sábado, 25 de abril de 2020

ZA - A viagem dos meus sonhos - Kruger Nacional Park

ZA - Introdução - A viagem dos meus sonhos - Kruger Nacional Park 


Este foi um dos textos mais difíceis pra escrever e montar. Longo, intenso, quase um livro. Desde que cheguei de viagem, foram mais de 40 dias, isolada em casa sozinha, tratando e separando fotos, alimentando e  revendo listas, construindo palavras com base em pesquisas, memória e criatividade. Havia tanto a mostrar que acabei fazendo uma nova viagem dentro da viagem. Em quarentena sobrou mais tempo e foi mais tranquilo. Então, prepara a cerveja e o petisco e “senta que lá vem história”...

*Será dividido em partes com listas do eBird e links ao final de cada uma delas. Você poderá ouvir  músicas da minha play-list durante a leitura. Se conseguir ler tudo, e chegar no final, que é muito legal, seremos amigos para sempre. 😂 😂 😂 😂 😂 😂 😂

A ave que me motivou a conhecer a África
Fotos: arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Eu nunca imaginei que ao realizar essa viagem as lembranças dela iriam ser um bálsamo para os meus dias de isolamento (ref. COVID-19). Nesse instante, lágrimas rolam pelas minhas faces. Hoje, quando repasso as fotos e os acontecimentos, penso que tinha muito mais coisa para eu conhecer e aproveitar, mas fica para a próxima.

Eu só posso agradecer a todos que participaram, fisicamente ou virtualmente, ou ainda que serviram de inspiração para eu conhecer outro continente.

Em primeiro lugar, obrigada Vivi (Viviane De Luccia) por ter colocado pilha na gente quando já tínhamos desistido de ir. As tardes para discutir essa viagem, regadas a café e bolo de maçã com canela na sua casa foram bastante persuasivas. 😂 😂 😂 😂 😂

Obrigada também pela sempre doce e alegre presença, por todo o trabalho que teve na internet pesquisando e reservando os melhores e mais baratos lugares, para que não voltássemos falidas da viagem. Aproveito para agradecer ao Nelson, que foi nosso guardião, motorista, intérprete, super guia nos dias sem o guia oficial, grande companheiro de passarinhada e grande amigo, além de ser dotado de uma paciência sem tamanho.

Viviane De Luccia
Foto: arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Leila Esteves, que já tinha ido ao Kruger, topou enfrentar o desafio e nos acompanhar, brindando-nos sempre com seu bom humor e companheirismo. 

Leila Esteves
Foto: arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Claudinha (Claudia Brasileiro), super obrigada pelo incentivo e dicas para contratarmos a PKSafaris. Além de poder contar com sua experiência e preciosas dicas, você ainda teve o trabalho de nos colocar em contato com o Bernhard Bekker. Essa sua indicação foi primordial para o sucesso da nossa expedição. Adoraria que você tivesse viajado com a gente.

Bauru - 21/12/2019: arquivo pessoal Silvia Faustino Linhares

Bernhard Bekker muito obrigada por nos atender tão bem. Espero ainda poder conhecer você pessoalmente. Não desanime com essa crise global. Seu trabalho é merecedor de muitos aplausos. Não sei se o Translate do Google aqui no Blog vai ajudar você a compreender minhas palavras, mas quero que saiba que minha gratidão será eterna.

E Arno Pietersen, que tão bem nos guiou. Sobre você e seu trabalho eu falarei durante o transcorrer deste texto. Obrigada por tudo. Tenho certeza que vou poder ver você se apresentando no Avistar Brasil (evento brasileiro sobre Aves) e ser novamente guiada por você na África. Espero que o Translate do Google aqui do Blog ajude você compreender um pouco do que escrevi.

Para quem não sabe, Arno é integrante da equipe da PKSafaris, apaixonado pela natureza e fotógrafo experiente e premiado. Profundo conhecedor das aves africanas, foi ele quem deu o tom e o brilho a nossa expedição. 

Odair Villela, Horácio Almeida, Fábio Olmos, Rita Souza, Bruno Arantes Bueno, Willian Menq, Reinaldo de Medeiros, Luana Bianquini, Norton Santos, Jefferson Silva, Margi Moss, vocês foram fonte de inspiração pra mim. Cada um sabe o porquê. Então vou me limitar a agradecer de coração, por tudo, principalmente ao Jefferson, que, inicialmente, iria nos acompanhar nessa viagem.

Por fim, meus amigos João Paulo Krajewski, Roberta Bonaldo, Cristian Dimitrius e Lawrence Wahba, saibam que os documentários de vida selvagem que vocês produzem, são, além de colírio para os meus olhos, a maior fonte de inspiração pra eu me aventurar pelo mundo. Aliás, Lawrence, sua live sobre a África foi sensacional. Eu amei. Faltou incluir a Namíbia naquele seu mapinha, viu?

Eu sei que fazer uma expedição ao Kruger é algo corriqueiro para muitas pessoas, mas para mim teve um significado muito grande, maior do que vocês possam imaginar. Foi a primeira vez que atravessei o Atlântico. Minha primeira experiência dessa magnitude. Agora só me resta aprender inglês e planejar as próximas viagens, assim que tudo isso acabar. Pelo menos o passaporte está renovado por mais dez anos. 😂 😂 😂 😂 😂

Porque a África era o destino dos meus sonhos

Quando estou em casa e ligo a TV é para assistir documentários sobre a vida selvagem em todos os lugares do planeta. E o que mais tem é sobre a África. Eu me lembro de ter acompanhado uma série no canal Animal Planet chamada "No Reino dos Suricatos", produzida pela Oxford Scientific Films, bem dramática, estilo novela mexicana misturada a cenas mafiosas do filme "O poderoso chefão". A série apresentou cenas mostrando brigas em família, intrigas entre clãs por domínio territorial, casos de amor, situações de risco de vida, etc. Fiquei apaixonada e um dos meus maiores desejos passou a ser conhecer de perto uma savana africana e os suricatos, obviamente.


Lugares como Serengeti, Kruger, Etosha, Kalahari, Okavango, Massai Mara, Nilo, Madagascar, etc começaram a povoar os meus sonhos. Tudo tão fascinante e ao mesmo tempo tão distante. Mas sonhos são só sonhos até que você os faça virar realidade.

Eu acho que os sonhos se realizam quando se tem um grande desejo. Depois é só fazer muitas pesquisas e estudos concretos sobre as reais possibilidades, além de um bom planejamento. Mas um pouco de sorte também é necessário e nisso posso ser considerada afortunada.

Fotos e histórias dos amigos também sempre me inspiraram. Em setembro de 2015 eu participei do Avistar Vale-Europeu. Uma das palestrantes, a amiga Luana Bianquini, contou como foi sua experiência pelo Kruger National Park. Eu anotei todas as dicas. Fiquei ainda mais fascinada. E pensei comigo: um dia eu irei!

Em janeiro de 2019 fiz parte de um pequeno grupo de brasileiros que queriam ver aves no Kruger. Infelizmente por razões logísticas não deu certo. A partir de um novo grupo, a viagem começou a ser replanejada e mais uma vez o grupo se desfez.

No decorrer de 2019, nós, eu e as amigas Leila e Viviane decidimos não viajar mais para a África. Pensamos que seria complicado fazermos uma viagem pelo Kruger tipo self-drive (dirigindo no parque por conta própria). Fomos assoladas por milhares de dúvidas. Lá é mão inglesa, quem iria dirigir? Onde iríamos nos hospedar? Dentro ou fora do parque? Quais lugares visitaríamos? Quando ir e quanto gastaríamos?

Mas como eu disse no início, sou uma pessoa de muita sorte. Em conversas com a amiga Claudia Brasileiro, ela sugeriu que eu fizesse a viagem com a mesma empresa que ela e o Rodrigo Agostinho haviam feito: a Private Kruger Safaris, onde os fotógrafos e guias Bernhard Bekker, Hennie Bekker e Arno Pietersen levam turistas do mundo inteiro para conhecer as belezas naturais da África.

Após um chá da tarde na casa da Viviane, mesmo sabendo estar em cima da hora, decidimos ir. O grupo acabou sendo formado por mim, Leila, Viviane e seu esposo. Ante minha falha pessoal de não falar inglês, repassei os contatos à Viviane, que discutiu e combinou um pacote específico com o Bernhard Bekker, cujo guia seria o especialista em aves Arno Pietersen.

A Viviane foi um pouco além e pesquisou todos os lugares aonde iríamos, preço de passagens, onde alugar veículo e onde poderíamos nos hospedar na parte extra pacote. A Leila repassou dicas de quando ela esteve no Kruger. Enquanto isso, fiz pesquisas sobre as aves e hotspots que seriam interessante conhecermos.

Tudo parecia estar tão distante no calendário. Mas o dia chegou e, passou tão rápido, mas tão rápido, que quando vi, já estávamos voltando para casa. E confesso: foi uma das melhores viagens da minha vida.

Indo e voltando da África - imagens da tela no avião
Fotos: arquivo pessoal Silvia Linhares

Pena que assim que chegamos no Brasil, a notícia de que o coronavírus estava se alastrando assustadoramente mudou totalmente nossas rotinas. De repente um pesadelo assolou o mundo, tornando-se parte do dia a dia de todos nós.

Aperte o play e ouça uma música para animar
Imagine Dragons - Birds

Mas falemos de coisas boas. Planejar esta viagem trouxe todos os sentimentos e ações que envolvem um evento desta magnitude. Estresse, ansiedade, muito frio na barriga, estudos e mais estudos, pesquisas de preços, etc. Mas apesar da enorme expectativa, resultou em muita alegria, companheirismo e realizações pessoais. Estar com um grupo repleto de sinergia, um bom guia e uma empresa bem organizada e estruturada faz toda a diferença.

O mais legal é que agora, vendo os documentários da África que sempre me fascinaram, eu consigo identificar a maior parte dos animais e aves que aparecem. Principalmente o som da pomba que apelidamos de "Socorro" (pois sua vocalização onomatopeica é "socorro-socorro"). Trata-se da Cape Turtle-Dove (Streptopelia capicola). Escute o som dela aqui no Xeno-canto.

Cape Turtle-Dove (Streptopelia capicola), a "Socorro"
Foto: arquivo pessoal Silvia Linhares

Com tantas belezas, acabei produzindo mais de 25 mil fotos. Dessas só restaram 10 mil. Como uso uma lente mediana (Canon 100-400 II) eu optei por usar um Teleconverter 1.4x, apesar da qualidade diminuir, a luz, na maior parte das fotos favoreceu as capturas. Obrigada amigo Horácio Almeida por me fornecer esse TC, possibilitando fazer fotos dos bichos mais distantes.

Registrei 180 espécies de aves, sendo 173 novas. As fotos de cada espécie alimentam as 43 listas que produzi durante a viagem e subi no site eBird. Você poderá conhecer cada lista e apreciar as fotos durante a leitura deste texto. Embora nem todas as fotos das aves listadas contaram com pós-validação pelo nosso guia, eu já fiz todas as correções indicadas pelo moderador do eBird. Acredito que está tudo ok.

Além de registrar aves maravilhosas, ainda fiz fotos de muitos mamíferos, insetos e flores selvagens diferentes. Só antílopes foram seis espécies, conforme quadro abaixo: Klipspringer  (Oreotragus oreotragus),  Greater kudu (Tragelaphus strepsiceros), Bushbuck (Tragelaphus sylvaticus),  Waterbuck (Kobus ellipsiprymnus), Nyala (Tragelaphus angasii) e Impala (Aepyceros melampus).

Antílopes
Fotos: arquivo pessoal Silvia Linhares

Flores selvagens
Fotos: arquivo pessoal Silvia Linhares

Fotos: arquivo pessoal Silvia Linhares

** Antes de "viajar" comigo durante o relato diário, leia atentamente o próximo tópico.**

O Parque Nacional Kruger e algumas particularidades

O Parque possui 19.485 km². Está localizado no nordeste da África do Sul, na fronteira com Moçambique. É uma das maiores reservas de animais da África e é formado por montanhas, planícies arborizadas e florestas tropicais. É habitado por mais de 100 espécies de mamíferos (147 de acordo com nosso guia).

A elevada densidade de animais selvagens inclui os maiores mamíferos terrestres chamados de "Big Five": leões, leopardos, rinocerontes, elefantes e búfalos. Para nós faltou o rinoceronte.

Para minha alegria o parque abriga quase 500 espécies de aves, uma mais linda que a outra. 

A maioria das pessoas tem a expectativa de ver os "Big Five". Não é comum as pessoas saberem sobre os "Big Six Birds". Trata-se de uma lista de 6 espécies de aves selecionadas pelos funcionários do parque por sua singularidade.

Desses, assim como no Big 5, faltou um pra completar a nossa lista. São eles Kori Bustard, Lappet-faced Vulture, Martial Eagle, Saddle-Billed Stork, Ground Hornbill e Pel’s Fishing-Owl sendo que esta última a faltante (acho que vou ter que voltar, né?).

Foto: arquivo pessoal Silvia Linhares

O Parque possui dez portões de entrada. Possui também um sistema de trânsito bem disciplinado, com placas indicativas, estradas asfaltadas e algumas de chão (terra), todas bem conservadas. Por norma não pode se pode ultrapassar 50 km/h nas asfaltadas e 40 Km/h nas de terra. Há horários rígidos para entrar e sair dos portões e multas pesadas para quem desobedece.

Existe o Kruger e o Grande Kruger. O Kruger é o próprio Parque Nacional e o Grande Kruger, além de uma parte do Parque, inclui as reservas privadas. Eles não possuem cercas entre si, por isso os animais transitam livremente. Essa delimitação serve apenas para os seres humanos.

Há diversas formas de se hospedar: em lodges, que ficam nas reservas privadas. Normalmente, são lugares bem luxuosos e caros, mas que já incluem um ou dois safáris por dia, bem como as refeições. Considere que dificilmente saem focados apenas em aves, são diversos turistas juntos e a grande maioria ávida por ver os Big 5.

Eu recomendo formar um grupo de passarinheiros amigos e contratar uma empresa que tenha um especialista em aves, como fizemos.

A segunda opção é hospedar-se dentro do Parque. Este possui uma estrutura de hospedagem bem eficiente e diversificada. Conta com vários acampamentos (acho que 17 ao todo), chamados Rest Camps, que são áreas cercadas com eletrificação, onde os visitantes podem pernoitar. Na realidade são parecidos com pequenas vilas, onde se pode circular livremente dentro dos seus limites. Há muitas aves nessas áreas.

Kruger National Park (South African) / Limpopo National Park (Mozambique)

Há vários tipos de acomodação, desde espaço para trailer, motorhome, barracas, com banheiro e cozinha coletivos, até bangalôs e chalés com ar condicionado e banheiros privativos, lembrando que nem todas elas estão disponíveis em todos os Rest Camps. Para verificar a disponibilidade e fazer sua reserva, é preciso acessar o site oficial ou deixar isso a carga de uma empresa especializada.

Optamos por ficar dentro do Parque, em Rest Camps (fique atento porque as vagas esgotam-se rapidamente). No caso a empresa que contratamos cuidou de todas as nossas reservas. Mesmo quem fica hospedado dentro do Parque precisa pagar a taxa de visitação (pagamos na hora no primeiro portão - não estava incluso no pacote). Custa aproximadamente R$ 100,00 por dia/pessoa e o pagamento é feito via cartão de crédito internacional (não esqueça de liberar seu cartão para compras internacionais antes de viajar) ou em moeda local. Mas eu asseguro, vale cada centavo.

Quase todos os Rest Camps contam com restaurante, posto de combustível e loja (shop). Aí é que mora o perigo, pois tem muita coisa legal pra comprar, desde comida, bebida (inclusive cerveja), roupas, bijuterias, souvenires diversos e até cartões SD, porque pode esperar, se você não levar muitos, vai precisar comprar alguns extras.

Em alguns momentos optamos por fazer as refeições nos restaurantes, depois fizemos nossas próprias refeições e até churrasco regado a cerveja e caipirinha.

O Parque ainda oferece algumas áreas específicas para você fazer piquenique. Vá preparado para isso, não há nada para vender nessas áreas, leve sua comida, sua bebida e que tal uma toalha xadrez pra ficar bem estiloso?

Hospedagem fora do Kruger: Ao terminar nossa expedição guiada optamos por hospedar-nos em guest houses e lodges nos arredores do parque, o que facilitou nossa passarinhada self-drive de mais três dias.

Para aves, a região norte do Parque é, sem dúvida, a melhor. O sul é bastante movimentado, parecia uma Disney em época de férias (foi minha impressão quando estive em Skukuza). Só ressaltar que tanto o avistamento de aves quanto de mamíferos depende um pouco da sorte, mas um guia que conheça bem os costumes dos animais e os principais hotspots faz muita diferença.

Veja abaixo uma tentativa minha de fotografar um leão próximo a Skukuza, dentro de um carro comum.

