca, decidimos viajar no dia 07 de junho.

Hoje eu e o Marco ligamos para ele via vídeo para cantar parabéns. Depois ele mandou a foto com o bolo.

Parabéns novamente Davi, que venham mais 100 anos de alegria e muitos passarinhos

7 junho de 2021 - segunda-feira


No dia anterior (6) a Teca me avisou que talvez o Parque de Ibitipoca fechasse e eu não pudesse conhecê-lo. Disse que eu me sentisse à vontade para suspender a minha ida. Embora a maior parte do Parque pertença à cidade de Lima Duarte, um pedaço dele fica em outro município que havia entrado na fase vermelha. Eu disse que não cancelaria, que combinado era combinado e não faltaria o que fazer fora do parque. E como você verá a seguir, não fez mesmo falta. O que fez falta foi ficar mais tempo para conhecer mais lugares e pessoas.

Não tinha como cancelar, até mesmo porque minhas malas e equipamentos já estavam na sala aguardando ansiosamente a partida e não viam a hora de ir para o porta-malas do carro. 

Foto: arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Saí de madrugadinha de São Paulo e só parei quando cheguei na casa do Marco em Taubaté (são 140 km +ou- e dessa vez não errei o caminho 😂😂😂😂). Ele me serviu um café, ajeitamos suas coisas no porta-malas do Ruber Ramphocelus (meu Duster cor-de-sangue) e partimos em direção à Lima Duarte/ MG.

Eu e Marco na estrada
Foto: arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Da minha casa até a casa da Teca, são 440 km. Depois de sair de Taubaté, paramos pra abastecer antes de mudar de Estado e depois na lojinha de Embutidos e Defumados Bom Jardim em Bom Jardim de Minas - MG. Infelizmente o rapaz que faria sanduíches deliciosos para a gente não tinha ido trabalhar naquele dia. Compramos algumas guloseimas e seguimos em frente. 

Eu e Marco na lojinha Embutidos e Defumados Bom Jardim
Foto: arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Já na estrada que segue para Conceição de Ibitipoca, por recomendação da Teca, paramos para comprar doce de leite e outras coisitas saborosas no Laticínio Serra Negra - Loja Dom de Minas. Teca comentou sobre mim com sua amiga Léa, a proprietária, e esta fez questão de estar presente nesse dia para nos receber. Além dos doces que comprei, ganhei dela um queijo e um requeijão de presente. Confesso que vou ganhar uns quilos a mais quando terminar de consumir tudo que adquiri e/ou fui presenteada.

Foto: print do Google Maps

Produtos em casa e parte já consumidos com muito gosto
Foto: arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

O queijo e a goiabada viraram até poema - clique aqui para ler
Foto: arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Mesmo com todas essas paradas, chegamos na Grande Ibitipoca às 14:35h. Quando vi o portal de entrada da Vila nem acreditei, fiquei "feliz por demais" e muito emocionada. O Marco até deu ré para eu fazer uma foto legal do portal.

Foto: arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Após as confraternizações de praxe, super contidas por conta dessa época "covidiana" (👊), fomos apresentados a cada um dos cantinhos da casa. Depois fizemos fotos no quintal. O Tássio, por ter o braço bem comprido, pediu para fazer a selfie que marcaria para sempre o início dessa nossa amizade presencial.

Foto: arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Após um breve almoço, subimos até o mirante da casa da Teca, melhor dizendo, na torre de observação de aves e nos despedimos do dia, admirando um por-do-sol de arrancar suspiros prolongados. 

Foto: arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Tássio, Teca e Marco clicando um cauré nesse momento
Foto: arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Depois de muita prosa, porque ir à Minas e não prosear muito não tem graça nenhuma, veio o momento da troca de presentes. Eu levei um quadro e o Marco alguns guias de campo, um de sua autoria e outros que teve sua participação com fotos. A Cristina Rappa ainda enviou um livro para a Teca sob meus cuidados.

Fotos: arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Ao longos dos dias fui ganhando diversos presentes da Teca e do Tássio. Um lindo chapéu de crochê, corujinhas em miniatura, um pano de prato com uma corujinha-do-mato, um lenço com a logo do Passarinhar Ibitipoca e um quadro do tico-tico feito pelo Tássio, que possui mãos muito hábeis e cria verdadeiras obras de arte.  

Foto: arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Algumas das obras do Tássio
Fotos: Arquivo pessoal de Teca Resende

Para finalizar uma taça de vinho pra brindar nosso primeiro encontro. E bora se preparar para dormir. Nessa hora fomos informados de que os banhos seriam "de gato" pois a vila estava com problemas de abastecimento e a água da caixa tinha que ser racionalizada. Nada de mergulhar na banheira do enorme quarto que a Teca reservou para mim. 😂😂😂😂😂😂


Foto: arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

8 junho de 2021 - terça-feira


Acordar cedo nunca foi problema para mim, mas estava difícil sair da cama quentinha. Deu uma preguicinha danada. Se não fosse o cheirinho de café vindo da cozinha, tenho a impressão que pegaria no sono novamente.

O duro era conseguir me concentrar no café, toda hora tinha um passarinho chegando no comedouro do quintal. O jeito foi sentar de costas e me concentrar na comida, o que era difícil de tanta coisa gostosa que tinha para escolher. 

Mas quem resiste aos encantos do beija-flor-de-fronte-violeta (Thalurania glaucopis), cambacica (Coereba flaveola), canário-da-terra (Sicalis flaveola) e tico-tico (Zonotrichia capensis)?

