Caboclada – é um substantivo feminino que significa grupo
de caboclos ou ação/atitude próprias de caboclo. Mas para os "passarinheiros" (aqueles que apreciam e/ou observam aves) tem
outro significado. Significa fazer uma “tour” para observar determinadas
espécies de aves conhecidas como papa-capins, também chamados de sporophilas ou
caboclinhos. Sporo vem do grego sporus que significa "semente" e phila, que também se origina do grego,
significa “que gosta”.
E como você faz para observar os papa-capins? É só
procurar a Seledon Turismo, comandada pelo amigo Maicon Mohr, em parceria com o
guia ornitológico Adrian Rupp, que eles disponibilizam um pacote de viagens
chamado Caboclada.
O roteiro inclui diversas cidades do Rio Grande do Sul e de Santa
Catarina em busca dos caboclinhos. Durante a viagem, além dos caboclinhos, observamos outras
aves, algumas endêmicas, raras ou em extinção.
Cabe aqui um agradecimento aos amigos e grandes companheiros de
viagem Rosemarí Júlio, Ubaldo Bergamim Filho e Ricardo Mendes por tornarem a
nossa viagem deliciosamente especial e muito divertida.
Destaque especial ao amigo Maicon Mohr, que nos conduziu
com segurança por 3.428 km, passando pelos mais belos lugares dos pampas e
serras catarinenses.
Nossa viagem |
E cabe, por fim, um agradecimento mais do que especial ao nosso amigo e guia Adrian Rupp pela paciência e insistência para encontrarmos as mais lindas e difíceis aves espalhadas pelo sul do Brasil, tão competentemente pré-demarcadas por ele . Mas vamos à nossa viagem.
16/11/2014 - Domingo
Almoçamos em Bagé. Esta cidade é um importante ponto de passagem
para quem viaja do Brasil para o Uruguai por via terrestre. A cidade é ligada
ao país vizinho por estrada (BR-153), ficando distante cerca de 60 quilômetros
da divisa Brasil-Uruguai e a 560 km da capital uruguaia.
E entre um passarinho e outro sempre tem uma florzinha ou uma borboleta ou os dois juntos...rs rs rs
Voltamos para o hotel onde cliquei uma pequena Corruíra (Troglodytes musculus).
À tarde seguimos para Santo Ângelo onde nos hospedamos no
Maerkli Hotel. Fomos para a Granja do Sossego, onde pudemos ver e fotografar lindamente o sexto sporophila, um Caboclinho-branco (Sporophila pileata), Azulão (Cyanoloxia brissonii), Codorna-amarela (Nothura maculosa), Tesoura-do-brejo (Gubernetes yetapa), Gavião-do-banhado (Circus buffoni), um lugar divino, delicioso de andar
e com um belo entardecer.
Ubaldo, Rosemarí, Maicon, Eu e o Adrian |
Saímos de Guarulhos, eu, Rosemarí e Ubaldo, com tempo
bom. Pouco depois encontramos o Ricardo em Porto Alegre e fomos para o Hotel
Expresso, perto do Aeroporto, onde o Adrian e o Maicon nos aguardavam. Saímos
para comer um petisco e tomar uma cervejinha na Toca da Coruja. Lugar super
legal.
Toca da Coruja |
17/11/2014 - Segunda-feira
Pegamos nosso rumo logo após o café da manhã. De Porto Alegre até Rio
Grande são 334 km, foram quase 5 horas de viagem. Rio Grande está situada no
extremo sul do Estado do Rio Grande do Sul, entre a Lagoa Mirim, a Lagoa dos
Patos (a maior laguna do Brasil) e o oceano Atlântico. É uma cidade litorânea,
que possui a praia mais extensa do mundo (Praia do Cassino), com uma extensão
de aproximadamente 240 km de costa para o Oceano Atlântico.
Toda a sua área
municipal se situa em baixa altitude com, no máximo, 11 metros acima do nível
do mar. A maior parte do município é composta por campos, com vegetação
rasteira e herbácea. Também há pequenos bosques com árvores plantadas
(eucaliptos e pinhos). Dunas de areia são encontradas em toda a costa
litorânea.