Foto: arquivo pessoal Silvia Linhares

Embora no momento esteja fechado como tudo em todo o mundo, o Parque abre durante o ano todo. Lá também é hemisfério sul e o Trópico de Capricórnio corta o Parque, por isso as estações do ano e o clima são bem similares ao Brasil.

O período com maior probabilidade de chuva vai de outubro a março. Nós pegamos chuvas em alguns dias, mas passavam logo. Para aves eu tive a recomendação de ir entre dezembro e março, por conta da migração. Embora eu esperasse encontrar muitos insetos fui surpreendida com a quase total ausência deles, mas nunca me descuidei.

Durante o período de abril a setembro, a vegetação deverá estar mais seca, marrom e esparsa. Muitos poços de água e até mesmo rios secarão completamente. Dizem que nesse período é mais fácil ver animais, tanto pela vegetação estar esparsa, quanto pela escassez de água, fazendo os animais se concentrarem nos poucos reservatórios de água.

Regras do Kruger (fonte: sanspark)
– Visitantes devem permanecer em seus veículos e descer apenas em áreas designadas. Nenhuma parte do corpo pode sobressair da janela, teto solar ou qualquer outra parte do veículo. As portas também devem estar sempre fechadas.
– O limite de velocidade é de 50 km/h em estradas de asfalto e de 40 km/h em estradas de terra.
– Fique atento ao horário de fechamento dos portões do parque; visitantes devem estar em seus campings ou fora do parque após estes horários; atrasados podem estar sujeitos a uma multa.
– O visitante não tem permissão para dirigir “off-road” ou em estradas com um sinal que proíbe a entrada.
– Perturbar ou alimentar animais é considerado ofensa grave no Kruger; lembre-se que os animais também veem lixo como comida.
– Visitantes que se hospedarem no parque só podem ficar em um estabelecimento reservado e reconhecido durante a noite, além disso, devem reportar-se à recepção antes de ocupá-lo. O check-in é a partir das 14h e o check-out até às 10h;


A seguir você vai poder acompanhar passo a passo, melhor dizendo, dia a dia, como foi sair do Brasil e fotografar na África do Sul.

Dia 28/02 – sexta feira

Nosso voo saiu de Guarulhos às 17:55h e chegou pontualmente em Johannesburg, às 7:40h do dia 29/03. O horário da África do Sul está 5 horas à frente do horário brasileiro. Ou seja, enquanto no Brasil são 12h, na África do Sul são 17h.

Eu, Leila e Vivi no aeroporto de Guarulhos aguardando o embarque
Foto: arquivo pessoal Silvia Linhares

Saímos do Brasil com aquela euforia normal de quem vai experimentar sapato novo. O nosso voo foi bastante tranquilo, sem escalas. Deu pra descansar bem, apesar da ansiedade dominando.

Dia 29/02 – sábado

Apesar de termos chegado a Johannesburg no horário previsto, (7:40h) estávamos cientes que o nosso tempo de conexão era curto. Nosso voo sairia de Johannesburg às 9:55h e chegaria em Hoedspruit às 10:50h. Pegar a bagagem e passar pela alfândega foi até bem rápido. Você só precisa do certificado internacional de vacinação da febre amarela e o passaporte válido. Se você tem a carteirinha de vacinação do Brasil, você faz o certificado internacional pela internet.

* Uma coisa bem interessante que descobri é que a sigla ZA provém das iniciais do nome do país em neerlandês (holandês) - Zuid-Afrika - embora o neerlandês não seja mais uma das línguas oficiais do país. Em 1925, o africâner juntou-se ao inglês e o neerlandês, e tornou-se a língua oficial. Na Constituição sul-africana de 1961, o neerlandês foi completamente excluído como língua oficial, permanecendo o inglês e o africâner. Em ambas as línguas, as iniciais do país seriam SA (South Africa, em inglês, e Suid-Afrika em africâner). Porém, como o domínio .SA já era usado pela Arábia Saudita, o código .ZA foi adotado.

ZAR é o código para a unidade monetária do país (South African Rand). A moeda oficial da África do Sul é o rand ou rande.

Na chegada haviam funcionários que mediam a temperatura de todo mundo. Eu só não esperava que a pandemia do coronavírus fosse piorar tão rapidamente.

Aí saímos procurar onde seria o reembarque para fazer o novo check-in e despachar novamente as bagagens. No caminho até companhia Airlink, que faria nosso voo, fomos abordados por duas pessoas com coletes de serviço, que julgamos serem funcionários do aeroporto. Eles nos conduziram, gentilmente, até o nosso check-in. No final eram pessoas comuns e queriam 10 dólares de cada um de nós. Como a gente não esperava por isso, demos alguns trocados apenas e saímos correndo para o balcão. Fiquem sempre atento.

A companhia que nos levou é bem pequena, sua logomarca é um bee-eater, ave chamada em português de “abelhuraco”. 

Foto: arquivo pessoal de Leila Esteves e Silvia Linhares

Descemos no pequeno aeroporto da cidade de Hoedspruit, onde pegamos nosso carro alugado (“Santa” Viviane, que planejou, programou e contratou tudo pela internet antes de viajarmos) e seguimos até a cidade de Phalaborwa, distante 75 km do aeroporto de Hoedspruit, já vendo algumas aves pelo caminho.

Recomendo baixar, ainda no Brasil, todos os mapas do Google Maps off-line. Você vai precisar e muito.

A Viviane havia fechado, pela internet, nossa acomodação no Impisi Lodge Safari And Golf Guesthouse, lugar delicioso, onde pernoitamos e ainda passarinhamos um pouco, próximos ao portão do parque. Aí já começou o festival de lifers ou new birds, como aprendemos a dizer com nosso guia na África (referência às novas espécies de aves registradas).

Também fizemos compras num supermercado local. A maioria dos estabelecimentos aceita cartão de crédito internacional (não esqueça de pedir antes de viajar para sua operadora liberar compras no exterior). Nós levamos alguns dólares e rands cambiados aqui no Brasil. Eu recomendo baixar um conversor de moedas off-line no celular, pois a gente perde a noção do valor da moeda.

À noite procuramos um restaurante onde comemos uma pizza e tomamos uma cervejinha pra comemorar nossa chegada. Que coisa mais paulista né? 😂 😂 😂 😂 😂 😂 😂

Foto: arquivo pessoal Leila Esteve, Silvia Linhares e Viviane De Luccia

Nós, brasileiros não estamos acostumados com a mão inglesa de direção. Pode parecer complicado, e até sem sentido dirigir na mão invertida, mas alguns países utilizam a direção na direita para facilitar a dirigibilidade. Nos países que utilizam a mão de circulação inglesa os carros possuem o volante e pedais no lado direito do veículo. Países como Inglaterra, Irlanda, Escócia e País de Gales utilizam a chamada mão inglesa.

Essa forma de direção está relacionada à história da França e da Inglaterra. Segundo relatos, na idade medieval, os cavalos circulavam à esquerda para deixar a mão direita livre para segurar a espada. No século XVIII, Napoleão Bonaparte, que era canhoto, decidiu inverter a situação na França. Assim, França e Inglaterra, que eram países inimigos, passaram a circular nas cidades de forma diferente. Com o tempo, os ingleses começaram a dirigir apenas pela pista da esquerda. Essa tendência pegou e é utilizada até hoje. Algumas ex-colônias britânicas, como Índia, África do Sul e Nova Zelândia, também utilizam a mão da esquerda. No Brasil, a mão de direção segue o padrão mundial. (fonte: site de curiosidades)

O mais engraçado era quando a gente estava no trânsito e vinha um carro em sentido contrário. A mão inglesa deixava meu cérebro confuso, parecia que o carro que vinha em sentido contrário ia bater no nosso. Demorei muito para me acostumar, mesmo estando no banco traseiro.

Bora falar de passarinhos. Fizemos alguns registros bem interessantes durante o dia. Sempre no final de cada dia você poderá conferir as listas no site eBird, clicando no respectivos links.

Fotos: arquivo pessoal Silvia Linhares

Veja como ficou minha primeira lista feita na África do sul
eBird - Sáb 29 fev 2020 - 16:52
Kruger NP--Phalaborwa Gate


ZA - Parte 1 - A viagem dos meus sonhos - Kruger Nacional Park
Dia 01/03 – domingo

Uma música que gosto muito para acompanhar a leitura  
Ed Sheeran - Perfect Duet (with Beyoncé)

Acordamos bem cedinho, tomamos café, passarinhamos nos arredores da casa onde estávamos e também nas proximidades do portão do Parque. Após deixar o pagamento da acomodação, (pasme) no micro-ondas a pedido da proprietária, seguimos para o aeroporto, onde devolvemos o carro alugado e aguardamos a chegada do nosso guia.

Seriam nove dias e oito noites com ele. Começaríamos pelo Rest Camp Mopani, seguiríamos para Punda Maria, Shingwedzi e por último Letaba.

Após a chegada dele, fizemos as transferências das bagagens para o carro-safári que nos conduziria pelos próximos nove dias e nos acomodamos para seguir viagem. Eu nunca tinha fotografado de dentro de um carro-safári, mas confesso que adorei a experiência. Queria que fosse sempre assim.

Fotografar de dentro de carro comum, ante a impossibilidade de descer, com duas pessoas uma ao lado da outra, exige malabarismos e posições de ioga impraticáveis, quase um kama-sutra 😂 😂 😂 😂 😂 😂 😂 e você nem sempre acaba conseguindo boas fotos, por vezes foto nenhuma. É bastante incômodo para ambas as pessoas, independente de que lado o motivo da foto esteja. Falo por experiência própria.

O carro-safári da PKSafaris
Fotos: arquivo pessoal de Silvia Linhares e Viviane de Luccia

Como dever de casa, eu estudei um pouco sobre as aves desses Rest Camps via e-Bird. Pesquisei sons, baixei e anexei fotos. E ainda espiei alguns guias de campo na Internet. Tem um guia de aves, mamíferos, flores, etc, muito bom neste link.

Só que fiz uma bobagem, não mudei a linguagem do meu aplicativo eBird para a língua inglesa, contando inserir as aves pelo nome científico. No meu caso, meu app estava configurado com a minha língua nativa (português - Brasil). Dessa forma, o eBird traduz quase tudo para o português. Por exemplo: o Red-billed Oxpecker (Buphagus erythrorynchus) é tratado por Pica-bois-de-bico-vermelho. Só seria possível fazer isso com rede de internet disponível. E pasme, eu não fiz isso enquanto podia e não há wi-fi dentro do Parque. E com ele configurado assim, eu só conseguia inserir os nomes nas listas por meio do nome científico.

Para completar minha agonia, o nosso guia só dizia o nome da ave em inglês. E gente, eu falo e entendo poucas palavras em inglês. Fiquei em parafuso, o que dificultou e muito a inserção dos dados nas primeiras listas "off-line". Só consegui alterar o idioma quando saímos do Parque, após o término da nossa tour. Mas tudo tem um jeito né?

Para tentar resolver o problema, comprei um Pocket-guide to birds of Southern Africa. Só que ele não resolveu o problema com o eBird como eu esperava, pois continha apenas os nomes em inglês e holandês. Aos poucos chegamos num denominador comum. O nosso guia mostrava no seu celular e app a ave que havíamos fotografado, contendo o nome científico e com isso eu conseguia fazer minhas listas.

A Claudinha até brincou comigo dizendo: “lembra das discussões que tivemos nós três, eu, você e o Marco Silva, e eu era a única que defendia quem falava ‘cientifiquês’, e agora o Marcola aprendeu o idioma e você, Silvia, exige isso dos guias”. Quem diria, né?

Além disso eu usei um app chamado KrugerFieldApp, muito útil, mas pasme, ele tem a ordem e a família, surpreendentemente não tem o nome científico.

Para me ajustar ainda melhor, investi num mapa com alguns bichos e aves e um livro bem volumoso, chamado Birds of Africa south of the Sahara. Fabuloso! Ele é bem completo e tem me a ajudado muito na identificação das aves que fotografei, inclusive depois que retornei ao Brasil.

Aguardando mesmo é o Merlin ter pacote da África do Sul que, de acordo com o amigo Bruno Arantes, está quase pronto. Aí sim, eu vou me sentir em casa quando viajar de novo para a África.

Canto direito abaixo: tela do e-Bird como deveria ter ficado desde o início.
Imagens: arquivo pessoal de Silvia Linhares

Como eu disse antes, o nosso guia Arno Pietersen deu o tom e o brilho a nossa expedição. No começo sentimos dificuldades de nos relacionar com ele. Eu, principalmente, por conta da língua, uma vez que meu inglês só não é nulo porque sei falar “the book is on the table”. 😂 😂 😂 😂 😂

No inicio achei ele pouco receptivo. Ele se apresentou ao grupo rapidamente. Parecia ser um moço bastante calado, de poucos sorrisos. Talvez por eu ter experiência apenas com guias sul-americanos, que são mais comunicativos, eu fiquei apreensiva. Tinha momentos que ele parecia pouco sensível aos nossos anseios. Lógico que nossa ansiedade estava no limite do limite. Com a barreira da língua, o Nelson e a Viviane tinham que traduzir tudo que eu pretendia dizer a ele. Você se sente uma débil mental nessas horas. Sequer consegue demonstrar empatia e bom humor.

No início, por causa da minha timidez frente ao jeitão dele, não me permiti dizer “stop, please” e “let's go”. Então muitas vezes ele seguia em frente enquanto a gente ainda estava clicando, ou não parava em situações que a gente desejava fotografar. 

Então eu me lembrei que eu estava num país com língua e comportamento diferentes do meu. Agir educadamente, com cortesia, é uma linguagem universal, e eu apelei para isso. Assim que foi possível, eu ofereci uma cerveja a ele e isso quebrou o gelo. Desde então passamos a falar a mesma língua. 😂 😂 😂 😂 😂

Com o passar do tempo, o Arno mostrou que era um excelente guia e pessoa. Sempre que localizava uma ave interessante, buscava nos posicionar da melhor forma para que cada um fizesse ou tentasse fazer a melhor foto. As aves comuns ele chamava de “quero-quero”. De alguma forma ele aprendeu que o nosso quero-quero é uma ave bastante comum. Ele ficava muito feliz em nos mostrar uma ave mais rara.

No primeiro dia, ele se recolheu ao seu mundo, fez suas refeições sozinho. Mas nós somos brasileiros e aos poucos conseguimos que ele se entrosasse com o nosso grupo, lanchasse com a gente e fizesse, a nosso pedido, o check-list das aves avistadas durante o dia. Nada como oferecer uma caipirinha. E quando se trata de fazer caipirinha, a Viviane é mestra. Todo dia fazíamos um brinde às aves do dia.

Fotos: arquivo pessoal de Silvia Linhares e Viviane De Luccia

Aos poucos ele ensaiou algumas palavras em português e algumas brincadeiras estilo tupiniquim. Além do “it’s a quero-quero”, quando ia apontar uma ave, dizia em português “alialiali”. E quando a gente não conseguia fazer alguma foto, ele dizia “aiaiaiaiai”. Arno aprendeu comigo a dizer “Instaphoto” que é quando faço uma imagem espetacular para postar no Instagram.

Eu apontava no livrinho alguma ave e dizia “my dream” e ele só dizia “ok, ok, easy!”. É um grande conhecedor e apaixonado pelas aves africanas. Conhece tudo sobre a vegetação, mamíferos e insetos também. No resto do tempo, mostrou que era uma pessoa atenciosa e bem humorada. Isso tornou a nossa expedição bastante festiva. Ficou a lição. Cada um tem seu próprio jeito e tempo. Uma pessoa criada em outro país tem costume e jeito diferente do nosso, mas tudo se ajeita com um pouco de paciência, persistência e atenção. (Não perca a parte final quando abordo este tema novamente)

Esses dias eu fui entrevistada pelo pessoal do Programa Terra da Gente (Globo) sobre esta expedição e achei interessante que fossem trocadas ideias e tiradas dúvidas direto com o nosso guia, então passei o contato para a pessoa responsável pela matéria. Eu me surpreendi com uma das respostas que ele deu, pois eu achava que seríamos apenas mais um grupo de clientes passando por ele. Há um trecho da matéria que diz:

'Apesar de passar cerca de 230 dias por ano dentro do parque acompanhando turistas, ele relevou que o grupo de brasileiras foi especial'. “Eu amei trabalhar com elas, são ótimas passarinheiras. É difícil guardar todo mundo que passa por aqui, mas no momento que ouvi que a Silvia queria saber os nomes científicos dos pássaros, soube que elas eram um grupo sério e que a gente ia se divertir muito durante os nove dias de passeio”. Veja a reportagem neste link.

Arno não faz ideia do que passa na cabeça de um guia no Brasil quando vai me guiar, ciente que eu já fotografei mais de 80% da avifauna brasileira e os "lifers" ou "new birds" são cada vez mais escassos. A sorte é que nossos guias são meus amigos e sabem que eu adoro fotografar tudo, até "quero-quero", além de belas flores selvagens e borboletas pelo caminho.