Só lembrando que ao final de cada dia relatado tem o link para as listas do dia no e-Bird, mas se preferir pode acessar meu perfil no Wikiaves (clique aqui)

Foto: arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Teca preparou lanches para a gente e colocou na bolsa térmica, pois iríamos passar o dia fora. A ideia era conhecer o centro da Vila, depois passarinhar na Estrada dos Moreiras e subir até a RRPN Água Santa, onde estaríamos sendo aguardados pelo proprietário Raphael Botti. Ele nos levaria ao cume da serra, onde vive uma família de águia-serrana, um dos atrativos "passarinhísticos" da Grande Ibitipoca. Só salientando: a RPPN Água Santa fica no município de Santa Rita de Ibitipoca.

Nossa primeira paradinha foi na Igreja Nossa Senhora da Conceição. Aqui eu já estava usando meu novo presente o chapéu de crochê feito pela Teca e o lencinho novo.

Foto: arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Seguimos estrada abaixo enquanto fui registrando algumas casinhas até chegar numa outra pracinha, onde a Igreja do Rosário tinha ao seu lado uma linda cerejeira em flor, irresistível aos meus olhos e lentes.

Fotos: arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Foto: arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Aí entramos na estradinha que leva a um local denominado Vila dos Moreiras. Havia muitas aves pelo caminho. O Marco comandava com muita maestria o play-back. As aves que se destacaram seguem no quadro abaixo na seguinte ordem: limpa-folha-de-testa-baia (Philydor rufum), pula-pula (Basileuterus culicivorus), sabiá-do-campo (Mimus saturninus), gavião-carijó (Rupornis magnirostris), guaracava-de-topete-uniforme (Elaenia cristata) e joão-bobo (Nystalus chacuru).

Fotos: arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Enfim seguimos para a Águia Santa, ops, digo Água Santa 😂😂. Ficamos aguardando o Raphael Botti chegar para podermos entrar. Enquanto isso fiquei olhando os passarinhos, flores e borboletas nas bordas da deliciosa estradinha.

Marco, Teca, Tássio e eu
Foto: arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Raphael é um ex - jogador de futebol profissional. Começou sua carreira no time do Vasco da Gama e depois atuou no futebol asiático tendo jogado no Jeonbuk Hyundai Motors (Coréia do Sul) e no Vissel Kobe (Japão). Depois de encerrar sua carreira no futebol, comprou uma fazenda de 170 hectares com gruta, cachoeira e muita área verde em Santa Rita de Ibitipoca. 

Ele montou na área atividades de ecoturismo e busca incentivar a prática de esportes na região, como escalada, rapel, voo livre, parapente e asa delta. E mais recentemente começou a ter contato com a observação de aves. E foi nessa área, chamada Água Santa, que passamos a tarde do dia 08.

Raphael atuando nos campos de futebol (fonte netvasco)

Raphael nos levou até o mirante com seu possante 4X4. Meu Ruber é 4x2 e jamais se arriscaria nessa empreitada. Até dava pra ir a pé, pois são só 2,1 km, mas o Raphael fez isso por mim e por meus joelhos. Ex-atleta entende ex-atleta e suas eternas lesões (as minhas são oriundas do voleibol que deixaram meus joelhos em frangalhos) 😂😂😃😃😃😃.  Ao chegar no mirante, paramos para apreciar a paisagem deslumbrante. 

Eu, Teca e Raphael
Foto: arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Foto: arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Em seguida caminhamos para um ponto onde possivelmente iríamos avistar a águia-serrana (Geranoaetus melanoleucus). Ficamos horas esperando. E depois horas fotografando. Meu dedinho nervoso clicou mais de mil vezes as duas do trio que pousaram à nossa frente. As fotos onde apareço abaixo foram feitas pelo Raphael a meu pedido, usando meu celular.

Eu, eu e Marco, Marco, Raphael e eu de novo.
Fotos: arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Com vocês as águia-santas ou melhor, as águias-serranas (Geranoaetus melanoleucus). Foi um colírio para os olhos e um delírio para as minhas lentes. Momento de pura emoção.

Fotos: arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

A foto que mais curti no dia foi feita pelo Raphael. O enquadramento com a jovem águia no topo da árvore onde eu a fotografei ficou incrível.

Eu by Raphael Botti
Foto: arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Meu amiguinho Bryan Ballack, que também conheci no grupo Olha o Passarinho, fez uma ilustração para homenagear a rainha do dia. Super obrigada Bryan, eu adorei. Espero ver mais águias-SERRA-nas como essa e menos homens-SERRA-ndo. 😂

águia-serrana (Geranoaetus melanoleucus) por Bryan Ballack

O dia não podia ser perfeito se não pudéssemos registrar a dupla vocalizando. Então o Marco fez essas belíssimas imagens, na mão, uma vez que não levamos tripés. De arrepiar!


E no final, antes de iniciarmos a descida em direção ao mirante, fizemos fotos para guardar de lembrança. Mas cadê o Tássio? Ah! Tá! Ainda está concentrado por aí clicando alguma águia. 😂😂

Foto: arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

No caminho há um local que o Raphael escolheu para homenagear o lobo-guará, cuja parada torna-se obrigatória para fotos. E foi o que fizemos.

Foto: arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Foto: arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Rolou até ensaio abraçando o lobo. E depois dessas fotos nós seguimos até a Vila próxima para comemorar o nosso dia.

Foto: Arquivo pessoal de Teca Resende

Fotos: arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Ah! Já ia esquecendo, não faltaram flores pelo caminho, além das duas posando ao lado do lobo-guará no quadro anterior. 😉😁 😃😃😃😃

Fotos: arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

E sempre tem uma borboletinha pelo caminho que não escapa do foco da minha lente.