Ficamos hospedadas no Nelson Praia Hotel. Hotel novinho,
muito bom. Almoçamos no Restaurante Maria -
self-service, o único que estava aberto pois na segunda-feira fecha tudo. A
comida estava bem apetitosa.
Logo depois do almoço fomos passear pela praia do
Cassino. Não havia uma quantidade e variedade de espécies por conta do forte calor e da hora. Mesmo assim contabilizamos Curriqueiro (Geositta cunicularia), Batuíra-de-coleira (Charadrius collaris), Trinta-reis-boreal (Sterna hirundo), Talha-mar (Rynchops niger)
e Gaivotão (Larus dominicanus). É um lugar muito bacana e acredito que pela manhã e mais ao cair da tarde deve juntar muitas aves marinhas.
Curriqueiro (Deposita cunicularia) |
Gaivotão (Larus dominicanus), Talha-mar (Rynchops niger), Batuíra-de-coleira (Charadrius collaris) e Trinta-reis-boreal (Sterna hirundo) |
Depois demos um pulo até o Banhado do Maçarico,
um pouco distante da cidade. Nosso objetivo principal naquela localidade era
encontrar o Caboclinho-de-papo-branco (Sporophila palustris), o primeiro sporophila da viagem. A população local de Caboclinho-de-papo-branco representa,
aparentemente, a maior concentração da espécie em território brasileiro durante
o período reprodutivo.
Apesar disso, nada do bichinho... Mas a gente tinha outras coisas para nos ocupar. Com uma luz incrível, fizemos muitas fotos bonitas.
Uma Gaivota-maria-velha (Chroicocephalus maculipennis) passou pela gente. Andando mais um pouco, o Saracuruçu (Aramides
ypecaha), Maguari (Ciconia
maguari) e Andorinha-do-campo (Progne tapera) fizeram festa para nossas lentes.
Gaivota-maria-velha (Chroicocephalus maculipennis), Saracuruçu (Aramides
ypecaha), Maguari (Ciconia maguari) e Andorinha-do-campo (Progne tapera) |
As Viuvinhas-de-óculos
(Hymenops perspicillatus), tanto o macho quanto a fêmea, não fizeram nenhum mi-mi-mi para sair bem nas fotos.
E apesar da festa com as aves citadas, a preocupação do
Adrian era encontrar o Caboclinho-de-papo-branco. Enquanto o pessoal se divertia com um lindo
macho de Viuvinha-de-óculos, o Adrian continuava sua busca e se distanciou um
pouco da gente. Só me recordo de ter me aproximado dele e ele falar baixinho:
aí, no gravatá, na sua frente. E eu lá lembrava o que era um gravatá?*
(* Planta da família das bromeliaceae, também conhecida como caraguatá) ...
(* Planta da família das bromeliaceae, também conhecida como caraguatá) ...
Procurei
em volta em todos os arbustos, menos no tal gravatá, e pimba, o bichinho se foi. Daí a importância de
nós, não biólogos, conhecer um pouco também das plantas (rs rs rs). Quando o resto do pessoal se aproximou, conseguimos ao menos registrar de longe, mesmo sem
luz, nosso primeiro caboclinho da viagem... Voltaríamos no dia seguinte para
tentar de novo.
Registro de longe do Caboclinho-de-papo-branco (Sporophila palustris) |
Como é possível fotografar até tarde, perto das 18:00h, ainda registramos o Gavião-caramujeiro (Rostrhamus sociabilis), Tipio (Sicalis luteola), Cochicho
(Anumbius annumbi) e bandos da graciosa Irerê (Dendrocygna viduata).
Gavião-caramujeiro (Rostrhamus sociabilis), Tipio (Sicalis luteola), Cochicho (Anumbius annumbi) e Irerê (Dendrocygna viduata) |
O Bate-bico (Phleocryptes melanops), embora não fosse lifer (espécie nova) para mim, desta vez deu um show. Estava com um inseto no bico e muito fotogênico.