Mopani Rest Camp
Este Camp é construído em uma zona de transição com solo e vegetação diferenciados. O solo a oeste é perfeito para a planta que deu nome ao lugar: mopani ou mopane ou ainda árvore de borboleta (Colophospermum mopane). É uma árvore da família das leguminosas (Fabaceae), que cresce em áreas quentes, secas e baixas, mais ao norte do sul da África. Esta árvore ocorre apenas na África e é a única espécie do gênero Colophospermum. Sua folha distinta em forma de borboleta (bifoliada) e sua fina vagem facilitam a identificação. Integra a alimentação dos elefantes, daí na região haver uma grande concentração desses animais.

Fotos: arquivo pessoal Silvia Linhares

Na metade do caminho até Mopani fizemos um lanche numa área destinada a esse fim chamada Mooiplaas Picnic Site. São poucas as áreas que se pode descer do carro e essa é uma delas. Se tiver vontade de ir ao banheiro, aí é o lugar, caso contrário, terá que ficar segurando. 😂 😂 😂 😂

Fotos: arquivo pessoal Silvia Linhares

Das aves que fotografamos até chegar ao Camp destaco abaixo, na ordem esquerda para direita: European Bee-eater (Merops apiaster), Crested Barbet (Trachyphonus vaillantii), Lilac-breasted Roller (Coracias caudatus), Woodland Kingfisher (Halcyon senegalensis), European Roller (Coracias garrulous) e Steppe Buzzard (Buteo buteo).

Confira todas as aves do dia nos links para o eBird abaixo
Fotos: arquivo pessoal de Silvia Linhares

Após nos instalarmos no Camp, por volta das 15:00h, saímos passarinhar em um local muito próximo e, confesso, foi um absurdo, de tanto bicho e foto bonita. Vou mencionar alguns: Black Crake (Zapornia flavirostra), Blacksmith Lapwing (Vanellus armatus), Burchell's Coucal (Centropus superciliosus burchellii), Southern Red-billed Hornbill (Tockus rufirostris), Grey Heron (Ardea cinerea), Water Thick-knee (Burhinus vermiculatus), Yellow-billed Stork (Mycteria ibis), Grey-headed Bushshrike (Malaconotus blanchoti) e a Cape Turtle-Dove (Streptopelia capicola), a “Socorro” que citei no início.

Confira todas as aves do dia nos links para o eBird
Fotos: arquivo pessoal de Silvia Linhares

Uma das aves fotografadas que acabei de citar veio aumentar a minha lifer-list no Wikiaves: Garça-moura-européia - Grey Heron (Ardea cinérea). Sempre cheia de charme e elegância como  todas as demais garças.

Garça-moura-européia - Grey Heron (Ardea cinérea)
Foto: arquivo pessoal de Silvia Linhares

Vimos muitos bichos, obviamente muitos elefantes e também impalas, além de esquilinhos espalhados pelo Camp. Fechei o dia com 50 novas espécies de aves, sendo que 16 foram feitas antes do nosso guia chegar. Vimos ainda muitos antílopes, uma tartaruga, um crocodilo, hipopótamos, elefantes, um búfalo e muitas zebras. Ou seja dos Big Five, dois foram logo no primeiro dia, ficando faltando dois felinos e o rinoceronte.

Fotos: arquivo pessoal de Silvia Linhares

Comemos umas guloseimas bem engordativas no restaurante do Camp, isso lógico depois de ficar um tempinho olhando as coisas do "shop". Após chegar no quarto, preparei tudo para o dia seguinte, caí na cama e desmaiei. Dormi pesadamente.

Nossa chegada ao Camp e depois indo jantar
Fotos: arquivo pessoal de Silvia Linhares

Recomendação: você vai precisar de um adaptador de tomadas. O "universal" que levei não é tão universal assim e acabou não servindo. É possível adquirir um em supermercados (evite o aeroporto, é bem mais caro) e nos Camps. Eu comprei um no Camp Mopani. E sempre levo um filtro de linha para 5 tomadas, porque é muita coisa pra recarregar. Uma coisa bem interessante é que no carro da PKSafaris tem recarregador/adaptador. É de muita utilidade. Veja no quadro abaixo.

Foto mostrando o filtro no carro:  arquivo pessoal Leila Esteves
demais fotos: arquivo pessoal Silvia Linhares

Fechei o dia com 50 novas espécies de aves, sendo que 16 foram feitas antes do nosso guia chegar. Veja a seguir as listas do dia.

eBird - Dom 1 mar 2020 - 08:00
Kruger NP--Phalaborwa Gate
https://ebird.org/checklist/S65786776

eBird - Dom 1 mar 2020 - 90:50
Phalaborwa -> Mopani rd
https://ebird.org/checklist/S65795448

eBird - Dom 1 mar 2020 - 15:03
Kruger NP--Mopani Camp
https://ebird.org/checklist/S65786826


ZA - Parte 2 - A viagem dos meus sonhos - Kruger Nacional Park
Dia 02/03 – segunda-feira

Ouça essa agora enquanto continua lendo: 
 Coldplay - Viva La Vida
   

Saímos bem cedo em busca de “new birds”. Deixamos pra fazer o desjejum na volta, antes do check-out. Paramos no mesmo lugar que fizemos a garça-moura-européia no dia anterior, uma espécie de ponte de concreto sobre o Rio Tsendze. Não é permitido descer do veículo, mas a cada ave que queríamos clicar, nosso guia reposicionava o carro para que ficássemos de um jeito mais favorável. E para continuar pelo caminho, tivemos que esperar o bando de elefantes passar para chegar perto das aves. Olha só onde a Garça-moura-européia (Grey Heron) estava nesta manhã nublada ...

Fotos: arquivo pessoal de Silvia Linhares

Depois seguimos até Shipandani Hide, nosso primeiro Hide (espécie de abrigo camuflado, usado para observar animais selvagens de perto, especialmente aves). Chegamos por volta de 6:30h, não havia aves para clicar e deu um pouco de desânimo, pois a expectativa era grande. Nosso guia levou água quente e café solúvel. Então pensa na alegria da pessoa aqui poder tomar o primeiro café do dia. Agora eu estava feliz. Tinha café no sangue e fé que as aves iam dar show como no dia anterior.

Fotos: arquivo pessoal de Silvia Linhares e Leila Esteves

O mais engraçado foi um carro com duas pessoas emparelhando e nos abordando, a passageira do outro carro nos acenava com um livrinho na mão igual ao nosso, e a Vivi sorriu para ela, fez sinal de positivo com a mão e depois disse: "Nice! We also have this same book!"

Isso até o Arno parar o carro e entendermos que o livrinho na mão daquela senhora tinha caído do nosso carro e era da própria Viviane. Agradecemos e seguimos, quase sem acreditar no que acontecera. Rimos muito do acontecido, aliás risos e muita alegria não faltou nessa viagem, isso está ajudando muito a segurar a barra nessa imposta e inesperada quarentena.

Fotos: arquivo pessoal de Silvia Linhares e Viviane De Luccia

Circulando nas proximidades do Hide, conseguimos ver muitas aves interessantes. Desde a saída do Camp registrei 26 espécies, com destaque para Southern Carmine Bee-eater (Merops nubicoides), Natal Spurfowl (Pternistis natalensis), Egyptian Goose (Alopochen aegyptiaca), Burchell's Coucal (Centropus superciliosus burchellii), Giant Kingfisher (Megaceryle máxima), Crested Barbet (Trachyphonus vaillantii), Yellow-billed Stork (Mycteria ibis).

Porém, foi o nosso conhecido Socozinho - Green-backed Heron (Butorides striata) quem deu um show se alimentando com um peixão. A Pearl-spotted Owlet (Glaucidium perlatum), muito parecida com a nossa caburé respondeu bem, mas só deu foto bonita alguns dias depois.

Fotos: arquivo pessoal de Silvia Linhares

Fotografamos muitos animais também, e fizemos até selfie com eles, veja a nossa alegria fazendo isso. Haja parede pra por quadro aqui em casa, é muita coisa bonita.

Fotos: arquivo pessoal de Silvia Linhares

Fotos: arquivo pessoal de Silvia Linhares

Retornamos para fazer o desjejum no restaurante do Camp. Este fica no alto e bem abaixo passa o rio, com um cenário deslumbrante e elefantes se divertindo na água. As aves ao nosso redor interrompiam nosso desjejum a todo instante. Foram nove espécies ao todo. Não pudemos ficar mais, pois nosso guia chegou e disse algo como: “Let’s go, hurry up, people”.

Fotos: arquivo pessoal de Silvia Linhares

Abaixo, algumas fotos de aves feitas durante o nosso café da manhã.

Fotos: arquivo pessoal de Silvia Linhares

Depois do check-out, seguimos para o nosso próximo Camp (Punda Maria), a 127 km de onde nós estávamos. No caminho, registrei 26 espécies com destaque para alguns rapinantes (águias, falcões e abutres) e alguns pequeninos bem coloridos.

De acordo com o amigo Willian Menq, que vem me ajudando na identificação de algumas espécies: “rapinantes ou aves de rapina" são aves carnívoras que compartilham determinadas adaptações para a caça ativa, como o bico curvo e afiado, garras fortes, voo poderoso, além de uma excelente visão e audição.

A palavra “rapina” tem sua origem no latim que significa “raptar” (aquela que pega e leva consigo), referindo-se simplesmente à forma de obtenção do alimento de algumas espécies. Apesar das várias características compartilhadas, as aves de rapina não formam um grupo monofilético, pois agrupa aves de linhagens evolutivas diferentes. São formadas pelas ordens Accipitriformes (águias, gaviões e abutres), Cathartiformes (urubus e condores), Falconiformes (falcões e caracarás) e Strigiformes (corujas).” O site do Willian pode ser acessado clicando aqui.

Fotos: arquivo pessoal de Silvia Linhares

Um dos meus sonhos era registrar os Oxpecker (os chamados pica-bois). Presentes em todos os documentários de vida selvagem africana, estava difícil por causa da época. Temos dois tipos de Oxpecker (família Buphagidae): o Red-billed oxpecker (Buphagus erythrorhynchus) e o Yellow-billed Oxpecker (Buphagus africanus), das fotos abaixo. Embora seja considerado "nível de quero-quero" para o nosso guia (ave bastante comum), ele se empolgava quando encontrava algum para nos mostrar.

Fotos: arquivo pessoal de Silvia Linhares

No caminho até o próximo destino cruzamos a linha do Trópico do Capricórnio, que contorna o Planeta e passa aqui, mais ou menos perto de minha casa.

Fotos: arquivo pessoal de Silvia Linhares

Fotos: arquivo pessoal de Leila Esteves

A linha passa aqui, ó, num tá vendo? Como não? Olha ela aí embaixo. Mas fique tranquilo, ninguém tropeçou nela, uma vez que é imaginária. 😂 😂 😂 😂 😂 😂 😂

Fotos: arquivo pessoal de Silvia Linhares

Chegamos ao Rest Camp Punda Maria por volta de 15:30h. Fizemos o check-in, e após descer as bagagens, saímos passarinhar pelos arredores.

Fotos: arquivo pessoal de Silvia Linhares

Punda Maria Rest Camp
Conta-se que o nome Punda Maria deriva da palavra suaíli para zebra, que é punda miliya. O nome do campo foi cunhado em 1919 pelo primeiro guarda florestal encarregado da área, JJ "Ou Kat" Coetser, ele usou o nome de sua esposa, Maria para compor o nome do local, uma vez que ela apreciava roupas listradas. Coetser foi demitido como guarda florestal por atirar em animais e acabou morto por um elefante nas proximidades do rio Limpopo.

O Conselho de Parques renomeou o campo e o portão como Punda Milia, com a impressão de que havia sido um erro de ortografia e que a zebra foi o primeiro animal visto na área. Após um tempo, em 1979 o nome original foi restaurado.

Este acampamento está situado na região de Sandveld que é descrita como o jardim botânico do Parque Nacional Kruger. Existem inúmeras espécies de plantas que são únicas na região. Também é considerado o paraíso das aves.

Fotos: arquivo pessoal de Silvia Linhares

Logo que chegamos um cuco chamado Red-chested Cuckoo (Cuculus solitarius) apareceu no limpo, onde rapidamente eu consegui uma foto dele, porém, com a cabeça virada para o lado contrário, em seguida ele entrou na mata ao fundo e desapareceu. O nosso guia ainda tentou aproximá-lo usando play-back, mas não conseguiu.

Passado um tempo, depois de nos instalarmos no delicioso acampamento, esse cuco começou a vocalizar. Então usando meu mini-gravador Olympus WS 801, gravei sua voz e toquei em seguida. Não deu outra. Ele se aproximou e, mal ou bem, todo mundo conseguiu uma foto dele. O Arno, que estava ainda arrumando suas coisas em seu quarto, vendo a nossa movimentação, aproximou-se e ficou impressionado com a eficiência e potência do meu gravadorzinho.

Ainda tentamos ver mais algumas aves, demos umas voltas pelo Camp, mas devido ao adiantado da hora, conseguimos registrar apenas um "flycatcher": o African Dusky Flycatcher (Muscicapa adusta).

Fotos: arquivo pessoal de Silvia Linhares

No final da tarde, a Viviane preparou deliciosas caipirinhas para nós. Convidamos o nosso guia para jantar com a gente no restaurante. Achamos que ele estava muito cansado pelo longo trajeto do dia e seria muito sacrificante para ele ter que preparar seu próprio jantar. Ele ficou muito feliz com essa aproximação e bem mais em provar a nossa famosa “caipirinha”, que ele pronunciava de um jeito engraçado, por conta do seu sotaque. Eu comemorei os "new birds" com uma "Savanna Cider Dry", uma bebida deliciosa a base de cidra e depois brindamos com a caipirinha que a Viviane preparou.

Fotos: arquivo pessoal de Silvia Linhares

Durante o nosso jantar
Fotos: arquivo pessoal de Viviane De Luccia

No total registrei 51 espécies de aves no dia. Uma boa ideia (referência ao slogan da cachaça 51 - "51 - uma boa ideia").Veja a seguir as listas do dia.

eBird - Seg 2 mar 2020 - 06:12
Shongololo Loop
https://ebird.org/checklist/S65837505

eBird - Seg 2 mar 2020 - 08:38
Kruger NP--Mopani Camp
https://ebird.org/checklist/S65837530

eBird - Seg 2 mar 2020 - 10:07
Limpopo, ZA (-23,521, 31,396)
https://ebird.org/checklist/S65837926

eBird - Seg 2 mar 2020 - 16:37
Kruger NP--Punda Maria Camp
https://ebird.org/checklist/S65837622


ZA - Parte 3 - A viagem dos meus sonhos - Kruger Nacional Park 
Dia 03/03 – terça-feira


Acordamos bem cedo, fazia um pouco de frio. Após um rápido cafezinho no próprio chalé, seguimos em direção a Pafuri. Andamos uns 30 km até chegar no nosso destino: Pafuri Picnic Site. Este é um dos pontos mais remotos do Parque, situado em seu extremo norte, próximo aos rios Rio Limpopo e o Luvuvhu. É uma área transfronteiriça da África Austral, ponto de encontro da África do Sul, Moçambique e Zimbábue. A região é pouco acessada pelos turistas, mas é um dos melhores pontos para observação de aves.

Diferente do que eu via nos frequentes documentários em casa, encontrei uma África com temperatura de amena para fria, muito verde e florida. Se eu pudesse pararia para fotografar todas as flores.

Enquanto seguíamos, pedi ao nosso guia para fazer algumas fotos de plantas, inclusive dos baobás gigantes (abaixo momento que a amiga Leila registra a foto da foto). Não tem como você não se sentir feliz igual a uma criança num lugar tão espetacular desses.

Fotos: arquivo pessoal de Silvia Linhares e Leila Esteves

Depois de estudar as aves em casa, eu segui para a África com diversas delas destacadas. Eu as chamava de "dream-list". Eram passarinhos escolhidos a dedo. Eu apenas apontava no livrinho ou celular para o nosso guia dizendo "my dream". Para matar sua curiosidade vou aproveitar e mencioná-las aqui. Foram fotografadas em dias diferentes, sendo assim, cada um tem a sua própria história.

Dois deles eu já mencionei: os Oxpecker (os chamados pica-bois), o Red-billed oxpecker (Buphagus erythrorhynchus) e o Yellow-billed Oxpecker (Buphagus africanus). Corujas eu nem preciso dizer que sou mega super hiper apaixonada por elas. A Pearl-spotted Owlet (Glaucidium perlatum) era uma dessas. Duas pombas integravam a "dream-list": a African Green-Pigeon (Treron calvus), por sua beleza e cores ímpar e a Emerald-spotted Wood-Dove (Turtur chalcospilos), por ter o nome da minha mãe (Esmeralda - in memorian). Três ilustres e coloridos pescadores integravam essa lista: Woodland Kingfisher (Halcyon senegalensis), Malachite Kingfisher (Corythornis cristatus). O terceiro nós não vimos: African pygmy kingfisher (Ispidina picta). E para finalizar os dois últimos: o inspirador e colorido Lilac-breasted Roller (Coracias caudatus) e a linda e exótica Poupa - Eurasian Hoopoe (Upupa epops).