Fotos: arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Um pouco da Água Santa pelos olhos do Raphael Botti.

Fotos: arquivo pessoal de Raphael Botti

Ao retornamos fizemos um pit stop no restaurante Maria das Pedras (Bar do Nativo) na Vila de Moreiras, pertencente à simpática Maria, que nos preparou uma costela de lamber os beiços entre outras comidinhas engordativas. Com direito à cervejinha gelada e tudo mais.

D. Maria é quem recepciona os turistas, no Bar. Ela é quem indica como é a ida até a Serra e recebe o valor do ingresso, colocando pulseirinhas em nossos braços.

O nome Água Santa decorre de uma lenda. Dizem que no caminho da subida da Serra da Água Santa, numa pequena gruta, habitava um monge católico, que ali realizava rituais celebrando sua fé e sua devoção à Natureza. Pouca coisa se sabe sobre ele. Mas o cruzeiro deixado à entrada da caverna e as águas cristalinas que ainda brotam por lá perpetuam as histórias dos milagres concedidos aos que bebem dessa fonte. Para beber ali, foi deixada uma concha de cabo comprido. Em um pequeno buraco, na base de uma parede de pedra, dentro da gruta, forma-se um curioso reservatório, sempre cheio das "águas milagrosas" que ali afloram e das quais não se vê a fonte. (fonte: Revista PARADEIROS MANTIQUEIRA).

Infelizmente não deu tempo de conhecer a gruta. Essa ficará para a próxima visita, com certeza.

(fonte: Revista PARADEIROS MANTIQUEIRA).

Maria ao lado do Marco
Foto: arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

a turma toda
Foto: arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

E para finalizar, o Marco presenteou nosso anfitrião Raphael com dois guias de campo, fechando com chave de ouro esse dia magnífico. 

Raphael e Marco
Foto: arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

eBird - Listas do dia

Ter 8 jun 2021 - 07:50h
Casa da Teca - Gabiroba
https://ebird.org/checklist/S90126016

Ter 8 jun 2021 - 09:49h
Estrada para Os Moreiras, Minas Gerais, BR
https://ebird.org/checklist/S90124897

Ter 8 jun 2021 - 11:50h
Santa Rita de Ibitipoca/MG - Água Santa
https://ebird.org/checklist/S90124966

9 junho de 2021 - quarta-feira


Nesse dia estava programado irmos conhecer o Parque de Ibitipoca. Porém, ele permanecia fechado. A Teca até solicitou à gestora uma excepcionalidade. No entanto, não foi mesmo possível. Depois do pedido da Teca via Wapp, a gestora gentilmente me ligou para se desculpar e dizer que, por razões diversas não poderia autorizar minha entrada. Foi uma pena. A notícia do fechamento só chegou um dia antes da viagem e foi repassada para mim pela amiga Teca por Wapp.

Só lembrando que mesmo depois de atendermos toda a burocracia exigida para que pudéssemos conhecer o parque (preenchimento de formulários e envio de documentos 10 dias antes da pretendida visita),  nenhum comunicado via e-mail ou SMS foi passado para nos avisar do fechamento. Por isso eu digo, o Brasil anda sempre na contramão e de ré no que diz respeito à visitação à maioria dos nossos parques, entre outras coisas relativas ao turismo.

Mas como eu disse, seria apenas um passeio a mais. Em substituição, a Teca conseguiu com parceiros autorização para conhecermos lugares bem bacanas, com matas super preservadas.

Logo que saímos de casa, os cachorros da Teca e da vizinhança quase me mataram de rir. Pena que não fotografei o Orion tentando abocanhar o para-lama de um fusca que passava, enquanto o Tássio tentava fazer com que eles voltassem pra casa e não nos seguissem. Foi muito divertido, cheguei a ficar com câimbra na bochecha e na barriga de tanto rir. 

O mais legal foi o que aconteceu logo que chegamos à RPPN Serra do Ibitipoca Hotel de Lazer. O Marco ia deixar na recepção um guia de aves para o proprietário Fábio Henrique Gonçalves em agradecimento. O Tássio pegou o livro e abriu, caiu na página do barbudo-rajado (Malacoptila striata), uma linda ave da família dos buconídeos. Ele apontou para a ave e disse que era seu sonho. 

Logo em seguida o sonho se materializou. O Marco ouviu o barbudo-rajado vocalizando por perto e os olhos de águia dele e o do Tássio localizaram o bichinho rapidamente, que costuma dar mole e fazer pose para ser fotografado. Depois de registrar sua nova espécie, o Tássio chorou feito menino quando ganha brinquedo no dia do aniversário. Foi emocionante.

Momento que chegamos e fizemos a foto com o livro que ia ser presenteado
Foto: arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

barbudo-rajado (Malacoptila striata)
Foto: arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Isso aconteceu na área da recepção. Após o bichinho ir pra longe, nós adentramos a floresta, achamos outras aves e fizemos algumas fotos bem legais. Alguns deram mole, outros não. Normal né? Destaque para maria-cavaleira (Myiarchus ferox), choca-da-mata (Thamnophilus caerulescens), tesoura-cinzenta (Muscipipra vetula) e fruxu (Neopelma chrysolophum). 

Foto: arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Não pudemos explorar mais pois necessitávamos retornar para casa. O Marco tinha um compromisso de trabalho e a reunião era online. Ao chegar na Teca fui direto pros comedouros e bebedouros. 

Destaque para a visita do sabiá-laranjeira (Turdus rufiventris), rolinha-roxa (Columbina talpacoti), tiriba-de-testa-vermelha (Pyrrhura frontalis), rabo-branco-acanelado (Phaethornis pretrei), beija-flor-tesoura (Eupetomena macroura), beija-flor-de-fronte-violeta (Thalurania glaucopis), fogo-apagou (Columbina squammata), bentevizinho-de-penacho-vermelho (Myiozetetes similis) e cambacica (Coereba flaveola).