Ainda conseguimos clicar de forma magistral o Caminheiro-de-espora (Anthus correndera) e o belo e arredio Príncipe (Pyrocephalus rubinus).
Príncipe (Pyrocephalus rubinus) |
O segundo lifer do dia para mim ficou por conta do
João-de-palha (Limnornis curvirostris), que depois de várias tentativas, finalmente se mostrou. Ele é muito lindinho.
A tarde deixou-nos mostrando todo seu esplendor num por do sol para ninguém reclamar.
À noite saímos comer pizza e comemorar os avistamentos do
dia. Rodamos ao todo, neste dia, 488 km – contados desde a saída de Porto
Alegre, chegada em Rio Grande, passeios pela Praia do Cassino e Banhado do
Maçarico.
18/11/2014 – (terça-feira)
Logo cedo, após o café da manhã, retornamos ao banhado do
Maçarico. Desta vez o Caboclinho-de-papo-branco (Sporophila palustris) colaborou e fizemos fotão, apesar de estar nublado, e
não dispormos daquela luz mágica do dia anterior.
Eu, mostrando meu primeiro caboclinho da viagem... |
Ricardo, Eu e Ubaldo |
Rosemarí e eu |
Caboclinho-de-papo-branco (Sporophila palustris) |
Andamos atrás de mais aves,
mas o vento extremamente forte impedia as aves de pousarem no topo do mato para
fotografarmos.
Fomos a um lugar muito bonito, com muita água e fizemos fotos da Saracura-do-banhado (Pardirallus sanguinolentus), Narceja (Gallinago paraguaiae), Tachã (Chauna torquata), Pica-pau-verde-barrado (Colaptes melanochloros), Colhereiro (Platalea ajaja) e Noivinha-de-rabo-preto (Xolmis dominicanus).
Fomos a um lugar muito bonito, com muita água e fizemos fotos da Saracura-do-banhado (Pardirallus sanguinolentus), Narceja (Gallinago paraguaiae), Tachã (Chauna torquata), Pica-pau-verde-barrado (Colaptes melanochloros), Colhereiro (Platalea ajaja) e Noivinha-de-rabo-preto (Xolmis dominicanus).
Já voltando para o Hotel, num banhado na lateral da
estrada, fizemos fotos da Marreca-de-coleira (Callonetta leucophrys), que deu
show junto com uma Marreca-pardinha (Anas flavirostris). A Marreca-de-coleira
foi meu terceiro lifer da viagem. O Ubaldo, Ricardo e Rosemarí foram ao
delírio, pois todas as aves eram lifers para eles.
Almoçamos no Maria novamente e andamos muito pela praia
do Cassino, ela é extensa e oferece muitos perigos. Tem carros, motos e
pessoas, tudo se misturando pelo caminho, espalhados a torto e a direito.
Fomos a um molhe no Porto atrás do Boininha (Spartonoica
maluroides) e da Sanã-cinza (Porzana spiloptera). Percorremos vários trechos,
mas o vento estava implacável e mal a gente conseguia se segurar em pé. Nem sombra
dessas duas belezinhas. Só conseguimos fazer foto de um exibido
Sabiá-do-banhado (Embernagra platensis). Voltamos para a praia e conseguimos
numa luz perfeita de fim de tarde, um Trinta-reis-de-coroa-branca (Sterna
trudeaui). Este se apresentou para ser capa de livro.
Sem avistar mais nada, retornamos e o Ricardo ainda fez mais um lifer. Um bando Caturritas (Myiopsitta monachus) se alimentava vorazmente em um comedouro. Foi engraçado ver aquele monte de verdinhos barulhentos disputando espaço no pequeno comedouro.
Sem avistar mais nada, retornamos e o Ricardo ainda fez mais um lifer. Um bando Caturritas (Myiopsitta monachus) se alimentava vorazmente em um comedouro. Foi engraçado ver aquele monte de verdinhos barulhentos disputando espaço no pequeno comedouro.