Das dez espécies que eu levei em sonho, nove voltaram nos cartões. Veja abaixo a foto que fiz de cada uma delas.

"dream-list"
Fotos: arquivo pessoal de Silvia Linhares

Fomos passarinhando muito até chegar em Pafuri. Além das flores selvagens, paramos para alguns mamíferos também. O Arno ainda nos mostrou um tronco comidos pelos elefantes. Foi muito aprendizado durante essa expedição.

Fotos: arquivo pessoal de Silvia Linhares

E lógico, muitas aves lindas, com destaque para o Lanner Falcon (Falco biarmicus), um primo do Falcão-peregrino (Falco peregrinus). O Lanner Falcon se assemelha fisicamente ao Falcão-peregrino. No entanto, o Lanner Falcon ostenta um gorro avermelhado no topo da cabeça, o que ajuda a distingui-lo de muitos outros falcões de cores semelhantes.

Uma avezinha muito fofa vocalizava insistentemente. A Leila disse que ela, o Monotonous Lark (Mirafra passerina) estava na verdade pedindo: "caipirinha, caipirinha" com seu canto monótono que nos acompanhou por vários dias. Ele ganhou esse apelido. Ouça aqui a vocalização dele e veja se concorda ou não com a gente.

Destaque para Southern Black-Tit (Melaniparus niger), Namaqua Dove (Oena capensis), Monotonous Lark (Mirafra passerine), Peregrine Falcon (Falco peregrinus minor), Southern Masked-Weaver (Ploceus velatus), Magpie Shrike (Corvinella melanoleuca), Wahlberg's Eagle (Hieraaetus wahlbergi), White-winged Widowbird (Euplectes albonotatus) e Blacksmith Lapwing (Vanellus armatus).


Fotos: arquivo pessoal de Silvia Linhares

No Pafuri Picnic Site vimos muitos macaquinhos Vervet monkey (Chlorocebus pygerythrus). Foi muito legal acompanhar as brincadeiras deles. Pareciam crianças se divertindo, enquanto suas mães permaneciam no alto das árvores vigiando.

Fotos: arquivo pessoal de Silvia Linhares

Fizemos o nosso piquenique com tranquilidade, mas sempre buscando aves pelos arredores. E o macaquinho que nos observava deve ter pensado: - "o que será que essas loucas fazem por aqui, aí meu Deus, nos livre desses humanos chatos que ficam apontando essas armas horríveis para nós" 😂 😂 😂 😂 😂 😂

Fotos: arquivo pessoal de Silvia Linhares

Tivemos uma manhã muito feliz e colorida pelos pássaros em nosso caminho.

Fotos: arquivo pessoal de Silvia Linhares

No retorno, já bem cansados, vim parte olhando flores, parte tirando um cochilo. Até que um bando de Babuínos - Chacma baboon (Papio ursinus), atravessou a estrada bem na nossa frente. Agora entendo quando minha mãe dizia que a gente não parava quieto e ficava o tempo todo pulando feito macaco.

Foto: arquivo pessoal de Silvia Linhares

Fotos: arquivo pessoal de Silvia Linhares

Um pouco antes de chegarmos, um bando de girafas deu um show. Havia filhotes e não tem lente que resista a esse bichinho fofo desses. Elas ficavam nos olhando com muita curiosidade. Aí você pode estar se perguntando: há perigo? Sempre irá ter, lógico que todo cuidado é pouco. Daí a importância de um guia experiente e o nosso passa mais de 30 semanas por ano dentro do Parque e conhece todos os cantos e os bichos até por nome.

Como diz o meu amigo documentarista Lawrence Wahba, os animais na África não tem medo de carros porque eles criam uma relação com os automóveis desde que nascem. Para eles os carros fazem parte da paisagem, por isso eles ignoram. Há raríssimos casos de ataques. Você pode ver a "live" dele no Instagram sobre a África acessando este link.

Fotos: arquivo pessoal de Silvia Linhares

Ao chegar no Camp, o nosso guia nos levou conhecer algumas trilhas. Nós conseguimos ver mais 4 espécies de aves, mas não fiz boas fotos, pois havia pouca luz.

Olha nós aí no Camp
Fotos: arquivo pessoal de Leila Esteves

Fotos: arquivo pessoal de Silvia Linhares

No final da tarde, após um refrescante banho, foi dia de caipifruta e depois, um churrasco preparado pelo nosso guia. Quase que não acontece, por conta de uma chuva inesperada, mas que chegou e foi embora tal como veio. O mais engraçado foi fazer o check-list das aves avistadas com o Arno. Ele deve ter achado muito chato ser praticamente "obrigado" a isso, mas faz parte de uma boa e produtiva passarinhada.

Fotos: arquivo pessoal de Silvia Linhares e Viviane De Luccia

Fechamos o dia com 58 espécies de aves registradas. Veja a seguir as listas do dia.

eBird - Ter 3 mar 2020 - 06:37
Pafuri Gate - Punda Maria Rd
https://ebird.org/checklist/S65959387

eBird - Ter 3 mar 2020 - 09:10
Pafuri Gate - Punda Maria Rd
https://ebird.org/checklist/S65983880

eBird - Ter 3 mar 2020 - 15:46
Kruger NP--Punda Maria Camp
https://ebird.org/checklist/S65862583


ZA - Parte 4 - A viagem dos meus sonhos - Kruger Nacional Park 
Dia 04/03 – quarta-feira


Aperte o play e leia este post ouvindo a linda música a seguir: Coldplay - Cry Cry Cry

Pela manhã saímos fotografar pela S99 rd. Percorremos algumas estradas de chão muito agradáveis, bastante floridas e com muitos pontos de água ... e passarinhos, lógico. O nosso guia, tendo percebido que eu gostava muito de fotografar flores e folhas passou a mostrar algumas e, além de explicar sobre elas (o Nelson traduzia) sempre dava um jeito de trazer alguma flor ou folha para a gente sentir o cheiro.

O verde se descortinava a nossa frente e era muito gostoso ficar apenas apreciando e sentindo o vento frio no rosto. A linda mariposa da foto a seguir foi feita na porta do quarto antes de sairmos perambular pelos arredores do Camp.

Verde que te quero sempre Verde
Fotos: arquivo pessoal de Silvia Linhares

O Arno ficava muito feliz quando conseguia nos mostrar aves que a gente queria muito ver ou melhorar foto, mas nem sempre era possível. Algumas permaneciam bem distantes ou no emaranhado. Muita vezes, o carro parava e a visão da ave era perfeita para um e tinha uma folhinha ou galho na frente para o outro. Era um tal de vai para frente e dá ré que nem te conto. 😂 😂 😂 😂 😂

Fizemos muitas fotos, nem todas boas, porque tem algumas aves que não colaboram, havia muita contraluz, mas isso não importava. Estar ali era o mais importante. Era ver o sonho se materializando.

Eram quase 8:00h horas quando ele nos disse que a Emerald-spotted Wood-Dove (Turtur chalcospilos) estava vocalizando próxima, a tensão no meu corpo se instalou de pronto. Um dos "my dreams"! E como eu temia, ela surgiu embrenhada. Eu fiquei tão nervosa, mas tão nervosa, que quase não conseguia focar. Cravar o foco então nem pensar. Mas no final deu tudo certo e eu consegui fazer uma foto bonita. Mais um sonho realizado.

Emerald-spotted Wood-Dove (Turtur chalcospilos)
Fotos: arquivo pessoal de Silvia Linhares


A parte da manhã rendeu várias espécies interessantes. Vou mencionar alguns e você poderá conferir na lista do eBird logo abaixo. Entre eles o belo papagaio Brown-headed Parrot (Poicephalus cryptoxanthus), mais um cuco Great Spotted Cuckoo (Clamator glandarius), um pica-pau Bennett's Woodpecker (Campethera bennettii) e mais uma espécie de calau Crowned Hornbill (Lophoceros alboterminatus), entre outros. Gostaria de ter feito uma foto melhor do Violet-backed Starling (Cinnyricinclus leucogaster), porém, esta ave não colaborou.


Fotos: arquivo pessoal de Silvia Linhares


A vocalização de uma ave chamou a atenção do nosso guia, de acordo com ele, "this is a rare bird". Demorei a enxergá-la, pois suas cores se confundiam com as folhas das árvores. Foi difícil, mas consegui uma foto razoável dele.

O Eastern Nicator (Nicator gularis) - (20 a 23 cm) é considerado um pássaro incomum, de difícil visualização. É encontrado em floresta, matagais e bosques densos. Camufla-se por conta da sua cor. Permanece sempre no emaranhado dos sub-bosques. É geralmente detectado pela voz. Se não fosse os galhinhos, (ai ai ai, os galhinhos) a primeira foto teria ficado uma super foto. Depois ele foi para a contraluz e ficou difícil. Você pode apreciar seu canto neste link (Xeno-canto).

Eu estou habituada a muitas dificuldades em campo. Fotografar nas nossas matas atlânticas ou amazônicas exige muito do guia, do fotógrafo e da câmera. Quando perguntei a altura média das árvores amazônicas para minha querida amiga e guia Vanilce Carvalho e disse o porque queria saber, ela me respondeu e complementou assim: "imagina o caçula numa árvore de 88,5 de altura 😂 😂 😂 😂 😂."

O Caçula - Short-tailed Pygmy-Tyrant (Myiornis ecaudatus) para quem não sabe, é um dos menores pássaros do mundo. Mede 6,5 cm e pesa entre 4,2 e 5 gramas. Aplausos para as torres de observação de aves de Manaus, que nos permitem observá-las de pertinho. Clique aqui para ver como ele é pequeno e lindo.

*A floresta amazônica possui em sua maioria árvores de 30 a 40 metros de altura, equivalente a um prédio de 15 andares. A árvore mais alta já registrada na floresta Amazônica mede 88,5 metros de altura - tamanho equivalente ao de um edifício de mais ou menos 30 andares.

As aves do Kruger são bem mais tranquilas de fotografar e a vegetação bem mais baixa. Acho que por isso me encantei tanto.

Eastern Nicator (Nicator gularis)
Fotos: arquivo pessoal de Silvia Linhares


Por volta das 10:30h retornamos ao Camp. Nosso guia sugeriu que explorássemos uma área dentro do próprio Camp e lá fomos nós caminhar. Nem tínhamos terminado de descer as escadas que dão acesso à área de "motorhome" e barracas, um Collared Sunbird (Hedydipna collaris), em português beija-flor-de-colar, fez a nossa alegria.


Ele não é um beija-flor como os nossos. Bastante inquieto, não voa como nossos beija-flores e sim como nossas saíras. Diferente dos nossos que pertencem à família Trochilidae (exclusiva das Américas), eles pertencem à família Nectariniidae, que se alimenta principalmente de néctar.

Collared Sunbird (Hedydipna collaris)
Fotos: arquivo pessoal de Silvia Linhares

Pela manhã havíamos sentido muita dificuldade para registrar o calau Crowned Hornbill (Lophoceros alboterminatus). Eles estavam longe, na contraluz, tem pouco contraste. Ou seja, condições nada favoráveis para uma boa foto.

No entanto, ao caminhar na área de "camping", fizemos fotos de pertinho dele, aí foi uma festa. O Crowned Hornbill fez até pose pra gente. Pena que a luz também não era das melhores.

Crowned Hornbill (Lophoceros alboterminatus)
Fotos: arquivo pessoal de Silvia Linhares

Caminhando eu avistei de longe, perambulando pelo chão a pequenina Poupa - Eurasian Hoopoe (Upupa epops), um dos meus sonhos ornitológicos. Tentamos nos aproximar, porém, sem sucesso. Ela acabou voando para longe.

Mas conseguimos melhorar as fotos do African Black-headed Oriole (Oriolus larvatus). Quem deu show foi o Golden-breasted Bunting (Emberiza flaviventris). Quase pousou na cabeça do nosso guia. Deu para fazer "Instaphoto".

Fotos: arquivo pessoal de Silvia Linhares

Aí foi a hora do estresse total. Eu acho os turacos africanos uma ave sensacional, queria foto de quadro deles. Em que pese nosso guia dizer que ele era comum, essa foi a única chance que tive. Era quase meio dia e ele surgiu nas árvores ao redor.

É um dos mais bonitos da família Musophagidae: Purple-crested Turaco (Tauraco porphyreolophus). Ele ia de uma árvore pra outra. Quando levantava voo, eu perdia o foco, ele era muito rápido e eu não conseguia acompanhar. Infelizmente não deu "Instaphoto".

Um tempo depois percebi algo errado. Para ver as fotos no visor da câmera eu preciso dos óculos de leitura, e cadê? Aiaiaiaiai. Caíram em algum lugar. Mas onde? Na área do "camping", pois eu lembro do último momento que usei. Dói só de lembrar. 😢 😢 😢 😢

Era o meu preferido, para uso em conjunto com as lentes de contato. Vou seguir o precioso conselho do amigo Nelson: sempre levar várias caixinhas com óculos (detalhe, eu tinha um de reserva, mas não apropriado como o outro).

Ao perceber sua ausência eu retornei ao local (o Nelson me acompanhou pra eu não voltar sozinha) e mesmo ante a frustração de não encontrá-lo, eu tive a sorte de ver a arredia Eurasian Hoopoe (Upupa epops) um pouco mais perto e fazer uma foto razoável.

As aves da manhã - Fotos: arquivo pessoal de Silvia Linhares

Como eu fiquei tensa e chorona (isso sempre acontece quando perco algo que gosto). Por volta das 14:00h, depois do almoço, para animar, fizemos algumas fotos ao lado do carro-safári. As fotos ficaram bem legais.

Fotos: arquivo pessoal de Leila Esteves

Logo em seguida, por volta das 15 horas saímos de novo, apesar de chateada ainda, eu fiz algumas fotos bem bonitas. Destaque para Southern Masked-Weaver (Ploceus velatus), Rattling Cisticola (Cisticola chiniana), Red-backed Shrike (Lanius collurio), Wahlberg's Eagle (Hieraaetus wahlbergi), Cinnamon-breasted Bunting (Emberiza tahapisi) e Southern Black-Flycatcher (Melaenornis pammelaina), entre outros.

Fotos: arquivo pessoal de Silvia Linhares

Durante nossas passarinhadas ainda foi possível registrar muitos outros animais como o African Buffalo (Syncerus caffer), Bushbuck (Tragelaphus sylvaticus), Serrated hinged terrapin (Pelusios sinuatus), African Javali (Sus scrofa), Leopard Tortoise (Stigmochelys pardalis).  Vimos uma pegada de felino e até clicamos um "leopardo", mas era tartaruga. Felino que é bom, nada. 😂 😂 😂 😂

Fotos: arquivo pessoal de Silvia Linhares

Seguindo nosso itinerário, por volta das 16:40, o nosso guia, acho que vendo meus olhos tristes resolveu procurar uma ave dos meus sonhos para me alegrar. Deparamos com duas poupas Eurasian Hoopoe African (Upupa epops africana) no meio do caminho, o Arno, nosso magic guide, como eu passei a chamá-lo, tentou nos posicionar melhor, mas uma delas voou para o meio da árvore, bem pertinho, mas tinha galhinhos na frente eu não consegui fazer foto que prestasse.

Continuamos pelo caminho e cinco minutos depois, as duas apareceram na nossa frente, forrageando no chão. Dava pra ver muito de longe. Nossa, fiquei maluca, a gente não pode descer do carro e ir andando até elas. Mas como eu disse, o Arno faz mágica.

Ele foi se aproximando aos poucos, até que eu consegui fazer a foto dos meus sonhos. Só lembro dele olhar pra mim, fazendo sinal de positivo e perguntar: “good? yes?” Com lágrimas escorrendo dos olhos, eu consegui dizer: "yes". Esta é uma daquelas horas que você tem vontade de pular do carro e dar um baita abraço em todo mundo, gritar bem alto de alegria e ter à mão uma cerveja gelada para comemorar.

Veja abaixo como foram os meus quatro encontros com a Eurasian Hoopoe até chegar numa "Instaphoto".

Meus 4 encontros com a Eurasian Hoopoe até chegar na "Instaphoto"
Fotos: arquivo pessoal de Silvia Linhares

E nesta quarta vez veja só como foi, até chegar bem pertinho. Elas estavam muito longe e são muito ariscas. Tivemos que ir muito devagar e aos poucos.