Fotos: arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Para comemorar nossa manhã, brindamos com uma tacinha de vinho na beira da piscina.

Tássio, Teca, Marco e eu
Foto: arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

No final da tarde fomos conhecer a Reserva Alto da Colina, de propriedade dos pais do amigo Rafael Baldi. Toda família veio nos receber. Fernanda, a mãe do Rafael, nos esperava com bolo saindo do forno, pão de queijo quentinho e um café cheiroso, que nem me importei que já tinha passado das 15 horas, quando eu limito minha última xícara para não interferir no sono. 

Eu, Teca, Marco, Rafael Baldi e Tássio
Foto: arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Depois do café e de avistarmos um lindo gavião-de-rabo-branco (Geranoaetus albicaudatus) voando sobre nossas cabeças, a prosa continuou rolando solta. Enquanto a Teca trocava ideia com os pais do Rafael (Cássio e Fernanda) ao lado do Ruber, este conversava mais embaixo com o Marco e o Tássio. 

Foto: arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

E eu, enquanto isso, registrava a encantadora paisagem avistada lá de cima que foi interrompida por uma visão quase mágica. Um besourinho-de-bico-vermelho (Chlorostilbon lucidus), com uma luz dourada (a golden light, conforme diz o meu amigo Marco) refletindo sobre suas peninhas, sugava néctar de uma bromélia no alto de uma árvore. Pena que estava um pouco longe.

besourinho-de-bico-vermelho (Chlorostilbon lucidus)
Foto: arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Foto: arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Foto: arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Foto: arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Abaixo seguem algumas fotos das aves do fim de tarde: gavião-de-rabo-branco (Geranoaetus albicaudatus), urubu-de-cabeça-vermelha (Cathartes aura), besourinho-de-bico-vermelho (Chlorostilbon lucidus) e pomba-asa-branca (Patagioenas picazuro). 

Fotos: arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Óbvio que não podia faltar uma corujada nessa viagem, nem que fosse de leve. E foi assim que registrei a corujinha-do-mato (Megascops choliba), um pouco antes de irmos embora, na altura dos olhos. Quadro pronto! A música Olhar 43 (RPM) se encaixava bem nessa hora. (falando nisso, se você não conhece a música, eu vou incorporar um vídeo logo abaixo das fotos dela)

"E pra você eu deixo apenas meu olhar 43. Aquele assim, meio de lado, já saindo, indo embora, louco por vocês..."

Fotos: arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Olhar 43 - RPM


E assim nos despedimos do Alto da Colina, do Rafael e de sua família. Na próxima vez quero explorar mais o local, pois tem matas lindas ao seu redor.

eBird - Listas do dia

Qua 9 jun 2021 - 09:09
RPPN do Serra de Ibitipoca Hotel de Lazer
https://ebird.org/checklist/S90125481

Qua 9 jun 2021 - 13:40
Casa da Teca - Gabiroba
https://ebird.org/checklist/S90125043

Qua 9 jun 2021 - 16:40
Pousada Alto da Colina
https://ebird.org/checklist/S90125150

10 junho de 2021 - quinta-feira


Acordamos muito cedo e após um substancioso café, partimos para a Cachoeira do Apiário em Andrelândia. Desta vez em dois carros, pois de lá eu voltaria pra São Paulo e não retornaria à Conceição de Ibitipoca com a Teca e o Tássio.

Meu amiguinho Davi estava tão ansioso quanto eu. Toda hora fazia uma pergunta. Às 5.11h já estava me dando bom dia. Nessa hora eu ainda estava dormindo. 😂😂😂😂

Eu coloquei o despertador para 5:30h. Às 5:32h ele me perguntou: Já acordou pra vir? Kkkkk. Em seguida: 6:56h Já saiu? Sim, e como fomos passarinhando pelo caminho, demoramos mais do que a gente previa. Em Minas, vai aprendendo, você só anda devagar, por vários motivos, as estradas são estreitas, de terra, com muitas curvas, um "sobe-e desce" contante e o melhor, muitos passarinhos. Às 9:05h: Estão aonde? Eu respondi: a 200 m da sua casa.

Aí foi só emoção. Depois disso tudo virou festa. Abraça daqui, abraça dali (o pai Hélio autorizou).  A mãe dos meninos, Luciana, nos recebeu com muito carinho e alegria. Preparou pão de queijo, café e outras coisitas deliciosas. Mas a gente mal conseguia parar, Davi e seu irmãozinho André queriam me mostrar e contar um monte de coisas.

Aí começou a sessão presentes, três livros enviados pela Tia Cristina Rappa, sob meus cuidados, que encantou os três meninos. Isso até o Tio Marco dar guias de campo de aves para os guris. Aí foi o Samuel, o mais velho que ficou alucinado. A Tia Silvia (euzinha no caso) levou um quadro e uma caneca que imita lente de fotografia. Em seguida, sessão de fotos para guardar esses preciosos momentos. 

Foto: arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Foto: arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Foto: arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Foto: arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Foto: arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

O Davi me apresentou seus garnizés. Garnisé, ou garnizé, é o nome dado às raças de galináceos menores que a galinha doméstica comum. Também conhecidos como galisé, galiré, jamaicano, galinha-da-Índia, galinha-da-Costa, galinha-do-Reino, galinha-anã ou galinha-miniatura. Um mais fofo que o outro. 