À noite tomamos chopp artesanal no Repúplica Brewpub,
muito legal o lugar.
Nesse dia percorremos 159 km entre o Banhado do Maçarico
e Marisma.
19/11/2014 – (quarta-feira)
Decidimos não pernoitar em Rio Grande e ir direto para
Aceguá. O município de Aceguá é formado por diversas comunidades, destacando-se
Aceguá (sede) e Colônia Nova. Localizada aproximadamente a 60 quilômetros ao
sul do município de Bagé, é fronteiriça à cidade de Aceguá/Uruguai.
No caminho de Bagé à Aceguá vimos o Cardeal-do-banhado (Amblyramphus holosericeus), lifer para o Ricardo, que ficou muito feliz. Aliás, todos ficamos, pois é uma das aves mais bonitas que existe.
No caminho de Bagé à Aceguá vimos o Cardeal-do-banhado (Amblyramphus holosericeus), lifer para o Ricardo, que ficou muito feliz. Aliás, todos ficamos, pois é uma das aves mais bonitas que existe.
Em Aceguá, logo de cara, nosso objetivo foi cumprido:
clicamos o Caboclinho-de-chapéu-cinza (Sporophila cinnamomea), segundo
sporophila da viagem. Foi um êxtase total, meu quarto lifer da viagem.
Decidimos, por sugestão do Adrian, não pernoitar em Bagé
e ir direto para Uruguaiana. Uruguaiana é um município brasileiro situado no
extremo ocidental do Rio Grande do Sul, junto à fronteira fluvial com a
Argentina e Uruguai. A cidade tem grande importância estratégica comercial
internacional, tendo em vista que está localizada equidistante de Porto Alegre,
Montevidéu, Buenos Aires e Assunção; bem como devido à importância na produção
agropecuária nacional, ostentando a liderança na produção de arroz.
No caminho, o Adrian nos mostrou uma Águia-chilena
(Geranoaetus melanoleucus) pousadinha na beira da estrada em um poste. Foi uma
correria para colocar galocha e chegar pisando o mato, bem pertinho do poste
onde ela majestosamente estava perscrutando os arredores com seu poderoso
olhar. Precisei me afastar de tão perto que chegamos, não conseguia enquadrar
ela com a Lente 300 mm. Ela é linda. Não era lifer, porque em Quixadá/CE eu
havia clicado ela, voando muito longe. Foi emocionante ver tão de pertinho.
Já chegando em Uruguaiana, paramos para clicar uma Ema
(Rhea americana), a luz estava divina. Fiquei com preguiça de recolocar as
galochas e de sapatinho acabei não entrando no mato para chegar mais perto.
Chegamos ao Hotel já tarde da noite e jantamos nele
mesmo. Estávamos muito cansados. Afinal foi um grande percurso. De Aceguá à
Uruguaiana rodamos 696 km.
20/11/2014 (quinta-feira)
Acordamos cedo e fomos direto para o Parque do Espinilho que fica em Barra do Quaraí, município localizado no
ponto mais ocidental de toda a Região Sul do Brasil. É um dos pontos extremos do Rio Grande do Sul, como é o caso do município de Chuí ao sul. O município ocupa a
área de confluência entre o Rio Uruguai e o Rio Quaraí, moldando o município a
um formato de triângulo ou de península fluvial. Possui duas fronteiras
fluviais, no rio Uruguai com a Argentina e com o Uruguai através do rio Quaraí,
onde há a ponte internacional que liga os dois países.
O Parque Estadual do Espinilho (PEE) é uma unidade de
conservação localizada em Barra do Quaraí. O parque possui área de 1.617 hectares.
Espinilho (Vachellia caven)é um vegetal arbóreo com dimensões que podem
alcançar três metros de altura, espinhento e que produz uma pequena cápsula de
um centímetro onde estão as sementes. A distribuição dessa vegetação é
característica da região que se inicia na beira dos rios Espinilho, Mourões,
Quaraí Mirim e, depois, rio Quaraí, onde está localizado o parque. O local
apresenta diversas espécies de animais e plantas, muitas delas restritas àquela
região. O ecossistema não tem ocorrência em nenhuma outra área do país.