Fotos: arquivo pessoal de Silvia Linhares

Retornamos ao Camp e as meninas me convenceram a percorrer o caminho onde eu poderia ter perdido os óculos. Levamos as câmeras e fomos mapeando onde achávamos que ele poderia ter caído. O duro é que é muito grande e a gente não se lembrava direito por onde havíamos passado.

Resultado: nada, nada, nada. Então, entramos no Hide que tem no Camp e fizemos lindas fotos da Marabou Stork (Leptoptilos crumenifer) que estava parada na beira da água. Até presenciamos uma luta entre impalas machos. Foi muito bom contar com o carinho e solidariedade das amigas naquele momento.

Fotos: arquivo pessoal de Silvia Linhares

Finalzinho de tarde, começo de noite, fizemos nosso próprio lanche, sempre acompanhados da famosa caipirinha da Viviane. Sentamos pra fazer o check-list das aves do dia na frente dos nossos quartos.

Eu fui surpreendida com um presente inesperado. O nosso guia me deu uma latinha de cerveja que ele trouxera de Moçambique. Acho que sentiu pena da minha tristeza quando perdi os óculos. Eu sempre me emociono com atitudes assim. Os olhos vermelhos são de lágrimas. Meu nome do meio é "manteiga-derretida". 😂 😂 😂 😂 😂 😂 😂

Fotos: arquivo pessoal de Silvia Linhares e Viviane De Luccia

Fechamos o dia com 44 espécies de aves registradas. Veja, a seguir, as listas do dia:

eBird - Qua 4 mar 2020 - 07:07
Kruger NP--Punda Maria Camp
https://ebird.org/checklist/S65862941

eBird - Qua 4 mar 2020 - 10:55
Kruger NP--Punda Maria Camp
https://ebird.org/checklist/S65863146

eBird - Qua 4 mar 2020 - 15:10
Kruger NP--Punda Maria Camp
https://ebird.org/checklist/S65862997



ZA - Parte 5 - A viagem dos meus sonhos - Kruger Nacional Park 
Dia 05/03 – quinta-feira

E hoje será que essa floresta tem mesmo leão ?  Vamos torcer. Afinal ninguém mais aguentava de ansiedade. A Leila, então que adora felinos, estava super ansiosa.

Aproveite e vá ouvindo "O Leãozinho"
música de Caetano Veloso  -  versão Palavra Cantada

Acordamos muito-muito-muito cedo. A ideia do nosso guia era procurarmos, além das almejadas aves, os felinos em pontos que ele já havia avistado em tours anteriores. Faríamos o desjejum no retorno e logo em seguida o check-out para seguirmos para o nosso próximo Rest Camp.

O portão do Camp estamos previsto para abrir às 5:30h. Ficamos ansiosamente aguardando e fomos os primeiros a sair.

Fotos: arquivo pessoal de Silvia Linhares

Não rodamos nem três minutos e avistamos nossa primeira Hiena-malhada - Spotted hyena (Crocuta crocuta). Mal tinha luz para fazer foco decente. Rapidamente coloquei o ISO nas alturas e fiz alguns poucos cliques antes que ela desaparecesse. É muito maior do que eu imaginava.

Fotos: arquivo pessoal de Silvia Linhares

O dia amanhecia lindamente. A luz do sol pintava um quadro mais lindo que o outro. *Claude Monet, se visse, ia morrer de inveja. Fazia muito frio. Mas eu estava vivendo uma das maiores aventuras da minha vida. Não tinha do que reclamar.

Claude Monet é o mais célebre pintor dentre os pintores impressionistas. O termo impressionismo surgiu devido a um dos primeiros quadros dele chamado "Impressão, nascer do sol".

Fotos: arquivo pessoal de Silvia Linhares

Chegamos num lugar chamado Klopperfontein Loop. Fazia muito frio. O hipopótamo estava submerso até o nariz. Ele me olhou com seus olhos grandes, sem sequer levantar a cabeça, como se desprezando a minha presença. Eu só pensei: "azar o seu, grandão, eu não vim aqui pra ver você, e sim os passarinhos que moram ou passeiam por aqui." 😂 😂 😂 😂 😂 😂

Foto: arquivo pessoal de Silvia Linhares

Motivados por uma linda família de Egyptian Goose (Alopochen aegyptiaca), ficamos algum tempo fazendo fotos e depois seguimos nosso caminho em busca dos sonhados felinos.

Fotos: arquivo pessoal de Silvia Linhares

Já eram 7 horas da manhã. Eu daria tudo por um cafezinho. Meus olhos iam de um lado para o outro buscando algum movimento nas matas. Porém, se acalmavam quando se perdiam pela paisagem. Minha alma se embriagava com o perfume das flores. O vento no rosto e a neblina que se formou em alguns momentos traziam saudades da minha terra. De repente, nosso guia viu pegadas recentes de felino no chão. Ficamos na expectativa de avistar algum, mas nem sombra.

Fotos: arquivo pessoal de Silvia Linhares

Para compensar esse vazio, o nosso guia mostrou-nos uma bela flor, uma African Flame Lily ou Gloriosa como eu a conheço no Brasil. A African Flame Lily (Gloriosa superba rothschildiana) é a flor nacional do Zimbábue (onde é uma planta protegida).

Fotos: arquivo pessoal de Silvia Linhares

Um pouco frustrados, ainda passarinhamos por mais um tempo. Fomos recompensados por algumas aves bem interessantes. A garcinha-vaqueira deu show de performance. O falcãozinho Amur (Falco amurensis) - adoro esse nome - fez pose pra gente. Agora a arredia poupa (Hoopoe) surgia a todo momento, se exibindo sem pudor. E ainda mostrava o leque. Eu a chamaria de "poupa-leque". 😂 😂 😂 😂 😂 😂

Um pouco mais adiante, um bando de Arrow-marked Babbler (Turdoides jardineii) fazia uma algazarra.

Fotos: arquivo pessoal de Silvia Linhares

Tendo atingido o tempo previsto para essa saída, retornamos ao Camp onde fizemos um excelente desjejum. Ninguém queria viajar de barriga vazia. Depois fizemos selfies de despedida do lugar, e após o check-out, seguimos nosso caminho em direção ao Rest Camp Shingwedzi.

Fotos: arquivo pessoal de Silvia Linhares

Durante nossa parada no Babalala Picnic Spot, por volta de 11:30h, eu fotografei uma ave chamada Long-billed Crombec (Sylvietta rufescens). Ela me marcou por vários motivos. Primeiro que seu nome científico remete ao meu nome: Silvia <=> Sylvietta.

E, não vão rir, mas a hora que vi o formato do seu corpinho eu lembrei da fruta manga (Mangifera indica). Quando eu falei isso aqui para os amigos no Brasil, todo mundo riu e ficou curioso para ver o porquê. Aí eu fiz uma montagem da ave com uma manga e mandei no grupo. Olha só, não parece uma manga?

Fotos: arquivo pessoal de Silvia Linhares

Eu só havia visto o grande Common Ostrich (Struthio camelus) em cativeiro. O avestruz é uma das maiores aves do mundo (se não a maior) e a que coloca os maiores ovos. Um macho adulto pode pesar até 150 quilos e atingir 2,5 m de altura. Apesar de não voar, esta é a ave mais rápida em terra, podendo chegar a 70 km/h.

Ele é tão chique, mas tão chique, que quando se mostrou pra gente estava rodeado por seus dois seguranças. Como disse o amigo Horacio Almeida, quando viu a foto: "Os seguranças de pijama e o machão de casaco de penas." 😂 😂 😂 😂 😂 😂

Fotos: arquivo pessoal de Silvia Linhares

Durante nosso caminho até Shingwedzi vimos muitos passarinhos ainda, você pode conferir algumas fotos abaixo e as listas logo mais no final do relato deste dia.

Fotos: arquivo pessoal de Silvia Linhares

Shingwedzi Rest Camp
Shingwedzi está situado no país dos elefantes, onde grandes bandos podem ser avistados. O rio Shingwedzi e suas proximidades oferecem excelentes oportunidades de observação de aves e de muitos animais selvagens. Ainda permanece incerto de onde o nome Shingwedzi é derivado, mas acredita-se que os primeiros Tsongas* tenham nomeado os rios desta área em homenagem à população local. Diz-se que Shingwedzi é uma combinação de Shing-xa-goli, o nome de uma pessoa proeminente e 'njwetse', que descreve o som do ferro.

*Os tsongas são um povo africano do sul de Moçambique e região ocidental da África do Sul.

O lugar era incrível e muito aconchegante. As acomodações eram bastante confortáveis. Sentar em seu restaurante para tomar uma cerveja e comer um enorme sanduíche foi indescritível. E tinha "shop"... E que shop!

Fotos: arquivo pessoal de Silvia Linhares

Fotos: arquivo pessoal de Silvia Linhares

Avistamos algumas aves no Rio Shingwedzi logo que chegamos perto do Camp. Seu entorno é bastante rico em aves.

Fotos: arquivo pessoal de Silvia Linhares

Saímos circular e, por volta de 17:50h, a 3 km do Camp, vimos alguns carros parados. Nosso guia, conhecedor de toda a movimentação que ocorre no Parque, logo nos posicionou e apontou para um ponto próximo a uns arbustos. Eu mal acreditei no que estava vendo. Era o nosso primeiro leão, na realidade uma leoa. A primeira leoa na natureza ninguém esquece.

Aquilo foi demais, o coração acelerou, as mãos tiveram um ataque de tremedeira, e nem vou dizer que os joelhos amolecem, porque eu estava sentada dentro do carro. Mas não era só uma, eram duas, ops! não, eram três.

Fotos: arquivo pessoal de Silvia Linhares

E a gente achando o máximo, mas espere, tem mais. De repente, o Arno, todo empolgado, como se fosse a primeira vez que ele via, disse: alialiali. Então apontou filhotinhos no meio do mato. Eu quase surtei, foi êxtase total.

Ali naquele momento, parece que eu estava dentro de um dos documentários que eu via pela TV. Primeiro foi um, depois dois, três, quatro, cinco, seis, sete, oito. Sim, oito filhotinhos e três leoas adultas. Achei que nunca mais voltaria a respirar.

Como se diz popularmente: um é pouco, dois é bom, três é demais. E quatro, cinco, seis, sete, oito? O que seria?  😂 😂 😂 😂 😂 😂

Fotos: arquivo pessoal de Silvia Linhares

Fotos: arquivo pessoal de Silvia Linhares

Os carros foram saindo fora por causa do horário e o doido do Arno resolveu arriscar (os portões do Camp tem horário para fechar e a gente pagaria multa se atrasasse). Só ficamos nós. De repente, as leoas começaram a se levantar e espreguiçar. Achamos que elas iam desaparecer mato adentro.

Então o inesperado aconteceu. Elas começaram a caminhar em direção à pista, bem na nossa frente. Um pouco de sol poente ainda iluminou uma das mães. Ela seguiu na frente, os outros somente a observaram.

Fotos: arquivo pessoal de Silvia Linhares

Expectativa...! Então vieram todos e desfilaram bem na nossa frente. Se você me perguntar qual foi o momento mais emocionante nessa viagem, eu te digo com certeza, que esse foi um deles. Cada cena que minha lente registrou ainda está presente nos meus olhos, mente e coração. Se me visse agora, escrevendo, ia me perguntar como consigo digitar com os olhos embaçados pelas lágrimas.

Definitivamente eu não sabia que ia viver tantas emoções e tão lindos momentos ao ver um bando de leões. Era como ganhar presente de natal, aniversário, dia dos namorados, dia das crianças, páscoa, tudo num dia só. 😂 😂 😂 😂 😂 😂

Fotos: arquivo pessoal de Silvia Linhares

Fotos: arquivo pessoal de Silvia Linhares

Mas fala sério: chegar atrasado depois de ver 3 leoas e 8 leõezinhos atravessarem a estrada na sua frente vale qualquer multa. É para enfartar até quem não é cardíaco. 😂 😂 😂 😂 😂 😂

Eu sempre me emociono com as aves, mas ver o filhotinho menor olhando nos seus olhos e fazer "miu" bem baixinho não tem preço. É quase um orgasmo múltiplo. Eu deixei lágrimas escorrerem nessa hora.

Fotos: arquivo pessoal de Silvia Linhares

Para finalizar, recebi um olhar de adeus e lá se foram elas e os meninos para o meio do mato. Até selfie eu fiz nesse dia mesmo com a leoa já indo longe.

Fotos: arquivo pessoal de Silvia Linhares

Fotos: arquivo pessoal de Silvia Linhares

Quando a gente voltou pro Camp, quase tomamos multa por chegarmos um pouco atrasados no Camp. O guarda ficou muito bravo, mas sei lá o que o Arno disse, que ele acabou se convencendo e não nos multando, mesmo tendo feito uma careta de descontentamento.

Para mim foi como se eu acordasse de um sonho. Ainda não conseguia acreditar. A emoção foi tanta que não lembro o que fizemos na parte da noite, se fizemos comida, lanchamos, se nos reunimos, se teve check-list de aves, caipirinha ou não. Não há uma foto de registro, a não ser uma malfeita que fiz da lua crescente às 20:19h.

Fotos: arquivo pessoal de Silvia Linhares

Fechamos o dia com 25 espécies de aves registradas. Veja, a seguir, as listas do dia:

eBird - Qui 5 mar 2020 - 06:05
Klopperfontein Loop, Kruger National Park, Limpopo, ZA
https://ebird.org/checklist/S65863206

eBird - Qui 5 mar 2020 - 10:17
Dzundzwini Loop, Kruger National Park, Limpopo, ZA
https://ebird.org/checklist/S65863337

eBird - Qui 5 mar 2020 - 11:45
Kruger NP--Babalala Picnic Spot
https://ebird.org/checklist/S65862970

eBird - Qui 5 mar 2020 - 12:22
Punda Maria - Shingwedzi Road, Kruger National Park, Limpopo, ZA
https://ebird.org/checklist/S65862987

eBird - Qui 5 mar 2020 - 13:27
Kruger NP--Shingwedzi Camp
https://ebird.org/checklist/S65862960


ZA - Parte 6 - A viagem dos meus sonhos - Kruger Nacional Park 
Dia 06/03 – sexta-feira

E que tal uma música inspiradora para continuar? 
Titãs - É preciso saber viver

Por volta das 6:00h, nós saímos para circular, procurando aves e mamíferos. O dia amanheceu lindo, os passarinhos estavam animados e nós também.

O céu, tão perdido em pensamentos como eu, não sabia se expressava sua criatividade em tons de azul ou de dourado. Então as borboletas e as flores responderam: venha com sua luz total e mostre o verde das matas e nossas cores para os visitantes. E foi assim que iniciamos nosso passeio. E entre respingos de luzes e cores, partindo em busca dos nossos amados passarinhos.

Fotos: arquivo pessoal de Silvia Linhares

Não demorou muito e um jovem Bateleur (Terathopius ecaudatus), curioso nos olhou do alto do seu poleiro. Um pequenino e abusado passarinho veio lhe fazer companhia. O rapinante pareceu até gostar da pequena visita.

Eu entendo os dois, nessa quarentena tudo o que eu queria era um passarinho pra me fazer companhia. As minhas manhãs estão ficando mais frias e solitárias. Não está fácil acordar cedo, passar o dia tratando fotos ou escrevendo, e sequer ter uma cafeteria ou bar aberto para tomar um café ou uma cerveja com os amigos.

Fotos: arquivo pessoal de Silvia Linhares

A manhã estava sendo bastante proveitosa e colorida. Eu fiquei muito alegre por ver novamente a Emerald-spotted Wood-Dove (Turtur chalcospilos). Pude registrar as "pequenas jóias" verdes em seu dorso e fazer uma "Instaphoto".

Fotos: arquivo pessoal de Silvia Linhares

Entre os destaques da nossa manhã, está o Saddle-billed Stork (Ephippiorhynchus senegalensis). É uma espécie de Jabiru (ou Tuiuiú) grande e vistoso como o nosso, porém, um pouco mais colorido. Ele usa sapatinhos vermelhos muito charmosos.

Fotos: arquivo pessoal de Silvia Linhares

Como eu disse, foi uma manhã com muitas cores. Vimos algumas espécies novas, entre eles o Kurrichane Thrush (Turdus libonyana) e o African Openbill - (Anastomus lamelligerus).

Fotos: arquivo pessoal de Silvia Linhares

Mas ainda faltava algo, todos nós queríamos ver um certo felino: o leopardo. Nosso guia, sempre atento, rodou atrás dele por vários lugares. Finalmente encontrou um pra nos mostrar.

A senhora Leopardo - Leopard (Panthera pardus) estava deitada no meio do mato. Ela nem deu muita chance de fazer centenas de cliques. Ela tratou loguinho de se enfiar no mato, deixando a gente com gostinho de quero mais. Mas foi o suficiente para sentir aqueles olhos cor de leite se fixar nos meus por um segundo. Muita emoção.