Foto: arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Depois fui conhecer a horta, os comedouros, os bebedouros, onde fiz fotão da saíra-amarela (Tangara cayana) com flores vermelhas ao fundo. A-do-ro fotos de aves com flores.

saíra-amarela (Tangara cayana)
Foto: arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Foto: arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Festa vai, festa vem, o Davi nos conta que monitorou o bacurau-tesoura (Hydropsalis torquata) até chegarmos e ele estava bem pertinho só aguardando a gente. Lá fomos nós ver o bacurau. 

bacurau-tesoura (Hydropsalis torquata)
Foto: arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

De lá já subimos pelo mato atrás de outras aves. Passamos devagar e em silêncio pelas abelhas que trabalhavam sem parar. 

Foto: arquivo pessoal de Helio de Paula

Saímos finalmente no campo cerrado. A gente ia conversando na trilha. Parecia que eu e Davizinho nos conhecíamos há muito tempo. A gente queria contar coisas um pro outro, ele queria me mostrar todas as aves, aliás, ele tem uma percepção muito boa das aves ali do sítio. Ele, seu pai e seu irmão revezam uma P900, a super zoom da Nikon. Davi e Samuel fazem fotos muito bonitas. Veja aqui o perfil de cada um no Instagram: Davi e Samuel.

Eu e Davi logo ali
Foto: Arquivo pessoal de Teca Resende

O sítio é muito bonito, ainda quero voltar no verão para tomar banho de cachoeira.

Foto: arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

O Marco queria muito melhorar a foto do tapaculo-de-colarinho (Melanopareia torquata). E não é que o bichinho entregou foto de quadro pra gente. Foi uma festa só. Por essa e outras é que o obturador da minha câmera gasta. Eu não resisto a um bichinho bonito e meu dedo nervoso não consegue aliviar.😃😃😃😃

Foto: arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

No quadro abaixo um pouco do que foi nossa manhã: bacurau-tesoura (Hydropsalis torquata), canário-da-terra (Sicalis flaveola), tiê-preto (Tachyphonus coronatus), saíra-amarela (Tangara cayana), fogo-apagou (Columbina squammata) sanhaçu-do-coqueiro (Tangara palmarum), entre outros.

Resultado da manhã
Foto: arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

O que não faltou pelo caminho foram flores e seu colorido incrível. Tanto nas trilhas como no jardim da casa. As três primeiras não estão de ponta-cabeça, elas florescem assim mesmo, viradas para baixo.

Foto: arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

E como a gente queria ver urubu-rei, o Marco resolveu que o "terneirinho" para ele descer na altura dos olhos seria o Davi. Pegou-o no colo e disse que ia jogar ele no mato. Pareciam duas crianças. A gente se divertiu muito com essa história de lanchinho e petisco pra urubu, lobo-guará, etc.

Foto: arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Depois voltamos para o almoço, onde a Luciana preparou uma comidinha deliciosa pra gente. O plano inicial era sair do sítio depois do almoço e ir até um parque com pinturas rupestres localizado na Serra de Santo Antônio. Mas estava muito gostoso no sítio e adiamos esse passeio para uma próxima ida. Resolvemos ficar um "cadinho" mais e sair de novo em busca dos passarinhos no campo cerrado. 

Mas antes teve o momento família reunida, só faltou o Helio que subiu numa escada para tirar essa foto.

Foto: arquivo pessoal de Helio de Paula

Descemos até a cachoeira e o que não faltou foi vontade de pular na água, mas só faço isso no verão e olhe lá. 😂😂😂😂😂 O local é bem receptivo, os turistas devem adorar. O mais legal foi a placa dizendo: Em caso de incêndio, vire a placa!". Lógico que a "curiosinha" aqui foi virar! 😂😂😂😂😂. O que não faltou foram gargalhadas por conta disso.

Foto: arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

E ainda teve registros de maria-preta-de-penacho (Knipolegus lophotes), tiê-preto (Tachyphonus coronatus), tico-tico-rei-cinza (Coryphospingus pileatus), rolinha-roxa (Columbina talpacoti), fogo-apagou (Columbina squammata), estrelinha-ametista (Calliphlox amethystina), choca-de-chapéu-vermelho (Thamnophilus ruficapillus), canário-da-terra (Sicalis flaveola) e alma-de-gato (Piaya cayana).

Foto: arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Na hora da despedida, a "tiazona" aqui teve que se segurar na frente do pupilo pra não se esvair em lágrimas. Sabia que ia entrar no carro engolindo o choro. Mas sabia também que teria mais uma manhã com o meu pupilo, seu pai e seu irmão.

Antes de ir eu ganhei um presente do Hélio, uma cabaça gigante e um pouco de urucum. Os nutricionistas afirmam que o urucum apresenta grande quantidade de flavonoides e carotenoides, dois compostos ativos que dão essa cor avermelhada ao fruto. Eles são responsáveis pela potente ação antioxidante e anti-inflamatória do urucum. 

Foto: arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Já me preparando para ir para "a cidade", a prateleira de mel do Hélio piscou pra mim. Vi vários potes de mel saltitantes, dizendo, "me leva, me leva". Todo mundo sabe que há anos consumo mel e própolis diariamente para manter minha imunidade em alta e ver aquele mel purinho ali e própolis feito pelas mãos do meu amigo Hélio, sabia que eles iriam parar no meu porta-mala. Na foto apenas um de cada, mas o estoque que adquiri já está guardadinho no armário da cozinha.