O lugar é sensacional. Foi onde fiz mais espécies novas. Veja abaixo algumas belezuras do dia, entre eles mais dois sporophilas: Caboclinho-de-papo-escuro (Sporophila ruficollis) e Coleiro-do-brejo (Sporophila collaris).
Arapaçu-platino (Drymornis bridgesii) |
Bico-reto-azul (Heliomaster furcifer) |
Caboclinho-de-papo-escuro (Sporophila ruficollis) |
Coleiro-do-brejo (Sporophila collaris) |
Coperete (Pseudoseisura lophotes) |
João-pobre (Serpophaga nigricans) |
Na hora do almoço, voltamos para a cidade e após o almoço, sob um sol forte e
muito calor, demos “um pulinho até o Uruguai” onde cliquei uns bichinhos para
marcar território.
O Uruguai é logo ali... |
Na realidade, apenas fizemos a travessia a pé até o final da
ponte que liga os dois países e retornamos. No final do dia, voltamos ao
Parque, a luz estava linda, mas os passarinhos estavam com preguiça. Senti não
poder fotografar o cardeal-amarelo (Gubernatrix cristata). E fiquei frustrada porque o rabudinho (Leptasthenura platensis) não
deu mole e o corredor-crestudo (Coryphistera alaudina) sequer piou para a gente. Mal-educados ... kkkkkkk. O lugar é lindo e eu quero voltar outras vezes.
O objetivo que me fez combinar essa viagem, foi, principalmente, para ver o cardeal-amarelo, mas que, por conta de um apelo feito
pelo grupo do projeto, com a finalidade de preservar a nidificação da espécie,
não pudemos sequer buscá-lo. Amém. Que sejam infinitamente preservados.
Nesse dia rodamos apenas 216 km - Parque do Espinilho +
Barra do Quaraí + Pai Passo + Passo da Cruz.
21/11/2014 (sexta-feira)
Resolvemos mais uma vez mudar os planos e ir embora de
Uruguaiana mais cedo. Não sem dor no coração, pois é um lugar que eu ficaria
uma semana seguida. Saímos logo após o café da manhã e ainda passarinhamos um
pouco por Uruguaiana em um local chamado Toro Passo.
Clicamos o nosso quinto sporophila: Caboclinho-de-sobre-ferrugem (Sporophila hypochroma). Não tínhamos bem certeza se era ele ou não, e ficamos meses na dúvida até a efetiva confirmação pelo biólogo Márcio Repenning. De acordo com o Adrian: "Há muitos anos pairava uma dúvida no ar entre a comunidade ornitológica sobre a identidades dos indivíduos ferrugem que apareciam vez ou outra pelo sul do Brasil. Alguns posteriormente foram identificados como caboclinho-de-barriga-vermelha pela vocalização, mas faltava uma documentação convincente para o caboclinho-de-sobre-ferrugem, no caso uma gravação do canto completo... ".
Foi uma felicidade completa quando soubemos do resultado, pois este não estava nos planos.
Clicamos o nosso quinto sporophila: Caboclinho-de-sobre-ferrugem (Sporophila hypochroma). Não tínhamos bem certeza se era ele ou não, e ficamos meses na dúvida até a efetiva confirmação pelo biólogo Márcio Repenning. De acordo com o Adrian: "Há muitos anos pairava uma dúvida no ar entre a comunidade ornitológica sobre a identidades dos indivíduos ferrugem que apareciam vez ou outra pelo sul do Brasil. Alguns posteriormente foram identificados como caboclinho-de-barriga-vermelha pela vocalização, mas faltava uma documentação convincente para o caboclinho-de-sobre-ferrugem, no caso uma gravação do canto completo... ".