Fotos: arquivo pessoal de Silvia Linhares

Em seguida, paramos numa ponte sobre o Rio Shingwedzi para ver algumas aves. É um lugar onde é permitido descer. Aproveitamos para fazer umas selfies e fotos do grupo.

Fotos: arquivo pessoal de Silvia Linhares

A Viviane não perdia de registrar nenhuma cena. Ela me pegou com "a boca na botija", digo, com a boca no batom. 😂 😂 😂 😂 😂 😂  Não dá pra ficar sem maquiagem, pelo menos um batom na boca é necessário para dar cor nas faces geladas, né.

Fotos: arquivo pessoal de  Viviane De Luccia

Retornamos ao Camp para fazer o uma rápida refeição, a surpresa foi a arrumação das nossas camas. Eu fiquei encantada com tanto capricho das arrumadeiras.

Fotos: arquivo pessoal de Silvia Linhares

Chegamos a ir num Hide próximo, mas não estava rendendo muitos avistamentos, então nosso guia nos levou a outros pontos mais promissores.

Fotos: arquivo pessoal de Silvia Linhares

E circulando rendia muito mais como esse Black-bellied Bustard (Lissotis melanogaster), a Goliath Heron (Ardea goliath), Pearl-spotted Owlet (Glaucidium perlatum) e Southern Ground-Hornbill (Bucorvus leadbeateri). Agora sim eu tinha uma "Instaphoto" da Pearl-spotted Owlet.

Fotos: arquivo pessoal de Silvia Linhares

Retornamos ao Camp para descansar. Fomos caminhar e explorar ao redor, principalmente, a piscina. O nosso guia acabou nos acompanhando e nos mostrando algumas coisas bem interessantes. A piscina é sensacional, mas nossas atividades eram tão intensas, que, infelizmente, não sobrava tempo para aproveitá-la.

Fotos: arquivo pessoal de Silvia Linhares

Depois do breve descanso, saímos à procura de mais aves. Demos sorte de ver a African Fish-Eagle (Haliaeetus vocifer) mais de perto, para mim a mais bela das águias que avistei, embora nosso guia dissesse que ela era tão comum quanto um "quero-quero". Talvez para ele, não para nós.

Também vimos o Dusky Lark (Pinarocorys nigricans), dois Southern Ground Hornbill (Bucorvus leadbeateri), com direito a show com o parceiro na degustação de um grande inseto.


Cito ainda o Hamerkop (Scopus umbretta), Pied Kingfisher (Ceryle rudiscomum) sempre ao lado do African Pied Wagtail (Motacilla aguimp) e o Blacksmith Lapwing (Vanellus armatus), esse sim, da família do nosso quero-quero, e bem frequente em nossas saídas.

Fotos: arquivo pessoal de Silvia Linhares

Ah! Você deve estar se perguntando e aí, teve mais coisas sem ser aves? Afinal vocês estão na África né? Eu sou vou responder com um "Ô se teve". Para começar, as leoas e os leõezinhos estavam brincando no mato ao lado da estrada novamente. Embora meio encobertos pelo mato, todos ficamos encantados com o carinho da leoa com os pequeninos, que não paravam quietos.

Fotos: arquivo pessoal de Silvia Linhares

O nosso guia Arno fez fotos também e parecia uma criança crescida ganhando doce, de tão feliz que ficou com o resultado.

Fotos: arquivo pessoal de Silvia Linhares

Durante o dia vimos muito mamíferos, entre eles bandos de Impalas (Aepyceros melampus), Waterbuck (Kobus ellipsiprymnus), Gnus -Blue Wildebeest (Connochaetes taurinus), Babuínos - Chacma baboon (Papio ursinus), Crocodilo - Crocodile (Crocodylus niloticus) e Esquilos - Tree Squirrel or Smith's Bush Squirrel (Paraxerus cepapi).

Fotos: arquivo pessoal de Silvia Linhares

Fotos: arquivo pessoal de Silvia Linhares

E não podia faltar umas florzinhas. Elas me inspiram, descansam meus olhos e sossegam a minha alma. Quase fim de tarde! A brisa suave percorria o meu rosto...Fecho os olhos e abro os braços, …liberto-me de mim... isso me acalma. Me lanço ao vento... pelo menos em pensamentos... Flores, cores, perfume, um alento. Então eu as escuto sussurrando: cuide do nosso jardim, cuide sempre de mim. (suspiro).

Fotos: arquivo pessoal de Silvia Linhares

E para fechar a noite, em homenagem aos felinos do dia, eu usei um vestido que combinava com eles. Foi um dia de grandes realizações. Hora do nosso lanche noturno, lógico sem faltar a caipirinha preparada pela Viviane e o check-list das aves avistadas durante o dia, que a Leila e o Nelson adoravam fazer com o Arno. Eu só relaxava e aproveitava, enquanto ria das bobeiras que a gente falava.

Fotos: arquivo pessoal de Silvia Linhares e Viviane De Luccia

Fechamos o dia com 36 espécies de aves registradas. Veja, a seguir, as listas do dia:

eBird - Sex 6 mar 2020 - 06:07
Mphongolo Loop, Kruger National Park, Limpopo, ZA
https://ebird.org/checklist/S65862913

eBird - Sex 6 mar 2020 - 12:41
Kruger NP--Shingwedzi Camp
https://ebird.org/checklist/S65862799

eBird - Sex 6 mar 2020 - 15:48
Shingwedzi Camp Road, Kruger National Park, Limpopo, ZA
https://ebird.org/checklist/S65863354

eBird - Sex 6 mar 2020 - 16:55
Kruger NP--Shingwedzi Camp
https://ebird.org/checklist/S65862835


ZA - Parte 7 - A viagem dos meus sonhos - Kruger Nacional Park 
Dia 07/03 – sábado

Que tal uma linda música romântica para continuar com a leitura?
Sixpence None The Richer - Kiss Me

Nada como acordar um pouco mais tarde, com tranquilidade, preparar o próprio café da manhã, para poder sair atrás de mais passarinhos. É uma das rotinas que mais adoro ter na vida e está me fazendo uma falta enorme.

Fotos: arquivo pessoal de Silvia Linhares

Saímos em direção a um ponto chamado Red Rocks Lookout. Circulamos pela S52 rd, Red Rocks Causeway, e paramos duas vezes no mirante. Esse é um local encantador, muito bonito de apreciar. As aves ficavam um pouco longe, mas a gente pode descer do carro, circular por um bom espaço e fotografar um bocado, sem problemas.

Fotos: arquivo pessoal de Silvia Linhares

Mas voltemos a falar dos passarinhos. Do lado direito do penhasco do mirante, havia uma matinha e ali, o White-browed Scrub Robin (Cercotrichas leucophrys) vocalizava. Nosso guia tentou atrai-lo com o play-back. No início ele estava tímido e um pouco arredio. O nosso guia sugeriu eu usar o meu gravador, então eu gravei o som dele e toquei de volta. Ele saiu do emaranhado inicial e desfilou na nossa frente. Mais uma "Instaphoto" pra coleção.

Fotos: arquivo pessoal de Silvia Linhares

No mirante perdi de registrar um "new bird": o Brubru (Nilaus afer). Eu estava concentrada em clicar um inseto um pouco separada do grupo. Quando o nosso guia falou "one Brubru here", eu entendi Bulbul (pensei, ah! esse eu já tenho) e continuei a clicar o inseto. Quando dei por mim, o passarinho já tinha ido embora. Pelo menos o inseto era bonito e tinha as mesmas cores do passarinho. Fica o aprendizado, ouça e siga sempre o guia, mesmo que você não entenda a língua dele. (brincadeira)  😂 😂 😂 😂 😂 😂

Ilustração do Brubru (Nilaus afer)
Fonte: HBW

Fotos: arquivo pessoal de Silvia Linhares

A passarinhada do período da manhã rendeu muitas aves bonitas. Laughing Dove (Streptopelia senegalensis), Lilac-breasted Roller (Coracias caudatus), Chinspot Batis (Batis molitor), Little Sparrowhawk (Accipiter minullus), Red-billed Oxpecker (Buphagus erythrorynchus), Crowned Lapwing (Vanellus coronatus), Southern Carmine Bee-eater (Merops nubicoides), White-fronted Bee-eater (Merops bullockoides), Dusky Lark (Pinarocorys nigricans), entre outros. Confira o restante nas listas do eBird.

Fotos: arquivo pessoal de Silvia Linhares

Uma paradinha na ponte de concreto, rendeu fotos sensacionais de um Socozinho - Green-backed Heron (Butorides striata). Ficamos um tempão só observando. Após várias tentativas frustradas, ele conseguiu pescar seu almoço que engoliu de uma vez só. Depois ficou olhando pra mim com aquela cara de "que foi? nunca viu?" (brincadeirinha) 😂 😂 😂 😂 😂 😂

Fotos: arquivo pessoal de Silvia Linhares

Aproveitei e ainda fiz fotos "artísticas" de um crocodilo nas imediações. Tudo isso sem sair do carro, não se preocupem, não vão ver nenhuma manchete nos jornais tipo: "fotógrafa brasileira é devorada por um crocodilo, leão ou leopardo na África". 😂 😂 😂 😂 😂 😂

Fotos: arquivo pessoal de Silvia Linhares

Além disso, fizemos fotos bem bonitas de outras aves interessantes como o Hamerkop (Scopus umbretta), Three-banded Plover (Charadrius tricollaris) e Water Thick-knee (Burhinus vermiculatus), este último sempre muito simpático e fotogênico.

Fotos: arquivo pessoal de Silvia Linhares

Uma das cenas que mais marcantes para mim foi ver a Garça-moura-européia - Grey Heron (Ardea cinérea), com um crocodilo atrás e um Blacksmith Lapwing (Vanellus armatus) levantando voo. É lógico, sempre temos o predador e a vítima, ainda bem que não vi nenhuma cena que me deixasse angustiada, pelo contrário, o que vi foi uma convivência harmônica e em perfeito equilíbrio.

Fotos: arquivo pessoal de Silvia Linhares

Uma repentina chuva fez a gente entrar no carro correndo e retornar ao Camp. Sequer deu tempo de fechar as janelas do veículo ou pegar capas de chuva. Protegemos o equipamento como deu, mas assim como veio ela se foi, no entanto, acabamos por tomar um banho extra. 😂 😂 😂 😂 😂 😂

Fotos: arquivo pessoal de Silvia Linhares

Durante nosso retorno ao Camp, o nosso guia, seguindo o combinado, mostrou em seu celular, o cuco que a gente se espremera toda no canto de uma árvore, revezando o melhor ângulo, tentando se entender com a contraluz e com os galhinhos que teimavam em ficar na frente, pouco antes do mundo desabar em água. Era um Dideric Cuckoo (Chrysococcyx caprius). Durante a sessão de fotos desse cuco não deu para ver que ele era verde. Só sabia que era um passarinho que eu ainda não tinha visto. 😂 😂 😂 😂

Fotos: arquivo pessoal de Silvia Linhares

Ao chegar no Camp, mais uma surpresa no quarto. Além da cama toda bonitinha, havia um vasinho com plantas no criado-mudo. Fiquei realmente enternecida com esse cuidado todo. Eu e Leila fizemos nosso próprio lanche com ovos, tomate, queijo e pão. (almoço? arroz e feijão? Isso existe?) 😂 😂 😂 😂 😂 😂  Descansamos um pouco para recomeçar a passarinhada logo mais.

Fotos: arquivo pessoal de Silvia Linhares

Verificando se a cerveja combina e se está geladinha. E olha que bonito o pão com ovo. De acordo com a irmã-amiga e grande guia Vanilce Carvalho, o pão com ovo vai salvar o mundo. E confesso, está me salvando nessa quarentena. Já sei fazer ovo de tudo quanto é jeito. 😂 😂 😂 😂 😂 😂 

Fotos: arquivo pessoal de Leila Esteves

Por volta das 17 horas saímos para ver aves novamente. Não rendeu muita variedade, por causa da hora. Mas deu pra fazer foto bonita do Arrow-marked Babbler (Turdoides jardineii), African Fish-Eagle (Haliaeetus vocifer) e Southern Red-billed Hornbill (Tockus rufirostris).

Fotos: arquivo pessoal de Silvia Linhares

Viviane acreditando que iríamos ver novamente o leopardo - Leopard (Panthera pardus), trouxe seu abanador com estampa de leopardo. E deu resultado. De repente, no meio das areias do rio, o nosso guia, sempre atento a todos os movimentos, avistou uma fêmea caminhando pelas areias do rio.

Lá do alto da ponte, pudemos acompanhá-la e fazer fotos até ela subir do outro lado do rio. Era emocionante quando ela parava e olhava pra gente. Agora sim, eu podia dizer que vi e fotografei um leopardo, ou melhor, "uma menina leopardo".

Fotos: arquivo pessoal de Silvia Linhares

Com a preguiça aumentando dia a dia, eu fui relaxando, principalmente com as listas, fazendo menos do que deveria. Neste dia eu fiz apenas duas listas no eBird, a da manhã com 5 horas e 62 km e uma à tarde. Sem contar que eu esquecia de desligar o rastreamento do trajeto no aplicativo. Fica a lição: siga a metodologia dos amigos listeiros, melhor mais listas e pequenos períodos, do que uma única muito longa.

Fechamos o dia com 37 espécies de aves registradas. Veja, a seguir, as listas do dia:

eBird - Sáb 7 mar 2020 - 07:22
S52 - Shingwedzi Camp
https://ebird.org/checklist/S65862877

eBird - Sáb 7 mar 2020 - 16:42
Kruger NP--Shingwedzi Camp
https://ebird.org/checklist/S65862649


ZA - Parte 8 - A viagem dos meus sonhos - Kruger Nacional Park  
Dia 08/03 – domingo

Ellie Goulding - Love Me Like You Do

Hoje era um dia muito especial para todos nós. Era aniversário do amigo Nelson, esposo da Viviane. A gente acordou em festa, combinamos que iríamos comemorar à noite com uma "baladinha".

Saímos logo cedo para fotografar. Não eram nem 6:00 horas ainda. Estava bem nublado. A novidade ficou por conta do Chacal-de-dorso-negro - Black-backed jackal (Canis mesomelas) que cruzou o nosso caminho logo ao saírmos.

Fotos: arquivo pessoal de Silvia Linhares

Parecia que as aves e os animais, prevendo a chuva que vinha, resolveram ficar escondidinhos. Poucos se davam ao trabalho de levantar a cabeça para nos observar. Espia só o bando abaixo.

Fotos: arquivo pessoal de Silvia Linhares

Mesmo assim conseguimos capturar com nossas lentes algumas aves bem interessantes. Entre elas, destaque para Natal Spurfowl (Pternistis natalensis), Little Bee-eater (Merops pusillus), Amur Falcon (Falco amurensis), Kori Bustard (Ardeotis kori), Brown-crowned Tchagra (Tchagra australis), Sabota Lark (Calendulauda sabota), Temminck's Courser (Cursorius temminckii), Chestnut-backed Sparrow-Lark (Eremopterix leucotis), Southern Grey-headed Sparrow (Passer diffuses).

Kori Bustard (Ardeotis kori), um dos Big 6 Birds, não deu "Instaphoto", estava muito escuro e longe e voou em seguida, mas pelo menos conseguimos vê-lo.

Fotos: arquivo pessoal de Silvia Linhares

Havia um "trânsito intenso" na estrada ... 😂 😂 😂 😂 😂 😂  de girafas. Por volta das 8:00h, escureceu muito e a chuva despencou, fazendo com que retornássemos ao Camp.

Fotos: arquivo pessoal de Silvia Linhares

Após o desjejum e antes de sairmos para Letaba, eu tomei uma decisão. O nosso guia havia se encantado com o meu mini gravador, como eu já mencionei antes. 

Dias antes eu tinha dito para a Leila que se eu fizesse foto da poupa (Hoopoe) como eu desejava, eu abriria mão do meu gravador e faria uma doação. E fiz né, tanto a foto dos sonhos quanto a doação.

Eu retirei o cordãozinho do pescoço (recordação da época que eu clicava as corridas de carro), o micro SD com meus sons gravados até então, chamei-o e entreguei nas mãos dele. Ele mal acreditou que eu estava fazendo aquilo. Foi bem assim, estendi o braço com o gravador na direção dele e disse (nas poucas palavras em inglês que conheço): "for you", e ele: "for me? No no no no", e eu: "yes, for you." Palavras naquele momento eram desnecessárias. O abraço (naquela época podia) que trocamos disse tudo. Acredito que será de muita utilidade pra ele, muito mais do que pra mim que apenas fotografo. 

Já com a bagagem no carro, o Nelson chegou, recebeu um abraço de todos nós. A festa só começaria à noite, com churrasco e caipirinha, no nosso próximo destino: Letaba.