Foto: arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Fiz uma foto do cartaz na parede e como ficou difícil ler, eu transcrevi abaixo. Ele tem um grande significado pra mim, é o próprio espírito mineiro. Aviso: está escrito em "mineirês". 😃


Foto: arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Se o turista neste sítio chegá
O chapéu para ele eu vou tirá
Seja bem-vindo, vamo cabá de chega
Vamo pra cozinha prossê mióacomodá
Ossê tá vindo daonde? Então vamos prozear
Enquanto a Patroa vai servi café com broa de fubá
Dispois vamos dá uma vortinha até o currá
Prossê vê a vaca mimosa e se bezerro mamá
Sem muita corredera
Vamos passá naquela portera
Pra chegá até a cachoera
Óia lá, tá saindo fumaça
Parece até uma foguera
Ossê quer tomar um banho pra refresca?
Tem inté prainha de areia prossê bronzeá
Dispois a ilha das bromélias, ossê vai admirar
A beleza da flor, no chão ela tá
Onde a natureza a fez enraizá
Ossê quer pegar um peixinho? Então vamo lá
Tem lambari, pirapitinga e cará
Dá um bão tiro-gosto
Prá boa pinga nóis toma
A abeia faz um doce mel
Mas também pode ferroá
Dói um cadinho
Mas seu reumatismo vai curá
Óia ali o passarinho
Pra observá e fotografá
Vamo lá ouvir seu cantá
Oia lá o lobo-guará
Bicho bonito de nossa fauna
Sempre presente pra completa
Brigado pela visita
Espero ossê vortá
Tenha uma boa viagem
Que Deus vai te acompanhá!!!
(autor: Hélio de Paula)

O sítio guarda outras surpresas, que infelizmente não foi dessa vez que pude apreciar. O cachorro do mato costuma vir com frequência, mas pasme: olha aonde o sonho de todo amante da natureza já apareceu. Imagina só um lobo-guará no seu quintal ... eu acho que desmaiaria de emoção.  As fotos abaixo foram feitas pelo Davi, seu irmão Samuel e seu pai Hélio, nessa ordem. 

Fotos; arquivo pessoal da família De Paula

Eu e Marco iríamos dormir em Andrelândia, num hotel que havíamos reservado antes. No dia seguinte a gente ia encontrar o Hélio e os meninos para irmos até a Pousada dos Querubins. 

Saímos antes de anoitecer, bem de tardinha, depois de andar um tempo sob um céu esplendoroso, chegamos numa ponte onde um caminhão acabara de danificar sua estrutura e ela estava interrompida. Tínhamos duas opções, voltar até o Helio, dormir e seguir por outro caminho no dia seguinte ou buscar outra estrada. Aí lembrei do Davi me dizer que Santana do Garambéu era mais perto do sítio do que Andrelândia. 

Detalhe: meu carro estava quase na reserva, pois não há posto em Conceição de Ibitipoca e eu tinha me esquecido desse detalhe. Eu havia conseguido comprar 5 litros de um cara que a Teca descobriu na Vila, e, óbvio, o litro foi vendido a preço de ouro. Se for à Grande Ibitipoca, lembre-se de completar o tanque em Lima Duarte ou outra cidade maior, antes de prosseguir.

Essa ponte quebrada foi um alento, sempre digo, nem tudo que parece ruim, de fato é. Retornamos e uns caminhoneiros parados por causa da ponte, disseram que rapidinho chegaríamos em Santana do Garambéu. Era só seguir em frente. Disseram que poderíamos abastecer e seguir até Andrelândia por outro caminho, embora mais longo, mas bem tranquilo também. E assim foi, mais segurança e menos preocupação. 

Foto: arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Chegamos na cidade, fizemos check-in no Hotel e saímos comer um lanche. Cai na cama depois e dormi feito anjo de tão cansada que estava.

eBird - Listas do dia

Qui 10 jun 2021 - 09:33
Cachoeira do Apiário - Andrelândia
https://ebird.org/checklist/S90125349

Qui 10 jun 2021 - 12:50
Cachoeira do Apiário - Andrelândia
https://ebird.org/checklist/S90279420

Qui 10 jun 2021 - 16:09
Cachoeira do Apiário - Andrelândia
https://ebird.org/checklist/S90125374

11 junho de 2021 - sexta-feira


Levantamos cedo e seguimos para o ponto de encontro com o Hélio e os meninos. De lá fomos para a Pousada dos Querubins. Ela é parte de um projeto maior. O amigo Frederico Blanco é um dos que milita junto a esse projeto, principalmente no que diz respeito às aves.

A Fundação Guairá criou a Pousada dos Querubins a partir do compromisso com a preservação do meio ambiente e do propósito de trabalhar pela valorização do potencial turístico de Andrelândia (MG). É uma instituição sem fins lucrativos, que atua junto à população de Andrelândia (MG) e região há mais de 30 anos, com projetos ligados à sustentabilidade, ao incentivo à cultura e à arte, além de sua atuação na defesa do meio ambiente, na geração de emprego e renda e na educação de crianças e jovens. 

Institucionalmente, a Fundação Guairá tem como princípios básicos o respeito à vida, a responsabilidade social e ambiental e a valorização de iniciativas voltadas para a sustentabilidade, a cooperação e a cidadania. Atualmente, suas atividades são distribuídas em seis áreas de atuação: educação, sociocultural, turismo, rural, sustentabilidade e saúde.

O nome “Guairá” vem do tupi-guarani e significa “terra sem males”, simbolizando o intuito da fundação de promover, em conjunto com a população, o desenvolvimento econômico, a preservação da cultura, a manutenção e o equilíbrio dos ecossistemas locais, assim como a melhoria da qualidade de vida de quem vive e trabalha em Andrelândia.
(Fonte: site da fundacaoguaira.org.br)

Ao chegar, fomos super bem recebidos pela proprietária Ana Machado Sabino e sua prima Heliane. Em seguida fomos convidados a tomar café da manhã na área aberta ao lado da piscina. No momento, aproveitando a pandemia, a pousada está fechada para reformas. Somente abriu uma exceção para nos receber. O que me chamou a atenção foi o painel com os copos para nossa utilização. Cada um tinha o nome da pessoa que ia se servir. O meu e do Marco estavam ali no finalzinho à direita.