Foi uma felicidade completa quando soubemos do resultado, pois este não estava nos planos.
Partimos para Itaqui – Banhado São Donato sob um temporal
assustador. Eram quase 14 horas e ainda não tínhamos almoçado. Almoçamos e o
temporal findou-se.
Passamos em Maçambará e fotografamos maguari,
tico-tico-do-campo, polícia-inglesa-do-sul, coleiro-do-brejo e
marreca-de-coleira.
Chegamos no banhado de São Donato já no final do dia, sem
luz e fomos conhecer. Ventava muito e o Adrian falou que não daria nada. O
local é de difícil acesso, mesmo assim insistimos em ir. Óbvio que não clicamos
nada, mas já sabíamos as dificuldades que teríamos no dia seguinte.
Foram 277 km - Toro Passo até o Banhado São Donato
22/11/2014 (sábado)
Dormimos em São Borja no Executive Park Hotel. Logo cedo
saímos para o banhado de São Donato, que fica na vizinha cidade de Itaqui. Começamos com um jovem Maguari (Ciconia maguari). Depois um Gavião-caramujeiro (Rostrhamus sociabilis) sobrevoou nossas cabeças, e uma Sanã-parda (Laterallus melanophaius) e um Tricolino (Pseudocolopteryx sclateri) foram festa para os olhos, entre outros. O saci cantou pertinho, mas não quis sair no limpo. E
nada do arredio-de-papo-manchado.
Maguari (Ciconia maguari) |
Gavião-caramujeiro (Rostrhamus sociabilis) |
Sanã-parda (Laterallus melanophaius) |
Tricolino (Pseudocolopteryx sclateri) |
Voltamos para o hotel onde cliquei uma pequena Corruíra (Troglodytes musculus).
Corruíra (Troglodytes musculus) |
Eu no meio do trigo... |
Azulão (Cyanoloxia brissonii) |
Caboclinho-branco (Sporophila pileata) |
Codorna-amarela (Nothura maculosa) |
Gavião-do-banhado (Circus buffoni) |
Tesoura-do-brejo (Gubernetes yetapa) |
386 km - Banhado do São Donato + Santo Ângelo
(Granja do Sossego)
23/11/2014 – (domingo)
Estava previsto que no dia seguinte iríamos passarinhar na Granja do
Sossego pela manhã e posteriormente seguiremos para Vacaria, onde dormiríamos.
Mudança de planos. Fizemos check-out e saímos
de Santo Ângelo para Vacaria. Cortamos todo o Estado do Rio Grande do Sul.
Passamos pela cidade natal de Herr Rupp, a pequena e acolhedora Ijuí, onde
cliquei uma tesourinha para marcar território. Em Panambi no posto de gasolina
pomba-de-bando, fêmea sanhaçu-papa-laranja
e pardal. Fizemos check-in em Vacaria no Hotel San Bernardo. Em Vacaria
cliquei só o mergulhão-caçador. Dia do aniversário de Rosemarí.
À tarde fomos para Bom Jesus e fizemos foto do
Caboclinho-de-barriga-preta (Sporophila melanogaster), nosso sétimo caboclinho.
canário-do-brejo, papa-mosca-do-campo. E para mim a estrela do dia: o Arredio-do-gravatá (Limnoctites rectirostris). Estava calor e o céu muito lindo.
486 km - Vacaria + Bom Jesus
24/11/2014 (segunda-feira)
Acordamos 5 horas. Nublado e frio. Serra é assim. Mas
“simbora” passar o dia no mato, sem retorno para almoço na cidade. Objetivo:
ver a raríssima Patativa-tropeira (Sporophila beltoni).
O cansaço começa a bater e junte a isso um monte de expectativas. Mas nada nos faz desistir. Um lifer endorfina qualquer passarinheiro. A nossa celebridade deu o ar da graça, mas apenas machos jovens da Patativa-tropeira (Sporophila beltoni), bem bonitinhos, mas isso não nos fez desistir do adulto. (foi nosso oitavo sporophila).