Fotos: arquivo pessoal de Silvia Linhares

Seguimos nosso caminho, parando para lanchar no Mooiplaas Picnic Site. O caminho estava lindo, todo verde e cheio de flores por todos os lados, um calmante para a minha agitada cabeça. Fiquei olhando até meu olhar ficar cansado. Só não dormi por falta de travesseiro. 😂 😂 😂 😂 😂 😂

Fotos: arquivo pessoal de Silvia Linhares

Durante nosso caminho e, inclusive, dentro da área de piquenique, fizemos muitas fotos bonitas, até da gente. 😂 😂 😂 😂 😂 😂

Fotos: arquivo pessoal de Silvia Linhares

O mais legal foi ver o Arno utilizando o mini-gravador, registrado abaixo pela Leila. Pelo jeito, ele vai usar muito. Lembro bem deste momento, eu estava conferindo as fotos do Grey-headed Bushshrike (Malaconotus blanchoti) que ele acabara de gravar a vocalização.

Fotos: arquivo pessoal de  Leila Esteves

Grey-headed Bushshrike (Malaconotus blanchoti)
Fotos: arquivo pessoal de Silvia Linhares 

Seguimos em frente e de vez em quando eu via algo interessante na paisagem e tentava fazer uma foto com a tele. O Arno, já tendo assimilado o espírito tupiniquim para zoar com as pessoas, ficava ziguezagueando o carro pra que eu não conseguisse focar. Faltou pouco pra ele tomar uns tapas. Mas no caso desse moinho eu consegui. Ao chegarmos bem próximos, ele estacionou pra eu fazer algumas fotos mais legais.

Fotos: arquivo pessoal de Silvia Linhares

Os olhos antenados do nosso guia nos colocou frente a frente com o Secretarybird (Sagittarius serpentarius). Ele fez muitas manobras no "looping" (pequeno desvio) para que conseguíssemos ficar em posição favorável para uma boa foto. Esta pernalta ave é muito rápida e sumia no mato com uma velocidade incrível. Mas é muito bonita e justifica tantas manobras para registrá-la.

Fotos: arquivo pessoal de Silvia Linhares

Veja abaixo um pouco das lindas aves que fotografamos durante nosso trajeto. Destaque para Blue Waxbill (Uraeginthus angolensis), Marico Sunbird (Cinnyris mariquensis), Grey-headed Bushshrike (Malaconotus blanchoti), Secretarybird (Sagittarius serpentarius), Goliath Heron (Ardea goliath), European Roller (Coracias garrulous), Crested Barbet (Trachyphonus vaillantii), Black-backed Puffback (Dryoscopus cubla) e White-backed Vulture (Gyps africanus).

Fotos: arquivo pessoal de Silvia Linhares

Entre muito divertimento, guloseimas que saiam milagrosamente de dentro das nossas mochilas e alguns passarinhos pelo caminho, chegamos em Letaba, por volta de 15:00h horas.

Eu e Leila brincando com os "Stickers" do meu celular
Fotos: arquivo pessoal de Silvia Linhares

Letaba Rest Camp

Letaba é um dos acampamentos mais impressionantes do Kruger. Está situado em um local que se tornou um ponto intermediário do parque, acima das margens do sinuoso rio que lhe empresta o nome. Letaba significa "rio de areia" por causa do leito amplo e arenoso do rio, facilmente observado logo abaixo do acampamento. 

A maneira mais rápida de chegar ao acampamento é através do Portão Phalaborwa, por onde entramos e sairíamos no dia seguinte. Pena que ficamos só uma noite, eu gostaria de ter ficado mais um pouco.

Fotos: arquivo pessoal de Silvia Linhares

Assim que fizemos o check-in, eu, Vivi e Leila saímos em busca de passarinhos. Nosso guia nos acompanhou e eu fiquei muito feliz de ver ele usando novamente o mini-gravador.

Fotos: arquivo pessoal de Silvia Linhares

Um bando de papagaios Brown-headed Parrot (Poicephalus cryptoxanthus) se alimentando feliz, numa árvore, fez a nossa alegria. Faziam poses para nossas lentes. Um deleite para os olhos. Na hora eu lembrei da minha amiga Claudinha que adora os "piriquitídeos" e "papagaídios".

Fotos: arquivo pessoal de Silvia Linhares

Depois de nos instalarmos, saímos em busca de algumas espécies diferentes nos arredores do Camp, que resultou em mais alguns registros legais, entre eles mais um "lifer" para lançar no Wikiaves, a Garça-branca-pequena-européia - Little Egret - (Egretta garzetta). Embora estivesse bem longe da gente, fiquei de olho nela e a peguei em voo.

Destaque abaixo para os dois Grey Go-away-bird (Corythaixoides concolor), Little Egret (Egretta garzetta), Red-winged Starling (Onychognathus morio) e Red-billed Firefinch (Lagonosticta senegala).

Fotos: arquivo pessoal de Silvia Linhares

Já no Camp, nosso guia detectou a presença de um dos meus sonhos ornitológicos. Só lembro dele dizer: "Silvia, your dream"! E apontou "alialiali". E lá fomos nós tentando registrar as lindas e coloridas African Green-Pigeon (Treron calvus). Já estávamos no final do dia, havia pouca luz e elas estavam mais preocupadas em se alimentar do que fazer pose para a gente. Eu só posso dizer que, o aniversário era do Nelson, mas nesse dia eu que ganhei um presente e que presente!!!

Fotos: arquivo pessoal de Silvia Linhares

Depois de fazer muitos cliques, fomos para os bangalôs nos preparar para a festança da noite. Embora toda noite fosse uma festa, essa era especial, porque era o aniversário do Nelson. Arno preparou um presente e serviu Amarula para brindarmos. Assim começou nossa noite. E adivinha quem foi o churrasqueiro?

Fotos: arquivo pessoal de Silvia Linhares e Viviane De Luccia

Pensa que as emoções pararam por aí? Sob a luz de um luar sem igual, saímos em busca de corujas. Batemos na trave, embora vocalizassem muito, não facilitaram nossa vida.

Então, sentamos de frente ao rio Letaba para admirar a lua. Um barulho às nossas costas chamou a atenção. Um bichinho havia vindo conferir quem estava ali. Um pequenino Antílope-salta-rochas - Klipspringer (Oreotragus oreotragus), estava de olho na gente, ele permaneceu ali por um tempo, talvez tentando entender quem eram aquelas pessoas e o que faziam ali. Satisfeita a sua curiosidade, ele partiu silenciosamente como chegou.

Fotos: arquivo pessoal de Silvia Linhares

Falando em partir, era nossa última noite no Kruger. Um sentimento de despedida começava a se instalar. Eu nunca soube lidar com despedidas. Não sei dizer adeus, não sei me desapegar fácil dos lugares e das pessoas. Mas precisava arrumar as malas e dormir, mesmo que a lua, em todo o seu esplendor, me pedisse para ficar um pouco mais.

Foto: arquivo pessoal de Silvia Linhares

Fechamos o dia com 23 espécies de aves registradas. Veja, a seguir, as listas do dia:

eBird - Dom 8 mar 2020 - 06:25
Mphongolo Loop, Kruger National Park, Limpopo, ZA
https://ebird.org/checklist/S65862858

eBird - Dom 8 mar 2020 - 11:34
Kruger NP--H1-6/Shingwedzi-Mopani Road
https://ebird.org/checklist/S65862725

eBird - Dom 8 mar 2020 - 15:33
Kruger NP--Letaba Camp
https://ebird.org/checklist/S65862630

eBird - Dom 8 mar 2020 - 17:20
Kruger NP--Letaba Camp
https://ebird.org/checklist/S65862609


ZA - Parte 9 - A viagem dos meus sonhos - Kruger Nacional Park 
Dia 09/03 – segunda-feira

Uma música bem suave para finalizar essa parte: Andrea Bocelli " Time to say goodbye"

Era nosso último dia no Parque, mais uma vez acordamos cedo e fomos conhecer o Matambeni Hide. Do seu interior não avistamos nenhuma ave, mas no entorno do Hide ...

Fotos: arquivo pessoal de Silvia Linhares e Viviane De Luccia

No entorno do Hide, a corujinha mais fofa do mundo veio marcar presença e nos dar adeus. Graças às mágicas do nosso guia, fiz foto de quadro dela. A Pearl-spotted Owlet (Glaucidium perlatum) é muito semelhante à nossa Caburé - Ferruginous Pygmy-Owl (Glaucidium brasilianum).

Fotos: arquivo pessoal de Viviane De Luccia e Silvia Linhares

Uma coisa que não consigo esconder são as emoções que sinto. Meu rosto e corpo refletem o que a minha alma está sentindo. Apesar de muito feliz com a corujinha, ao retornar ao Camp pra fazer check-out eu estava com "cara de copo d´água morno", pra não dizer palavrão. Nem os dois esquilos brincando ou as coloridas borboletas dissiparam a sensação melancólica que se apoderou de mim.

Fotos: arquivo pessoal de Silvia Linhares

Esse sentimento só esvaziou quando cheguei em casa e os transformei em palavras ao admirar a linda foto da borboleta que produzi naquela manhã. Segue aqui um trecho e a foto.

"O tempo e o momento" (04/04/2020)
(Foto e texto by Silvia Faustino Linhares)

"A fotografia tem um elemento que eu gosto muito. Ela eterniza o efêmero. Aquele momento que você captou é único, jamais se repetirá. Ficará registrado em sua mente por um tempo. Um dia você poderá vir a esquecê-lo. Porém, quando ele se transforma em foto, será um momento eterno, único.

Eu queria que a vida fosse assim. Como uma fotografia. Que os momentos felizes fossem eternizados e os ruins pudessem ser deletados permanentemente.

Porém, não funciona assim. As coisas vão acontecendo e se acumulando. Muito será esquecido, apagado. Isso é bom e é ruim. No caso das dores é bom. Elas cicatrizam, desaparecem. Às vezes pode demorar um pouco, mas jamais se eternizam.

Me disseram que o tempo é relativo. Por isso mantenho a calma. Hoje não tenho mais tanta pressa. A tônica é essa. Espero com paciência, ouvindo música, ocupando a mente. Quando a tristeza bate, ignoro. Oro. Hoje quero menos, quero pouco, mas quero sempre, e sempre o melhor."

Foto: arquivo pessoal de Silvia Linhares

Uma última voltinha pelo Camp possibilitou produzir belas fotos do Speckled Mousebird (Colius striatus) e Woodland Kingfisher (Halcyon senegalensis).

Fotos: arquivo pessoal de Silvia Linhares

Já com tudo pronto para a partida, nós "perdemos" a Viviane no Camp. 😂 😂 😂 😂 😂 😂 Ela saiu pra ir ao shop comprar mais algumas "lembrancinhas" e houve um desencontro. Depois de esperarmos um tempo, saímos em busca dela, que meia desorientada, andava em direção contrária aos nossos chalés. No fim, deu tudo certo e seguimos em direção ao portão de saída do Parque em Phalaborwa.

Fui admirando a bonita paisagem e pensando na vida. Em poucos dias eu estaria em casa descarregando fotos e podendo admirar o que produzi durante todos esses dias. Sentia saudades da minha casa, da minha cama, das pessoas. Mas calma, ainda tem mais.

Fotos: arquivo pessoal de Silvia Linhares

Uma última paradinha. Descemos numa área de piquenique chamada Masorini, um lugar muito bonito, mas muito cheio de gente para o meu gosto. Poucas aves interessantes ao redor. Havia muitos "Weaver", ou tecelões. Mas eu sempre acho flores e borboletas quando me encontro numa situação parecida.

Você deve estar se perguntando como é que eu faço para guardar os nomes de todos os lugares por onde passo. A dica é a seguinte: mantenho o GPS da câmera e do celular ativados. E aí desta forma eu tenho todos os lugares registrados com coordenadas. Ah! Não esqueça de acertar o relógio da sua câmera para o fuso horário local, lembrando que na África são 5 horas de diferença.
 
Fotos: arquivo pessoal de Silvia Linhares

Andando em busca de alguma ave, de repente, o nosso guia avistou um "new bird", muito longe, mas longe mesmo. E olha que eu sou boa de achar as aves e dessa vez só a localizei quando coloquei a foto na tela do computador. Mas ele tinha que olhar pro outro lado né? 😂 😂 😂 😂 😂 Foi uma boa distração antes de seguirmos nosso caminho.

Fotos: arquivo pessoal de Silvia Linhares

Aí chega aquela hora que a gente deixa de lado os passarinhos e se liga no momento e nas emoções. Começamos a fazer fotos das pessoas, a sorrir para os celulares um dos outros.

Fotos: arquivo pessoal de Silvia Linhares

O difícil foi reunir todo mundo pra fazer selfie. Cada hora escapava ou chegava um. 😂 😂 😂 😂 😂 😂  Mas no final deu tudo certo e conseguimos reunir o grupo todo.

Fotos: arquivo pessoal de Silvia Linhares

Ainda passamos por um local chamado Sable Dam, onde fizemos um último "new bird" com o nosso guia: Black Stork (Ciconia nigra). Apenas o "quero-quero africano" se aproximou para uma foto final nesse local. Obrigada Blacksmith Lapwing (Vanellus armatus) por esse último adeus.

Fotos: arquivo pessoal de Silvia Linhares

Nosso guia nos deixou na nossa próxima acomodação em Phalaborwa chamada Lalamo Guesthouse. A proprietária D. Olga, muito simpática e atenciosa, falava português. Que bálsamo para os meus ouvidos poder conversar com alguém da África em português. A pousada é muito aconchegante.

Fotos: arquivo pessoal de Silvia Linhares

Após despedirmos do nosso guia, que devia estar cansado de dirigir, mostrar aves e de ver a cara da gente (brincadeirinha - 😂 😂 😂 😂 😂 😂 ), fizemos o check-in na pousada.

Fotos: arquivo pessoal de Leila Esteves

Saímos imediatamente tomar uma cervejinha gelada, relaxar e comer umas bobagens (olha o tamanho da bobagem abaixo) 😂 😂 😂 😂 😂 😂 . Voltamos para o pousada e depois de um banho relaxante, fui despejar tudo fora da mala e organizar tudo de volta. (coisas de virginianos sistemáticos) e a Leila não perdeu tempo, tratou logo de registrar a bagunça.

Fotos: arquivo pessoal de Silvia Linhares e Leila Esteves

Fechamos o dia com 14 espécies de aves registradas. Veja, a seguir, as listas do dia:

eBird - Seg 9 mar 2020 - 07:32
Kruger NP--Matambeni Bird Hide
https://ebird.org/checklist/S66619273

eBird - Seg 9 mar 2020 - 09:05
Kruger NP--Letaba Camp
https://ebird.org/checklist/S66619428

eBird - Seg 9 mar 2020 - 10:39
Kruger NP--Masorini Archaeological Site
https://ebird.org/checklist/S66619647

eBird - Seg 9 mar 2020 - 12:16
Kruger NP--Sable Dam/S51 Loop
https://ebird.org/checklist/S66620019


ZA - Parte 10 - A viagem dos meus sonhos - Kruger Nacional Park
Dia 10/03 – terça-feira


Que tal começar a leitura ouvindo minha banda preferida?
Coldplay - The Scientist

Agora a gente tinha internet pra saber como estavam as pessoas amigas e parentes no Brasil. Eu virei pra Leila e disse: "Nossa! Nunca mais te dei bom dia!" Caímos na gargalhada! Afinal, a gente dormiu todos esses dias no mesmo quarto. Eu explico: todo dia quando acordo, eu copio a previsão do horóscopo dela e envio por whatsapp dando um bom dia junto. E eu nunca mais tinha feito isso, até porque no Parque não tinha internet. (😂 😂 😂 😂 😂 😂 )

Após um delicioso café da manhã na pousada, já de posse do Toyota Avanza, nosso carro alugado, seguimos por 180 km até a região do sul do Kruger, próximo a Skukuza onde ficaríamos acomodados no Sabie River Bush Lodge, às margens do Rio Sabie na cidade de Hazyview - Província de Mpumalanga, pertinho dos portões do Kruger.

Fotos: arquivo pessoal de Silvia Linhares

Não paramos para ver passarinhos, registramos apenas os que vimos nos postos de combustível / restaurantes. Seguimos direto para o Lodge, e como podem ver, eu fui bem abastecida de líquidos. Afinal ninguém quer ficar desidratado na África, né?  😂 😂 😂 😂 😂 😂

Fotos: arquivo pessoal de Silvia Linhares

Depois do check-in no Sabie River Bush Lodge, eu e as meninas fomos conhecer o entorno do Lodge. Gostamos muito. O local fica de frente para o rio, onde hipopótamos ficavam se refrescando, cheios de preguiça. Nós também estávamos preguiçosas nessa altura da viagem, então após nos instalarmos nos nossos quartos, fomos direto para a piscina nos refrescar e relaxar um pouco.

Fotos: arquivo pessoal de Silvia Linhares

Finalizamos a tarde descansando na beira da piscina, relembrando os momentos marcantes da nossa estadia no Kruger.