Foto: arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Há um convênio com os órgãos ambientais para soltura de aves. O Davi estava tão empolgado com o local e com um bando de araras-canindé perambulando por ali, que sequer parou para comer. Olhe só as fotos que ele fez delas enquanto tomávamos café. 

Fotos: arquivo pessoal Davi de Paula

A previsão do tempo pra semana toda alertava para chuvas, mas como sempre, Santa Clara não deixou elas virem. No entanto nesse dia parecia que ela iria vir, quisesse Santa Clara ou não. 

Fomos levados de carro até um ponto da Fazenda e depois passamos a caminhar pelo mato em busca de passarinhos. Fomos em sete pessoas, eu, Marco, Helio e os dois meninos, acompanhados pelo Pascoal e pela Ana. As matas eram bem variadas, ora fechadas, ora campo. Um espetáculo para onde você direcionava seus olhos.

Foto: arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Foto: arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Momentos registrados pela nossa anfitriã Ana, enquanto apreciávamos um bando misto nas imediações da trilha. E logo em seguida, eu subindo a serra calmamente, enquanto pensava na vida.

Foto: Arquivo pessoal Ana Machado Sabino

Foto: Arquivo pessoal Ana Machado Sabino

Finalmente não só encontramos, como fizemos fotão da posuda e difícil de fotografar corruíra-do-campo (Cistothorus platensis). É uma ave que não para quieta, mas que representa bem seu ambiente, pois possui coloração marrom-claro, que a faz confundir-se com a vegetação onde vive. Seu nome científico significa: do (grego) kistos = arbusto, arbustos nas rochas; e thouros, thrösko = pulando, correndo, saltar, correr; (latim) platensis referente à região do rio da Prata na Argentina. ⇒ (Ave) do Prata que pula por pedras e arbustos. 

É uma espécie de taxonomia complexa. (veja mais aqui no Wikiaves)  Possui quatorze subespécies divididas em três grupos geográficos. O Estado que detém o maior número de registros dela no Brasil é Minas Gerais.

Foto: arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

E durante nossa breve passarinhada pela manhã encontramos mais algumas aves, entre elas bico-de-veludo (Schistochlamys ruficapillus), tucão (Elaenia obscura), coleirinho (Sporophila caerulescens), sabiá-poca (Turdus amaurochalinus) e sabiá-barranco (Turdus leucomelas), entre outros. Obviamente não exploramos todo o potencial da pousada, foi só um tira-gosto.


Foto: arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Um dos momentos que quase me matou do coração foi o lobo-guará ter passado pela gente no mato, pouco depois de eu registrar as fezes dele, cujo bolinho passaria despercebido se não fosse o Pascoal mostrar para mim.

Eu acabei não vendo e nem registrando de tão rápido que ele passou. Ficou para a próxima. Eu já o vi de pertinho, nas escadas do Santuário do Caraça, mas imagino que nem se compara vê-lo correndo pelas pradarias. Um dia terei essa chance.

Fezes de lobo-guará 
Foto: arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Quando a pessoa não toma seu café por causa dos passarinhos vai ter fome na trilha. Ainda bem que seu pai levou um pacote de biscoitos, né Davi? 

Foto: arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Não é segredo que meu bioma preferido sempre foi o cerrado. Não sei dizer exatamente porque, mas um dos motivos são suas flores. Sempre me encantaram, desde que eu morava em Brasília e nem sonhava em ser fotógrafa de passarinhos. Ando sempre devagar pelas trilhas, procurando qualquer coisa coloridinha que chame atenção dos meus olhos. Abaixo alguns registros que fiz durante essa caminhada matinal. 

Foto: arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

E já estou inspirando seguidores, olha meu pupilo focando flores no meio do caminho. Fiquei muito orgulhosa na hora.

Foto: arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Chegando perto da hora do almoço, vieram nos buscar de carro, pois voltar os poucos mais de 5 km que percorremos não ia ser fácil. Se bem que parte desses 5 km foi feita de carro, não dá pra saber 😃😃😃😃. Mesmo assim, eu estava cansada, a semana tinha sido intensa, além disso, muito tempo sem sair de casa acabaram pesando nessa hora.

Uma foto com todos antes de voltarmos à sede.
Foto: arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Após o delicioso almoço, chegara a hora de voltar pra casa, a hora que mais faz doer o coração: a despedida. 

Meu pupilo acabou ganhando meu boné da Yes Bird* e nesse dia usou ele como agradecimento pelo presente. Eu posso dizer que esses momentos me deixam "desmilinguida". Tento me segurar perto das pessoas, para parecer durona, mas quem me conhece sabe que fico com o coração apertadinho. 

*Yes Bird é uma confecção catarinense das amigas passarinheiras Elenice e Juliana voltada para a observação de aves. Tem como parceiros a Save, o Wikiaves, Espaço Silvestre, a Loja dos Passarinhos, entre outros. Você pode adquirir peças pelo site delas - Yes Bird ou na Loja dos Passarinhos, da amiga Tietta Pivatto. ATENÇÃO! Cuidado com ofertas nas redes sociais dessa marca por pessoa não autorizada. Essa pessoa costuma te oferecer promoções imperdíveis, diz que é para ajudar alguma instituição e depois disso some, levando seu dinheiro e não entrega a mercadoria. 