O cansaço começa a bater e junte a isso um monte de expectativas. Mas nada nos faz desistir. Um lifer endorfina qualquer passarinheiro. A nossa celebridade deu o ar da graça, mas apenas machos jovens da Patativa-tropeira (Sporophila beltoni), bem bonitinhos, mas isso não nos fez desistir do adulto. (foi nosso oitavo sporophila).
O Coleirinho (Sporophila caerulescens) - foi o nono sporophila, também deu show,
mais um sporophila. Um décimo sporophila deu o ar da graça, desta vez o
Caboclinho-de-barriga-vermelha (Sporophila hypoxantha).
Caboclinho-de-barriga-vermelha (Sporophila hypoxantha) |
Coleirinho (Sporophila caerulescens) |
Almoço no mato |
No caminho de volta um chimango pousado deu uma boa foto.
Um belo Caboclinho-de-barriga-preta (Sporophila melanogaster) deu show. A bela
luz da tarde me deu a imagem mais linda de um singelo Tico-tico (Zonotrichia capensis).
Um tio-tio já com as sombras da montanha se projetando,
se apresentou. E com ele, às 19:32, encerrei meus cliques do dia. Só estava
tristinha porque o Veste-amarela (Xanthopsar flavus) que eu queria muito ver, só tinha aparecido
muito - mas muito longe...mas ainda tinha o dia seguinte.
232 km - Bom Jesus
25/11/2014 (terça-feira)
Amanheceu chovendo muito. Pegamos estrada para Capão
Alto. Nossos planos pareciam que iriam literalmente água abaixo.
Fizemos hora no posto de gasolina, e resolvemos passar pela Fazenda Pai João do José Branco em Capão Alto. Vimos de longe o caminheiro-grande, corajosamente atraído pelo Adrian embaixo de chuva. Como o barranco era alto, resolvi não encarar mesmo sendo lifer para mim. Desistimos de ir adiante por causa do barro. Na saída para o asfalto, na beirinha, um Caboclinho-de-barriga-vermelha deu um show, mesmo sob chuva. Decidimos ir direto para o Hotel em Lages.
Fizemos hora no posto de gasolina, e resolvemos passar pela Fazenda Pai João do José Branco em Capão Alto. Vimos de longe o caminheiro-grande, corajosamente atraído pelo Adrian embaixo de chuva. Como o barranco era alto, resolvi não encarar mesmo sendo lifer para mim. Desistimos de ir adiante por causa do barro. Na saída para o asfalto, na beirinha, um Caboclinho-de-barriga-vermelha deu um show, mesmo sob chuva. Decidimos ir direto para o Hotel em Lages.
Fomos para a estrada da Cochilha Rica. O engraçado foi
que o GPS ficou meio perdido e uma dupla de policiais numa patrulha nos ajudou
chegar ao início da estradinha. Foi a primeira vez que saí passarinhar
escoltada...eh eh eh eh …
Em 20 minutos eu cliquei 500 vezes o bando de Veste-amarela (Xanthopsar flavus) que o Adrian localizou. Isso que é fechar com chave de ouro.
248 km - Lages = Estrada da Cochilha Rica
26/11/2014 (quarta-feira)
Saímos logo cedo em direção à Florianópolis, com os
cartões e HDs lotados de fotos bonitas e histórias para contar. Encontramos com
a amiga Carmen Lucia Bays Figueiredo, que além de matar as saudades, me
presenteou com um lindo colar de corujinha.
Enfim, aeroporto, e casa. Saí 8:30h de Lages e cheguei em casa 20:30h. Com gosto de quero mais na boca. Enfim, foram 3.428 km rodados pelos pampas e serras – gaúchas e catarinenses.
Enfim, aeroporto, e casa. Saí 8:30h de Lages e cheguei em casa 20:30h. Com gosto de quero mais na boca. Enfim, foram 3.428 km rodados pelos pampas e serras – gaúchas e catarinenses.
Que viagem bacana! Parabéns! E adorei as fotos e as espécies avistadas!
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