Fotos: arquivo pessoal de Silvia Linhares

Um jantar com vistas para o rio completou o nosso dia. O Arno, que estava por perto com um cliente, fez algumas sugestões de lugares para a gente. Entre eles dois hotspots que ele considerava top: Lake Panic Bird Hide e Sunset Dam.

Em um deles, ele disse que poderíamos encontrar o pequenino e desejado Malachite Kingfisher (Corythornis cristatus). Repassei para o Nelson, que a partir de então seria, não só nosso motorista, mas nosso guia também. E já adianto, ele se saiu muito bem.

Fotos: arquivo pessoal de Viviane De Luccia

Veja, a seguir, a lista do dia:

eBird - Ter 10 mar 2020 - 14:41
Sabie River Bush Lodge
https://ebird.org/checklist/S65863369


ZA - Parte 11 - A viagem dos meus sonhos - Kruger Nacional Park 
Dia 11/03 – quarta-feira

Que tal uma música bem legal para acompanhar sua leitura? 
P!nk - Just Give Me A Reason ft. Nate Ruess


Levantamos cedo e fomos direto para o parque. Como eu já disse, carro comum, com quatro pessoas é muito complicado para fotografar. Espia abaixo as primeiras tentativas de fotos do Dark Chanting-Goshawk (Melierax metabates). Saia tudo torto, sem foco. É preciso muita paciência e persistência, um boa dose de companheirismo e tolerância, além de uma pós-produção caprichada para obter uma foto publicável.


Fotos: arquivo pessoal de Silvia Linhares

Mesmo com esse revés, rolou muito fotão e o Nelson se mostrou tão bom como o nosso guia anterior, conseguindo nos posicionar bem, dentro do possível, quando uma de nós avistava alguma ave. Ele, mesmo dirigindo, avistou muitas aves interessantes como o Lilac-breasted Roller (Coracias caudatus), Crested Francolin (Dendroperdix sephaena) e o Swainson's Francolin (Pternistis swainsonii), que você pode apreciar no quadro a seguir.

Fotos: arquivo pessoal de Silvia Linhares

Vimos alguns bichos bacanas, nem todos deu para fazer foto bonita, mas valeu o registro. Uma linda leoa atravessou a estrada na nossa frente, mas eram tantos carros parados que não consegui uma foto do jeito que eu queria.

Fotos: arquivo pessoal de Silvia Linhares

Enfim chegamos ao Lake Panic Bird Hide. Quando nosso ex-guia Arno chegou com seu cliente nesse Hide e perguntou aonde estávamos, a gente já estava longe em outro ponto. Um delay de 2 horas nos separava.

Nesse dia, esse foi o lugar que eu mais gostei dentro do parque. As pessoas que estavam no local, inclusive um rapaz observador de aves, eram muito gentis. Até dividimos nossas guloseimas com ele.

Fotos: arquivo pessoal de Silvia Linhares

Skukuza e Lower Sabie são lugares muito bonitos, mas muito lotado para o meu gosto. No caminho não falta lugar de piquenique com um bom copo de café. Nkuhlu é um desses lugares e esse tem shop com muita coisa legal. Tem algumas aves, mas muito humano também.  😂 😂 😂 😂 😂 😂

Fotos: arquivo pessoal de Silvia Linhares

Fotos: arquivo pessoal de Silvia Linhares

Após o nosso passeio, retornamos ao Lodge e fomos direto para a piscina. Viviane preparou gim-tônica para nós e conversa boa não faltou. Fomos surpreendidos pelo Arno que nos fez uma visita para fazer um brinde e dar um último adeus. Ou um até breve, porque a Africa é logo ali, e esperamos voltar em 2021.

Fotos: arquivo pessoal de Silvia Linhares e Viviane De Luccia

Veja, a seguir, as listas do dia:

eBird - Qua 11 mar 2020 - 06:23
Kruger NP--Kruger Gate-Skukuza Rd
https://ebird.org/checklist/S65863385

eBird - Qua 11 mar 2020 - 06:53
Lake Panic Bird Hide
https://ebird.org/checklist/S66682766

eBird - Qua 11 mar 2020 - 09:59
Kruger NP--Skukuza-Nkuhlu Road/H4-1
https://ebird.org/checklist/S65863401

eBird - Qua 11 mar 2020 - 11:59
Kruger NP--Sunset Dam
https://ebird.org/checklist/S66737527

eBird - Qua 11 mar 2020 - 16:59
Sabie River Bush Lodge
https://ebird.org/checklist/S65863407


ZA - Parte 12 - A viagem dos meus sonhos - Kruger Nacional Park
Dia 12/03 – quinta-feira


Quase terminando, que tal uma linda música enquanto lê essa parte? 
 Lenine - Paciência

Tomamos café perto das 7 da manhã e pegamos estrada em direção à Johannesburg. Nem parecia que duas semanas tinham se passado.

Um aparte: na vida tudo passa muito rápido, quase nunca conseguimos dar conta de tudo que temos vontade de fazer. Mas o tempo é relativo e a percepção dele é muito particular. Quando estamos vivendo um novo desafio, sobra pouco tempo para formular nossas atitudes e decidir a melhor forma de agir. Resumindo e usando uma frase feita: não deixe para amanhã o que você pode fazer hoje. Ligue seu F#&@-$e e siga em frente. Nem vou falar mais porque é um assunto complexo e eu passaria horas discorrendo sobre ele.

Fotos: arquivo pessoal de Silvia Linhares e Viviane De Luccia

Durante nosso retorno, nosso "novo guia", o amigo Nelson, conseguiu mostrar algumas novas aves no caminho pra gente. Uma mais bonita que a outra. Vieram enriquecer a nossa lista, como os "new birds" Long-crested Eagle (Lophaetus occipitalis) e Speckled Pigeon (Columba guinea).

Fotos: arquivo pessoal de Silvia Linhares

Eu já disse uma vez num post: viagem mais ou menos a gente não vê a hora de voltar pra casa e viagem boa é aquela que a gente fica triste na hora de ir embora. Eu confesso que meu coração estava apertadinho e eu só queria ficar um pouquinho mais. Embora a gente estivesse se divertindo muito, durante o percurso até nosso próximo destino, eu estava muito introspectiva, pensando em tudo que eu estava vivendo até aquele momento. Era muita novidade de uma vez só. A África do Sul é um país muito colorido, alegre e contagiante. 

Após chegar no Dove's Nest Guest House, onde passaríamos a noite, eu me animei de novo e saí com as meninas em busca de algumas aves no quintal. Na terceira foto, Leila e Vivi fotografando três Hadeda Ibis (Bostrychia hagedash) no alto da árvore na frente da pousada.

Fotos: arquivo pessoal de Silvia Linhares

A pousada é muito agradável, e tem muito passarinho, é só ter paciência pra ficar indo atrás deles. Eu consegui fazer um "new bird" Cape Robin-Chat (Cossypha caffra) e melhorar algumas espécies como o Cape Sparrow (Passer melanurus), Laughing Dove (Streptopelia senegalensis) e Karoo Thrush (Turdus smithi).

Fotos: arquivo pessoal de Silvia Linhares

Veja, a seguir, as listas do dia:

eBird - Qui 12 mar 2020 - 09:07
R40, Mpumalanga, ZA
https://ebird.org/checklist/S65863424

eBird - Qui 12 mar 2020 - 10:40
R539, Mpumalanga, ZA
https://ebird.org/checklist/S65863448

eBird - Qui 12 mar 2020 - 13:17
N12, Mpumalanga, ZA
https://ebird.org/checklist/S65862402

eBird - Qui 12 mar 2020 - 16:51
Dove's Nest Guest House
https://ebird.org/checklist/S65862519

ZA - Parte Final - A viagem dos meus sonhos - Kruger Nacional Park  
Dia 13/03 – sexta-feira

Uma música que amo para fechar: Titãs - Enquanto Houver Sol

Depois do café da manhã no Dove's Nest Guest House, seguimos para o aeroporto, devolvemos o carro, fizemos check-in e entramos na sala de embarque.

Fotos: arquivo pessoal de Silvia Linhares

Depois de fazermos algumas fotos no salão do aeroporto, foi hora de dar um pulinho no free shop. Aí não resisti, foi chocolate com amarula, licor de amarula, se tivesse chiclete com amarula eu tinha comprado.

A maruleira (Sclerocarrya birrea) é um verdadeiro tesouro botânico do continente africano. Conhecida como “elephant tree”, ela produz a fruta marula, a preferida dos elefantes. Isso explica o rótulo da garrafa do produto. Eu disse a um amigo que é um néctar dos deuses, sou suspeita para afirmar isso, pois é o meu preferido junto com o Sambuca (licor de aniz).

Fotos: arquivo pessoal de Silvia Linhares

Ufa!!! Finalizando 40 dias de trabalho entre tratar fotos, montar as listas no eBird e preparar esse post,  isso, sozinha em casa, isolada, em plena quarentena.

Só um pensamento me vem à cabeça nesse momento: eu ainda quero ver as asas desse avião muitas vezes na minha vida. E 2021 que se prepare: os suricatos da Namíbia querem me conhecer. 2021 será o ano. Meninas, preparem as câmeras e Arno, prepare os motores e o binóculo. Já comprei até um guia e estou estudando as aves que poderemos ver por lá.

Fotos: arquivo pessoal de Silvia Linhares

Calma, se você chegou até aqui, aguenta mais um pouquinho. Estou terminando.

Final de tarde e eu não vejo a hora de concluir este texto. Depois de muito pensar, escolhi a foto que mais me marcou durante essa expedição. Não é foto de ave ou mamífero, nem de coloridas flores ou borboletas. É uma foto de tatuagem. Uma tatuagem que quando a vi, eu pensei, nossa, é tudo o que me define e que embasa minha vida. Duas palavrinhas: Paciência e persistência.

Foto: arquivo pessoal de Silvia Linhares

São essas duas virtudes que norteiam meus caminhos e eu não quero perder nunca. É o que faz eu me sentir uma vencedora.

Ser paciente é conversar com a sua alma e não perder a calma, aguentar com tranquilidade. Persistir é não desistir facilmente. É ser esforçado e focado em seus objetivos, sem se deixar abalar por quaisquer críticas ou coisas negativas.

Entre minha mãe me chamar de teimosa, cabeça dura, me dar uns "cascudos", até os dias de hoje, muita água rolou. Tive que aprender muita coisa, principalmente esperar o tempo certo das coisas acontecerem sem nunca desistir dos meus sonhos e objetivos. E foi isso que me levou à Africa, inclusive.

Para quem não sabe, eu já tive um AVCi (Acidente Vascular Cerebral Isquêmico - nome feio né). Estive entre a vida e a morte ou ir parar numa cadeira de rodas. Com paciência e persistência eu superei tudo e retomei a minha vida dentro daquilo que eu considerava normal. Na época não consegui entender que eu era uma sobrevivente e precisava viver a vida um pouco mais intensamente. Afinal fora só um acidente.

Vivemos tempos difíceis. Desde que cheguei dessa viagem e passei a conviver com essa pandemia comecei a repensar a vida e minhas prioridades. O perigo do contágio que pode ser seguido de morte faz a gente olhar a vida por outra perspectiva. Hoje não me arrependo de nada do que fiz ou decidi fazer na minha vida. Eu me arrependo do que deixei de fazer. Parece frase feita e é, mas isso é o que nos leva a uma grande mudança de atitude. Seja por teimosia, preconceito, medo, vergonha, moralismo, etc, deixar de fazer muita coisa deixa um gosto amargo de arrependimento que machuca muito, dói demais.

Quantas coisas gostosas deixei de comer para não engordar, quantas vezes deixei de ir numa festa com os amigos por preguiça, quantas viagens internacionais deixei de fazer por não falar inglês, quantas pessoas deixei de perdoar por pura idiotice, quantos lábios deixei de beijar por tolices, quantos corpos deixei de abraçar por bobagens, quantas pessoas deixei de amar por imbecilidade. Chega, vamos embora viver tudo o que há para viver, como diz a música "Tempos modernos" do Lulu Santos.

Hoje, diante dessa mudança global nas nossas vidas, muita coisa ficou sem sentido, principalmente quando você sabe que pode perder pessoas num piscar de olhos ou até mesmo a própria vida.

Ou melhor, vamos ver por outra perspectiva, tudo ganhou um novo sentido. E usando as duas virtudes citadas eu digo: não vou perder a minha calma, mas ainda quero quebrar muitos paradigmas, superar  meus medos e fazer todas as coisas que eu sempre tive e tenho vontade e estiverem ao meu alcance.

E aqui ressalto a importância de ter amigos. No meio dessa pandemia, ou pandemônio, como diz meu amigo Nelson Barros, são eles que não me deixam sentir que estou perdida no deserto do Saara. Sei que posso contar com eles a qualquer momento e eles comigo.

Espero poder escrever muito mais vezes textos como este. 

E para você que leu até aqui eu só posso dizer: mantenha a calma, insista, resista, persista, não desista, sobreviva. Amanhã nós vamos nos encontrar e "chutar o pau da barraca". Vamos viver com intensidade os próximos anos e mudar o rumo deste Planeta, que está gritando por socorro faz tempo e a gente não escuta.

Em homenagem ao dono da tatuagem que me inspirou, dedico essa última parte a ele. Espero que sua tatuagem continue inspirando outras pessoas e a ele próprio.

Com vocês nosso guia Arno Pietersen interpretando Don't Stop Dancing (Creed) (até razoavelmente bem - 😂 😂 😂 😂 😂 😂  brincadeirinha - LOL).

Como diz a letra da música traduzida: sigam em frente, sejam fortes, acreditem que vocês podem voar, não parem de dançar.


Ontem (24/04) quando terminei esse texto, fui surpreendida ao ver que o nosso guia Arno tem cantando e tocando nesta quarentena: "While we are on Lockdown here are some songs." Fiquei muito feliz.

Clique aqui para ver o Canal de Vídeo de Arno Pietersen

F I M



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14 comentários:

  1. Depois de 1 hora e 8 minutos entre texto, listas e boa musica, SENSACIONAL, AMEI, XONEI, !!!!!!!!!! Parabéns Silvia !

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    1. Obrigada meu querido amigo, assim eu vejo que todo meu esforço valeu a pena. OBrigadíssima. :)

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  2. Que viagem linda!!! Muitas aves, muita natureza e muitos bichos!!!! A África é demais, né!!!! Sou fã....

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  3. Silvia, poucos relatos de passarinhadas me prenderam tanto. Comecei e não parei para nada mais.
    As fotos; que maravilhas. Tantos passarinhos interessantes e lindos. O Arrow-marked Babbler e a fêmea do leopardo no rio capturaram minha imaginação.
    O Tempo e o Momento capturaram minha atenção. Muito bem, ótimo texto.
    Se esta viagem sempre foi meu sonho, agora tenho certeza de que vou realizá-lo, afinal, com este exemplo...

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    1. Meu amigo Daniel, o roteiro está pronto, o guia é ótimo, então, mãos a obra, realize esse sonho.Vale muito a pena. Ah! Fiquei muito feliz com as suas palavras.

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  4. Ahhhhhhhh que texto maravilhoso!!!!Inspirador e realista!!! Em 2018, eu tive a oportunidade de "viver " num campervan por dois meses e fazer uma viagem daqui da Alemanha até Portugal, que infelizmente ainda não consegui parar para escrever todas as emoções que vivi com minha família nesse período, seu relato me inspirou a escrever e claro planejar nosso novo rumo pós pandemia!Parabéns pela viagem e por compartilhar cconosco!

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    1. Faça isso minha amiga, servirá de memória não só para você e sua família, mas para as demais gerações. Um grande beijo no coração e obrigada por suas palavras. Seu blog é ótimo, escreve muito bem, pena que parou em 2016.

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  5. Hummm, tive de ler em duas noites! Valeu cada pedacinho , viajei junto! Acho que viajar e e descobrir o mundo é nossa maior herança a nós mesmos e quando podemos passar assim de uma forma tão presente , fico sem palavras. Obrigada Silvia, por compartilhar conosco essa lida, magica e emocionate viagem! Um dia quero conhecer! Kristina Pereira

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  6. Silvia, seus relatos de viagens são incríveis! Além de relatar sua experiência, ainda divulga informações interessantes como dicas e regras dos parques, sites, livros, apps, enfim. completo! Parabéns e grato pela lembrança e pela menção no texto, fiquei feliz! Feliz tbm com o sucesso dessa aventura.

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    1. Obrigada meu querido amigo. Cada rapinante que eu via lá, eu me lembrava de você.

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  7. Parabéns, que história, que aventura, quanta cultura e conhecimento adquirido, deu até uma ponto de inveja, mas não se preocupe, minha inveja é do bem!!! Um abraço, Marcos Roberto.

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    1. Obrigada Marcos Roberto, fico muito feliz que você tenha comentado e apreciado.

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