Foto: Arquivo pessoal Samuel de Paula

Foto: arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

A chuva veio durante o almoço, lavou o carro que estava de pó até a alma. Olhe, abaixo, como ele estava um pouco antes da chuva cair pra valer. Só que ela veio e foi embora e pudemos seguir nosso caminho de volta pra casa com tranquilidade.

Foto: arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

eBird - Listas do dia

Sex 11 jun 2021 - 07:57
Andrelândia--Pousada dos Querubins
https://ebird.org/checklist/S90125248


Minha conclusão: Não vá para a Grande Ibitipoca para passarinhar. Não vale à pena. Somente vá se seu instinto aventureiro pedir pra ir junto. Vá se for pra aproveitar tudo, suas belezas naturais, o carisma dos seus moradores, a deliciosa culinária, e porque não, os passarinhos também... 😂😂😂😂. (é brincadeirinha, gente - só zueira mesmo e um jeito de dizer que eu gostei demais de ir pra lá).

Foto: arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Com essa linda foto feita no cerrado chego ao final deste looonngooooo post agradecendo a todos que de uma forma direta ou indireta participaram dele, Marquito (Marco Cruz) pela sempre maravilhosa companhia para passarinhar, amigo querido para todas as horas. 

Obrigadíssima Teca e Tássio pela carinhosa recepção e por todo o suporte antes, durante e após essa viagem. 

Hélio, Luciana, Samuel, André e Davi de Paula, super obrigada por nos receberem com tanto carinho, nos fazendo sentir como parte da família. 

Raphael Botti, D. Maria, Rafael Baldi e família, Ana Machado Sabino e família, muito prazer em conhecer vocês e obrigada de coração pela oportunidade de apreciar lugares nunca dantes imaginado.

Finalizo com um agradecimento especial à Teca Resende, pelo convite, sem o qual essa expedição à Grande Ibitipoca não teria acontecido. Abaixo incorporando o vídeo que ela produziu para fechar com chave de ouro esse post. A forma mais carinhosa e emocionante de contar essa mesma história que você acabou de ler.


23 comentários:

  1. Adorei sua narrativa e as lindas fotos. Foi um privilégio ara nós receber você e seu amigo Marco Cruz. Vivemos momentos que ficarão eternizados em nossos corações. Espero que volte logo para podermos te apresentar tantos outros lugares, incluso o Parque Estadual do Ibitipoca que infelizmente ainda se encontra fechado à visitação. Obrigada por todo carinho conosco e com nossa terra. Você sempre será recebida de braços abertos, não demore voltar!!!

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    1. Minha querida, muita gratidão por todo esse carinho e apreço. Sim, esse seu jeitinho mineiro de ser não tem preço, nem cartão de crédito que pague kkkkkkk Foi um prazer e uma alegria enorme fazer parte da história da Grande Ibitipoca.

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  2. Parabéns, mais uma vez uma bela narrativa, sucesso

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  3. Silvia, amei! Que relato rico em detalhes e emoções! E sim: passarinhar é também aproveitar para curtir o ambiente, as flores, demais animais, as comidas, a cultura, as pessoas… muito legal! E o Davi? Estou louca para conhecê-lo pessoalmente. Seu irmão também. Meninos especiais esses! Muito bacana tudo. Teca, vou me organizar para ir aí. Beijos, amigas!

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    1. Cris querida, super obrigada. Os meninos adoraram os seus livros, o Andrezinho, o caçula, nem se fala. Ibitipoca te aguarda. Um beijo grande no seu coração.

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  4. Adorei, Silvia !

    Só pela Água Santa ¬¬ já acho que vale a viagem !

    Cada passarinhada é isso né? Tem muito carinho e aventura e emoção envolvidos, experiências únicas que ficam gravadas em cada foto que fazemos.

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    1. Isso mesmo Ney, eu digo que valeu cada minuto. Obrigada por comentar, meu querido. Fico muito lisonjeada com a sua atenção e carinho.

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  5. Que beleza, gosto muito dos seus escritos, vejo emoção nas suas palavras.
    Passarinhar é conhecer e envolver-se com os lugares e deixar a magia da natureza se inflar dentro de nos.

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  6. Silvia, semrpe textos deciiosos, cheiso de vienvias e sensções. Parabéns

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  7. Fantástico! Muito bacana seu blog, seus, relatos, suas imagens, seus detalhes de cada local! O seu relato inicial descreve exatamente o que muitos de nós ( colecionadores de figurinhas, assim fui classificado por alguns guias q se vangloriam de ser biólogos e eu não) sentimos diante das agressões nas redes sociais. Mas para nós que adoramos as aves, passarinhar, viajar, interagir, conhecer gente, esses títulos atribuidos por gente miúda não tem a menor importância. Bom mesmo e gratificante é ver pessoas como vc, compartilhando conosco suas viagens, suas aventuras, divulgando lugares bacanas e gente do bem. Parabéns Silvia e muito obrigado por compartilhar! Abraços.

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  8. Que viagem incrível. As coisas paralelas que aconteceram foram até mais emocionantes que as passarinhadas em si. Por isso que esse hobby é agregador e maravilhoso. Viajei junto com o seu relato. Amei....

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    1. Obrigadíssima meu amigo. Fico extremamente feliz que tenha gostado e comentado.

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  9. Bom dia, Silvia, aqui é a Rita Carvalho, Parabéns por divulgar Ibitipoca e arredores, e esta amizade, amei, bjs!!!

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  10. Relato emocionante Silvia! assim como foi receber vocês aqui. Muito Obrigado!

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  11. Momentos que ficarão pra sempre em nossos corações e que venham outros!

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Obrigada por visitar meu Bloguinho!